CENARIO EPIDEMIOLÓGICO DE INFECÇÃO POR HIV E AIDS NO NORDESTE EM 2020

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11002462


Alanna Nedilly Silva Ribeiro; Aliana Menezes Moreira; Ana Paula Costa Fonseca; Denilson José Castro Boaz; Denise Bárbara Castro Boaz; Emilly Katherine Pinto Reis; Maiane França Soares; Matheus Silva Alves; Rose Mara Pereira Martins Bastos; Sâmia Amélia Mendes Silva.


RESUMO

HIV e AIDS não são sinônimos. HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da AIDS, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças. Com isso objetivou-se verificar como o número de casos de AIDS/HIV tem ocorrido no nordeste brasileiro nos últimos dez anos. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo realizado por meio de consulta aos dados provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde com dados consultados no período de 2010 a 2020. Obteve-se que na região nordeste a faixa etária que mais foi ocasionada foi entre 20 a 34 anos com 24.862 (42,70%) dos casos de HIV/AIDS notificados entre 2010 e 2020, seguida da faixa etária de 35 a 49 anos de idade com 22.737 (39,05%) dos casos nos mesmos períodos. Contudo ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos tanto no nordeste quanto no Brasil como um todo.

Palavras chaves: Incidência; Cunho social; AIDS; Saúde; Nordeste.

ABSTRACT

HIV and AIDS are not synonymous. HIV (Human Immunodeficiency Virus) is the virus that causes AIDS, which attacks specific cells of the immune system (the T-CD4+ lymphocytes), responsible for defending the body against disease. With that, the objective was to verify how the number of AIDS/HIV cases has occurred in the Brazilian northeast in the last ten years. This is a descriptive epidemiological study carried out by consulting data from the Informatics Department of the Unified Health System with data consulted in the period 2010 to 2020. It was found that in the Northeast region the age group that was most caused was between 20 and 34 years old with 24,862 (42.70%) of the cases of HIV/AIDS notified between 2010 and 2020, followed by the age group of 35 to 49 years old of age with 22,737 (39.05%) of the cases in the same periods. However, actions such as testing for the disease and the immediate start of treatment, in case of a positive diagnosis, are essential to reduce the number of cases and deaths both in the Northeast and in Brazil as a whole.  

Keywords: Incidence; Social character; AIDS; Health; North East.

1. INTRODUÇÃO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença infecciosa, que ataca células específicas do sistema imunológico, responsáveis por defender o organismo de doenças, caracterizada por mudanças ao longo do tempo. Em um estágio avançado da infecção pelo HIV, a pessoa pode apresentar diversos sinais e sintomas, além de infecções oportunistas (pneumonias atípicas, infecções fúngicas e parasitárias) e alguns tipos de câncer (BRASIL, 2016).

A transmissão do HIV se dá por meio de relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas, materiais perfurocortantes contaminados e não esterilizados e por meio da transmissão vertical durante a gravidez, parto e/ou amamentação, quando não tomadas as devidas medidas de prevenção (BRASIL, 2016).

O Brasil tem registrado queda no número de casos de infecção por Aids nos últimos anos. Desde 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção da doença no país, que passou de 21,9/100 mil habitantes em 2012 para 17,8/100 mil habitantes em 2019, representando um decréscimo de 18,7%. A taxa de mortalidade por Aids apresentou queda de 17,1% nos últimos cinco anos. Em 2015, foram registrados 12.667 óbitos pela doença e em 2019 foram 10.565. Ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos (BRASIL, 2020).

“A infecção pelo HIV e a aids fazem parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças (Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017), sendo que a aids é de notificação compulsória desde 1986; a infeção pelo HIV em gestantes, desde 2000; e a infecção pelo HIV, desde 2014. Assim, na ocorrência de casos de infecção pelo HIV ou de aids, estes devem ser reportados às autoridades de saúde. A despeito dessa obrigatoriedade, com o emprego do método probabilístico de relacionamento de bancos de dados utilizado na geração das informações constantes neste Boletim, tem-se observado ao longo dos anos uma diminuição do percentual de casos de aids oriundos do Sinan; assim, no ano de 2019, dos 37.308 casos de aids detectados, 48,5% provieram do Sinan, 8,2% do SIM e 43,3% do Siscel (ministério da saúde,2020).

Na região nordeste do Brasil os casos registrados no SINAN no período de 2010 á 2020, 8.095 ocorreram entre brancos e 5.390 entre negros e 40.978 em pardos e no que se refere às faixas etárias, observou- se que a maioria dos casos de infecção pelo HIV encontra-se no grupo de 20 a 34 anos, com 24.862 casos. Quanto aos casos com escolaridade informada, a maior parte possuía ensino médio completo, representando 9.636 casos do total (BRASIL, 2020).

Contudo este presente artigo visa colocar em evidencia todos esses números sobre o HIV e AIDS nos últimos anos e sua maior incidência na região nordeste do brasil, dando ênfase nos dados colhidos do DATASUS E SINAN.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificar como o número de casos de AIDS/HIV tem ocorrido no

nordeste do Brasil nos últimos dez anos.

2.1 Objetivos Específicos

  • Conhecer o contexto da AIDS/HIV no nordeste.
  • Demonstrar a predominância de no gênero masculino.
  • Demostrar a quantidade de casos ocorridos no nordeste.

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo quantitativo realizado por meio de consulta aos dados provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde com dados consultados no período de 2010 a 2020.

Para a seleção dos estudos foi realizada uma busca de publicações indexadas nas bases de dados, google acadêmico, SciElo, DATASUS e SINAN e, Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizando-se a combinação dos descritores em Ciências da Saúde.

Foram utilizados como critérios de inclusão: 1) estudo original; 2) dados fornecidos pelos sites do governo federal (SINAN, DATASUS); 3) artigos/trabalhos publicados nos idiomas português no período dos últimos dez anos; 4) Leis/Resoluções sobre a temática.

Os resultados foram sistematizados e apresentados por meio de tabelas e gráficos, tendo sido a sua discussão pautada na literatura científica que se mostraram pertinentes à compreensão dos achados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.909 novos casos de HIV e 37.308 casos de aids – notificados no Sinan, com uma taxa de detecção de 17,8/100 mil habitantes, totalizando, no período de 1980 a junho de 2020, 1.011.617 casos de aids detectados no país. Desde o ano de 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção de aids no Brasil, que passou de 21,9/100 mil habitantes (2012) para 17,8/100 mil habitantes em 2019, configurando um decréscimo de 18,7%. Como a notificação da infecção pelo HIV ainda está sendo absorvida pela rede de vigilância em saúde, não são calculadas as taxas referentes a esses dados. (BRASIL. Ministério da Saúde,2020).

De 2010 até 2020, foram notificados no SINAN 546.348 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 212.912 na região Sudeste, 124.640 na região Sul, 118.308 na região Nordeste, 50.116 na região Norte e 40.365 na região Centro-Oeste (Gráfico 01).

Gráfico 01: Taxa de detecção de HIV segundo região de residência e ano de notificação.

Fonte: Datasus, 2020

Entretanto, quando analisado os dados das regiões do Brasil, dando ênfase no nordeste brasileiro, notam-se números bem elevados em vários determinantes como sexo, escolaridade, faixa etária, raça/cor.

No gráfico 02, são apresentados os casos de infecção pelo HIV notificados no SINAN no período de 2010 á 2020 no nordeste, segundo sexo. Nesse período, foi notificado no SINAN um total de 39.733 (59, %) casos em homens e 19.275 (41%) casos em mulheres. Observou-se que em 2013 as mulheres foram mais acometidas pela doença, contudo em 2017, foram notificados 4.484 casos de HIV no sexo masculino em contra partida apenas 1.915 no sexo feminino no mesmo ano. Os menores índices de notificação de casos foram em 2020 com 1.163 casos do sexo masculino e 450 casos do sexo feminino.

Gráfico 02: Taxa de detecção de HIV segundo região de residência e ano de notificação e sexo no nordeste.

Fonte: Datasus, 2020

Com relação à raça/cor autodeclarada no nordeste, observa-se na Tabela 01 e 02, que, entre os casos registrados no SINAN no período de 2010 á 2020 na região nordeste do Brasil, 8.095 ocorreram entre brancos e 5.390 entre negros e 40.978 em pardos. No sexo masculino, 5.687 dos casos ocorreram entre brancos e 3.55 entre negros e pardos 27.480; entre as mulheres, 2.408 dos casos se deram entre brancas e 1.837 entre negras e pardas, 13.498.

Tabela 01: Quantitativo de casos de HIV/AIDS entre os anos de 2010 e 2020 segundo raça/cor no nordeste.

Fonte: Datasus, 2020

Tabela 02: Quantitativo de casos de HIV/AIDS entre os anos de 2010 e 2020 segundo raça/cor e gênero no nordeste.

Fonte: Datasus, 2020

A Tabela 03, mostra os casos notificados de infecção pelo HIV no SINAN segundo faixa etária no nordeste. No período de 2010 a 2020, no que se refere às faixas etárias, observou- se que a maioria dos casos de infecção pelo HIV encontra- se no grupo de 20 a 34 anos, com 24.862 casos.

Tabela 03: Quantitativo de casos de HIV/AIDS entre os anos de 2010 e 2020 segundo a faixa etária no nordeste.

Fonte: Datasus, 2020

Quanto aos casos com escolaridade informada, a maior parte possuía ensino médio completo, representando 9.636 casos do total. Em seguida, observou-se que 9.038 de casos com escolaridade era entre a 5a e a 8a série incompleta. Sendo que a grande massa dos casos foram notificados com escolaridade de nível médio completo com 9.636 casos de HIV/AIDS no nordeste entre 2010 e 2020 (tabela 04).

Tabela 04: Quantitativo de casos de HIV/AIDS entre os anos de 2010 e 2020 segundo a escolaridade na região nordeste.

Fonte: Datasus, 2020

De maneira mais sucinta notou-se que a faixa etária que mais foi ocasionada foi entre 20 a 34 anos com 24.862 (42,70%) dos casos de HIV/AIDS notificados entre 2010 e 2020, seguida da faixa etária de 35 a 49 anos de idade com 22.737 (39,05%) dos casos nos mesmos períodos. Predomina-se um nível de escolaridade médio, com 9,636 (22,21%) com o ensino médio completo, indicando a falta de prevenção e cuidado de si mesmo, consequentemente a vulnerabilidade deles pela falta de informações e menor acesso à prevenção. Alguns tinham escolaridade ignorada possivelmente pelo preenchimento errôneo do sistema pelos profissionais de saúde. A cor parda predominou, com 40.978 (69,44%) de pardos provavelmente por questões socioculturais de raça (Tabela 05).

Tabela 05: Quantitativo de casos de HIV/AIDS entre os anos de 2010 e 2020 segundo a faixa etária, escolaridade e raça/cor no nordeste.

Fonte: Datasus, 2020

5. CONCLUSÃO

No decorrer desta pesquisa, que analisou a produção de conhecimentos acerca da epidemia do HIV/AIDS, realizada através dos resumos de alguns artigos e as notificações compulsórias dos casos de HIV e de AIDS no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Contudo os pacientes que são mais acometidos pela AIDS/HIV no nordeste são do sexo masculino (59%), pardos (69%), com escolaridade de nível médio completo (24%) e com idade entre 20 a 34 anos (45%) dos casos registrados.

Constatou-se que embora se observe uma diminuição dos casos de aids em quase todo o país, principalmente nos últimos anos, cabe ressaltar que parte dessa redução pode estar relacionada à identificação de problemas de transferência de dados entre as esferas de gestão do SUS, o que pode acarretar diferença no total de casos entre as bases de dados municipal, estadual e federal de HIV/ aids. O declínio no número de casos também pode decorrer de uma demora na notificação e alimentação das bases de dados do Sinan, devido à mobilização local dos profissionais de saúde ocasionada pela pandemia de covid-19.

Mesmo o DATASUS sendo um sistema antigo para o preenchimento da notificação compulsória, observa-se a falta de informações de certos documentos e as subnotificações. É sempre valido reforçar a importância desse sistema para a construção de políticas públicas de saúde a fim de melhorar a qualidade de vida da população. Portanto, é necessário o conhecimento e capacitação do profissional de saúde para seu preenchimento correto.

Vale ressaltar a importância do DATASUS para a notificações dos agravos e óbitos como meio divulgador de epidemiologia da saúde brasileira. Disponibilizando dados de novas infecções que ocorreram, definindo uma estimativa da incidência são informações bastantes úteis para as medidas de prevenção. Assim, é possível adotar medidas de política de saúde pública direcionadas aos agravos com dados alarmantes, como em relação ao HIV/AIDS.

Contudo ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos tanto no nordeste quanto no Brasil como um todo.

REFERÊNCIAS

BRASIL, MINISTERIO DA SAUDE, 01 de 12 de 2020. Departamento de doenças de condições infecções sexualmente transmissíveis, AIDS. Acesso em 01 de 01  de 2024, disponível em Aids.gov.br: http://www.aids.gov.br/ptbr/taxonomy/term/595.

BRASIL, MINISTERIO DA SAUDE, (Novembro de 2016). Ministério da Saúde. Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais.  Acesso em 20 de 01 de 2024, disponível em bvsms.saude.gov.b:https://bvsms.saude.gov.br/hiveaids/#:~:text=Aids%20%C3%A9 %20a%20S%C3%adndrome%20da,pelo%20aparecimento%20de%20doen%C3%a7 as%20oportunistas.

BRASIL, MINISTERIO DA SAUDE. (01 de 12 de 2020). Ministério da Saúde. Boletin epedemiologico de AIDS e DSTD HIV/AIDS.Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais. Acesso em 10 de 02 de 2024, disponível em aids.gov.br: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/boletimepidemiologico-hivaids-2024.