CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA NO BRASIL DE 2017 A 2022: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

CASES OF ACQUIRED SYPHILIS IN BRAZIL FROM 2017 TO 2022: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12520571


Luise Braga de Araújo¹
Douglas J. Angel²


RESUMO 

A presente pesquisa trata sobre  a sífilis, que é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. A doença pode se manifestar de várias maneiras, dependendo do estágio em que se encontra. O objetivo foi analisar os perfis epidemiológicos dos casos de sífilis no brasil de 2017 a 2022. O  trabalho trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura qualitativa, com coleta de informações, nas bases de dados na National Library of Medicine (Medline/Pubmed e Scientific Electronic Library Online (SciELO), Banco Nacional do Sistema de Informação de Agravos de Notificações (Sinan) e Sistema único de Saúde do Brasil (Datasus), publicados no período compreendido entre 2017 a 2022. Resultados: De acordo com a literatura pesquisada (Medline, Pubmed, Scielo, Sinan e DataSus) o número de casos de sífilis adquirida por via sexual foi maior entre os homens, com um total de 374.855. Segundo cor/raça, um número maior foi encontrado entre a população parda, com um total de 232.155 casos.  Além disso, o maior número de casos ocorreu entre jovens de 20 a 39 anos, com 360.669 casos. Em relação ao desenvolvimento de sífilis adquirida, a maioria dos casos terminou em recuperação, num total de 310.152 casos. A sífilis adquirida no Brasil ainda necessita de um programa mais estruturado para prevenir e tratar a doença em estágio inicial.

Palavras-chave: Sífilis. Epidemiologia. Saúde. 

ABSTRACT 

This research deals with syphilis, which is a sexually transmitted disease caused by the bacterium Treponema pallidum. The disease can manifest itself in several ways, depending on the stage it is at. The objective was to analyze the epidemiological profiles of syphilis cases in Brazil from 2017 to 2022. The work is an integrative review study of qualitative literature, with information collection in databases at the National Library of Medicine (Medline /Pubmed and Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Bank of Notifiable Diseases Information System (Sinan) and Brazilian Unified Health System (Datasus), published in the period between 2017 and 2022. Results: According to literature researched (Medline, Pubmed, Scielo, Sinan and DataSus) the number of cases of syphilis acquired through sexual contact was higher among men, with a total of 374,855, depending on color/race, a higher number was found among the brown population, with a total of 232,155 cases. Furthermore, the largest number of cases occurred among young people aged 20 to 39, with 360,669 cases. Regarding the development of acquired syphilis, the majority of cases ended in recovery, for a total of 310,152 cases. Syphilis acquired in Brazil still requires a more structured program to prevent and treat the disease at an early stage.

Keywords: Syphilis. Epidemiology. Health. 

INTRODUÇÃO 

O número de infecções sexualmente transmissíveis (IST) aumentou significativamente em todo o mundo, tornando-se um problema alarmante. Cerca de um milhão de novos casos de infecção são relatados todos os dias. De acordo com dados relacionados com estas infecções, cerca de 11 milhões destas novas infecções são sífilis, ocorrendo em adultos com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos em todo o mundo. Esse crescimento pode ser observado apesar do aumento de ferramentas de diagnóstico gratuitas e de tratamentos mais baratos na principal rede do Sistema Único de Saúde (SUS), do aumento do número de casos de sífilis em todo o país, que se deve principalmente à diminuição da segurança de sexo seguro (Souza bso et al., 2018; Leal tlsl et al., 2020; Menezes il et al., 2021).

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema Pallidum, subespécie pallidum. A infecção ocorre de diferentes formas, mas a principal via é a sexual (oral, vaginal ou anal), mas também pode se espalhar verticalmente, causando mortalidade fetal superior a 40%. Na maioria das vezes, os doentes são assintomáticos, o que é um dos fatores constantes na cadeia de transmissão. Os treponemas entram no corpo humano através de membranas mucosas ou abrasões na pele. A intensidade da infecção depende do estágio da doença e é maior no estágio inicial (sífilis primária e secundária) e diminui com o tempo (Freitas Fls et al., 2021).

Existem vários fatores que tornam as pessoas, especialmente as grávidas, mais propensas a contrair Treponema Pallidum. Dentre eles, temos fatores sociodemográficos como baixa escolaridade, baixa renda e estado civil, que mostram ligação entre adoecimento e vulnerabilidade social, embora não se limitem a ela. Além disso, a sífilis na gravidez está associada a comportamentos de risco como menor idade na primeira relação sexual e gravidez, elevado número de parceiros sexuais, não prática de sexo seguro e uso de drogas ilícitas e psicoativas (Macêdo VC et al., 2017; Figueiredo Dcmm et al., 2020).

Quanto à manifestação da doença, esta é caracterizada por períodos de doença ativa intercalados com períodos de latência. Pode incluir diferentes apresentações clínicas e diferentes estágios, como sífilis primária, secundária, latente e terciária. O dano primário aparece após uma incubação média de 2 a 6 semanas. Tipicamente, a lesão da sífilis é um depósito duro que se apresenta como uma borda única, indolor, elevada, endurecida, com base clara e lisa e também costuma estar associada à linfadenopatia regional, que é de auto-resolução (Silveira Sjs et al., 2020).

Já a sífilis secundária inicia-se após um período de latência de seis a oito semanas, logo a doença volta a se ativar e atinge a pele e órgãos internos de acordo com a disseminação do Treponema Pallidum por todo o corpo (Mendes Lmc et al., 2022). Na sífilis latente, o paciente permanece assintomático por períodos variados de tempo, podendo ser interrompido por sinais e sintomas secundários ou terciários. Na sífilis terciária, os granulomas destrutivos ocorrem quando o patógeno está quase ausente, sendo as áreas mais afetadas os ossos, músculos e fígado. Além deles, a pele, mucosas, sistema cardiovascular e sistema nervoso podem apresentar granulomas que os destroem (Conceição Hn, et al., 2020; Soares Mas e Aquino R, 2021).

Alguns exames laboratoriais podem ser utilizados para diagnóstico da sífilis, além de identificação direta do patógeno e testes imunológicos. A detecção direta pode identificar a sífilis congênita primária e precoce e ajudar a diagnosticar a sífilis secundária, permitindo a coleta de secreções com o patógeno. Porém, os exames mais utilizados são os testes imunológicos que detectam anticorpos produzidos no sangue periférico (Gaspar Pc et al., 2021; Júnior Cp e Brasil Ga, 2022).

No tratamento da sífilis, o antibiótico de escolha é a benzilpenicilina benzatina, único medicamento cuja eficácia no tratamento da gravidez foi comprovada. Nenhuma resistência de patógenos a esta droga foi documentada no mundo. Existem outras opções para mulheres não grávidas, como a doxiciclina e a ceftriaxona (Machado I et al., 2018; Gonçalves Mm, et al., 2020).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou quatro pilares para a erradicação da sífilis, começando por garantir políticas nacionais ligadas a um programa bem fundamentado nos países; aumentar a disponibilidade e a qualidade dos serviços de saúde materno-infantil; permitir a identificação e o tratamento de mulheres grávidas com sífilis e dos seus parceiros; Além da regulação e do monitoramento, as medidas avaliam os sistemas de saúde (Chambarelli Esm, et al., 2022).

Portanto, este trabalho tem como objetivo compreender o perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida no Brasil no período de 2017 a 2022.

MATERIAL E MÉTODO  

Este estudo caracteriza-se por uma busca bibliográfica nas bases de dados eletrônicas Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILAC), Bridge Base Online (BBO), Medline / PubMed e DATASUS. Nessa pesquisa foram utilizadas as seguintes palavras descritivas: Papiloma-vírus humano (HPV) – Cavidade oral – Orofaringe – Câncer bucal.

Os critérios de elegibilidade utilizados para os artigos totalmente publicados e disponíveis gratuitamente, relatos de casos, pesquisas e revisões de literatura sobre o assunto, pesquisas envolvendo seres humanos individuais, artigos publicados em Inglês e Português, o escopo da pesquisa é limitado de 2008 a 2021.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

O Brasil enfrenta um surto preocupante de sífilis adquirida desde 2017, com números de casos disparando em todo o país. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de detecção de sífilis adquirida aumentou de 2,0 casos por 100.000 habitantes em 2010 para 58,1 casos por 100.000 habitantes em 2017 (Brasil, 2024).

Esse aumento não se restringe a um único grupo populacional. Homens e mulheres, jovens e adultos, em todas as regiões do país, estão sendo afetados pela doença. Homens que fazem sexo com homens (HSH) são o grupo mais afetado, com taxas de detecção 50 vezes maiores que a média nacional. Entre as gestantes, a taxa de detecção também subiu consideravelmente, de 10,8 casos por mil nascidos vivos em 2016 para 17,2 casos por mil nascidos vivos em 2017.

De acordo com o Ministério da Saúde, o número de casos de sífilis adquirida no Brasil apresentou um crescimento expressivo entre 2017 e 2023. Em 2017, a taxa de detecção era de 20,0 casos por 100 mil habitantes, enquanto em 2022, esse valor saltou para 58,1 casos por 100 mil habitantes, representando um aumento de 185,5% (Brasil, 2024).

Esse crescimento foi observado em todas as regiões do país, com destaque para o Sudeste, que concentra o maior número de casos. Em 2023, o Boletim Epidemiológico Sífilis do Ministério da Saúde revelou que, entre 2012 e 2022, foram notificados 1.237.027 casos de sífilis adquirida no Brasil (Ministério da Saúde, 2023).

Em 2021, foram registrados no Brasil mais de 74 mil casos de sífilis em gestantes, com 27 mil casos de sífilis congênita e 192 óbitos por essa forma da doença. Essa situação é extremamente grave, pois a sífilis congênita pode levar a aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, além de diversas complicações neurológicas e físicas no bebê.

A sífilis adquirida afeta principalmente homens e mulheres na faixa etária entre 20 e 39 anos. No entanto, dados recentes indicam um aumento preocupante da doença em adolescentes e gestantes (Ministério da Saúde, 2023).

As gestantes também foram duramente afetadas por essa epidemia. Entre 2012 e 2022, foram registrados 537.401 casos de sífilis em gestantes, resultando em 238.387 casos de sífilis congênita e 2.153 óbitos por essa forma da doença. Em 2017, a taxa de sífilis em gestantes era de 17,2 casos por mil nascidos vivos, um número alarmante que demonstra o impacto severo da doença na saúde materno-infantil (Ministério da Saúde, 2023).

Na população estudada pelo SINAN, o número de casos de sífilis adquirida foi maior em homens por sexo, totalizando 374.855 casos em 2017-2022. O ano de 2018 centrou-se principalmente nos homens, um total de 94 679. Em comparação com as mulheres, um total de 245 035 mulheres contraíram sífilis no período analisado. Além disso, o maior registro também foi em 2018, com um total de 64.577 casos.

Quadro 1 – Quantitativo de casos de Sífilis entre 2017-2022 de acordo com SINAN

Sexo 2017 – 20222018
Masculino 374.85594.679
Feminino 245.03564.577
Total619.890159.256

Fonte: SINAN (2023)

Segundo cor/raça, números maiores foram encontrados entre moradores pardos, com um total de 232.155 casos, dos quais 60 mil foram relativos a 2019. O segundo maior número de casos foi da cor/raça branca, com um total de 224.505 pessoas afetadas, e em  2018 foram 58.446 casos, segundo cor/raça foram notificados 64.080 casos, dos quais se concentrou o maior número em 2018, 16.392 casos. Os menos favorecidos são amarelos e indígenas, com 5.806 e 3.384 respectivamente, com maior número de ocorrências entre os dois em 2018, os demais dados de outros anos, não puderem ser computados por falta de dados concretos, por isso não são citados (Figura 2).

Gráfico 1 – Registros de casos de sífilis entre 2017 – 2023

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

A faixa etária estimada foi de 10 anos a mais de 80 anos da população, com maior número de jovens, na faixa etária de 20 a 39 anos, com 360.669 casos. Este é o ano mais elevado registrado em 2019, com 91.574 casos. O segundo maior número de infecções foi entre os 40-49 anos, com um total de 140.365 casos, sendo 2018 o que mais registrou, com 37.791. De acordo com os limites de idade de 10 a 14 anos, houve um total de 2.995 casos, 15 a 19 anos, 61.960 casos, 60 a 64 anos, 19.339 pessoas, 65 a 69 anos, 13.297 casos e 70 a 70 anos. Pessoas com 79 anos, 12.866. Além disso, houve o menor número de casos entre aqueles com mais de 80 anos, com um total de 4.000 casos. De todas as faixas etárias avaliadas, a maior parte dos casos concentra-se nos anos 2018-2019 (Figura 3).

Figura 1 – Registros de casos de sífilis por idade entre 2017 – 2023

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

O aumento da sífilis adquirida no Brasil nos últimos anos é inegável. Os resultados apresentados mostram um aumento no número de casos de 2017 para 2023. A sífilis é uma doença sexualmente transmissível que pode se espalhar rapidamente se não forem tomadas medidas de proteção para preveni-la. As razões explicativas para o aumento podem ser diversas, por exemplo, pode ter sido devido ao aumento dos exames de rastreio, que, para além dos realizados nas consultas primárias, permitem o diagnóstico rápido e o início imediato. tratamento da doença. , o que acarreta custos menos onerosos para o orçamento do Estado (Silveira Sjs et al., 2020; Almeida A, et al., 2021).

Ao longo da história, a taxa de detecção de sífilis adquirida apresentou-se constante até 2018 e manteve-se estável em 2019, quando foi de 77,9 casos por 100 mil habitantes. Em 2020, a parcela da incidência da Covid-19 diminuiu 23,4% em relação a 2019. No entanto, a taxa de detecção de sífilis adquirida em 2021 e 2022 foi superior à do período pré-pandemia, aumentando 23% em 2021-2022 80,7-99,2 casos por 100 mil habitantes (Figura 2).

As taxas de detecção de sífilis em mulheres grávidas continuaram a aumentar, mas com um crescimento mais rápido nos últimos dois anos, aumentando 33,8% em 2020-2022. Entre 2013 e 2018, o crescimento médio anual foi de 25%, enquanto a partir de 2020. Em 2019-2020 foi de 6,1% (Figura 2).

Durante os últimos dois anos, a incidência da sífilis congênita manteve-se estável em cerca de dez casos por mil nascidos vivos. No entanto, comparando 2022 com o ano pré-pandemia de 2019, verifica-se um aumento de 16% (Figura 2).

Figura 2 – Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes), taxa de detecção de sífilis em mulheres grávidas e incidência de sífilis congênita (por 1.000 nascidos vivos) por ano de diagnóstico. Brasil 2012-2022

Fonte: SINAN (2023)

Outro motivo que pode explicar isso são os hábitos sexuais sem uso de camisinha, o que pode aumentar o número de novos casos de sífilis. Além do parto, a identificação da mulher infectada e a posterior procura de companheiro no contexto das consultas de gravidez. Neste contexto, o conhecimento do perfil epidemiológico da população é essencial para criar novas estratégias de saúde para os pacientes com sífilis adquirida no Brasil (Maraschin m et al., 2018; Menezes il, et al., 2021).

Analisando os dados do DATASUS por sexo, a maioria dos afetados eram homens com a idade entre 20 a 39 anos (Figura 3). Em estudo descritivo e transversal realizado entre 2011 e 2016 com dados do SINAN, foi documentado que não houve diferença estatisticamente significativa na sífilis adquirida entre homens e mulheres nesse período Soares es, et al., 2019).

Além disso, o maior número de casos ocorreu no sexo masculino, aproximadamente 56% em relação ao sexo feminino. Atualmente existe um debate sobre a igualdade de género, onde as mulheres são mais ativas sexualmente e têm múltiplos parceiros, o que pode justificar as expressões observadas no primeiro estudo. A literatura anterior também observou que os parceiros podem muitas vezes questionar a necessidade das mulheres usarem preservativos, citando potencial desconfiança na fidelidade, permissividade e contaminação (Mahmud Mrs et al., 2021; Rodrigues Td, et al., 2022).

Os homens são mais propensos a adiar a consulta médica porque atrasam as consultas em situações em que os sintomas prejudicam a sua qualidade de vida. Justifica a continuação apenas em casos avançados da doença, onde já se espalhou de uma pessoa para outra. Esse fato provoca um aumento no número de casos devido ao próprio desenvolvimento da sífilis. As lesões variam desde o estágio inicial, como a sífilis primária, onde está presente um cancro duro, até o estágio tardio, onde a infecção pode desaparecer e permanecer latente ou assintomática. Portanto, sem os devidos cuidados, métodos preventivos de IST e tratamento adequado, a doença continua em uma cadeia cíclica de transmissão (Antero L, et al., 2022; Mendes Lmc et al., 2022).

Figura 3 – perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida, no Brasil, no período de 2017 a 2021.

Fonte: Datasus (2023)

Racialmente, a cor parda foi o maior contaminante da sífilis, enquanto a cor preta representou o menor número de casos. A literatura sugere que a maioria dos indivíduos brancos e pardos são diagnosticados com sífilis, o que corrobora este estudo. A desigualdade social ainda faz parte dessa observação. A raça negra continua a ter menor poder de compra económico, menor escolaridade e segregação social. Esses fatores reduzem as consultas médicas, o acesso aos serviços de saúde e o conhecimento sobre o seu estado de saúde. Esses fatores podem contribuir para a menor participação dos negros devido à dificuldade de rastreamento dos serviços de saúde (Mendes Lmc et al., 2022).

Portanto, é necessária uma política pública que inclua promoção da saúde e medidas preventivas. Assim, em 2010, a sífilis passou a ser uma obrigação de notificação, sendo obrigatória a identificação de novos casos. A introdução dos testes rápidos permitiu examinar rapidamente a doença sem esperar muito pelos exames laboratoriais, o que prolongou o início do tratamento.

A desigualdade social no Brasil ainda requer medidas adicionais para melhorar o estado de saúde da população. O teste de rastreio apresentou uma nova perspectiva por ser facilmente disponível e amplamente disponível na rede de um sistema de saúde (Rodrigues Td, et al., 2022).

Em termos de faixa etária, predomina a população adulta jovem. Segundo o boletim epidemiológico de 2018 do Ministério da Saúde, a faixa etária mais afetada pela sífilis adquirida foi a de 20 a 29 anos.

Os hábitos sexuais desta faixa etária são mais civilizados e as atitudes não estão envolvidas. Às vezes, ignoram as medidas de prevenção das DST e demoram a procurar ajuda. Além disso, o prazer sexual está associado ao não uso do preservativo, o que leva ao sexo desprotegido e aumenta o risco de infecção. Além disso, este é o momento em que a atividade sexual atinge maior frequência e tende a ser mais exposta que o público mais velho (Silveira SJS et al., 2020; Andrade Hs, et al., 2019).

Nesta perspectiva, a sífilis é uma doença evitável e a taxa de cura das pessoas afetadas é elevada. O número de mortes ainda é relativamente baixo em comparação com outras DST. A continuidade do cuidado integral aos usuários de um sistema único de saúde começa pela prevenção. É importante fazer a triagem de todos os usuários sexualmente ativos para que o tratamento possa ser iniciado o mais precocemente possível para quebrar a cadeia de transmissão e erradicar a sífilis adquirida no Brasil.

A sífilis é uma doença que passa por vários estágios, podendo ser sintomática ou assintomática dependendo do estágio em que se encontra, e que requer atenção especial no tratamento aos primeiros sinais e sintomas da doença, mesmo na fase mais comum (Almeida A. et al., 2021). Enfatiza-se a importância da terapia apropriada com benzilpenicilina com duração, dose e administração adequadas. A adesão ao tratamento e às práticas sexuais seguras, o uso de preservativos e o acompanhamento da recuperação da pessoa infectada devem ser incentivados e, se necessário, devem ser incentivadas orientações sobre tratamento e educação em saúde do parceiro. Se for gestante, tome cuidado com a transmissão vertical para evitar consequências da sífilis congênita no feto. Todas são medidas a serem implementadas para tratamento adequado de pacientes recém-diagnosticados com acompanhamento em longo prazo e controle da melhora (Santos Lg et al., 2020).

Portanto, as unidades de saúde devem estar preparadas para receber esses pacientes com o maior número possível de testes rápidos, divulgando e incentivando o uso do preservativo como método de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, melhorando o acesso ao sistema de saúde e disponibilizando penicilina. seleção para tratamento adequado da sífilis adquirida por profissionais de saúde qualificados. Conhecer o panorama da sífilis adquirida no Brasil permite compreender o perfil dos indivíduos que sofrem desta doença e direcionar medidas educativas voltadas à população e aos profissionais, visando a redução do número de casos de sífilis diagnosticada (Andrade Hs, et al., 2019 ). ; Silva Vc et al., 2021).

O presente estudo não teve como objetivo de conhecer a incidência de novos casos, mas determinar o perfil epidemiológico das pessoas com sífilis adquirida no Brasil. 

CONCLUSÃO 

O aumento da sífilis adquirida no Brasil entre 2017 e 2023 é um problema de saúde pública que exige medidas urgentes e multissetoriais. Através de um esforço conjunto do governo, profissionais de saúde, sociedade civil e indivíduos, podemos reverter essa tendência e garantir a saúde sexual e reprodutiva da população brasileira.

A partir deste estudo podemos perceber que a sífilis adquirida no Brasil ainda necessita de um programa mais estruturado para prevenir e tratar a doença em estágio inicial. A frequência de homens jovens é maior e a necessidade de campanhas dirigidas a este grupo-alvo é maior. A desigualdade social na sociedade continua a afetar os casos não diagnosticados e os casos confirmados da minoria negra. 

Apesar de ser uma doença com baixa mortalidade, as consequências a longo prazo podem ser devastadoras se tratadas de forma inadequada. A notificação e triagem compulsória da sífilis identificou esses novos casos e possibilitou conhecer o panorama da doença no país e as medidas relacionadas para minimizar os problemas de saúde das pessoas com a doença.

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1Acadêmica de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil.
2Docente do Curso de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil.