CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA: BENEFÍCIOS EM PACIENTES ONCOLÓGICOS

PERIPHERALLY INSERTION CENTRAL CATHETER: BENEFITS IN ONCOLOGICAL PATIENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7929944


Thamyris Beatriz Gomes de Assis1
Daisy Silva Cardoso2
Maria Gracimar Oliveira Fecury da Gama3


RESUMO: o cateter central de inserção periférica (PICC) é um dispositivo multifuncional, de acesso venoso, indicado para terapias de média e longa duração como é o caso do tratamento do câncer. Objetivo: mostrar por meio da revisão de literatura os benefícios do cateter central de inserção periférica em pacientes oncológicos. Métodos: este estudo consiste em uma revisão de literatura do tipo integrativa, onde foram selecionadas 8 publicações científicas referentes ao período de 2013 a 2023, indexados nas principais bases de dados PUBMED, BVS, LILACS, MEDLINE e Scielo, seguindo os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Resultados: o PICC é considerado um dispositivo seguro e viável, sendo a primeira opção de acesso venoso durante o tratamento de pacientes oncológicos. Facilita a inserção de fármacos e quimioterápicos, servindo para realização de nutrição parental, transfusões e coletas de sangue. Para tanto, devido ao surgimento de possíveis complicações, exige administração adequada de profissionais qualificados e experientes. Conclusão: o PICC é fundamental durante a quimioterapia, compreendido como uma alternativa segura, pois seus benefícios compreendem na redução da taxa dos efeitos adversos de fármacos, reduz múltiplas punções venosas e diminui o desconforto físico e mental de pacientes com câncer. Assim, sua administração integra a assistência de enfermagem na oncologia.  

Palavras-chave: Cateter central. Benefícios. Pacientes oncológicos. Quimioterapia. Enfermagem.

ABSTRACT: the peripherally inserted central catheter is a multifunctional venous access device, indicated for medium and long-term therapies, such as cancer treatment. Objective: to show, through a literature review, the benefits of the peripherally inserted central catheter in cancer patients. Methods: this study consists of an integrative literature review, where 8 scientific publications referring to the period from 2013 to 2023 were selected, indexed in the main databases PUBMED, BVS, LILACS, MEDLINE and Scielo, following the inclusion criteria and established exclusion. Results: the PICC is considered a safe and viable device, being the first option for venous access during the treatment of cancer patients. It facilitates the insertion of drugs and chemotherapy, serving for parenteral nutrition, transfusions and blood collections. Therefore, due to the emergence of possible complications, it requires adequate management by qualified and experienced professionals.

Conclusion: the PICC is essential during chemotherapy, understood as a safe alternative, as its benefits include reducing the rate of adverse drug effects, reducing multiple venipunctures and reducing the physical and mental discomfort of cancer patients. Thus, its administration integrates nursing care in oncology.

Keywords: Central catheter. Benefits. Oncology patients. Chemotherapy. Nursing.

1  INTRODUÇÃO

Na oncologia, o cateter central de inserção periférica (PICC) tem se apresentado uma alternativa bastante viável se comparado aos outros tipos de cateteres centrais existentes. Isto se dá devido a menor incidência de riscos de complicações, pois a implantação de dispositivos centrais tradicionalmente usados nesses pacientes precisa de intervenção cirúrgica, procedimento que se encontra associado à morbidade (BERGAMI; MONJARDIM; MACEDO, 2012).

A preservação da rede venosa é fundamental na assistência de enfermagem em pacientes oncológicos. Sua utilização compreende na aplicação de diversos medicamentos, antibióticos, soros, sangue e seus derivados, bem como para a coleta destinada à realização de exames laboratoriais. Caso seja utilizado incorretamente pode ocasionar sérios problemas de visualização e acesso vascular (BERGAMI; MONJARDIM; MACEDO, 2012).

Descreve-se o PICC ou peripherally inserted central cathheter (PICC) como um dispositivo intravenoso inserido por meio de uma veia superficial ou de profunda extremidade e que avança até o terço distal da veia cava superior ou proximal da veia cava inferior. Possui de um a três lumens, podendo ser valvulado ou não valvulado. Pode apresentar 20 a 65 cm de comprimento, com variação de calibre de 1 a 6 French (Fr). É radiopaco, apresenta flexibilidade, com paredes lisas e homogêneas, confeccionado em silicone, polietileno, poliuretano ou carbono. É inserido por punção percutânea através de agulhas plásticas, metálicas ou bipartidas, para descarte posterior (DI SANTO et al., 2017).

O cateter central de inserção periférica (PICC) é considerado adequado a ser usado nos pacientes oncológicos, pelo fato de ser constituído de material resistente aos quimioterápicos, onde ocorre períodos de tratamento prolongado ou utilizam drogas vesicantes que prejudicam o sistema venoso periférico, necessitando de um acesso venoso profundo em decorrência da rede venosa periférica (BERGAMI; MONJARDIM; MACEDO, 2012). Desta maneira, busca-se explorar a seguinte problemática: quais os benefícios do Cateter Central de Inserção Periférica em pacientes oncológicos?

Para solucioná-lo este estudo tem como objetivo geral: mostrar por meio da revisão de literatura os benefícios do cateter central de inserção periférica em pacientes oncológicos. E os específicos elencados foram: apresentar as práticas e competências do enfermeiro oncologista para inserir e manipular o PICC; evidenciar a acerca dos cuidados para uso correto do PICC pelo profissional de enfermagem ao paciente oncológico; enfatizar a importância da atuação da Enfermagem no campo da oncologia.

A importância da atuação da Enfermagem no campo da Oncologia compreende os diversos níveis da atenção à saúde, pois envolve a prevenção, a cura e a reabilitação, sendo a única categoria responsável por prestar cuidados ao paciente 24 horas por dia (ALCÂNTARA et al., 2019).

Diante disso, a realização deste estudo se justifica mediante a necessidade ampliar as discussões sobre as vantagens da utilização do PICC em pacientes diagnosticados com câncer, reunindo evidências científicas que comprovem seus benefícios ao cliente, atreladas à assistência humanizada do profissional de enfermagem. Busca-se também evidenciar as competências específicas do enfermeiro consideradas fundamentais no seu processo de capacitação e qualificação profissional.

2  REFERENCIAL TEÓRICO

2.1  Cateter Central de Inserção Periférica

O PICC foi descrito na literatura pela primeira vez em 1929 pelo médico alemão Werner Theodor Otto Forssmann ao introduzir uma cânula em sua própria veia antecubital, por meio da qual insere um cateter de 65 cm até o átrio direito, sendo confirmada a localização anatômica por imagem radiográfica (DI SANTO et al., 2017).  

Os cateteres disponíveis no mercado são produzidos com dois tipos de materiais biocompatíveis: silicone e poliuretano. O silicone apresenta maior resistência a oxidação e temperatura, considerado um polímero de elastômero. É mais maleável, com paredes mais espessas. E o poliuretano compõe uma ampla cadeia de polímeros denominados termoplásticos. É mais resistente e apresenta trombogenicidade. É nos maleáveis e possui paredes mais finas (CÂMARA; TAVARES; CHAVES, 2007; CARDOSO, 2008, apud RAMÃO, 2010). Diante disso, enfatiza-se que:

O PICC começou a ser utilizado no Brasil no início da década de 1990, inicialmente em pacientes neonatos. Sua expansão para o uso em pacientes de todas as faixas etárias se deu rapidamente, visto as vantagens em relação aos demais cateteres centrais, entre elas: redução do risco de pneumotórax e de sepse por colonização da pele em torno do ponto de inserção, menor custo para a inserção quando comparado com outros cateteres centrais, fácil manutenção e a desospitalização dos pacientes em antibioticoterapia e quimioterapia (SANTOLIM, 2017, p.02)

De acordo com Bortoli et al. (2019), a preferência pelo uso do PICC advém da possibilidade de ser inserido na enfermaria, não havendo a necessidade de qualquer procedimento cirúrgico. Apresenta menor custo quando comparado a outros cateteres, como o cateter venoso central de curta permanência, também utilizados em quimioterápicos, nutrição parental, infusões de hemoterápicos e coletas de amostras sanguíneas.

É considerado um dispositivo de acesso vascular seguro, pois permite a administração de medicamentos e fluidos que podem ser infundidos em veias periféricas. Suas indicações compreendem nas terapias de média e longa duração, administração de nutrição parental com concentração de dextrose maior que 10%, infusão de medicamentos vesicantes, vasoativos ou irritantes e de soluções com extremos de osmolaridade ou com potencial hidrogeniônico (Ph) não fisiológico (SANTOLIM, 2017).  

Conforme Barbosa et al. (2020), o método de inserção do PICC pode ser feito por meio de técnica com ultrassom associada à técnica de Seldinger modificada ou à técnica de punção direta ou às cegas. O primeiro procedimento traz inúmeras vantagens em comparação à punção direta, como tornar as veias para introdução do cateter mais visível, permitindo agulhas mais finas no momento da punção, orientando o dispositivo para a posição correta.

Diversos benefícios são atribuídos ao uso do PICC. Porém, os profissionais devem estar atentos aos riscos envolvidos durante a sua utilização. Os riscos estão associados à ocorrência de infecções, podendo ocorrer no processo de inserção, enquanto o dispositivo percorre o trajeto venoso durante a manutenção e na sua remoção (CAMARGO, 2007 apud RODRIGUES, 2017).

Embora os profissionais de saúde sigam as orientações dos protocolos institucionais para a inserção e manutenção do PICC, no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA) disponibiliza um manual com as melhores práticas de inserção e manejo deste dispositivo (BORTOLI et al., 2019).

2.2  A prática do enfermeiro oncologista para inserir e manipular PICC

A administração e manutenção do acesso venoso periférico são procedimentos realizados pela equipe de enfermagem em sua prática assistencial. Os cateteres venosos centrais são considerados como elementos fundamentais para o tratamento do câncer, reduzindo significativamente a necessidade de múltiplas punções venosas periféricas (SANTANA; MOREIRA-DIAS, 2018).

Entre as diversas práticas do enfermeiro oncologista, está a competência técnica e legal para inserir e manipular o cateter central de inserção periférica. Sua utilização correta se reflete diretamente na qualidade da assistência do paciente oncológico (PICC) (ALCÂNTARA et al., 2019). Para realizar a inserção deste dispositivo, exige-se um profissional capacitado, treinado e com habilidade para executar os cuidados na prevenção e intervenção de possíveis complicações com o cateter (SANTOS; MAIA, 2014). Desta forma, 

A utilização do PICC consiste em uma prática avançada, especializada e de alta complexidade, na qual o sucesso está relacionado às habilidades técnicas do enfermeiro, escolha adequada da veia a ser puncionada e métodos de visualização da rede venosa (SANTANA; MOREIRA-DIAS, 2018, p.342).

Destaca-se a importância do conhecimento, por parte do profissional de enfermagem e de sua equipe, sobre os mecanismos que envolvem a instalação e a manutenção do acesso venoso que possibilite ao paciente segurança, bem como a prevenção e detecção precoce de possíveis complicações (BERGAMI; MONJARDIM; MACEDO, 2012).

A confirmação do cateter pelo exame radiológico tem a finalidade de visualizar a localização, quanto ao tempo de permanência e quantidade de dias. Orienta-se que não devem ser avaliados de forma separada, baseado só no processo da técnica, mas é preciso levar em consideração os tipos de curativos usados, o tempo e o processo para infundir as soluções e fármacos, assim como o surgimento de complicações de terapia endovenosa. A utilização da ultrassonografia após a inserção não evidencia o prolongamento da permanência do PICC, mas fica visível, pois o raio-X identifica a localização correta da ponta do dispositivo, evitando a ocorrência de dados à parede do vaso e previne a possibilidade de predispor complicações que diminuem a duração do cateter (SANTOS; MAIA, 2014).

A conservação do cateter requer do enfermeiro e sua equipe uma manipulação adequada, visando evitar complicações futuras e estabelecer a maior permanência do dispositivo durante o tratamento. O sucesso da manipulação do PICC depende do treinamento e capacitação deste profissional da saúde (COELHO; NAMBA, 2009 apud RODRIGUES, 2017). 

2.3  A importância da atuação da Enfermagem no campo da Oncologia

O câncer é considerado uma enfermidade que se encontra associada à uma desordem de doenças distintas que possui múltiplas causas, ocasionando no doente sentimentos de angústia e medo diante de uma fatalidade. Por isso, é importante que a Enfermagem esteja acompanhando o paciente nos momentos do cuidar físico e emocional (FONSECA; AFONSO, 2020).

Conforme Ramos (2020), outra frente de atuação da enfermagem oncológica consiste no atendimento direto aos pacientes durante a internação hospitalar, onde se apresenta o cenário mais desafiador para a equipe que atende aos pacientes oncológicos, seja em unidades de internação de menor complexidade de cuidado ou em unidades de terapia intensiva (UTI).

Em vista disso, enfatiza-se a assistência humanizada do enfermeiro aos pacientes oncológicos, que exige qualidade no desenvolvimento de suas competências como no seu comportamento profissional, adotando práticas que respeitem o cliente e sua dignidade (MASCHIO, 2022). Assim, 

Sendo o profissional de enfermagem, além de legalmente apto à sua inserção, o componente da equipe que mais permanece em contato com esse público no manejo dos cuidados factíveis à prática resolutiva e qualificada, torna-se incontestável o seu profundo envolvimento com uma tecnologia tão emergente (PEREIRA et al., 2021).

Segundo Santos et al. (2015), o enfermeiro que atua em unidades hospitalares, especialmente aquelas que prestam serviços especializados a pacientes oncológicos deve estar apto a cuidar de todos os portadores de neoplasias, capacitados em avaliar o uso de tecnologias quanto aos aspectos de segurança, custo benefícios e efetividade, envolvendo princípios éticos e profissionais.

Deste modo, o exercício da assistência da equipe de enfermagem no cuidado ao paciente oncológico tem sido bastante explorado cientificamente, visando proporcionar maior conforto e reduzir os temores frente ao estigma dessa doença. Para o profissional, aprimorar esse conhecimento implica em promover melhorias na dinâmica do serviço oferecido, orientado pela eficácia, excelência e humanização (MASCHIO, 2022).

3  METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa, elencando os materiais bibliográficos que abordam os benefícios do Cateter Central de Inserção Periférica em pacientes oncológicos. Foi realizada uma busca exploratória nos principais bancos de dados da área da saúde como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PUBMED, MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System online), a LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Scielo (Scientific Electronic Library Online).

Durante o levantamento dos dados definiu-se os seguintes critérios de inclusão: estudos publicados na forma de artigo científico no período de 2013 a 2023, apresentado nas línguas portuguesa e inglesa; textos completos; dentro da área da saúde, abordando a temática evidenciada neste estudo.

Quanto aos critérios de exclusão foram estabelecidos os seguintes: outros formatos de estudos como monografia e dissertações; publicados fora do período de 2013 a 2023; textos incompletos, resumos; que não pertencem a área da saúde e que não estão diretamente relacionados com a temática.

Quanto aos termos cadastrados no site dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) na pesquisa compreenderam em: “benefícios”, “cateter central”, “paciente”, “oncologia” e “enfermagem”. Após a leitura dos resumos, buscou-se selecionar os estudos para serem postos em análise.

Durante a busca virtual foram identificadas nas bases de dados selecionadas 528 publicações sobre o tema. Foram encontradas 73 na BVS, 128 na PUBMED, MEDLINE 112, 37 na LILACS, na Scielo e 178. Seguindo os critérios de elegibilidade foram selecionados apenas 8 artigos científicos produzidos no período especificado. 

Após esta fase de seleção, as publicações científicas foram organizadas no quadro a seguir, apresentando seus dados para em seguida realizar discussões sobre os resultados, culminando em uma revisão de literatura.

4  RESULTADOS

Quadro 1: Sínteses dos artigos científicos que abordam o uso do cateter central de inserção periférica ou PICC em pacientes oncológicos.

AutoresTítuloAnoBase  de dadosSíntese
SONG, Liping;         LI, Hui.Malposition of peripherally inserted central cateter:Experience        form3.012 patients with cancer2013PUMEDO mau posicionamento do PICC foi verificado em 237 casos, sendo o local de extravio mais frequente a veia jugular, seguida da veia axilar. Para garantir o uso seguro de PICC, são necessárias diretrizes rígidas de colocação, associada a atuação deprofissionais qualificados.
SUNDRIYAL, Deepak et al.Peripherally Inserted Central Catheters: our experience from a câncer researchcentre2014PUBMEDO PICC é considerado um moderno sistema de administração de fármacos usados na prática oncológica. É custo efetivo, pois mais de 67% dos pacientes atingiram a duração considerada ideal do dispositivo.
FADOO,Zehra et al.Peripherally InsertedCentral VenousCatheters in Pediatric Hematology/Oncology Patients in Tertiary Care Setting: ADeveloping CountryExperience 2015PUBMEDOs PICCs têm apresentado resultados satisfatórios ao fornecer acesso central para quimioterapia e transfusões. São dispositivos viáveis em ambientes de países que apresentam poucos recursos estruturais.
DI SANTO, Marcelo Kalil et al.Cateteres venosos centrais de inserção periférica: alternativa ou primeira escolha em acesso vascular?2017BVSO uso de PICCs ecoguiados e posicionados por fluoroscopia demonstrou baixa incidência de
    complicações, diminuindo índices de infecção,     sendo considerado seguro e eficaz em situações de acessos     vasculares difíceis.
SANTANA,FabricianaGonçalves;MOREIRA-DIAS,PatríciaLucianaCateter Central de Inserção Periférica em OncologiaPediátrica: um EstudoRetrospectivo2018ScieloOs resultados deste estudo indicam que a maior parte das remoções  do PICC foi por motivos eletivos, isto é, em decorrência do término da terapêutica intravenosa, além de uma elevada taxa de permanência do cateter.
PARÁSBRAVO         et al.Living with a peripherally inserted central catheter: the perspective of cancer outpatients-a qualitative study 2018PUBMEDOs estudos demonstram que  a maioria dos pacientes oncológicos considerou ter uma linhaPICC como uma experiência positiva, pois não interferem na qualidade de vida.
NathalieLEVASSEUR et al.Optimizing vascular access for patients receiving intravenous systemic therapy for early-stage breast cancer-a survey of oncology nurses and physicians2018PUBMEDA administração de fármacos foi associada a uma maior probabilidade de um dispositivo de acesso venoso central como PICC, mesmo apresentando elevadas taxas de complicações em pacientes oncológicos.
CAMPAGNA, Sara et al.Can PeripherallyInserted CentralCatheters Be Safely Placed in Patients with CancerReceivingChemotherapy? A Retrospective Study of Almost 400,000 Catheter‐Days2019PUBMEDA pesquisa fornece evidências de que os PICCs são seguros para a administração da quimioterapia. A equipe médica deve limitar a utilização de sistemas abertos quando longos regimes de quimioterapia são programados.

Nos estudos realizados por Santana e Moreira-Dias (2018) constatou-se que o PICC é considerado uma alternativa segura e duradoura para obtenção de um acesso venoso na assistência às crianças e adolescentes durante o tratamento oncológico. Além de representar uma via para infusão de agentes quimioterápicos com segurança, beneficiando a esses pacientes e sua família através da redução do estresse emocional e das dores físicas, causadas por diversas tentativas de punções durante o tratamento.

Ainda conforme os autores, o PICC se mostrou flexível durante seu uso, podendo ser indicado em diversas faixas etárias. Sua utilização se apresentou mais frequente em crianças com idade acima de 4 anos e adolescentes. Na maioria dos casos como primeira opção de acesso venoso após a realização do diagnóstico de câncer.

Os estudos realizados por Song e Li (2013) revelam que o mau posicionamento do PICC foi observado em 237 casos (7,87%), sendo os locais de extravio mais evidentes a veia jugular e a veia axilar. Tomando medicamentos diferentes, todos os PICCs mal posicionados foram realocados de volta para a cava superior ou veia subclávia. Para garantir o uso seguro de PICCs e seus benefícios durante o tratamento oncológico, são necessárias diretrizes mais rígidas de inserção, acompanhada de profissionais de saúde qualificados e experientes.

O estudo prospectivo e não randomizado feito por Di Santo et al. (2017), revelam que o PICC ecoguiado apresentou uma alta taxa de sucesso técnico (96,1%). Isso foi proporcionado pela ultrassonografia, sendo feita punção ecoguiada como via de acesso venoso. Os PICCs com tecnologias de válvulas integradas diminuíram as taxas de complicações tardias em comparação aos não valvulados.

Deste modo, os autores que o implante de PICCs ecoguiados e posicionados por fluoroscopia produzem menos complicações, reduzindo os índices de infecções. São considerados dispositivos seguros e eficazes e sua manutenção exige treinamento rigoroso da equipe de enfermagem.

As pesquisas feitas por Sundriyal et al. (2014) indicam que a duração ideal do PICC foi alcançada em 151 pacientes, equivalente da 67,7% da amostra. 28 pacientes desenvolveram complicações infecciosas com cultura positiva (12,5%). E 44 pacientes apresentaram complicações mecânicas, equivalente a 19,7%.

Os autores ressalvam que a facilidade de administrar à beira do leito torna o PICC uma opção de acesso venoso aceitável para o paciente oncológico. Tem um tempo de permanência aumentado, evitando a canulação frequente, o que por sua vez serve como um dispositivo multifuncional para administração de quimioterápicos e antibióticos, transfusão de hemocomponentes, nutrição parental, analgesia e coleta de sangue. 

Os estudos realizados por Fadoo et al. (2015) demonstram que os PICCs são considerados dispositivos viáveis e seguros em ambientes hospitalares de países em desenvolvimento, sendo recomendada sua utilização para administração de quimioterapia e acesso venoso prolongado em pacientes oncológicos.

A pesquisa de caráter qualitativo feita por Parás-Bravo et al (2018) envolveu dezoito pacientes (61% mulheres com idade média de 58 anos) que usaram a linha PICC instalada com uma duração média de 155 dias. Constatou-se que a maioria das pacientes com câncer tiveram uma experiência satisfatória com o PICC, pois não houve interferência na sua qualidade de vida.

Os estudos desenvolvidos por LeVasseur et al. (2018) demonstram que apesar do uso generalizado de quimioterápicos em pacientes com câncer de mama, o tipo de acesso venoso usado varia de forma significativa. Embora as taxas de complicações associadas ao uso de PICCs tenham permanecido altas, os pacientes consideraram que os dispositivos de acesso venoso central podem melhorar sua qualidade de vida.

A pesquisa feita por Santagna et al. (2019) apresenta evidências de que o uso de PICCs para a administração de quimioterápicos está associado a uma reduzida taxa de efeitos adversos. A veio basílica foi o local mais seguro e os sistemas valvulados tiveram menos efeitos adversos do que os sistemas abertos. 

Os autores enfatizam que a escolha do dispositivo de acesso vascular apropriado para um paciente com câncer é um processo colaborativo que envolve o médico, o paciente, o enfermeiro e outros membros da equipe multidisciplinar.

5  CONCLUSÃO

Através desse estudo revisional, foi possível constatar que o PICC é considerado uma alternativa viável, para obtenção de um acesso venoso prolongado durante o tratamento de pacientes com câncer. Por ser uma via segura para a inserção de fármacos e quimioterápicos, está associada a redução de taxas de efeitos adversos, impactando na redução de dores físicas e emocionais nos pacientes.

Assim, os benefícios compreendem na diminuição do estresse emocional e desconforto físico, evita múltiplas pulsões venosas, possibilita sua inserção à beira do leito, facilita a administração de quimioterápicos, transfusões, nutrição parental e coleta de sangue, influenciando diretamente na qualidade de vida do paciente oncológico.

A assistência de enfermagem no campo da oncologia envolve a administração adequada desse dispositivo multifuncional, acompanhada de práticas de cuidados humanizadas que busquem oferecer dignidade e conforto ao paciente com câncer.

Os estudos demonstraram que apesar dos benefícios ao paciente oncológico, os PICCs podem causar diversas complicações como infecções caso sejam administrados incorretamente. Para isso, exige-se orientações rígidas para seguir os protocolos específicos de inserção desse dispositivo, acompanhada de profissionais qualificados e experientes. 

6  REFERÊNCIAS

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