EDUCATIONAL BOOKLET FOR THE PREVENTION OF WORK-RELATED MUSCULOSKELETAL DISORDERS (WMSDS) AND REPETITIVE STRAIN INJURIES (RSI) IN PRIMARY HEALTH CARE WORKERS: A METHODOLOGICAL STUDY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412011120
Gelcy Rebeca Dos Santos Rodrigues1
Suelen Batista Miranda1
Thaiana Bezerra Duarte2
Resumo
Introdução: A atividade laboral é fundamental na vida do ser humano, já que através do oficio o profissional garante sua sobrevivência, aprimora a capacidade em exercer suas atividades laborais e desenvolve-se em aspectos psicossociais, contudo o trabalho pode comprometer a saúde do trabalhador, desencadeando no surgimento das doenças ocupacionais através de fatores de riscos do ambiente de trabalho, dentre essas patologias, destacam-se os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) e as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) que afetam comumente os profissionais da atenção primaria à saúde. Objetivo: Propor uma cartilha educativa para prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTS) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) para trabalhadores da atenção Primaria à Saúde; minimizar os agravos e lesões decorrentes das atividades laborais, fornecer informações relativas à DORTS e LER e proporcionar orientações preventivas. Materiais e método: O presente artigo trata-se um estudo metodológico a partir da criação de uma cartilha educativa para prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER). Resultados: A cartilha ficou dividida em duas partes, uma externa trazendo a abordagem inicial, contendo o título da cartilha, imagens ilustrativas que remetem aos profissionais da saúde e a parte interna abordando as informações e orientações em tópicos direcionados, para alongamentos e exercícios laborais. Conclusão: Conclui-se que existe a carência de materiais educativos relacionados ao surgimento da LER e DORT voltados especificamente aos profissionais de saúde que, em conjunto as práticas ergonômicas, possam atuar como estratégia, ressaltando a importância do cuidado a saúde na prevenção e promoção a saúde do trabalhador.
Palavras-chave: Saúde do Trabalhador. Cartilha Preventiva. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Lesão por Esforço Repetitivo. Fisioterapia saúde do trabalhador.
Abstract
Background: : Work activity is fundamental in the life of human beings, since through the profession the professional guarantees their survival, improves the ability to perform their work activities and develops in psychosocial aspects, however work can compromise the health of the worker, triggering the emergence of occupational diseases through risk factors in the work environment, among these pathologies, Work-Related Musculoskeletal Disorders (WMSD) and Repetitive Strain Injuries (RSI) stand out, which commonly affect primary health care professionals. Pourpose: Propose an educational booklet for the prevention of Work-Related Musculoskeletal Disorders (WMSDs) and Repetitive Strain Injuries (RSI) for Primary Health Care workers; minimize injuries and injuries resulting from work activities, provide information related to WMSDs and RSIs, and provide preventive guidance. Methods: This article is a methodological study based on the creation of an educational booklet for the prevention of Work-Related Musculoskeletal Disorders (WMSDs) and Repetitive Strain Injuries (RSI). Results: The booklet was divided into two parts, an external part bringing the initial approach, containing the title of the booklet, illustrative images that refer to health professionals and the internal part addressing information and guidance on topics directed to stretching and work exercises. Conclusion: It is concluded that there is a lack of educational materials related to the emergence of RSI and WMSD specifically aimed at health professionals that, together with ergonomic practices, can act as a strategy, emphasizing the importance of health care in the prevention and promotion of workers’ health.
Keywords: Occupational Health. Preventive Booklet. Work-Related Musculoskeletal Disorders. Repetitive Strain Injury. Occupational health physiotherapy.
1 INTRODUÇÃO
O trabalho é essencial na vida do ser humano, já que por meio deste, o profissional no exercício do ofício, desenvolve-se em diversos aspectos, como nas relações psicossociais, garantindo a sua sobrevivência e construindo sua identidade pessoal (Marcelino; Marcelino; Cerqueira, 2023). Contudo da mesma forma que o trabalho pode ser benéfico, ele também pode ocasionar o adoecimento e o comprometimento da saúde (Araújo; Souza, 2023). Nesse contexto o surgimento das doenças ocupacionais, que resultam das longas demandas e do trabalho excessivo, afetam diretamente a saúde e o bem-estar de muitos trabalhadores (Marcelino; Marcelino; Cerqueira, 2023) e acarretam danos e custos socioeconômicos à saúde pública do país e comprometem a qualidade de vida (QV) desses profissionais (Araújo; Souza, 2023).
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) as doenças ocupacionais estão relacionadas a fatores de riscos decorrentes do ambiente laboral (Dosea; Oliveira; Lima, 2016) dentre essas doenças, destacam-se os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) juntamente com as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) retratadas pelas siglas DORT e LER respectivamente, que caracterizam-se como as doenças ocupacionais que geram mais afastamentos no mundo, sejam eles temporários ou definitivos (Araújo; Souza, 2023).
Tratam-se de lesões que afetam o sistema muscular, ligamentar, nervoso e tendinoso que podem estar interligadas ou não, de forma que, as DORTS são decorrentes da exposição aos riscos laborais e a LER resulta de lesões ocasionadas por movimentos repetitivos de grande intensidade que são relativas às atividades humanas, podendo estar ou não associadas a atividade laboral (Martinez, 2020). São patologias com múltiplos sinais e sintomas, mas que se manifestam principalmente por meio da dor sem causa aparente ou ao realizar o movimento, diminuição da sensibilidade tátil, fraqueza muscular, limitação de movimento, edema na região afetada, parestesia, e entre os sinais menos recorrentes ao surgimento de processos inflamatórios e casos de redução da massa muscular ou atrofia muscular (Cunha et al., 2023).
De caráter multifatorial, essas patologias refletem os agravos da exposição aos riscos do ambiente laboral, evidenciando a forma e as condições de trabalho estabelecidas, podendo impactar em aspectos psicológicos, biológicos e sociais do indivíduo, além de gerarem o sofrimento humano, que se refere a um dano que não pode ser mensurado apesar de não ter o devido reconhecimento, contudo evitável (Cunha et al., 2023) não se limitando apenas à incapacidade de realizar as atividades laborais, mas também as Atividades de Vida Diária (AVD) (Dosea; Oliveira; Lima, 2016).
Dentre os múltiplos fatores potencializadores para o desenvolvimento das doenças oriundas do trabalho destaca-se a ergonomia do posto de trabalho, a relação entre a demanda de trabalho exigida e a capacidade funcional do trabalhador, a pressão para execução das atividades laborais, os aspectos ambientais como a exposição de ruídos, vibrações, pressões mecânicas e temperaturas inadequadas, posturas incorretas ou inapropriadas, sobrecargas osteomusculares intensas e atividades repetitivas (Araújo; Souza, 2023).
A ergonomia é a ciência que estuda a interação do homem com seu posto de trabalho (Freire; Soares; Torres, 2017). No Brasil a ergonomia é regida pelas diretrizes das Normas Regulamentadoras que norteiam as diretrizes pertinentes às condições ambientais do trabalho e os aspectos psicofisiológicos, mais especificamente pela Norma Regulamentadora 17 (NR17), sendo referência para muitos profissionais (Cunha et al., 2023). Portanto a forma como a ergonomia está incorporada no ambiente laboral interfere diretamente na biomecânica dos profissionais de saúde, sobretudo aqueles profissionais que constituem a equipe de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) já que desempenham um contato continuo e direto diariamente no atendimento ao público, desencadeando cargas emocionais e estresse já que estão propensos a agravos por meio de suas atividades laborais que podem demandar de um maior degaste físico, estimular a adaptação de posturas inadequadas e potencializar o desenvolvimento da LER e DORT (Araújo; Souza, 2023).
A fisioterapia na saúde do trabalhador também atua por meio de um conjunto de estratégias no desenvolvimento de programas que visem a promoção e prevenção das doenças ocupacionais, além de realizar avalição, diagnostico e intervenções (Araújo; Souza, 2023) os tratamentos fisioterapêuticos podem se alinhar a outros tipos de tratamentos não invasivos que auxiliam e favorecem o tratamento e recuperação dos profissionais acometidos pelas doenças ocupacionais (Santana et al., 2023).
A DORT e a LER, apesar de configurar-se mundialmente como um problema de saúde pública e serem classificadas como as principais doenças na saúde do trabalhador (Paula; Amaral, 2019) ainda apresentam desafios a saúde ocupacional no quesito da implementação de intervenções preventivas, seja pela ausência de profissionais qualificados, as formas de organização da gestão ou a inexistência de verbas suficientes para seu desenvolvimento (Cunha et al., 2023). Nesse contexto a qualidade de vida estabelece uma relação direta entre saúde, trabalho e doença (Dosea; Oliveira; Lima, 2016) já que o ambiente laboral do trabalhador afeta a motivação, bem-estar, comprometimento e satisfação com o trabalho (Dale; Dias, 2018).
A atenção Básica de Saúde (ABS) representa o primeiro canal de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez proporciona ações voltadas ao cuidado a saúde, tanto de forma
individual quanto coletiva, abordando aspectos fundamentais como a promoção, prevenção, diagnostico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde (Araújo; Souza, 2023) de forma que os profissionais que formam as UBS fornecem um papel fundamental na prestação de serviços à saúde pública, tornando necessário o cuidado e a valorização desses profissionais (Freire; Soares; Torres, 2017) e considerando a realidade dos serviços públicos no Brasil é notório que por diversas vezes existe a carência de adquirir recursos necessários, essencialmente os relacionados às questões ergonômicas, para reduzir o surgimento de distúrbios osteomusculares (Freire; Soares; Torres, 2017).
O Sistema Único De Saúde (SUS) comumente dispõe de recursos impressos como ferramenta de promoção a saúde, no entanto existe uma escassez de materiais educativos nessa temática voltados à saúde do trabalhador com foco na prevenção dessas patologias (Silva et al., 2022).
A construção e utilização de matérias e atividades lúdicas em educação e saúde se tornam instrumentos crucias como práticas direcionadas à saúde do trabalhador (Marcelino; Marcelino; Cerqueira, 2023). Dessa forma a fisioterapia é uma aliada a saúde do trabalhador, proporcionando recursos de promoção e prevenção ao surgimento dessas lesões (Araújo; Souza, 2023) por meio de medidas de conscientização. O fornecimento de orientações posturais e ergonômicas aos trabalhadores nos postos de trabalho antes ou durante a realização das atividades laborais que podem ser disponibilizadas por meio de materiais educativos (Cunha et al., 2023).
Desse modo o objetivo deste estudo é propor uma cartilha educativa para prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTS) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) para trabalhadores da atenção Primaria à Saúde; minimizar os agravos e lesões decorrentes das atividades laborais, fornecer informações relativas à DORTS e LER e proporcionar orientações preventivas.
2 MATERIAIS E MÉTODO
O presente artigo trata-se um estudo metodológico a partir da criação de uma cartilha educativa onde os materiais utilizados para consolidação dessas informações foram extraídos das seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde Brasil (BVS), Scielo Brasil, Periódicos Capes. Os descritores para pesquisa foram: Saúde do Trabalhador, LER, DORT, Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, Lesões por Esforço Repetitivo, Cartilha preventiva DORT e Fisioterapia saúde do trabalhador.
A construção da cartilha se iniciou por meio da seleção de quais informações seriam abordadas. A cartilha foi dividida em duas partes, a parte externa trazendo uma abordagem inicial e a parte interna, contendo as informações pertinentes e relacionadas a LER e DORT, depois disso foi feito a distribuição e organização dessas informações em tópicos da seguinte maneira: Definição- “O que é DORT e LER?”; “ Relação da DORT e LER com os profissionais da Saúde”; “Sinais e Sintomas”; Prevenção- “Como Prevenir?” e “Alongamentos” em seguida foram selecionados os principais alongamentos que seriam abordados na cartilha de forma ilustrativa e que fossem pertinentes à prevenção de lesões as atividades laborais dos profissionais da Atenção Básica de Saúde.
A Cartilha foi feita pelo Canva, uma ferramenta online e de fácil manuseio e acesso, priorizando um conteúdo bastante informativo com uma linguagem clara e compreensível.
3 RESULTADOS
Na parte externa da cartilha foi posicionado na região superior o título da cartilha: “Cartilha Educativa para Prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTS) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) em Trabalhadores da Atenção Básica de Saúde” e centralizado, foram introduzidas imagens ilustrativas que remetessem aos profissionais da saúde, também foi adicionado uma frase declarativa: “Os Trabalhadores da Área da Saúde também necessitam de Saúde!” com o intuito de externar a necessidade do cuidado à saúde dos profissionais da atenção primaria como consta na figura 1.
Figura 1. Ilustração representativa da parte inicial da parte externa da “Cartilha Educativa Para Prevenção De Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho-DORTS E Lesões Por Esforço Repetitivo-LER em Trabalhadores da Atenção Primaria à Saúde”.
A parte interna da cartilha foi organizada em tópicos, o primeiro tópico: “O que é LER e DORT?” abordou as informações referentes a DORT e LER, respectivas as suas definições e a forma como essas patologias se manifestam no sistema musculoesquelético do trabalhador.
Para tornar o conteúdo lúdico foram adicionados também imagens ilustrativas sobre os principais pontos que podem ser afetados pela LER e DORT como consta na figura 2.
Figura 2. Ilustração representativa do conteúdo e imagens da parte interna da “Cartilha Educativa Para Prevenção De Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho-DORTS E Lesões Por Esforço Repetitivo-LER em Trabalhadores da Atenção Primaria à Saúde”.
No segundo tópico da parte interna da cartilha: “Relação da DORT e LER com os profissionais da saúde” continha a descrição sobre a relação entre o profissional de saúde e os aspectos que potencializam o surgimento dessas patologias decorrentes da relação entre o profissional e o exercício do ofício como consta na figura 3.
Figura 3. Ilustração representativa do conteúdo e imagens da parte interna da “Cartilha Educativa Para Prevenção De Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho-DORTS E Lesões Por Esforço Repetitivo-LER em Trabalhadores da Atenção Primaria à Saúde”.
No terceiro tópico da parte interna da cartilha: “Sinais e sintomas” foram abordados, de forma pontuada, quais eram os principais sinais e sintomas decorrentes do surgimento da LER e DORTS, como o surgimento de edemas, formigamentos, o enrijecimento articular, fadiga entre outros, ao total foram abordados oito sinais sintomas mais pertinentes ao surgimento dessas patologias como consta na figura 4.
Figura 4. Ilustração representativa do conteúdo e imagens da parte interna da “Cartilha Educativa Para Prevenção De Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho-DORTS E Lesões Por Esforço Repetitivo-LER em Trabalhadores da Atenção Primaria à Saúde”.
No quarto tópico da parte interna da cartilha: “Como previnir²” foi abordado, de forma suscinta, informações sobre como prevenir o surgimento da LER e DORT tanto no ambiente laboral, por meio da adequação do posto de trabalho, quanto pela adoção de práticas de atividades físicas programadas e orientadas à saúde como consta na figura 5.
Figura 5. Ilustração representativa do conteúdo e imagens da parte interna da “Cartilha Educativa Para Prevenção De Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho-DORTS E Lesões Por Esforço Repetitivo-LER em Trabalhadores da Atenção Primaria à Saúde”.
No quinto e último tópico da parte interna da cartilha: “Alongamentos” continha a orientação e descrição sobre como realizar os seis principais alongamentos recomendados para prevenção da LER e DORT como consta na figura 6.
Figura 6. Ilustração representativa do conteúdo e imagens da parte interna da “Cartilha Educativa Para Prevenção De Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho-DORTS E Lesões Por Esforço Repetitivo-LER em Trabalhadores da Atenção Primaria à Saúde”.
4 DISCUSSÃO
Esse estudo serviu para elaborar uma cartilha educativa para prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTS) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) devido à escassez de artigos que abordam esse material em uso, que afetam os trabalhadores ocasionando a LER e DORT, direcionado a profissionais da Atenção Primaria Saúde.
Semelhantemente a este estudo, Silva et al., (2022), utiliza uma abordagem preventiva por meio da conscientização aos trabalhadores, através da criação de um material educativo acessível em forma de cartilha, contudo a cartilha era direcionada a trabalhadores de uma fábrica, mas também abordou aspectos direcionados a práticas de ginastica laboral, informações relativas a abordagem do tema e a sintomatologia dessas patologias, como instrumento resultante da necessidade e importância de conscientizar os trabalhadores a respeito das doenças ocupacionais.
Da mesma forma a cartilha do Boletim: Saúde do Trabalhador: LER e DORT Diretoria de Vigilância em Saúde/Secretaria Municipal de Saúde/Prefeitura Municipal de Porto Alegre Epidemiológico edição 7/ ano III Janeiro de 2024, se articula em informar o usuário em relação a DORTS e LER, através de dados a prevenção em bases estatísticas, aspirando de maneira semelhante a supervisão a saúde do trabalhador, de mesma execução da cartilha desenvolvida.
De modo similar à prevenção e saúde, Marcelino; Marcelino; Cerqueira (2023) associam o desenvolvimento de jogos e não uma cartilha educativa, como ferramenta lúdica e informativa, de forma direcionada a prevenção à saúde do trabalho, para aprimorar a qualidade de vida de forma física e psicológica, que foi direcionada ao público alvo referente a profissionais da área da educação infantil, distúrbio vocal exógena (agrotóxicos), distúrbio vocal relacionado ao trabalho (DVRT) no caso professores e contaminação por COVID-19. Do mesmo modo o estudo de Araújo; Souza (2023) também optaram por não fazerem uso de uma cartilha educativa, mas sim a proposta da aplicação de um questionário com profissionais da Unidade Básica de Saúde para prevenção a saúde em Cratéus-Ceara, que obteve o resultado com maior porcentagem, propondo melhora com uso da fisioterapia onde é ressaltada em 79% como uso para promoção, prevenção e identificação de doenças ocupacionais, com direcionamento a alerta dos riscos laborais na atenção primária à saúde.
Similarmente o estudo de Dosea; Oliveira; Lima (2016) não utilizou uma cartilha educativa, mas ajustado a prevenção da saúde do trabalhador, foi colocado a partir de um perfil ocupacional, os aspectos da sintomatologia osteomuscular e da qualidade de vida (QV) de trabalhadores notificados como portadores de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), através de uma análise feita após uma pesquisa foi verificado que as regiões mais afetas são em ombros, punhos e cervical, que afetam e reduzem a qualidade de vida no trabalho. Em parte, segundo estudo de Martinez (2020), direciona a importância da ginástica laboral através de uma coleta de dados, em comparação a outros artigos sem o uso de cartilhas, tanto em relação aos trabalhadores quanto para a empresa devido ao declínio de percentual a lesões por esforço repetitivo/distúrbios osteomusculares relacionado ao trabalho.
O estudo de Cunha et al., (2023) ressalta a conscientização e práticas ergonômicas em foco para doenças ocupacionais, o conforto no ambiente laboral e diminuição de afastamentos de profissionais, tendo em vista a prevenção primária devido a exposições as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionado ao Trabalho (DORTS), destacando amenizar impactos socioeconômicos em empresas privadas e serviços públicos de ensino superior.
Dale; Dias (2018) ressaltam que os aspectos e condições precárias de trabalho influenciam, não apenas no desconforto do trabalhador em executar suas atividades laborais, mas também no desenvolvimento das patologias ocupacionais, que foi evidenciado por meio de um estudo de caso com caráter qualitativo fundamentado na teoria sócio-histórica da psicologia, abordando nove pacientes em acompanhamento no Cerest de Botucatu com idades entre 29 a 58 anos que tinham o diagnóstico de LER ou DORT, obtendo informações sobre
como essas patologias manifestavam-se nos trabalhadores, entretanto o estudo não foi direcionado a profissionais da área da saúde, mas a trabalhadores dos respectivos cargos: Operador de caixa; auxiliar de pedreiro; plantio de eucalipto, operador de jato de areia; auxiliar de serviços gerais; operador de prensa excêntrica; auxiliar de limpeza; colhedora de laranja; e auxiliar contábil.
O estudo de Santana et al., (2023) não identificou quais técnicas ou combinação de técnicas eram mais adequadas para o tratamento da LER e DORT devido a particularidade do desenvolvimento dessas patologias em cada trabalhador, mas ressaltam que a proposta da realização de práticas de atividades físicas influenciam na redução de prevalência do surgimento das doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho e acrescentam que a ergonomia nos serviços de saúde se torna um instrumento capaz de exercer grande influência na produtividade, desenvolvimento e saúde dos profissionais, da mesma forma que abordam a necessidade da conscientização sobre essas patologias e a intervenção na adoção de orientações relativas a posições operatórias viciosas, o estudo não sugeriu uma medida de promoção desenvolvida dessas informações aos trabalhadores. Paula; Amaral (2019) afirmam, que a abordagem de um atendimento isolado para trabalhadores diagnosticados com essas patologias não é capaz de intervir em todos os aspectos de saúde que foram comprometidos, mas trazem, por meio de uma análise interdisciplinar em Grupos de Qualidade de Vida (GQV) em trabalhadores acometidos por LER/DORT no Cerest Regional de Guarulhos, que no contexto do atendimento fisioterapêutico, voltado ao incentivo do paciente na adequação de mudanças comportamentais em relação ao uso de posturas ergonomicamente adequadas; por meio de práticas de redução postural; alongamentos; adoção de atividades físicas regulares; palestras direcionadas além de orientações educativas sobre essas doenças, atua como medida efetiva na prevenção, promoção e tratamento das doenças ocupacionais.
Freire; Soares; Torres (2017) priorizaram a utilização de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem quantitativa, direcionado a 20 profissionais da área da enfermagem, situados em um hospital em Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro, para destacar que a abordagem ergonômica no quesito de práticas voltadas a conscientização no ambiente laboral é capaz de promover a mudança de hábitos, proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável e com qualidade de vida, por meio de uma análise e a coleta de dados chegaram à conclusão que, no aspecto de compartilhamento de informações referentes a orientações ergonômicas apenas 13 (65%) dos profissionais submetidos ao estudo afirmam nunca as terem recebido essas orientações, enquanto que 6 (30%) relatam já terem o conhecimento à respeito do tema e 1(5%) dos participantes não declararam nenhuma resposta, mas ainda assim, o estudo não especifica a forma de transmissão dessas informações e orientações preventivas aos trabalhadores.
5 CONCLUSÃO
Os profissionais da atenção básica de saúde desempenham um papel crucial no cuidado a saúde da população, contudo para proporcionarem esse cuidado é necessário que o profissional de saúde esteja em sua condição física e psicologia íntegra, desta forma também dispondo de saúde.
A implementação da ergonomia no ambiente de trabalho tem se mostrado uma medida de intervenção eficaz, já que os profissionais da área da saúde estão expostos diariamente a fatores de risco no ambiente laboral que potencializam o surgimento de doenças que agravam e comprometem a saúde destes trabalhadores, afetando negativamente, não somente a execução do ofício, mas também aspectos, psicossociais, emocionais, financeiros e até mesmo a qualidade de vida desses trabalhado, contudo ainda assim, existe a carência de materiais educativos relacionados ao surgimento da LER e DORT voltados especificamente aos profissionais de saúde que, em conjunto as práticas ergonômicas, possam atuar como estratégia, não somente na prevenção dessas doenças em relação a posicionamentos ergonômicos adequados, organização do trabalho ou adaptação do mobiliário, mas também na compreensão do trabalhador sobre a importância do cuidado a saúde no ambiente laboral.
REFERÊNCIAS
ARTHUR BRITO MARCELINO; KATIENNE BRITO MARCELINO; CERQUEIRA, E.Worker’s Health Quest: disease, prevention, and edutainment. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 21, n. 01, p. 01–08, 1 jan. 2023.
BRUNA, M. et al. Elaboração e Validação de Cartilha de Ginástica Laboral para Colaboradores de uma Fábrica. v. 16, n. 4, p. 8–8, 26 jun. 2023.
CUNHA, J. DE A. et al. Ambiente de Trabalho Seguro e Sustentavável: Como a Ergonomia de Conscientização e Participativa Aplicada aos Servidores Públics? Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 1, 10 fev. 2023.
DALE, A. P.; DIAS, M. D. DO A. A “Extravagância” de Trabalhar Doente: O Corpo no Trabalho em Indivíduos com Diagnóstico de Ler/Dort. Trabalho, Educação e Saúde, v. 16, n. 1, p. 263–282, abr. 2018.
DOSEA, G. S.; OLIVEIRA, C. C. DA C.; LIMA, S. O. Musculoskeletal symptomatology and quality of life of patients with work-related musculoskeletal disorders. Escola Anna Nery – Revista de Enfermagem, v. 20, n. 4, 2016.
FREIRE, L. A.; SOARES, T. C. N.; TORRES, V. P. DOS S. Influência da Ergonomia na Biomecânica de Profissionais de Enfermagem no Ambiente Hospitalar. Biológicas & Saúde, v. 7, n. 24, 5 jul. 2017.
KAROLINA RODRIGUES ARAÚJO; CAMILA, K. Prevalência de Ler/Dort em Profissionais da Atenção Básica de Crateús. Cadernos ESP, v. 17, n. 1, p. e1471–e1471, 27 dez. 2023.
MATHEUS, V.; MARTINEZ, L. The importance of workplace exercise A importância da ginástica laboral. Rev Bras Med Trab, v. 19, n. 4, p. 523–528, 2021.
PAULA, E. A. DE; AMARAL, R. M. M. F. DO. Atuação interdisciplinar em grupos de qualidade de vida para pacientes com Lesões por esforços repetitivos/Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – LER/DORT. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 44, 2019.
https://prefeitura.poa.br/sites/default/files/usu_doc/hotsites/sms/vigilancia-em- saude/BOLETIM_LER_DORT_2024.pdf
SANTANA, Y. V. M. et al. Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – acometimento em profissionais da saúde. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 4, p. 14132–14144, 20 abr. 2023.
1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara.
Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.