CATETER VENOSO CENTRAL: CONTRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DA CORRENTE SANGUÍNEA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10651985


Adams Brunno Silva; Camilla Cristina Lisboa do Nascimento; Claudia Helena do Nascimento Barbosa Silva; Hellen Ribeiro da Costa Silva; Débora Damasceno Carvalho Fernandes; Maria Lúcia Rodrigues Mendes; Sabrina do Socorro Marques de Araújo De Almeida; Thalita de Lourdes Ribeiro Fernandes da Silva.


RESUMO

Objetivo: Conhecer as ações da equipe de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva relacionadas à prevenção da infecção de corrente sanguínea pelo uso de CVC, identificando quais boas práticas, assim como dificuldades as equipes de enfermagem estão vivenciando na prevenção da infecção de corrente sanguínea pelo uso de CVC. Método: Realizou-se uma revisão integrativa de literatura, considerando o período dos anos entre 2012 e 2022, com intuito de sintetizar e discutir os resultados de outras pesquisas. Resultados: após aplicados os critérios de seleção das publicações para a RIL, foram encontrados 12 artigos pertinentes à temática em consonância com os objetivos do estudo. Discussão: O uso de dispositivo intravascular, principalmente o CVC, torna-se o principal fator de risco para a infecção da corrente sanguínea, com aproximadamente 90% delas relacionados ao seu uso. Conclusão: De acordo com os estudos analisados, é possível ver a importância da utilização de técnicas padronizadas para prevenção de infecções. Destacando o papel da equipe de enfermagem, envolvida direta e indiretamente nos cuidados com o cateter venoso central, mostrando também a necessidade de educação permanente, com capacitação teórica e treinamento prático sobre a prevenção de infecções.

Palavras-chave: Enfermagem, Infecção hospitalar, Assistência, Cateter.

ABSTRACT

The objective to present, through an integrative literature review, the actions of the nursing team related to the Objective: To understand the actions of the nursing team in the Intensive Care Unit related to the prevention of bloodstream infections through the use of CVC, identifying which good practices, as well as difficulties, the nursing teams are experiencing in preventing bloodstream infections through the use of CVCs. of CVC. Method: An integrative literature review was carried out, considering the period between 2012 and 2022. a, with the aim of synthesizing and discussing the results of other research. Results: after applying the publication selection criteria for RIL, 12 articles were found relevant to the topic in line with the objectives of the study. Discussion: The use of intravascular devices, especially the CVC, becomes the main risk factor for bloodstream infections, with approximately 90% of them related to their use. Conclusion: According to the studies analyzed, it is possible to see the importance of using standardized techniques to prevent infections. Highlighting the role of the nursing team, directly and indirectly involved in the care of the central venous catheter, also showing the need for ongoing education, with theoretical training and practical training on the prevention of infections.

Keywords: Nursing, Nosocomial infection, Care, Catheter.

1. INTRODUÇÃO

A infecção hospitalar (IH) é o agravo de causa infecciosa adquirido pelo paciente após sua admissão em hospital. Pode manifestar-se durante a internação ou após a alta, desde que relacionado à internação ou a procedimentos hospitalares (BAIOCCO; SILVA, 2019).

Mesmo que as prevenções da Infecção por Corrente Sanguínea sejam medidas estabelecidas, verifica-se que, muito precisa ser feito, uma vez que as evidências apontam que os profissionais de saúde envolvidos neste processo apresentam um desempenho na qualidade da assistência prestada e o controle de danos e complicações mais graves para a redução do tempo de internação devem ser priorizados no cuidado com pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, através de implantação de medidas relacionadas à prevenção de infecções (ARAUJO; CAVALCANTE, 2019).

O cateter representa hoje um grande avanço tecnológico, já que pode ser definido como um dispositivo vascular de admissão periférica com localização centralizada, com lúmen único ou duplo, composto de poliuretano ou silicone, que auxilia no tratamento e melhora do paciente, impedindo assim múltiplas punções e um sofrimento desnecessário.

O cateter venoso central (CVC) é o dispositivo que mais utiliza-se na UTI, sendo responsável por 90,0% das Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) associadas aos cateteres, e sua taxa de infecção varia entre 18% e 54%, sendo aproximadamente cinco a dez vezes maiores do que em outra unidade de internação hospitalar por serem menos usados. (CRIVELARO et al.,2018).

Alguns locais são mais adequados para a inserção do cateter central, como veias jugulares internas, veias subclávias e veias femorais. Mesmo que haja benefício em pacientes gravemente enfermos, muitas vezes há riscos associados à inserção, como desenvolvimento de trombos por embolia e infecções primárias (SANTOS et al., 2021).

O CVC tem um papel importante no tratamento de pacientes hospitalizados, principalmente em obter parâmetros fisiológicos e serve para a administração de medicamentos, sangue e solução hidroeletrolítica. Mesmo com toda essa utilidade ele representa risco de complicações infecciosas com a infecção local comprovada pela colonização do cateter e os episódios de infecção sistêmica que ocorrem como resultado direto da presença do dispositivo e por isso é preciso redobrar a atenção, desde a sua manipulação até a sua remoção, e é de responsabilidade do enfermeiro e de sua equipe tal conduta. Portanto, há a necessidade de conhecimento, habilidades e treinamento para o manejo seguro dos dispositivos intravasculares (CRIVELARO et al., 2018).

Diante disso, destacam-se de forma especial as ações da equipe de enfermagem, sendo esses profissionais os que mais se envolvem na implantação do CVC, auxiliando a equipe médica. Nesse cenário, o profissional enfermeiro desempenha um papel efetivo na prevenção de infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres, pois é sua responsabilidade operar equipamentos, principalmente as trocas de curativos, identificar e notificar possíveis infecções que possam estar relacionadas à assistência à saúde infecção para facilitar ações de prevenção e controle de IRAS (SANTOS et al., 2021).

Os cuidados com o CVC são de responsabilidade do profissional enfermeiro que desempenha a função de manutenção e eventual retirada do cateter. Cuidados de enfermagem, como higiene das mãos, avaliação da localização e local do cateter, desinfecção das conexões do CVC e organização, preparo e administração de medicamentos quando são feitas alterações no sistema de infusão (SANTOS et al, 2021).

Os microrganismos primários que determinam infecções decorrentes do uso de CVC são microrganismos nativos das mãos dos profissionais que manipulam esses dispositivos. Portanto, a higiene das mãos é uma intervenção de enfermagem respeitável antes e depois do contato com pacientes. Essa medida preventiva está diretamente relacionada à redução do percentual de infecções associadas ao uso de CVC (SANTOS et al, 2021).

Diante de índices tão relevantes de infecção relacionados ao uso de cateter venoso central, além da vulnerabilidade a que pacientes em terapia intensiva estão expostos, surgiu o interesse em ampliar os conhecimentos acerca da temática, e a necessidade de pesquisar sobre como a enfermagem contribui na prevenção desta problemática. O objetivo deste artigo é conhecer as ações da equipe de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva relacionadas à prevenção da infecção de corrente sanguínea pelo uso de CVC; identificar quais boas práticas as equipes de enfermagem estão desenvolvendo, bem como levantar as dificuldades enfrentadas pelas equipes de enfermagem nesse trabalho preventivo.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ASPECTOS GERAIS DA INFECÇÃO RELACIONADA À SAÚDE

A Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) denomina-se em todo processo infeccioso contraído no âmbito hospitalar, que pode ser diagnosticado durante o período de internação, mas também após o período de alta, podendo inclusive se disseminar para outras pessoas no hospital (HINRICHSEN, 2012; ARANHA; CLÁUDIO; LOPES, 2019).

Implica-se também em IRAS, infecções contraídas em âmbito extra-hospitalar, como clínicas não hospitalares, mas que prestam serviços assistenciais de saúde à população, e que podem acometer diversos sistemas do corpo humano e por diferentes formas assistenciais. As infecções relacionadas à assistência em saúde podem se manifestar no organismo de diferentes formas (SALOMÃO, 2017).

As infecções do sítio cirúrgico (ISC) derivam-se dos procedimentos cirúrgicos realizados no centro cirúrgico hospitalar, durante uma cirurgia, que independe das classificações cirúrgicas (OLIVEIRA; SILVA, 2015).

O surgimento de uma ISC como efeito adverso ao ato cirúrgico pode ser detectado no pós-operatório impactando significativamente a morbimortalidade do paciente (BRASIL, 2017). Infecções do trato respiratório é adquirida comumente devido a aspiração, podendo ocorrer em momentos distintos e com mais de um foco de origem em pacientes que se encontram restritos ao leito ou incapazes de se mover (BRASIL, 2017).

Quando o paciente se encontra hospitalizado e acamado, as próprias secreções orofaríngeas podem servir de agravante para a aspiração, podendo estes estar contaminados por agentes biológicos nocivos, originando também uma infecção do trato respiratório (HINRICHSEN, 2012).

As infecções do trato urinário originam-se do uso de cateteres de alívio ou demora em que os pacientes venham a ser submetidos, geralmente sintomáticos, visto que a via urinária é uma via estéril. Os agentes nocivos podem pertencer a própria microbiota do paciente, mas também pode ser adquirido a partir do meio externo (BRASIL, 2017).

Infecções da corrente sanguínea, são subdivididas em primária e secundária, sendo que a primária é descrita como infecções locais de instrumentação vascular por perfuração percutânea e são sinalizadas pelo surgimento de flebites. E a secundária é oriunda de procedimentos e cateteres intra-arteriais contaminados por agentes bactericidas, manipulados pelos prestadores de assistência multiprofissional (HINRICHSEN, 2012). A ICS está diretamente associada à permanência prolongada do paciente nos hospitais e ao emprego de acessos vasculares (BRASIL, 2017).

2.2 FATORES HISTÓRICOS RELACIONADOS À INFECÇÃO

A infecção hospitalar existe há séculos, os primeiros relatos da existência dos hospitais em meados de 325 d.C. descrevem os hospitais locais que abrigavam doentes, de forma geral e sem seleção ou classificação das doenças, o que significava que os doentes graves e não graves se tratavam e recuperaram nos mesmos ambientes (ARANHA; CLÁUDIO; LOPES, 2019).

Diante deste cenário as infecções hospitalares eram extremamente recorrentes, e prolongavam o tempo de permanência desses indivíduos nos hospitais. O que ocorria nos hospitais da época devido às infecções era que os doentes admitidos por uma determinada patologia, evoluíam para óbito por outra em decorrência do contágio por infecção hospitalar (MATA et al.,2021).

Francastorius, médico da idade média lançou um livro de Contagione, nele defendia a teoria de que algo “sólido”, corpúsculos que ele denominou como semente da moléstia que estariam transmitindo doenças de uma pessoa para outra, descrevendo em sua obra doenças epidêmicas e o seu contágio sendo de forma direta, indireta (CUNHA; COHEN, 2021).

A época do Renascimento chega, e traz consigo a novidade da imprensa que começaram a noticiar e ilustrar essas doenças. Por meio do mesmo surgiu então o primeiro livro que aborda a higiene e pediatria (1472), de Paolo Bagellardo. Nessa mesma época surgiram instrumentos para medir a temperatura (1626) e o fórceps obstétrico (1630) e alguns estudos iniciais sobre metabolismo basal (ARANHA; CLÁUDIO; LOPES, 2019).

Anton Van Leeuwenhock, do ramo de tecelagem e tecidos, possuía habilidades no uso de lentes de aumento para inspecionar tecidos, usava as mesmas para observar seus fluidos corporais como a saliva, e acabou visualizando o que ele chamou de “espíritos do demônio”, que posteriormente foi chamado de bactérias, um passo inicial para estudos em bacteriologia e descoberta importante na compreensão das infecções (CUNHA; COHEN, 2021).

Em 1863, durante a guerra da Criméia, Florence Nightingale, através de suas experiências, descreveu técnicas de cuidados relacionados aos pacientes e o ambiente em que eles estavam, técnicas que tinham como objetivo diminuir a infecção hospitalar (SOUSA et al., 2018).

Contudo, Florence propôs que as enfermeiras relatassem os números de óbitos hospitalares através de um sistema para que assim elas pudessem ter um controle, e dessa forma avaliar a assistência que estavam oferecendo aos pacientes, e de forma criteriosa melhorar a qualidade da assistência. Surgia então a primeira forma de vigilância epidemiológica, que teve colaboração de Willian Farr, que analisa e interpreta os dados (ARANHA; CLÁUDIO; LOPES, 2019).

Florence, foi grande revolucionária na forma de cuidado, quando designada para o hospital de base de Scutari, notou que o hospital era precário, com pouca iluminação, não havia sanitários, leitos e roupas eram sujas e insuficientes, a comida servida era de origem duvidosa, comiam sem talheres, usando as mãos, e o índice de mortalidade era alto (CUNHA; COHEN, 2021).

Observando tudo isso, Florence organizou cozinhas, lavanderias, arrumou o ambiente, melhorando então as condições sanitárias e durante o período noturno fazia rondas levando aos pacientes conforto e cuidados. Dessa forma ela mostrou a importância de uma assistência bem feita e de ambientes assépticos, bem limpos, arejados e o cuidado com feridas seriam importantes para a redução da transmissão de infecção, contribuindo para o desenvolvimento da saúde hospitalar (SILVA; NETO; LIMA, 2021).

Em 1928, o médico Alexander Fleming, apaixonado pelos estudos acerca de bactérias, e por combatê-las, avaliou o poder antibacteriano dos leucócitos presentes no exsudato das feridas infeccionadas, que o fez intensificar suas pesquisas no assunto fazendo-o descobrir a penicilina, importante antibiótico no tratamento de infecções e doenças utilizado ainda nos dias atuais (PEREIRA; PITA, 2005).

No Brasil, os relatos sobre hospitais seriam do século XVI, através das Santas Casas de Misericórdia. Em 1960 surgiram as primeiras comissões de controle de infecção hospitalar (CCIH) do país, seguidos pelos hospitais universitários da época, que começaram a discutir dentro da realidade brasileira a infecção hospitalar (CUNHA; COHEN, 2021). Em 1986 começou uma valorização da temática, aconteceu no Brasil a VIII Conferência Nacional de saúde discutindo políticas de reforma sanitária e posteriormente houve a fundação Comissão de Controle de Infecção Nacional, com representações estaduais (PAES, 2018).

Com a criação da constituição brasileira em 1988, é criado ações de controle de infecção, com a publicação da Portaria 196/83, do Ministério da Saúde (MS), promulgada em 24 de junho de 1983, foi um marco inicial para melhorias no cenário epidemiológico e infeccioso do país (BRASIL, 2017).

Nos anos 1990, acontece a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com isso o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PNCIH) começou a fazer parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e foi um marco que estabeleceu que o manejo das infecções em instância governamental deveria se manter em estância sanitária (BRASIL, 2017).

A união desses órgãos importantes para a saúde, culminou em pesquisas epidemiológicas e de vigilância na qual a ANVISA, estabeleceu o sistema de vigilância das infecções primárias da corrente sanguínea associadas ao cateter venoso central, em 2010, que resultou em 1.128 hospitais notificando que cerca de 5,7 e 2,0 de infecções primárias da corrente 17 sanguínea por 1.000 cateter venoso central-dia, um número significativo entre os vários tipos de infecções relacionadas à assistência à saúde. Em 2013 outro passo importante foi a criação do Programa Nacional de Prevenção e Controle de IRAS, objetivando reduzir significativamente a incidência de IRAS no país (CUNHA; COHEN, 2021).

2.3 INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA RELACIONADA AO USO DE CATETER VENOSO CENTRAL

O Cateter Venoso Central (CVC) é definido por um instrumento utilizado para infusão de fluidos em pacientes, essas substâncias podem ser medicamentos, eletrólitos, hemocomponentes e até mesmo nutrição parenteral, seu emprego comumente se dá em pacientes hospitalizados que necessitam de um acesso venoso de longa permanência (SANTOS et al., 2021).

Tais dispositivos são compostos por matérias-primas como silicone ou poliuretano, os quais podem ser mono lúmen, ou seja, uma única via de acesso, ou então múltiplo lúmen, o que permite a infusão de duas ou mais substâncias simultaneamente (OLIVEIRA; FONTES; SILVA, 2019).

Os benefícios acarretados aos pacientes usuários de cateter venoso central são inúmeros, além do conforto promovido ao enfermo, contudo, também podem levar a ocorrência de efeitos adversos relacionado a este e até mesmo riscos, como por exemplo, obstrução do cateter e infecção relacionadas a sua instalação do corpo (SANTOMAURO et al., 2022).

Pierotto (2015), explica que cateteres venosos centrais (CVC) são acessos vasculares empregados para infusão de medicações, soluções endovenosas, perpassando também pelas soluções de quimioterápicos e hemoderivados, esse com pacientes adstritos de acesso venoso periférico, muito utilizado também para alimentação parenteral delongada, monitoramento hemodinâmico invasivo da pressão sanguínea arterial, pressão venosa central, pressão da artéria pulmonar, mensurando também o débito cardíaco e acesso para pacientes em uso de hemodiálise (SANTOS et al., 2021).

Apesar de o emprego do CVC ser comum, devido seus benefícios, é fundamental informar a família e até mesmo o paciente, quando este consciente e orientado, o risco benefício de sua inserção. Sendo assim, apesar das vantagens, é possível que o paciente venha a desencadear uma infecção relacionada ao dispositivo mesmo que sejam tomadas medidas de segurança e profilaxia, por tratar-se de um ambiente altamente infectado (ALMEIDA et al, 2018).

É sabido que no meio hospitalar há diversos protocolos que visam o combate de infecções, porém, ao abordar o cateter central a gravidade multiplica-se pelo fato de este estar inserido nas proximidades do coração, sendo assim, vem sido adotadas cada vez mais medidas de profilaxia a infecção associadas ao CVC, de modo que toda a equipe deve estar treinada ao que se deve a não executar, e principalmente, quem é habilitado e não para manipular este, sendo que sua manipulação é a maior fonte de risco (VIEIRA; BEZERRA, 2019).

2.4 PAPEL E AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO

O enfermeiro exerce papel de relevância na assistência de saúde por ser o profissional com domínio da ciência do cuidado, com isso está capacitado para orientar e planejar estratégias 18 de prevenção de infecções em todas as instâncias de assistência à saúde (BARROS et al., 2016).

O profissional enfermeiro deve conhecer as normas e rotinas hospitalares a fim de elaborar suas estratégias e intervenções em harmonia com o que é estabelecidopela unidade hospitalar em que trabalha (SANTOS et al., 2021).

E, é um dos profissionais que estão sempre em contato com os usuários da unidade, estabelece vínculo terapêutico com seus pacientes e familiares, e por isso transmite a eles confiabilidade e segurança, contudo o enfermeiro deve se aproveitar deste vínculo para educar seus pacientes sobre a infecção hospitalar, e suas possíveis complicações fazendo educação em saúde e estimulando o autocuidado e autoconhecimento do paciente tornando uma medida profilaxia (OLIVEIRA; FONTES; SILVA, 2019).

A competência do enfermeiro o permite elaborar ações, juntamente com a CCIH do hospital, de prevenção em todos os setores, visto que a infecção relacionada a saúde está sujeita em todas as formas assistenciais de saúde e o enfermeiro como profissional capacitado em agir em todas (BARROS; et al., 2016).

É importante a participação do enfermeiro em serviços vinculados à vigilância epidemiológica, a identificação de surtos, educação em saúde para com os usuários e prestadores de serviços de saúde apresentando fatos, dados e informação a elas, elaboração de normativas e técnicas de controle e prevenção, interagir com setores de microbiologia e farmacologia fazendo consultorias e comunicações, buscando uma melhor precaução (PAES, 2018).

Ressalta-se a importância do enfermeiro em fazer a notificação de doenças infectocontagiosas visto que está sob sua responsabilidade, e que se estende aos demais profissionais de saúde (OLIVEIRA; FONTES; SILVA, 2019).

No entanto, a aplicabilidade de tais ações, rotinas, e competências e conseguir com que as pessoas, tanto colegas de trabalho quanto usuários do serviço façam o que é estabelecido, compreendam e deem importância sejam um dos maiores desafios do enfermeiro, e que exige liderança, um papel fundamental não só na prevenção, mas em qualquer forma de assistencialista. Encorajar a mudança, ser coerente com as propostas e conseguir credibilidade é um desafio descomunal direcionando os objetivos propostos na instituição, que são as rotinas estabelecidas para controle e prevenção de infecção hospitalar (POTTER; PERRY, 1997).

A equipe de enfermagem por ter um contato direto e integral com os pacientes em todas as instâncias do cuidado e da assistência, principalmente daqueles que se encontram internados devem executar planos de ações preventivas e de zelo a saúde de seus pacientes, dito isso, faz parte da competência do enfermeiro como cuidador holístico elaborar estratégias e colocá-las em prática. Implementar ações como as diretrizes de isolamento a fim de interromper e evitar a transmissão de agentes infecciosos (CHEEVER; BRUNNER; SUDDARTH, 2016).

Na realização de procedimentos invasivos de competência do enfermeiro como a punção de cateteres vasculares, centrais e periféricos e cateteres vesicais, é preciso fazer a higienização das mãos respeitando as etapas, usar os equipamentos de barreiras necessários, respeitar a técnica asséptica dos procedimentos, e após a colocação dos mesmos é necessário observar e cuidar dos dispositivos garantindo assim uma prevenção continuada (BRASIL, 2010).

As precauções padrões são adotadas a partir da interpretação que se faz em que todos os indivíduos são colonizados ou infectados e com isso deve-se ter cautela no cuidado para a preservação de todos. Quando é feita uma identificação desses microrganismos e são considerados contagiosos ou epidemiologicamente importantes devem-se adotar medidas adicionais de proteção baseada em transmissão que incluem proteção contra o ar, gotículas e contato (OLIVEIRA; FONTES; SILVA, 2019).

As ações se estendem aos profissionais, que devem fazer a higienização das mãos antes de qualquer serviço assistencial, e devem se beneficiar do uso de equipamentos de proteção individual (EPI), que incluem máscaras, óculos, capotes e jalecos. Se prevenirem acerca de contaminação por fluidos corporais, aerossóis e gotículas, bem como lesões percutâneas com perfuro cortantes (CHEEVER; BRUNNER; SUDDARTH, 2016).

As ações preventivas de enfermagem, bem como o cuidado de enfermagem devem ser pautados nos Bundles de prevenção, no qual orienta-se fazer a lavagem adequada das mãos na técnica correta antes e depois de cada procedimento realizado, sendo este um dos cuidados mais importantes, de baixo custo e eficaz de proteção em que toda a equipe de saúde deve ater, fazer uso de EPIs, que é a proteção de barreira máxima individual, como óculos de proteção, avental estéril de manga longa, luvas estéreis, gorro, sapatos fechados e a utilização de campo estéril, assim diminuindo as chances de haver contaminações, fazer a antissepsia da pele com recomendação de Clorexidina alcoólica > 0,5% (SANTOS et al., 2021).

Para inserção de cateter, usar de técnicas estéreis para inserções em veias e artérias de modo a não contaminar gerando um processo infeccioso, por exemplo, veia subclávia, utilização de gaze e fitas adesivas estéreis, para cobertura do local de inserção, e por fim, a reavaliação do cateter, observando condição do cateter, avaliar o aparecimento de sinais flogísticos, e atentar ao tempo de permanência do cateter,considerando um tempo máximo de 13 dias, pois quanto maior o tempo de permanência de cateteres no paciente o risco de contrair uma infecção aumenta (BRASIL, 2017).

3. METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura. Esse método de pesquisa visa reunir e sintetizar publicações relevantes sobre um delimitado tema em questão, de modo sistêmico e ordenado, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado e possibilitando elaborar conclusões a respeito de uma área do estudo.

Para o desenvolvimento da Revisão Integrativa da Literatura, é necessário percorrer as seis etapas descritas a seguir: escolha do tema, questão de pesquisa, estabelecer critérios de inclusão e exclusão, avaliação do estudo, definição das informações a serem extraídas e utilizadas dos estudos selecionados, interpretação dos resultados e a síntese do conhecimento (RUIVO BARA, et al., 2020).

Para realização da coleta dos dados, a busca ocorreu nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PubMed), e Scientific Electronic Library Online (SCIELO) por meio da combinação de termos indexados nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e Medical Subject Headings (MeSH).

Os descritores foram cruzados dentro de cada base de dados aos operadores booleanos AND e OR, os quais foram: Infecção Hospitalar; Enfermagem; Cateter Central; Equipe de enfermagem; cateterismo periférico; cateterismo venoso central; controle de infecções. Para a coleta de dados do estudo fez-se necessário a utilização de um instrumento que foi previamente testado para que seja seguro e minimize erros na checagem das informações, utilizado-se a estratégia PICo, no qual é o P: população; I: interesse; Co: contexto. (GALVÃO; PEREIRA 2014).

Quadro 1. Estratégia de PICO e a busca aplicada a pergunta de pesquisa.

AcrônimoDescrição
(P)Profissionais da Enfermagem.
(I)boas práticas as equipes de enfermagem estão desenvolvendo na prevenção de infecções pelo uso de cateter venoso central; dificuldades enfrentadas pelas equipes de enfermagem em UTI, na prevenção da infecção de corrente sanguínea pelo uso de cateter venoso central.
(Co)artigos em português e inglês, publicados entre os anos de 2012 a 2022, abordando temáticas como infecção hospitalar, cuidados de enfermagem com o cateter central equipe de enfermagem
Pergunta de pesquisaQuais as boas práticas as equipes de enfermagem desenvolvem na prevenção de infecção de corrente sanguínea pelo uso do cateter venoso central em pacientes internados em UTI? Quais as dificuldades enfrentadas pela equipe de enfermagem em UTI nesse trabalho preventivo?
Fonte: Galvão; Pereira, 2014.

A investigação na literatura foi realizada no período de agosto a setembro de 2023. Os critérios de inclusão foram: artigos em português e inglês, publicados entre os anos de 2012 a 2022, abordando temáticas como infecção hospitalar, cuidados de enfermagem com o cateter central equipe de enfermagem, estudos voltados para estratégias de avaliação e autoavaliação de preceptores em residência e artigos completos na versão livre. Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, revisões sistemáticas com metanálise ou metassíntese (estudos secundários), outros tipos de revisões de literatura, artigos que versavam sobre outras temáticas sobre cateter venoso periférico, estudos de casos, caso controle, entre outros tipos de estudos observacionais; artigos em que somente os resumos estavam disponíveis, teses, dissertações, monografias, trabalhos de conclusão de curso, anais de eventos e cartas editoriais.

Os dados foram analisados segundo o método de análise de conteúdo de Bardin (2016), visando propiciar a realização de uma metodologia norteadora, cuja definição é voltada na descrição analítica, como a apresentação das prováveis aplicações da análise de conteúdo como um método de categorias, permitindo a especificação e a organização dos componentes dos dados. Esse método explica a análise dos conteúdos dos estudos, no qual se divide em três etapas. As etapas são: a) A pré-análise corresponde à etapa de organização e sistematização dos dados; b) Explorar materiais para compreender os dados; c) Processamento de resultados (inferência e interpretação) associando e organizando as informações possível, para refletir e interpretar os dados (MENDES RM, MISKULIN RGS, 2017).

4. RESULTADOS

A busca na literatura resultou em um total de 1001 publicações nas bases de dados BVS (20 artigos), PUBMED (28 artigos), SCIELO (23 artigos) e LILACS (03 artigos) após a busca foram excluídos 40 artigos pelo recorte temporal, em seguida foram selecionados 61 artigos que apresentavam o idioma português, 10 artigos foram excluídos por duplicidade ficando elegíveis pelo título 51 artigos.

Usando os critérios de exclusão 15 artigos foram excluídos devido apresentarem texto incompletos restando 36 estudos para a leitura na íntegra o que após a leitura permitiu-se excluir 24 estudos que não tinham relação direta com a temática levando à elegíveis para integrar a síntese da revisão 12 artigos em língua portuguesa, na íntegra e dentro do recorte temporal. 

Os dados foram organizados apontando os resultados de acordo com o número do artigo, título, autor, ano, objetivo, métodos e conclusão. Respeitou-se a totalidade dos achados científicos e organizaram-se quadros caracterizadores para melhor observação e entendimento de cada artigo científico, conforme o quadro a seguir:

O quadro 2 apresenta a síntese dos estudos Primários incluídos na RIL analisados quanto ao título, autor e ano, objetivo, base de dados, métodos e principais resultados. Com relação à indexação das publicações relacionadas houve predomínio da PUBMED.

Quadro 2 – Síntese dos principais achados para a caracterização dos Artigos Revisados.

TítuloAutor/anoObjetivoBaseMétodoPrincipais Resultados
Adesão às Medidas para Prevenção da Infecção Da Corrente Sanguínea Relacionada ao Cateter Venoso CentralAlanna Gomes da Silva, Adriana Cristina de Oliveira/ 2017Verificar a adesão da equipe multiprofissional para as medidas de prevenção da infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central.PubMedEstudo quase- experimentalMesmo com um resultado satisfatório para a inserção dos cateteres nos períodos pré e pós-intervenção, essas medidas não representam completa adesão pela equipe de enfermagem.
Bundle para a prevenção de infecção de corrente sanguíneaFERNANDES, Marianna Saba, et al., / 2019Verificar o conhecimento dos profissionais intensivistas sobre o bundle para a prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central e sobre os cuidados no manejo deste dispositivoScieloEstudo quantitativo, de corte transversalembora a maior parte dos         entrevistados tenha mostrado um conhecimento satisfatório em relação ao bundle e aos cuidados no manejo dos cateteres, um percentual significativo demonstrou fragilidades ainda existentes.
Conhecimento Autorreferido das Equipes Médica e de Enfermagem quanto às Medidas de Prevenção de Infecção da Corrente SanguíneaAlanna Gomes da Silva, Adriana Cristina de Oliveira/Avaliar o conhecimento autorreferido das equipes médica e de enfermagem quanto às medidas de prevenção de infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central.BVSestudo transversalNa análise global das questões elegíveis para avaliação do conhecimento das equipes, constatou-se um conhecimento limitado às medidas consideradas padrão ouro na prevenção de infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central, reforçando a importância de mais investimentos na discussão da prevenção dessa infecção, bem como na educação permanente.
Construção de um bundle para prevenção d e infecção de corrente sanguínea associada ao cateter venoso centralSEVERO,Taís de Oliveira et al.,/ 2019Descrever a construção de um bundle para prevenção     de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central em pacientes com germes multirresistentesPubMedEstudo de validação por consensoNo Brasil, poucas são as instituições que possuem características semelhantes para cuidados de pacientes portadores de GMR. A utilização de um protocolo deve qualificar o atendimento a estes pacientes, aprimorando a segurança no cuidado e reduzindo a morbimortalidade por infecção nosocomial.
Infecção na inserção do cateter venoso centralNASCIMENTO, Glícia Cardoso et al., / 2015Reunir e sintetizar evidências disponíveis na literatura sobre a prevenção de infecções de corrente sanguínea relacionada à inserção de cateter venoso central.LilacsRevisão integrativa de literaturaEvidenciou que é de suma importância o cuidado na inserção de cateter venoso central para a prevenção de infecção de corrente sanguínea
Contribuições da enfermagem na prevenção de infecções relacionadas ao cateter venoso central em unidades de terapia intensiva: revisão integrativaLIMA,Yohanna Cavalcanti et al., / 2021.Analisar as publicações científicas sobre as contribuições da equipe de enfermagem na prevenção de infecções relacionadas ao Cateter Venoso Central (CVC) em Unidades De Terapia Intensiva (UTI)ScieloRevisão integrativa de literaturaOs cuidados prestados pela equipe de enfermagem, quando realizados de forma adequada, baseado em evidências científicas, diminuíram o risco de aquisição de infecções relacionadas ao uso do CVC nas UTI’s, portanto, é preciso investir na capacitação desses profissionais.
Atuação do Enfermeiro frente à Infecção da Corrente Sanguínea Associada ao uso do Cateter Venoso CentralSILVA, Ana Paula Araújo et al., /2018.Descrever cuidados de enfermagem no manejo do cateter venoso central.PubM edRevisão integrativa da literaturaConsidera-se que há relevância em realizar capacitação dos profissionais, que manipulam o CVC para que estes tenham autonomia, bem como garantir assistência segura e de qualidade, sugerindo-se a aplicabilidade do instrumento proposto neste estudo.
Prevenção de infecção relacionada à cateter venoso central: cuidados e conhecimento da equipe de enfermagemRIBEIRO, Aclênia Maria Nascimento et al., 2020Identificar os principais cuidados de enfermagem na prevenção de infecção relacionada à cateter venoso centralLilacsRevisão integrativa da literaturaEm vista disso, acredita-se que o estudo fornecerá informações relevantes para a equipe de enfermagem, bem como para toda a equipe multiprofissional que presta assistência aos pacientes com esses tipos de dispositivos invasivos. Convém ressaltar ainda a importância do desenvolvimento de mais estudos envolvendo o tema em questão, considerando o contexto da segurança do paciente que   deve ser o objetivo maior de toda a equipe de saúde.
Conhecimento dos Enfermeiros sobre as Ações de Prevenção da Infecção de Corrente Sanguínea Associada ao Cateter Venoso CentralKássia Pinho da Silva/ 2016Avaliar o conhecimento dos enfermeiros sobre as ações de prevenção para o controle da ICS/CVCPubM edEstudo de campo, transversal, descritivo de abordagem quantitativaObservou-se uma homogeneidade dos enfermeiros do hospital em estudo quanto ao conhecimento relacionado à ICS/CVC independente do setor em que trabalham. Há uma necessidade de divulgação dos protocolos institucionais e o cumprimento da prática rigorosa das padronizações, sendo a educação continuada uma alternativa para a melhoria dos indicadores. Como produto deste trabalho, devido ao resultado obtido, observou-se a necessidade de treinamentos teóricos com a equipe de enfermagem do hospital, que por sua vez já foram iniciados, e foi criado, baseado nas recomendações mundiais, nacionais e institucionais, um guia de prevenção deI CS/CVC.
Atuação do Enfermeiro frente ao Risco de Infecção com Cateter Venoso Central na Unidade de Terapia IntensivaTainara Barbosa Rodrigues de Borges/ 2018identificar na literatura quais as medidas preventivas e de controle de infecção relacionada ao uso de cateter venoso centralBVSRevisão integrativa da literaturaEvidenciou-se, portanto, que a enfermagem tem papel fundamental na redução das taxas deste tipo de infecção, contribuindo assim, para a segurança do paciente.
Avaliação dos cuidados de enfermagem com o cateter venoso central em uma unidade de terapia intensiva adulto e pediátricaSOUSA, Fernanda Coura et al., / 2018avaliar os cuidados de enfermagem relacionados ao cateter venoso central (CVC) em uma unidade de Terapia Intensiva adulto e pediátrica,PubM edtrata-se de uma auditoria clínicaA auditoria no cuidado de enfermagem na troca de curativo de CVC favoreceu um processo educativo entre os enfermeiros, contribuiu para identificar estratégias para melhorar a assistência e propôs uma atualização do protocolo da instituição.
Assistência de Enfermagem frente às Infecções Relacionadas ao Cateter Venoso Central em Unidades de Terapia IntensivaAna Karolina Gonçalves da SilvaCompreender o papel do enfermeiro na prevenção de infecções relacionadas a corrente sanguínea com foco no cateter venoso central em pacientes na unidade de terapia intensivaPubMedRevisão integrativa de literaturaConclui-se a importância da equipe de enfermagem em identificar sinais de infecções no CVC, de maneira criteriosa e atenciosa, atentando- se para cuidados com o manejo do cateter, higienização das mãos, assepsia da pele com clorexidina alcoólica e troca diária do curativo. Verifica-se que a incidência das infecções nas unidades de terapia intensiva é alta pois se trata de um ambiente com inúmeros fatores de risco. Deste modo, a equipe deve atuar de maneira contínua para manter uma assistência de qualidade e para isso, se faz necessário programas de educação continuada a fim de manter a equipe atualizada e promover conhecimento acerca das ICSRC.

5. DISCUSSÃO

5.1 AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO

A infecção hospitalar é definida como aquela adquirida após a internação hospitalar, podendo manifestar-se durante a mesma ou após a alta quando estiver relacionada com algum procedimento realizado no hospital ou com a internação (DUTRA et al., 2015).

No Brasil, apenas nos últimos anos houve preocupação por parte das autoridades com essa temática, evidenciada pela tomada de atitudes importantes como a promulgação de leis e portarias regulamentando as medidas que devem ser implementadas para o controle e prevenção das IH, bem como investimentos em capacitação dos profissionais para o uso das Precauções Padrão entendidas como estratégias com o intento de diminuir riscos de complicações relacionadas com as IHs no cotidiano de trabalho dos profissionais de saúde (SILVA, OLIVEIRA, 2017; FERNANDES et al., 2019).

Para Ferreira et al., (2017) as precauções padrões representam um conjunto de medidas que devem ser aplicadas no atendimento de todos os pacientes hospitalizados, independente do seu estado presumível de infecção, e na manipulação de equipamentos e artigos contaminados ou sob suspeita de contaminação.

Estudo realizado por Resende et al., (2018) e Lima et al., (2021) mostram que as precauções padrões como a higiene das mãos devem ser utilizadas quando existir o risco de contato com sangue, todos os líquidos corpóreos, secreções e excreções (exceção do suor), pele com solução de continuidade e mucosas (COUTO et al., 2018).

Assim sendo, tais medidas que compreendem a higienização das mãos, utilização de luvas, avental, óculos, máscara e descarte inadequado de perfurocortantes, são fundamentais para o controle e prevenção das IH, sabe-se que as mãos dos profissionais da saúde são importantes fontes de contaminação no ambiente hospitalar (LIMA et al., 2021).

Há vários anos, estudiosos demonstrando relação com a ocorrência de infecções em unidades de assistência à saúde, indicam medidas como a lavagem das mãos para a eficácia do combate às IH’s (PRECE et al., 2016; LIMA et al., 2021; SILVA, OLIVEIRA, 2017).

Atualmente, há uma série de evidências científicas diretrizes clínicas e regulamentações governamentais que fundamentam as ações para a prevenção e o controle das IRAS que, mesmo não sendo suficientes para sua erradicação, podem contribuir para reconhecer como e quando ela ocorre e, com isso, gerar ações na prática assistencial, contudo, identificar e alcançar sua alta adesão tem sido uma questão constante (SILVA, OLIVEIRA, 2017).

É praticamente um consenso de que o processo de trabalho atualmente dominante de controle e prevenção de IRAS, por meio da vigilância epidemiológica, não é suficiente para avaliar a adesão e a qualidade de práticas de controle e prevenção ao atuar de forma retrospectiva com indicadores de desfecho, ou seja, quando os eventos já ocorreram (MIRALHA, CRUZ, 2016). Além disso, as informações obtidas sobre as taxas de infecção têm de ser comparadas com dados de referência adequados para estimular um maior controle de infecção e efetividade da intervenção (SILVA, OLIVEIRA, 2017).

A questão da qualificação de procedimentos de assistência constitui uma demanda atual na assistência à saúde em geral e, mais recentemente, nas IRAS. Em 2005, o Comitê Consultivo de Práticas de Controle de Infecções Associadas à Assistência à Saúde, dos Estados Unidos, sob o consenso de suas entidades mais importantes relacionadas com o controle de IRAS, conclamaram a necessidade dos programas de controle de IRAS começarem a trabalhar, com sistemas de avaliação que apresentem os resultados da assistência e não apenas eventos de IH (MIRALHA, CRUZ, 2016; ALMEIDA et al., 2018).

Uma resposta tem sido o desenvolvimento de avaliações processuais ou de desempenho, que incluem ações de comunicação, acessibilidade, educação, investigações, prescrições, intervenções clínicas, entre outras. No controle de qualidade das intervenções esta avaliação focaliza os procedimentos, incluindo tempo, eficácia e eficiência, adequação, complicações, entre outras. Portanto, elas se dirigem antes à dinâmica dos processos do que aos resultados, permitindo analisar o que, quem, com o que, como e por que (SILVA et al., 2017).

Ou seja, permitindo avaliar o tipo de procedimento, o profissional que o realiza, os recursos utilizados e como ele é executado, assim como as situações que determinam sua necessidade. Desse modo, a avaliação processual constitui uma avaliação crítica de qualidade, sendo mais sensível para verificar a qualidade do cuidado, ao concentrar-se naquilo que realmente possa contribuir diretamente para melhorar os resultados (SILVA, OLIVEIRA, 2017).

5.2 PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA RELACIONADAS AO USO DE CATETER VENOSO CENTRAL E AÇÕES DE ENFERMAGEM.

Entre as IRAS mais frequentes está a infecção da corrente sanguínea e constitui umas das complicações relacionadas ao cateter venoso central (CVC) mais frequentes, dispendiosas, potencialmente letais, associando-se à elevada morbidade, com prolongamento do tempo de aumento dos custos de internação (FERNANDES et al., 2019).

No Brasil, dados referentes a 2015 reportam uma taxa de infecção da corrente sanguínea relacionada ao CVC em UTI de 5,1 para 1000 cateteres dia; na Europa, 13,3 infecções para 1.000 cateteres dia e, nos Estados Unidos, estima-se em torno de 30.000 novos casos dessa infecção por ano (NASCIMENTO et al., 2015; SEVERO et al., 2021; SILVA, OLIVEIRA, 2018).

A taxa de mortalidade por infecção relacionada ao CVC pode atingir até 69%. A redução das taxas de infecção requer uma abordagem global e multidisciplinar, incluindo intervenções comportamentais e educacionais de toda equipe envolvida na inserção e manutenção do CVC. O cumprimento das diretrizes é um passo essencial para melhoria das práticas de cuidado ao paciente em uso do CVC (FERNANDES et al., 2019).

Nesse contexto, monitorar a adesão às medidas para prevenção das infecções da corrente sanguínea relacionadas ao CVC dos profissionais pode ser uma estratégia que aponte lacunas e subsidie investimentos na melhoria das práticas assistenciais fundamentadas em treinamentos, educação continuada e feedback às equipes (LIMA et al., 2021).

Em um estudo realizado por Silva et al., (2018) e Ribeiro et al., (2020). O uso de dispositivo intravascular, principalmente o CVC, torna-se o principal fator de risco para a infecção da corrente sanguínea, com aproximadamente 90% delas relacionados ao seu uso. A infecção relacionada ao CVC torna-se mais grave em UTI devido à condição clínica dos pacientes, período de internação prolongado, uso de imunossupressores e antimicrobianos e consequente colonização por microrganismos resistentes.

Apesar da sua elevada incidência nas UTIs, a infecção da corrente sanguínea relacionada ao CVC pode ser prevenida por meio de programas que enfoquem educação permanente, capacitação dos profissionais de saúde, adesão às recomendações durante a inserção e manutenção dos cateteres e vigilância epidemiológica das IRAS (LIMA et al., 2021).

Dessa forma, as principais medidas para prevenção são descritas pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC) e têm sido incluídas na prática clínica em forma de pacote ou conjunto de intervenções, denominados bundles. Entre as medidas que podem compor o bundle, destacam-se a higiene das mãos, uso da barreira máxima de precaução, assepsia da pele com clorexidina alcoólica para inserção do cateter e troca de curativos, seleção do sítio de inserção do CVC e avaliação diária da necessidade de permanência do cateter e remoção imediata daqueles desnecessários (NASCIMENTO et al., 2015; SILVA, 2016; BORGES, 2018). Além dessas medidas, são recomendados ainda programas de educação permanente e treinamento dos profissionais de saúde que inserem e manipulam o CVC, bem como a avaliação periódica do conhecimento e adesão às medidas para toda a equipe envolvida na inserção e manutenção dos cateteres (NASCIMENTO et al., 2015; RIBEIRO et al., 2020).

No entanto, ainda há baixa adesão dos profissionais a essas medidas e poucos sabem sobre a relação do conhecimento com as práticas exercidas, o que implica a manutenção de elevada incidência dessa infecção (SILVA, 2016).

Quanto às medidas utilizadas pela equipe médica para prevenir a infecção da corrente sanguínea durante a inserção do CVC, o uso das medidas de barreira (luvas estéreis, máscara, gorro, capote e campo estéril), preparo cirúrgico das mãos e assepsia do local de inserção do CVC foi referido por 100% dos participantes. Exemplo da relevância da adoção dessas medidas foi visto em estudos em UTIs nos Estados Unidos, onde, ao serem implementadas, em um período de quatro anos, conseguiu- se reduzir em até 70% as taxas de infecção da corrente sanguínea relacionada ao CVC (SILVA et al., 2019; SOUSA et al., 2018).

A higienização das mãos é reconhecida como a prática mais efetiva na prevenção das IRAS. No entanto, apesar da sua importância, a adesão a essa prática permanece baixa nos serviços de saúde, com taxas mundiais de adesão de aproximadamente 38,7%. Alguns estudos também confirmam esse resultado: uma revisão sistemática que incluiu 65 estudos realizados em UTI, a taxa média de adesão foi de 40% (SILVA et al., 2018; RIBEIRO et al., 2020).

Em 446 oportunidades para higienização das mãos, a adesão dos profissionais em uma UTI no Brasil foi de 43,7%. Quando a prática de higiene das mãos não acontece adequadamente favorece a transmissão cruzada de microrganismos, principalmente em pacientes críticos que apresentam maior possibilidade de serem colonizados ou infectados (SILVA, 2016; BORGES, 2018).

Em estudo que avaliou a relação do uso de luvas com a adesão à higiene de mãos, foi observada menor higiene das mãos quando os profissionais faziam uso de luvas. De forma semelhante em outro estudo, foi observado que de 1.067 oportunidades de higienização das mãos, essa ocorreu em apenas 14,8% antes de usar luvas e, após a retirada das luvas, houve um aumento para 56,6%. Desse modo, percebe-se que a higienização das mãos pode ser menos frequente quando o profissional faz uso de luvas (SOUSA et al., 2018; SILVA et al., 2019).

A adesão à desinfecção do hub antes de administrar medicamentos pelo CVC também é baixa. Em um estudo que avaliou as práticas de prevenção e controle de infecção da corrente sanguínea, foi constatado que, de todas as medidas observadas durante a manipulação do cateter, a desinfecção do hub apresentou menor adesão (40%) (SILVA, FERREIRA, 2017).

Estudo recente de Fernandes et al., (2019) nos Estados Unidos, foi implementado um bundle de cuidados para o hub do cateter, sendo obtida, após sete meses de treinamento, uma adesão de 99% à desinfecção do hub antes da realização de medicamentos. Além disso, verificaram uma redução significativa em casos de sepse por Gram-negativo.

Os resultados reafirmam a importância do treinamento e educação continuada da equipe responsável pela manipulação do cateter, principalmente em relação a desinfecção do hub, visto que muitos profissionais desconhecem a técnica e sua finalidade (SEVERO et al., 2021).

A partir da análise dos estudos abordados nesta revisão, é possível entender a relevância para o profissional que atua na UTI, de entender o conceito e as repercussões das IRAS, visto que seus cuidados prestados afetam diretamente a saúde dos pacientes. As IRAS estão relacionadas não só a uma estrutura física inadequada nos serviços de saúde, mas principalmente, a falta de qualificação dos profissionais e o desconhecimento das medidas de controle das mesmas (BORGES, 2018).

O ambiente hospitalar possui uma maior predisposição para o aparecimento de infecções, sendo a UTI um dos locais com maior risco para adquirir IRAS, por conta dos diversos procedimentos invasivos que são realizados diariamente. Dentre esses

procedimentos, o dispositivo intravascular mais utilizado na UTI é o cateter venoso central, que pode ser inserido tanto em artérias como em veias, central ou perifericamente, sendo utilizado para administração de medicamentos, hemoderivados e fluidos, monitorização hemodinâmica e nutrição parenteral (RICKARD et al, 2015; CRIVELARO, et al., 2018; SILVA et al., 2019).

Sendo assim, o uso do CVC é essencial no tratamento dos pacientes, mas existem riscos associados à sua utilização, podendo ser destacado, o risco aquisição da Infecção de Corrente Sanguínea Relacionada a Cateter Venoso Central (ICSR- CVC) como a principal complicação proveniente do uso deste dispositivo. De acordo com Centers for Disease Control and Prevention, o CVC é responsável por 90% das infecções de corrente sanguínea associadas aos cateteres nas Unidade de Terapia Intensiva (LIMA et al., 2021).

A ICSR-CVC é qualificada como Infecção Primária da Corrente Sanguínea (IPCS), que é descrita como uma infecção com consequências sistêmicas graves, sepse ou bacteremia, cujo foco primário não pode ser identificado, quando o CVC se encontra inserido no paciente durante o diagnóstico da infecção. O critério para diagnóstico da infecção é laboratorial, com o resultado positivo da hemocultura, mas também é clínico, por meio de sinais e sintomas, como tremores oligúria, febre, hipotensão, que não podem estar associados a outro sítio de infecção (BRASIL, 2021; BRASIL, 2017).

Para Dantas et al., (2017) o cuidado do paciente internado na UTI, em uso do CVC, é responsabilidade de uma equipe multiprofissional, mas é importante destacar o papel da enfermagem no controle e prevenção das infecções, visto que esses profissionais exercem um cuidado diário e contínuo ao paciente no ambiente hospitalar, sendo responsável pelos cuidados de manutenção até a remoção do CVC.

Portanto, é preciso que esses eles estejam capacitados, com conhecimento teórico e treinamento prático para realizar o manejo de forma segura desses dispositivos, a fim de evitar agravos à saúde do paciente (COSTA, et al., 2020). O profissional de enfermagem não é diretamente responsável pela inserção do CVC, que é realizado pela equipe médica, mas o mesmo possui o papel de garantir que as técnicas corretas sejam seguidas, podendo ser realizado através da aplicação de um checklist no momento da inserção, com base nas diretrizes do bundle. Por isso, o enfermeiro, assim como o médico que irá realizar o procedimento, precisa ter o conhecimento sobre essas medidas, a fim de diminuir os riscos para o paciente (OLIVEIRA, et al., 2015; VIANA, et al., 2014; RIBEIRO et al., 2020).

Contudo, esse cuidado que deveria ser prestado pela equipe de enfermagem na inserção do cateter não é aplicado na prática, como pôde ser evidenciado pelo estudo realizado com esses profissionais onde os mesmo afirmaram que os seus cuidados são exclusivamente no manuseio e manutenção do cateter, nenhum mencionou a aplicação do checklist de inserção do CVC, junto à equipe médica, o que pode contribuir para o maior risco de ocorrência de infecções (SILVA et al., 2021; COSTA, et al., 2020).

5.3 DIFICULDADES ENFRENTADA PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA RELACIONADAS AO USO DE CATETER VENOSO CENTRAL

O controle de infecção, tanto relacionado as IRAS quanto a ICS são medidas de prevenção decorrentes de protocolos e diretrizes, e o grande desafio é reconhecer se elas são seguidas. Ao considerar o impacto causado pelas infecções que afetam diretamente na qualidade do cuidado e assistência em unidades de saúde de diferentes níveis de atenção em saúde (RIBEIRO et al., 2020).

A busca pela identificação das infecções mais frequentes, interferem na forma de controle prioritária, as infecções de corrente sanguínea ocupam o ranking das principais 29 infecções que acometem os pacientes dentro das unidades de saúde, principalmente em UTIs (ARANHA; CLAUDIO; LOPES, 2019).

No estudo de Nascimento et al., (2015), Silva et al., (2019), Ribeiro et al., (2020) desenvolveram a temática sobre o conhecimento da equipe de saúde sobre IRAS, com enfoque na equipe de enfermagem, em se tratando de conceito e conteúdo, bem como os protocolos e bundles, avaliando também a aplicação deste conhecimento para a prática do cuidado.

Discorreram sobre as principais dificuldades enfrentadas pela equipe de enfermagem na implementação das boas práticas e medidas preventivas de infecção, tanto relacionada à saúde, quanto de corrente sanguínea. Nota-se que os profissionais têm conhecimento acerca do assunto e das principais práticas a serem adotadas até mesmo demonstrando ter consciência da importância delas e entendem que os bundles melhoram a qualidade do atendimento de saúde (Borges, 2018).

Contudo para Aranha; Cláudio; Lopes, (2019) e Severo et al., 2021 e o grande entrave está no entendimento de que essas boas práticas devem ser adicionadas à rotina assistencial, e isso ocorre devido à baixa procura em continuar o aprendizado, e falhas em testes que avaliem o conhecimento daqueles que o detém, a incompreensão da equipe na forma introduzir essas boas práticas nas técnicas do dia- a-dia, é a grande dificuldade de aceitação, e serem conscientizados de que a proposta minimiza a ocorrência de infecção e danos, e que são preveníveis.

A rotina extensa de trabalho, a baixa adesão do uso dos EPI e da higiene adequada das mãos, a negligência na realização das técnicas de forma asséptica, desatualização e desconhecimento dos protocolos atuais desenvolvidos pelos órgãos nacionais e internacionais de saúde, o desinteresse em continuar a educação não investindo em formações complementares segundo o contexto avaliado, dificuldade na avaliação da infecção local e das manifestações clínicas de um quadro infeccioso, oposição ao preenchimento das notificações (LIMA et al., 2021; SEVERO et al., 2021).

Entende-se a necessidade de avaliar constantemente o conhecimento da equipe assistencialista acerca das práticas de prevenção de IRAS, bem como de ICS no cenário de saúde visando uma mudança de comportamento de modo que umavigilância multi e interdisciplinar possa proporcionar a prevenção e controle de possíveis intercorrências relacionadas a infecção de forma eficaz, acatando a educação permanente e contínua dos profissionais como principal estratégia no enfrentamento das IRAS salientando que o conhecimento é de suma importância e saber reproduzir isso a execução das técnicas de cuidado são essenciais para um cuidado de excelência e sem gerar dano ao paciente (FERNANDES et al., 2019).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As infecções relacionadas à cateter venoso central permanecem como uma problemática presente nas instituições de saúde, aumentando o tempo de internação hospitalar e contribuindo para o aumento das taxas de morbimortalidade. Nesse intuito, os resultados demonstraram que as principais medidas se constituíram de higienização das mãos de forma adequada, realização de curativos em óstio de CVC com curativo oclusivo estéril, inspeção diária do local de inserção do cateter, trocas de equipos e desinfecção de conectores antes de serem acessados.

De acordo com os estudos analisados, é possível ver a importância da utilização de técnicas padronizadas para prevenção de infecções. Destacando o papel da equipe de enfermagem, envolvida direta e indiretamente nos cuidados com o cateter venoso central, mostrando também a necessidade de educação permanente, com capacitação teórica e treinamento prático sobre a prevenção de infecções.

Considera-se que, para pensar na qualidade da assistência oferecida aos pacientes, submetidos à inserção do dispositivo venoso central, é preciso incentivar os enfermeiros com treinamentos e cursos e, principalmente, fazê-los refletirem e reconhecerem que não adianta possuir ferramentas de prevenção das infecções se não tiver a iniciativa pessoal. Convém ressaltar ainda a importância do desenvolvimento de mais estudos envolvendo o tema em questão, considerando o contexto da segurança do paciente que deve ser o objetivo maior de toda a equipe de saúde.

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