CATETERES VENOSOS CENTRAIS DE INSERÇÃO PERIFÉRICA E SUA  UTILIZAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10116741


Eduardo Delfino Bindi, Erika Sanchez Freitas, Lucas Tonholo da Silva, Karoliny Moreira Gonçalves, João Vitor Silva de Souza,  Maíra Santi Orsi Climeni, Marcelo Vicentini de Azevedo, Márcia Gracielle de Almeida Langkammer, Mariana Loureiro Dias Michelin, Paulo Vitor Carvalho Souza


Resumo 

O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das principais vantagens da  utilização dos cateteres venosos centrais na unidade de terapia intensiva neonatal e  pediátrica considerando suas vantagens de uso para o paciente e instituição. O estudo  se faz necessário pois conforme dados publicados pelo ministério da Saúde no ano  de 2018 houveram cerca de três milhões de nascimentos no Brasil onde 11% foram  prematuros, estando dentre os 10 países com maior índice de nascimentos  prematuros. Assim temos a necessidade de avaliar a necessidade e relevância de  estudos que contribuam para melhoria contínua dos processos assistenciais,  promovendo uma assistência qualificada e segura ao paciente baseado em estudos  bibliográficos e artigos científicos. O método utilizado foi por revisão bibliográfica,  manuais e artigos científicos publicados. Por meio dos levantamentos e estudos  conclui-se que atualmente a melhor opção em cateter venoso para terapia intravenosa  nas unidades de terapia intensiva são os cateteres venosos centrais de inserção  periférica (PICC) visto que apresenta maior segurança, conforto, mobilidade ao  paciente, economia para instituição, redução dos índices de infecção desde que  inserido de forma asséptica e realizado manutenção rigorosa, preserva a rede venosa  reduzindo a necessidade de punções, evita o risco de lesões por extravasamento de  líquidos irritantes e vesicantes, previne o stress desnecessário ao paciente como dor  e otimiza o tempo de trabalho da equipe assistencial. Dentre outros benefícios que  estaremos descrevendo no presente estudo.

PALAVRAS-CHAVE: Unidade de terapia intensiva neonatal. Cateter Venoso Central  de Inserção Periférica. Vantagens e Benefícios. 

Abstract 

The aim of this study was to survey the main advantages of using central venous  catheters in neonatal and pediatric intensive care units, considering their advantages  for the patient and the institution. The study is necessary because according to data  published by the Ministry of Health in 2018 there were around three million births in  Brazil, 11% of which were premature, making it one of the 10 countries with the highest  rate of premature births. Thus, we need to assess the need for and relevance of studies  that contribute to the continuous improvement of care processes, promoting qualified  and safe patient care based on bibliographic studies and scientific articles. The  method used was a review of the literature, manuals and published scientific articles.  Through the surveys and studies, it was concluded that currently the best option for  venous catheters for intravenous therapy in intensive care units is the peripherally  inserted central venous catheter (PICC), since it offers greater safety, comfort, mobility  for the patient, savings for the institution, reduction in infection rates as long as it is  inserted aseptically and rigorously maintained, preserves the venous network by  reducing the need for punctures, avoids the risk of injury due to leakage of irritating  and vesicant liquids, prevents unnecessary stress for the patient such as pain and  optimizes the working time of the care team. Among other benefits that we will be  describing in this study.  

Keywords: Neonatal intensive care unit. Peripherally Inserted Central Venous  Catheter. Advantages and benefits.

INTRODUÇÃO 

Considera-se como uma alternativa os acessos venosos centrais de inserção  periférica ou mais conhecido como Peripherally Inserted Central Catheter (PICC)  dentre os acessos periféricos e centrais, como via de acesso pois proporciona mais  segurança, conforto, economia e mobilidade aos pacientes que contemplam seu uso. 

Visto que preserva a rede venosa reduzindo a necessidade de punções  periféricas repetidas, otimizando o tempo de trabalho da equipe assistencial, evita as  situações de stress ao paciente neonatal. 

O PICC é comumente utilizado para administração de soluções de hidratação,  nutrição parenteral, quimioterapia, antibioticoterapia, analgesia entre outros  medicamentos de uso prolongado. Seu uso deverá ser indicado precocemente  sempre que for necessário a terapia intravenosa por mais de sete dias, também para  medicações e soluções vesicantes e irritantes como pH muito ácido (<5) ou muito  básico (>9), os mais calibrosos podem ser utilizados para infusão de sangue e  hemoderivados. 

Os cateteres utilizados para este procedimento são longos, flexíveis com corpo  de silicone ou poliuretano, resistentes, pouco trombogênicos e biocompatíveis, são  radiopacos com menor tendência a formar biofilme. Os modelos mais utilizados em  neonatologia são os de silicone pois são mais flexíveis, têm paredes mais grossas,  porém são mais frágeis pois suas paredes reduzem o diâmetro de sua luz para um  mesmo calibre. Alguns cateteres dependendo de seu calibre acompanham guias para  facilitar sua inserção. 

O enfermeiro deve avaliar e sugerir precocemente a inserção do cateter central  de inserção periférica, ao médico responsável da unidade intensiva neonatal e  pediátrica, na admissão do RN prematuro tende a ser uma rotina visto que este  paciente provavelmente se manterá aos cuidados da Unidade de Terapia intensiva  (UTI) por mais de sete dias, sendo assim indicado a inserção do PICC.

DESENVOLVIMENTO  

Conforme dados atualizados do Ministério da saúde em 2018 houve cerca de  três milhões de nascimentos no Brasil, dos quais 11% foram prematuros¹, assim o  Brasil passa a ser considerado uns dos 10 países com maior número de nascimentos  prematuros. Dos mais de 320 mil nascidos vivos abaixo de 37 semanas cerca de 5%  morreram no período neonatal, a grande maioria nos primeiros dias de vida ². 

Considerando a prematuridade como fator de risco para óbito, a grande maioria  desses recém nascidos são encaminhados a unidade de terapia intensiva neonatal o  que exige da equipe assistencial e principalmente da enfermagem habilidades e  conhecimentos específicos para prestar assistência de qualidade a esse público. Os  cuidados prestados ao recém nascido diferem dos cuidados prestados ao adulto  exigindo conhecimento anatômico, fisiológico, desenvolvimento e por vezes de malformações anatômicas que esse bebê venha a apresentar no processo de admissão.  Portanto, visto nessa perspectiva é necessário que a equipe esteja preparada e  baseada em evidências científicas que norteiam uma prática de qualidade e segura  na escolha e utilização da melhor via de acesso venoso ao paciente ³. 

O PICC é considerado um dispositivo vascular constituído de poliuretano ou  silicone, com inserção periférica, mas com posicionamento central com lúmen único ou  duplo. São biocompatíveis e menos trombogênicos, radiopacos para confirmação de  posicionamento via raio x. Os mais utilizados em terapia neonatal são de silicone por  sua flexibilidade, causam menos irritação à parede do vaso e interação  medicamentosa. As vantagens da utilização do PICC são: Preservação da rede  venosa reduzindo as punções venosas repetidas, segurança, conforto, mobilidade,  relativamente de fácil implantação, sem necessidade de ser implantado em centro  cirúrgico ou anestesia, não é necessário manter o paciente em jejum, não é necessário  realizar suturas, baixo risco de complicações, manutenção a longo prazo, sendo  possível a terapia intravenosa com antibióticos de amplo espectro, medicações  irritantes, nutrição parenteral, analgésicos, quimioterapias, transfusões sanguíneas  além de determinadas situações monitorização hemodinâmica. Assim é possível oferecer uma assistência de maior qualidade ao paciente e otimizar o tempo de trabalho da equipe assistencial. Algumas das desvantagens são: Disponibilidade de  veias de grande calibre que por vezes nos prematuros extremos não é possível, dentre  complicações durante o uso e manutenção do cateter4,5

Portanto após o cateterismo umbilical a via de acesso mais escolhida é o PICC,  quanto mais recente for programada a sua implantação melhor, para que as veias de  acesso sejam preservadas. A passagem do PICC deve ser realizada por enfermeiro  e médicos neonatologistas habilitados, o enfermeiro tem competência técnica e legal  para inserir e manusear o cateter conforme a resolução n°258/2001 do Conselho  Federal de Enfermagem (COFEN). A passagem do cateter pode ser realizada a beira  leito pelo enfermeiro ou médico habilitado. Os principais acessos para inserção do  PICC nos membros superiores são veias, basílica, cefálica e braquial com intuito de  migrarem até a veia cava inferior. Nos membros inferiores as veias poplítea, safena  ou femoral, no couro cabeludo veias temporal, frontal e auricular posterior, também  sendo opcional a veia jugular externa. Algumas das complicações decorrentes do  PICC são: Flebite, extravasamento de soluções, hemorragia, ruptura do cateter,  infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter, hematoma local e obstrução  do cateter4,5

O calibre do cateter deve ser escolhido de acordo com as condições da veia do  paciente, este calibre é chamado french, o sistema de introdução faz parte do kit de  cada cateter, geralmente o introdutor é uma agulha metálica revestida com uma  bainha plástica por onde é introduzido o cateter. A bainha é retirada facilmente pois  se abre facilmente ao meio como uma casca de banana,5

Primeiramente antes da inserção o paciente passa por uma avaliação onde se  verifica a indicação do uso do cateter, por meio de patologias, exames laboratoriais,  também é necessário avaliar as condições da pele e regiões próximas ao local de  punção, assim após os requisitos e a indicação formal da inserção, manter o membro  escolhido identificado para posterior preservação das veias, sinalizando a equipe para  preservar o membro evitando punções e coletas que possam atrapalhar a realização  do procedimento6

Após a preservação do membro, realizar a escolha do calibre do cateter de  acordo com as condições do recém-nascido (RN). Em seguida deve: ∙ Manter a estabilidade térmica do neonato evitando assim perda de  temperatura e vasoconstrição da rede venosa;

∙ Manter o neonato monitorizado e próximo o material de reanimação  cardiopulmonar; 

∙ Providenciar sedação e analgesia para controle da dor; 

∙ Verificar os materiais que serão utilizados antes de iniciar o  procedimento; 

∙ Posicionar o neonato de forma confortável em decúbito dorsal mantendo  o membro escolhido para punção em ângulo 90° em relação ao tórax; ∙ Garrotear o membro escolhido e avaliar qual vaso será puncionado; ∙ Realizar a mensuração a partir do ponto de inserção com fita métrica; 

A mensuração é de extrema importância para determinar o tamanho do cateter  e posicionamento correto após o procedimento na veia cava superior. Para passagem  em membros superiores deve se posicionar a fita métrica com o ponto zero no local  onde será realizada a punção percorrer a fita até a articulação escápulo umeral, deste  ponto, seguir a fita até a junção clavícula esternal direita e, em seguida, até o 3º  espaço intercostal. Na passagem em membros inferiores, é necessário posicionar o  ponto zero da fita métrica no local escolhido para realizar a punção, percorrer a fita  até a região inguinal, deste ponto até a cicatriz umbilical, em seguida até o apêndice  xifóide, aumentar a medida +ou- 1 cm. Na punção da região cefálica e pescoço deve se posicionar o ponto zero da fita métrica no local onde se deseja puncionar, percorrer  a fita em direção à região cervical até a junção clavícula esterno, do lado direito, em  seguida, até o 3º espaço intercostal 4,6

Após a realização das medidas são necessários os seguintes procedimentos: ∙ Realizar lavagem das mãos;  

∙ Paramentação, óculos, máscara avental e luvas estéreis;  

∙ Dispor os materiais estéreis em mesa auxiliar) revestida por campo  estéril, contendo: cateter apropriado, cuba redonda, tesoura, pinça  anatômica, campo fenestrado, campo cirúrgico, compressas de gaze,  solução antisséptica para degermação da pele, solução fisiológica a  0,9%, seringa de 10 ml, agulha e curativo transparente (oclusivo e  compressivo) conforme protocolo institucional; 

∙ Preencher o cateter com solução fisiológica a 0,9%;  

∙ Mensurar o cateter com fita métrica estéril e cortar conforme medida.

∙ Posicionar o membro no campo fenestrado estéril; 

∙ Garrotear o membro com garrote estéril; 

∙ Realizar a degermação do local a ser puncionado com clorexidine  alcoólica a 0,5%;  

∙ Limpar com solução fisiológica a 0,9% e enxugar;  

∙ Realizar o preparo do introdutor; 

∙ Puncionar o membro com bisel pra cima num ângulo de 30 a 45°; ∙ Com o retorno sanguíneo, soltar o garrote; 

∙ Retirar a agulha do introdutor;  

∙ Realizar a introdução do cateter com auxílio da pinça sem tocar na  extensão do corpo do cateter; 

∙ Progredir o cateter com a pinça, lentamente; 

∙ Solicitar ao auxiliar para que mobilize a cabeça do neonato lentamente  para o local da punção venosa, esta manobra muda o ângulo do cateter  para baixo em direção à veia cava superior; 

∙ Retirar o introdutor cuidadosamente para não tracionar o cateter; ∙ Quebrar o introdutor;  

∙ Estancar o sangramento;  

∙ Realizar limpeza do sítio de inserção com solução fisiológica,  removendo resíduos de sangue;  

∙ Fixar o cateter e aplicar o curativo transparente (oclusivo e compressivo  nas primeiras 24 horas); 

∙ Realizar radiografia de tórax para avaliar o posicionamento do cateter; ∙ Solicitar avaliação médica do raio x para posterior utilização do cateter; ∙ Realizar anotação do procedimento no prontuário 5,6

Após a passagem do cateter o mesmo deve ser manipulado apenas por  profissionais treinados e capacitados e os curativos trocados por enfermeiros  habilitados, os curativos devem ser trocados de acordo com o protocolo da instituição  6

O uso do PICC nas unidades de terapia intensiva neonatal tornou-se  fundamental na terapêutica intravenosa, pois dispõe de vantagens em relação a  outros cateteres, possui implantação simples, evita dor e estresse ocasionado por múltiplas punções, infusão de drogas vasoativas, soluções hidroeletrolíticas e nutrição  parenteral; mantém a rede vascular preservada, com menor probabilidade de infecção  e adesão de microorganismos. Diante deste contexto gera economia as unidades  hospitalares e melhoria da qualidade da assistência5,6.

CONCLUSÃO 

Conclui-se que atualmente a melhor opção em cateter venoso para terapia  intravenosa nas unidades de terapia intensiva são os cateteres venosos centrais de  inserção periférica (PICC) visto que apresenta maior segurança, conforto, mobilidade  ao paciente, economia para instituição, redução dos índices de infecção desde que  inserido de forma asséptica e realizado manutenção rigorosa, preserva a rede venosa  reduzindo a necessidade de punções, evita o risco de lesões por extravasamento de  líquidos irritantes e vesicantes, previne o stress desnecessário ao paciente como dor  e otimiza o tempo de trabalho da equipe assistencial.

REFERÊNCIAS 

1. Ministério da Saúde. Portal da Saúde [Homepage on the Internet].  Datasus: Estatísticas vitais [cited 2020 Nov 14]. Available  from: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205 

2. Harrison MS, Goldenberg RL. Global burden of prematurity. Semin Fetal  Neonatal Med. 2016;21:74-9. 

3. Oliveira,Cristine Ruviaro de et al.: Peripherally inserted central catheter  in pediatrics and neonatology: Possibilities of systematization in a  teaching hospital; Escola Anna Nery – Revista de  Enfermagem(2014),18(3) SciELO – Brasil – Cateter central de inserção  periférica em pediatria e neonatologia: possibilidades de sistematização em  hospital universitário Cateter central de inserção periférica em pediatria e  neonatologia: possibilidades de sistematização em hospital universitário. 

4. Baggio MA, Bazzi FCS, Bilibio CAC. Cateter central de inserção  periférica: descrição da utilização em UTI Neonatal e Pediátrica. Rev  Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2010 mar;31(1): 70 – 6 

5. Oliveira, Reynaldo Gome de. Blackbook – Enfermagem/Belo Horizonte:  Blackbook Editora 216. 816 pag. 

6. RAMÃO, Natália O uso do picc/ccip nas unidades de terapia intensiva  neonatal: uma revisão sistemática/Natália Ramão. Fundação  Educacional do Município de Assis – FEMA — Assis, 2010. 78p.