CARACTERIZAÇÃO DOS ERROS DE MEDICAÇÃO ENVOLVENDO BENZODIAZEPÍNICOS NO BRASIL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

CHARACTERIZATION OF MEDICATION ERRORS INVOLVING BENZODIAZEPINES IN BRAZIL: A SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10213652


Luiz Henrique Alburquerque de Souza1
Luiz Henrique Celestino de Araújo2
Mateus de Carvalho Pacheco3
William Natividade de Souza4
Anne Cristine Gomes de Almeida5
Maria Teresa Fachin Espinar6


RESUMO

INTRODUÇÃO: Os benzodiazepínicos (BZDs) são um grupo de fármacos que atuam no sistema nervoso central (SNC), especialmente no cérebro, induzindo atividade anticonvulsivante, ansiolítica, hipnótica, sedativa e relaxante muscular.

OBJETIVOS: Analisar os principais erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos ocorridos no Brasil, especialmente os erros de prescrição, bem como a ocorrência de interações medicamentosas potenciais (IMPs) e os grupos etários associados ao maior risco destes problemas.

MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática, que se apoia na intercepção, seleção e análise da bibliografia científica contida nas bases de dados Scielo, PubMed e BVS. Em nossa análise, foram incluídos artigos originais, de cunho observacional, publicados nos últimos 10 anos em português ou inglês, que abordassem a problemática dos erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos no Brasil.

RESULTADOS: Foram selecionados 17 artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade. Ao analisar a distribuição geográfica dessas pesquisas, verificou-se que a região Nordeste foi a mais frequente, representando 47.05% dos estudos. Os principais erros de prescrição foram inelegibilidade e ausência de informações. A população idosa foi o grupo etário predominante na maioria dos artigos (23.52%).  Dentre as interações medicamentosas potenciais (IMP) identificadas, a ocorrida entre BZDs e antidepressivos demonstrou ser prevalente.

CONCLUSÃO: Este trabalho destaca a importância do profissional farmacêutico na intercepção dos erros de prescrição e intervenção nos casos de potenciais riscos à integridade do paciente.

PALAVRAS-CHAVES: benzodiazepínicos, erros de medicação, interações medicamentosas potenciais, prescrição inadequada, Brasil.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Benzodiazepines (BZDs) are a group of drugs that act on the central nervous system (CNS), especially the brain, inducing anticonvulsant, anxiolytic, hypnotic, sedative and muscle relaxing activities.

OBJECTIVES: To analyze the main medication errors involving benzodiazepines that occurred in Brazil, especially prescription errors, as well as the occurrence of potential drug interactions (MPIs) and the age groups associated with the greatest risk of these problems.

METHODS: This is a systematic review, which is based on the interception, selection and analysis of the scientific bibliography contained in the Scielo, PubMed and VHL databases. In our analysis, original articles of an observational nature, published in the last 10 years in Portuguese or English, that addressed the problem of medication errors involving benzodiazepines in Brazil were included.

RESULTS: 17 articles that met the eligibility criteria were selected. When analyzing the geographic distribution of these studies, it was found that the Northeast region was the most frequent, representing 47.05% of the studies. The main prescription errors were ineligibility and lack of information. The elderly population was the predominant age group in most articles (23.52%). Among the potential drug interactions (DDIs) identified, those between BZDs and antidepressants proved to be prevalent.

CONCLUSION: This work highlights the importance of the pharmaceutical professional in intercepting prescription errors and intervening in cases of potential risks to the patient’s integrity.

KEYWORDS: Benzodiazepines, medication erros, potential drug interactions, inadequate prescription, Brazil.

INTRODUÇÃO

            Os benzodiazepínicos (BZDs) são um grupo de fármacos que atuam no sistema nervoso central (SNC), especialmente no cérebro, induzindo atividade anticonvulsivante, ansiolítica, hipnótica, sedativa e relaxante muscular. Os BZDs são indicados para o tratamento de distúrbios de insônia, ansiedade, epilepsia, alcoolismo e malignidades que afetam o sistema neuronal. Esses fármacos atuam elevando a atividade do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA) no cérebro (WICK, 2013). O mecanismo de ação dos BZDs se dá pela ação seletiva sobre os receptores GABAa, resultando na intensificação da resposta do neurotransmissor GABA, aumentando o influxo de cloreto que leva à uma hiperpolarização da membrana plasmática de células nervosas, diminuindo sua excitabilidade (CAMPO‐SORIA; CHANG; WEISS, 2006; COSTA; GUIDOTTI, 1979)

            Os principais BZDs atualmente comercializados incluem o diazepam, clonazepam, alprazolam, midazolam, lorazepam, bromazepam, oxazepam, estazolam e o nitrazepam. O uso irracional destes medicamentos pode levar à quadros clínicos de intoxicações e dificuldades em atividades laborais. Além disso, o uso desregulado dos BZDs foi associado ao aumento de investimentos em saúde destinado ao tratamento de pessoas dependentes, prejuízo nas relações familiares, além de incentivar o consumo ilícito dessas substâncias (SILVA; SILVA; GUEDES, 2022). A utilização de benzodiazepínicos a longo prazo com intuito de mascarar desconfortos breves, como a insônia também pode tornar o paciente dependente e tolerante ao medicamento, causando prejuízos evitáveis se forem administradas em doses seguras e de curta duração, uma vez que os efeitos colaterais previstos são 7 bastante danosos por se tratar de uma droga psicotrópica que age diretamente no SNC (O’BRIEN, 2005)

No Brasil, o uso de benzodiazepínicos é regulamentado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº166/2017. Esta resolução dispõe de algumas regras para a prescrição e dispensação, além de orientações sobre o controle e uso desses medicamentos. Dentre as determinações presentes nesta RDC, está a inclusão desses medicamentos como substâncias de uso controlado, tendo a obrigatoriedade de emissão de receita médica especial (B) em duas folhas, conforme a portaria nº 344/1998 do MS (Ministério da Saúde) (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017).

Diante da problemática dos erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos, dos problemas decorrentes destas falhas e da falta de análises investigativas nesta área, o estudo mostra-se relevante para a melhor compreensão dos fatores associados com a utilização inadequada dos fármacos BZDs no Brasil. O objetivo deste trabalho foi analisar os principais erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos ocorridos no Brasil, especialmente erros de prescrição ocorridos em instituições de saúde brasileiras. Além disso, buscamos identificar a ocorrência interações medicamentosas potenciais (IMPs) associadas à pacientes em uso de benzodiazepínicos e caracterizar os grupos etários associados ao maior risco de erros de medicação envolvendo estes medicamentos.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido em quatro etapas. Na primeira etapa, realizou-se uma busca por estudos científicos com base na pergunta ‘Como ocorrem os erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos no Brasil?’ Foram consultados os bancos de dados Scielo, Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), usando as seguintes combinações de palavras-chave: ‘Benzodiazepínicos AND Brasil’, ‘Benzodiazepínicos AND interações medicamentosas’, ‘Benzodiazepínicos AND prescrição inadequada’, ‘Benzodiazepínicos AND erros de medicação’, ‘Benzodiazepínicos AND erros de medicação AND Brasil’, ‘Benzodiazepínicos AND prescrição inadequada AND Brasil’, ‘Benzodiazepínicos AND interações medicamentosas AND Brasil’, ‘Benzodiazepines AND Brazil’, ‘Benzodiazepines AND drug interactions’, ‘Benzodiazepines AND inadequate prescription’, ‘Benzodiazepines AND medication errors’, ‘Benzodiazepines AND medication errors AND Brazil’, ‘Benzodiazepines AND inadequate prescription AND Brazil’.

            A segunda etapa envolveu a aplicação de filtros para estabelecer critérios de inclusão e exclusão, com o intuito de refinar o tema. A terceira etapa incluiu a seleção dos artigos, devido à grande quantidade de resultados encontrados na busca. A quarta etapa consistiu na categorização dos dados da amostra final. Os parâmetros estabelecidos para as etapas dois e três estão apresentados na Fig.-1. Foram considerados para inclusão em nosso estudo apenas artigos originais publicados nos últimos 10 anos em português ou inglês, excluindo artigos de opinião e revisão. Para a análise dos resultados, os artigos selecionados foram lidos na íntegra. Após a interpretação desses trabalhos, foram coletadas informações sobre o objetivo do estudo, a região onde o estudo foi realizado, a população estudada e os principais resultados obtidos. Por fim, os dados foram tabulados e analisados por meio de gráficos e tabelas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Neste estudo, realizamos uma busca inicial na base de dados Scielo (Fig-1) e encontramos 32 artigos. Na plataforma BVS, identificamos um total de 1.231 artigos e no PUBMED, 5.650, somando um total de 6.913 trabalhos que foram examinados. Depois de remover as duplicatas, ficamos com 5.605 artigos. Destes, excluímos 1.914 por não estarem relacionados ao tema ou aos objetivos definidos em nossa análise, resultando em 3.691 estudos completos avaliados quanto à sua relevância. Em seguida, excluímos 1.867 artigos escritos em idiomas diferentes do desejado, 1.254 artigos de revisão e 553 outros artigos de opinião. Após esse processo, restaram 17 artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade e foram incluídos nesta revisão.

Neste estudo, realizamos uma busca inicial na base de dados Scielo (Fig-1) e encontramos 32 artigos. Na plataforma BVS, identificamos um total de 1.231 artigos e no PUBMED, 5.650, somando um total de 6.913 trabalhos que foram examinados. Depois de remover as duplicatas, ficamos com 5.605 artigos. Destes, excluímos 1.914 por não estarem relacionados ao tema ou aos objetivos definidos em nossa análise, resultando em 3.691 estudos completos avaliados quanto à sua relevância. Em seguida, excluímos 1.867 artigos escritos em idiomas diferentes do desejado, 1.254 artigos de revisão e 553 outros artigos de opinião. Após esse processo, restaram 17 artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade e foram incluídos nesta revisão.

Fig.-1: Fluxograma da seleção dos artigos. Fonte: elaborado pelos autores.

Fonte: elaborado pelos autores.

Tab.-1: Resumo dos principais artigos científicos que abordam a problemática dos erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos no Brasil.

Autores/AnoTítuloTipo de estudoObjetivoConclusões
Lima et al., 2020Perfil do consumo de pacientes e erros nas prescrições de benzodiazepínicos atendidos em farmácia privada no Sertão de Pernambuco.Descritivo e exploratório.Compreender os pontos deficientes na prática de prescrição, dispensação e o uso prolongado de benzodiazepínicos.A faixa etária mais incidente foi >50 anos (60%), que se queixavam principalmente de sentirem agitação, e tontura (100%). A substância mais prescrita foi o   clonazepam (48,2%), prescrita   em   sua   maioria   por   clínicos   gerais (61,2%), apresentaram como principal erro de prescrição a utilização de abreviaturas (76,5%). Vale ressaltar que uma quantidade considerável de receituários não apresentava data de emissão da prescrição (30,6%).  
      Nogueira e Silva, 2023Avaliação do perfil de consumo de benzodiazepinicos por pacientes em uma farmácia privada do sertão de Pernambuco. Exploratório, descritivo e quantitativoAnalisar o perfil do consumo de benzodiazepínicos por pacientes que frequentaram farmácia privada do município de Serra Talhada/PE.Dentre 100 receitas analisadas, observou-se que o que o maior consumo de BZDs é do sexo feminino (72%), sendo o Clonazepam o princípio ativo mais prescrito (44%). Além disso, 26% desses receituários eram pouco legíveis e 2% ilegíveis.
Naloto et al., 2016Prescrição de benzodiazepínicos para adultos e idosos de um ambulatório de saúde mentalTransversalComparar os indicadores de uso apropriado destes benzodiazepínicos entre adultos e idososDos 330 participantes, a maioria eram mulheres, com histórico familiar de transtorno mental e uso de bzd, não realizava acompanhamento com psicólogo e fazia uso de outros psicotrópicos e de polifarmácia (p > 0,05). A minoria das prescrições tinha indicação de uso do bzd (37,5% para idosos e 32,4% para adultos) (p > 0,05). Apenas 5,8% das prescrições para idosos e 1,9% para adultos eram racionais (p > 0,05). O uso crônico foi observado em todos os adultos e idosos com transtornos depressivos e ansiosos (p > 0,05). Uma minoria das prescrições de bzd para adultos e idosos era apropriada.
Ferrari et al., 2013Falhas na Prescrição e Dispensação de Medicamentos Psicotrópicos: Um problema de Saúde PúblicaDescritivo e longitudinalInvestigar o cumprimento da Portaria SVS/MS nº344/98 pelos profissionais de saúde referente à prescrição e dispensação de psicotrópicosEntre 249 receitas dispensadas, a maioria continha fármacos BZDs, sendo o sendo o Diazepam o mais dispensado (70,4%). O sexo feminino correspondeu à maior parte dos pacientes usuários de benzodiazepínicos (72,8%). Ademais, verificou-se que todas as notificações de receitas eram manuscritas e continham abreviaturas. Nenhuma prescrição apresentou o número do telefone do médico. Em 18,0% o nome do medicamento não esteve de acordo com a Denominação Comum Brasileira; 1,2% não informavam a dose e 15,5% não continham informações posológicas. Em 6,8% não apresentavam identificação do comprador; 52,2% não continham órgão emissor; o endereço do mesmo esteve ausente em 4,0% das prescrições; e em 80,7% não havia o telefone do comprador.  Nenhuma das prescrições continha   o   nome   e   endereço   do   estabelecimento   farmacêutico, o nome do responsável pela dispensação, a quantidade dispensada, a data da dispensação e nem a identificação do registro. 
Cruz et al, 2014Uso de benzodiazepínicos na Estratégia Saúde da Família: um estudo qualitativoDescritivo, de abordagem qualitativaDiscutir sobre o modo como ocorre a terapêutica (prescrição, dispensação e uso) com benzodiazepínicos, nos usuários acometidos por insôniaOs resultados mostraram que não existem protocolos institucionais relacionados à prescrição e dispensação nas Unidades de Saúde da Família, havendo divergência nas práticas relacionadas ao uso de benzodiazepínicos. O acesso à terapêutica alternativa ao uso de benzodiazepínicos e a capacitação dos trabalhadores de saúde foram apontados como uma necessidade do serviço. A dispensação diverge dos dispositivos legais vigentes, sendo esta função realizada por técnicos de enfermagem e na ausência de farmacêuticos.
Pizzolatti, Constantino e Pizzolatti, 2017Avaliação do preenchimento de receituários B1 retidos na vigilância sanitária de Criciúma/SC no último trimestre do ano 2013Observacional, transversal e quantitativo.Avaliar a adequação do preenchimento de receituários B1 regularizados através da Portaria nº 344/98 da ANVISAA medicação mais prescrita foi o Clonazepam, presente em 140 (49,3%) das notificações. A maioria dos receituários foi emitida por médicos sem especialidade registrada (44,4%) e os Psiquiatras foram os prescritores em apenas 47(16,5%). A quantidade dispensada por extenso, ocorreu em apenas 29 (10,2%). A presença de rasuras ocorreu em 7 (2,5%) dos receituários e em 146 (51,4%) constava alguma forma de preenchimento incorreto.
Silva e Salvi, 2018Inconsistências em prescrições de psicofármacos em uma farmácia comunitária do município de Ji-Paraná, Rondônia.Documental, descritivo, do tipo transversal.Analisar as prescrições de psicofármacos para identificar inconsistências e discutir os aspectos farmacológicos, a elas associados.Dentre 627 prescrições analisadas, verificou-se predominância para as classes dos antidepressivos e dos benzodiazepínicos. A grande maioria dos receituários analisados (90%) apresentou alguma inconsistência, sendo que, a mais comum foi a ausência de data (60%). Os demais erros estiveram relacionados ao tipo de receituário, excesso posológico, ausência de posologia, rasuras e quantidades excessivas.
Firmo et al, 2013Análise das prescrições médicas de psicotrópicos de uma farmácia comercial no município de Bacabal, MaranhãoDescritivo, transversal com abordagem quantitativa.Analisar as prescrições médicas de medicamentos psicotrópicos de uma farmácia comercial do município de Bacabal-MADentre 124 receitas, verificou-se que 88,7% não apresentavam o endereço do paciente, 45,2% não continham a forma farmacêutica e somente 54,8% das prescrições estavam legíveis. O medicamento mais prescrito foi o Clonazepam (22,7%).
Moreira et al, 2020Uso de medicamentos potencialmente inapropriados em idosos institucionalizados: prevalência e fatores associadosDescritivo e transversal.Verificar a prevalência do uso de MPI (medicamento potencialmente inapropriado) para idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) utilizando os Critérios da AGS/Beers 2015, os tipos de medicamentos e verificar quais são os fatores associados. Dentre 321 indivíduos incluídos na análise, constatou-se que 304 utilizavam medicamentos. A prevalência de uso de MPI foi de 54,6% (IC 95%: 48,9-60,2) e no modelo final esteve associada à polifarmácia e à demência. As classes terapêuticas de MPI mais identificadas foram antipsicóticos e benzodiazepínicos.
Cazarotti et al, 2019Psicotrópicos: Prescrições Médicas Dispensados em uma Drogaria no Município de Santa Inés -MAQuantitativo, com abordagem descritiva e documental.Avaliar as prescrições médicas de psicotrópicos dispensadas em uma drogaria na cidade de Santa Inês -MA.Foram analisadas 1.954 prescrições, sendo que 1.364 prescrições eram da classe “C1” e 590 prescrições da classe “B1”. Destas 99,5% apresentavam a identificação do prescritor, 95,4% o nome completo do paciente, 93,4% não apresentavam o endereço do paciente. Pode-se observar que 94,2% apresentavam a concentração, 82,2% continham a forma farmacêutica, 96,9% referiam a quantidade de medicamento a ser utilizado. Sendo 78,35% dos medicamentos prescritos não estavam de acordo com a Denominação Comum Brasileira, o medicamento mais prescrito da lista “B1” foi o clonazepam (46%).
Figueiredo e Vilela, 2017Avaliação das interações medicamentosas entre psicotrópicos em uma drogaria no município de sete lagoas –minas geraisDescritivo com a abordagem quantitativa.Identificar as associações de dois grupos de fármacos, os Benzodiazepínicos e Antidepressivos.Em 3065 prescrições analisadas, foram identificadas 55 associações de medicamentos psicotrópicos benzodiazepínicos e antidepressivos. As interações mais frequentes identificadas foram:   Fluoxetina   +   Venlafaxina; Bupropiona   +   Fluoxetina; Sertralina   + Trazadona.
Viel et al, 2014Interações medicamentosas potenciais com benzodiazepínicos em prescrições médicas de pacientes hospitalizadosDescritivo e transversalAvaliar a ocorrência de potenciais interações medicamentosas com os benzodiazepínicos, prescritos aos pacientes internados. Observou-se que dentre 100 prescrições médicas analisadas, 93 apresentaram a possibilidade de ocorrência de interações farmacológicas entre benzodiazepínicos com outras classes de fármacos, totalizando 356 possíveis interações. Desse total, destacam-se as associações dos benzodiazepínicos com os antipsicóticos, anti-histamínicos, antiepilépticos e antidepressivos.
Fegadolli, Varela e Carlini, 2019Use and abuse of benzodiazepines in primary healthcare: professional practices in Brazil and CubaEstudo de casosEntender sobre as práticas sanitárias na provisão de benzodiazepínicos na atenção primária e acerca dos sentidos que profissionais de saúde atribuem a elas.Os dados, analisados tematicamente, revelaram cinco temas: (i) terra de ninguém: a ausência de gestão sobre o uso dos benzodiazepínicos pelos profissionais da atenção básica; (ii) indicação inadequada: o benzodiazepínico prescrito psra situações injustificáveis; (iii) salvação e perdição: o medicamento como atenuante da dificuldade de atuação na saúde mental pelos profissionais da atenção primária; (iv) pouco empoderamento dos profissionais da atenção primária para atuação na saúde mental; e (v) cuidado fragmentado: a desarticulação da rede de atenção psicossocial.
Vieira e Pinheiro, 2017Identificação de problemas atribuídos ao uso de benzodiazepínicos e antipsicóticos, em pacientes no lar dos idosos do município de cruz das almas – baDescritivo, com avaliação quali-quantitativa de delineamento transversalIdentificar problemas atribuídos ao uso de medicamentos benzodiazepínicos e antipsicóticos em pacientes de uma Instituição Geriátrica no Município de Cruz das Almas.Foram encontradas interações medicamentosas clinicamente relevantes em toda a população de estudo. Dentre essas interações, foi possível observar a potencialização dos efeitos farmacológicos do haloperidol, quando o mesmo foi associado com a Clorpromazina e com a Levomepromazina.  Dentre os ansiolíticos prescritos inadequadamente houve unanimidade do Clonazepan.
Oliveira, Zago e Aguiar, 2015Potenciais interações medicamentosas em um serviço de urgência psiquiátrica de um hospital geral: análise das primeiras vinte e quatro horasDescritivo, exploratório, documental, retrospectivo e de caráter quantitativo.Levantar as possíveis duplas de interações medicamentosas administradas no mesmo horário, em um serviço de urgência psiquiátrica de um hospital geral, durante as primeiras vinte e quatro horas de atendimento.A interação mais frequente nos prontuários analisados foi de Haloperidol + Prometazina, totalizando 17,7% de todas as 1.537 duplas de medicamentos administrados no mesmo horário, no período pesquisado. Cerca de 559 (36%) apresentaram possibilidade de interação e 978 (64%) não apresentaram indícios de risco de interação. Aproximadamente 329 (21%) das duplas de medicamentos administrados houve algum tipo de interação medicamentosa. Entre as possíveis interações que predominaram, destacam-se Benzodiazepínicos + Antipsicóticos, associação comumente utilizada nas emergências psiquiátricas.
Friedrich e Blattes, 2021Psicofármacos na saúde mental: potenciais interações medicamentosas na infância e na adolescênciaTransversal, descritivo e quantitativo.Avaliar possíveis interações medicamentosas e seus efeitos adversos crianças e adolescentes em tratamento no CAPsi.Em  287 prescrições foram interceptadas 115 combinações de dois ou mais medicamentos psicotrópicos. Houve a  identificação de interação medicamentosa entre o Clonazepam e carbamazepina, podendo está associada à diminuição eficácia ou concentração plasmática.
Junior, Bezerra e Oliveira, 2023Avaliação da prescrição de medicamentos psicotrópicos pela rede pública municipal de saúde de Nova Floresta/PBTransversal, quantitativo e do tipo descritivo,Avaliar a prescrição de medicamentos psicotrópicos na Farmácia Básica do município de Nova Floresta/PB.Entre os 39 idosos entrevistados, 15 (38,5%) utilizavam medicamentos inapropriados, destes 2 utilizavam mais de um tipo de fármaco impróprio. No que diz respeito aos MPI encontrados, observou-se que a amitriptilina (47,5%) e diazepam (28,6%) foram os mais frequentes.
Erros de prescrição

Foi conduzida uma revisão minuciosa de 17 trabalhos originais de pesquisa com abordagem observacional. Esses estudos investigaram detalhadamente a problemática dos fatores associados aos erros de medicação relacionados aos benzodiazepínicos dentro do contexto brasileiro. Ao examinar a distribuição geográfica dessas pesquisas, observou-se que a região Nordeste do Brasil contribuiu significativamente, representando 47.05% (n= 7)  dos estudos, seguida pela região Sudeste, que correspondeu a 29.41% (n= 5) das pesquisas. Além disso, a região Sul teve uma presença de 11.76% (n= 2), enquanto as regiões Norte e Centro- oeste contribuíram com 5.88% (n= 1) dos estudos cada, conforme evidenciado no Gráf.-1, que ilustra essa distribuição regional.

Lima (2020) e colaboradores relatam em um estudo descritivo e exploratório, que objetivou caracterizar a utilização de benzodiazepínicos entre indivíduos atendidos em uma farmácia privada localizada no município de Santa Cruz da Baixa Verde-PE e observaram que dentre 85 prescrições verificadas, houve prevalência da faixa etária >50 anos (60%). O BZD mais frequente foi o clonazepam, presente em aproximadamente 48,2% dos receituários e prescrito na maioria dos casos por médicos clínicos gerais (61,2%). Além disso, 76,5% das prescrições possuíam erros de prescrição envolvendo abreviaturas e 30,6% não apresentavam data da emissão da prescrição (LIMA et al., 2020).

Gráf.-1: Frequência dos erros de prescrição em diferentes regiões do Brasil. Fonte: Elaborado pelos autores.

Nogueira e Silva (2023) descrevem em um trabalho de caráter exploratório, descritivo e quantitativo, que teve o intuito de investigar o perfil de consumo de BZD por indivíduos atendidos em uma farmácia do município de Serra-Talhada-PE, verificou-se que entre 100 receitas rastreadas o fármaco com maior número de prescrições foi o Clonazepam, representando 44% dos receituários. Ademais, viu-se que 72% das prescrições eram legíveis, 20% pouco legíveis e 2% ilegíveis. A maior utilização de BZD foi observada no sexo feminino (72%) e masculino (28%), respectivamente. Observou-se ainda que o maior quantitativo das prescrições foi indicado por médicos clínicos gerais. Em conclusão, os autores indicam uso indiscriminado de medicamentos benzodiazepínicos, com destaque especialmente do fármaco Clonazepam (NOGUEIRA; SILVA, 2023).

Ferrari (2013) e colaboradores indicam em um estudo descritivo e longitudinal que propôs investigar o cumprimento da portaria 344/98 pelos profissionais de saúde referente à prescrição e dispensação de fármacos psicotrópicos no Pontal do Araguaia – MT, Pontal  do  Araguaia  –  MT, que dentre 249 prescrições verificadas, a maior parcela continha fármacos BZDs, sendo o Diazepam o mais dispensado (70,4%). Indivíduos do sexo feminino corresponderam a maior parte dos usuários de benzodiazepínicos (72,8%). Ademais, verificou-se que todas as notificações de receitas eram manuscritas e continham abreviaturas. Nenhuma prescrição apresentou o número do telefone do médico. Em 18,0% o nome do medicamento não esteve de acordo com a Denominação Comum Brasileira; 1,2% não informaram a dose e 15,5% não continham informações posológicas. Em 6,8% não apresentavam identificação do comprador; 52,2% não continham órgão emissor; o endereço do mesmo esteve ausente em 4,0% das prescrições; e em 80,7% não havia o telefone do comprador.  Nenhuma das prescrições continha   o   nome   e   endereço   do   estabelecimento   farmacêutico, o nome do responsável pela dispensação, a quantidade dispensada, a data da dispensação e nem a identificação do registro (FERRARI et al., 2013).

Luz (2014) e colaboradores discorrem em uma análise descritiva com abordagem qualitativa, realizada no estado da Bahia que objetivou conhecer a forma com que ocorre a prescrição e dispensação de BZD em pacientes diagnosticados com insônia, que entre três Unidades de Saúde da Família investigadas, não existiam protocolos direcionados para a prescrição e dispensação de medicamentos benzodiazepínicos. Além disso, a dispensação destas medicações não estava em consonância com disposições brasileiras, sendo esta atividade realizada por profissionais técnicos em enfermagem (LUZ et al., 2014).

Pizzolatti (2017) e colaboradores destacam em um estudo observacional, transversal e quantitativo, que investigou a adequação de 284 receituários B1 junto à portaria nº 344/98 do Ministério da Saúde e verificaram que o medicamento de maior ocorrência foi o Clonazepam, representando aproximadamente 49,3% do total. Os maiores quantitativos de prescrições foram emitidos por profissionais médicos sem especialidade (44,4%), seguido de médicos psiquiatras (16,5%). A quantidade dos medicamentos dispensados esteve presente em apenas 10,2% dos documentos. Houveram rasuras em cerca de 2,5% das prescrições 51,4% apresentavam algum tipo de preenchimento errôneo (PIZZOLATTI; CONSTANTINO; PIZZOLATTI, 2017).

Silva e Salvi (2018) apontam em um estudo documental, descritivo, do tipo transversal, que teve o intuito de investigar inconsistência nas prescrições de indivíduos em uso de psicotrópicos no estado de Rondônia e observaram que entre 627 receituários analisados, a grande maioria continha fármacos da classe dos antidepressivos e benzodiazepínicos, principalmente Escitalopram, Clonazepam e Sertralina, respectivamente. Aproximadamente 90% das prescrições apresentam algum tipo de inconsistência, sendo a ausência de data a de maior frequência (60%) (SILVA; SALVI, 2018)

Firmo (2013) e colaboradores realizaram um estudo descritivo, transversal com abordagem qualitativa e que objetivou analisar as prescrições de medicamentos psicotrópico em uma farmácia comunitária localizada em Bacabal-BA e evidenciaram que em um total de 124 receituários médicos, identificou-se que 88,7% não continham o endereço dos pacientes, 45,2% não apresentavam a forma farmacêutica e apenas 54,8% dos documentos estavam legíveis (FIRMO et al., 2013).

Cazarotti (2019) e colaboradores relatam em um estudo quantitativo com abordagem descritiva e documental, realizado no município de Santa Inês-BA e que teve o intuito de caracterizar os receituários médicos de uma drogaria comercial, que entre 1.954 prescrições, cerca de 0,5% não continham o nome do prescritor, 4,6% não apresentavam o nome do paciente de forma completa, 93,4% não indicavam o endereço, 5,8% não demonstravam a concentração, 17,8% não continham a forma farmacêutica e 3,1% não referiam a quantidade dos medicamentos. Além disso, cerca de 78,35% dos fármacos indicados não estavam em conformidade com a Denominação Comum Brasileira (CAZAROTTI et al., 2019). Fegadolli, Varela e Carlini (2019) relatam em um estudo de casos, realizado no Brasil e em Cuba através de entrevista com 32 profissionais de saúde que continha um roteiro que incentivava os participantes a expressarem suas percepções sobre o uso de medicamentos pelos pacientes atendidos em suas respectivas unidades de trabalho, onde observou-se 5 eixos temáticos: (1) terra de ninguém: Falta de controle na administração de BZDs pelos profissionais responsáveis; (2)

Gráf.-2: Frequência das interações medicamentosas potenciais, citadas por artigo que compõe esta revisão.

Fonte: Elaborado pelos autores.

indicação inadequada: o medicamento era indicado para situações em que não haviam justificativas; (3) salvação e perdição: BZD sendo utilizado para mitigar os desafios no cuidado ao pacientes, pelos profissionais de saúde; (4) falta de capacitação dos trabalhadores da saúde em lidar com questões envolvendo saúde mental; e (5) cuidado fragmentado: falhas na prestação de serviços à pacientes com desordens mentais, devido à problemas envolvendo a gestão da instituição (FEGADOLLI; VARELA; CARLINI, 2019)

Interações medicamentosas potenciais

uscou-se compreender as interações medicamentosas potenciais (IMPs) que estão associadas à pacientes que fazem uso de benzodiazepínicos no Brasil. Durante nossa análise, identificamos 5 artigos contendo um total de 12 IMPs relevantes. Entre essas interações, a mais frequente foi aquela que envolveu benzodiazepínicos e antidepressivos, representando aproximadamente 23.52% dos casos observados. Em segundo lugar, identificamos a interação entre benzodiazepínicos e antipsicóticos, que correspondeu a um total de 17.64% dos casos. Esses resultados são representados no Gráf.-3. Todos os trabalhos estudados apresentavam algum erro de prescrição e aproximadamente 11.76% erros de dispensação.

BZD: benzodiazepínico; ACV: anticonvulsivante; ATC: antidepressivos tricíclicos; AAC: Agente antiadrenérgico de ação central; AC: Anticolinérgico; APP: Agente poupador de potássio; AO: Analgésico; AAII: Antagonista de angiotensina II; ANTH: Anti-histamínico; IECA: Inibidor da enzima de angiotensina; AP: Antipsicótico; AD: Antidepressivo.

Figueiredo e Vilela (2017) realizaram estudo descritivo com abordagem quantitativa, que visou interceptar as associações de benzodiazepínicos e antidepressivos presentes em receituários dispensados em uma drogaria comercial do município de Sete Lagoas-MG e demonstraram que dentre 3065 documentos avaliados, foram detectadas 55 associações de fármacos antidepressivos e benzodiazepínicos, sendo as principais interações ocorridas entre Fluoroxetina+Venlafaxina (3.12%), Brupopriona+Fluoroxetina (4.69%) e Sertralina+Trazadona (1.56%). Os pesquisadores finalizam ressaltando o papel do farmacêutico na farmacoterapia e no uso racional de medicamentos (FIGUEIREDO; VILELA, 2017)

Viel (2014) e colaboradores discorrem em uma análise descritiva e transversal, que avaliou a ocorrência de interações medicamentosas potenciais envolvendo BZDs, em prescrições de pacientes internados em um hospital de São Paulo e demonstraram que dentre 100 receituários médicos investigados, 93 continham interações, totalizando 356 IMPs. Desse número, destacam-se interações importantes, como associações de benzodiazepínicos com antipsicóticos (33.7%), anti-histamínicos (19.1), antiepilépticos (12.64%) e antidepressivos  (10.67%). Em síntese, os autores postulam a necessidade de um maior cuidado e atenção entre os profissionais envolvidos na assistência a essa população, para que possam atuar de maneira imediata quando houver sinais clínicos associados às IMPs. (AMANDA MARTINS VIEL et al., 2014)

Vieira e Pinheiro (2017) postulam em uma pesquisa descritiva, com avaliação quali-quantitativa de delineamento transversal, que objetivou a identificação dos problemas associados ao uso de fármacos BZDs e antipsicóticos em um lar de idosos na Bahia, que dentre 12 indivíduos em uso de psicotrópicos incluídos no estudos (6 do sexo feminino e 6 do masculino), foram identificadas IMPs relevantes: Haloperidol+Clonazepan (33,3%); Haloperidol+Levomepromazina (33.3%); Haloperidol+Clorpromazina (33,3%).  Os investigadores ressaltam a necessidade de avaliação do período de utilização desses medicamentos e os potenciais riscos de dependência. Além disso, o artigo recomenda a verificação constante dos receituários, com o intuito de identificar IMPs e os possíveis efeitos adversos associados à estas drogas.  (VIEIRA; PINHEIRO, 2013)

Oliveira (2015) e colaboradores desenvolveram uma análise descritiva, exploratória, documental, retrospectiva e de caráter quantitativo, que investigou a ocorrência de IMPs em uma instituição de urgência psiquiátrica no estado de Minas Gerais e viram que dentre 725 prontuários analisados, identificou-se 1537 duplas de medicamentos administrados no mesmo horário, dentre as quais destacam-se: Diazepam + Haloperidol (9,9%); Diazepam + Prometazina (9,9%); Haloperidol + Prometazina (17,7%). O artigo destaca a importância do profissional farmacêutico na intercepção de IMPs e comunicação aos profissionais prescritores, com o intuito de minimizar problemas associados à estas interações (OLIVEIRA; ZAGO; AGUIAR, 2015).

Junior (2023), Bezerra e Oliveira desenvolveram um estudo descritivo, transversal e quantitativo que visou caracterizar as prescrições contendo medicamentos psicotrópicos em uma farmácia localizada no município de Nova Floresta-PB e viram que dentre 39 idosos investigados, cerca de 38,5% fazia uso de medicamentos impróprios, dentre estes, 2 indivíduos faziam uso de mais um tipo de medicamento inapropriado. Ademais, viu-se que a amitriptilina (47,5%) e diazepam (28,6%) foram os fármacos com maior frequência de uso. Os autores finalizam destacando que é fundamental sensibilizar os profissionais prescritores relativo à importância da prescrição adequada, garantindo a correta adequação dos receituários, além de preocupações envolvendo a utilização adequada desses fármacos.

Grupos etários associados aos erros de medicação

Nesta revisão, investigou-se também os grupos etários associados ao risco de erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos e constatou-se que entre 7 trabalhos interceptados, os idosos representaram o grupo mais frequente entre os relatos, totalizando 23.52% do total. Em seguida, os indivíduos adultos demonstraram uma frequência de 11.76%. Por fim, apenas um estudo abordou a problemática dos erros de medicação envolvendo benzodiazepínicos na população jovem, o que corresponde a 5.88% (Gráf.-3). Naloto e colaboradores (2016) discorrem em uma análise transversal que teve o propósito de relacionar as prescrições de benzodiazepínicos, em adultos e idosos quanto aos indicadores do uso apropriado em um ambulatório municipal de saúde mental do município de Sorocaba e constataram que entre 330 pacientes estudados, 63,8% eram adultos e 36,2% idosos. Em relação aos aspectos

Gráf.-3: Frequência dos grupos etários de maior prevalência citadas por artigo que compõe esta revisão.

sociodemográficos, a maioria dos indivíduos eram do sexo feminino (adultos: 75,2%; idosos: 77,5%),
com histórico familiar de doenças mentais (adultos: 71,4%; idosos: 60%), utilizavam BZD (adultos:63,8%; idosos: 57,5%), não tinham acompanhamento com profissionais psicólogos (adultos: 90,5%; idosos: 92,5%) e faziam uso de outros psicotrópicos (adultos: 92,4%; idosos: 87,5%). O medicamento com maior número de prescrições foi o Clonazepam (adultos: 52,1%; idosos: 43,9%), seguido do Diazepam (adultos: 26,2%; idosos: 29,2%). Apenas 5,8% das prescrições destinadas a idosos e meramente 1,9% voltadas para adultos eram consideradas adequadas (NALOTO et al., 2016).

Moreira (2020) e colaboradores indicam em uma análise descritiva e transversal, que buscou caracterizar a prevalência do uso de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) em 321 idosos moradores de em instituições de longa permanência para idosos (ILPI), com média de idade de 81.4 anos, na cidade de Natal-RN e viram que aproximadamente 304 (94.7%) indivíduos utilizavam algum medicamento. Dentre estes, constatou-se que 54,6% eram usuários de MPI. As classes terapêuticas de maior ocorrência foram os antipsicóticos e benzodiazepínicos (MOREIRA et al., 2020).

Friedrich e Blattes (2021) apontam em um estudo descritivo transversal e quantitativo, realizado no Rio Grande do Sul, que objetivou identificar possíveis IMPs em crianças e adolescentes com idade ≤ a 18 anos, em tratamento no CAPsi e destacam que entre 212 receituários médicos analisados, houve destaque para interações envolvendo Metilfenidato+Risperidona (9,76%), Risperidona+Fluoxetina (4,88%), Metilfenidato+Sertralina+Risperidona (3,14%), Clonazepam+Sertralina (2,10%). Além disso, houve associação entre Clonazepan+Carbamazepina e a diminuição eficácia ou concentração plasmática. Os pesquisadores ressaltam que é importante que os profissionais farmacêuticos identifiquem situações em que as interações entre diferentes fármacos possam ser prejudiciais. Isso é crucial para garantir o sucesso do tratamento e melhorar a qualidade de vida dessa população. (FRIEDRICH; BLATTES, 2021).

CONCLUSÃO

Este estudo evidencia uma alta frequência de erros envolvendo fármacos benzodiazepínicos, especialmente na região Nordeste do Brasil. Além disso, observou-se que o grupo etário associado ao maior risco desses problemas foram os idosos. A interação medicamentosa potencial de maior prevalência ocorreu entre medicamentos antidepressivos e benzodiazepínicos. Por isso, este trabalho destaca a importância do profissional farmacêutico na intercepção dessas falhas e intervenção nos casos de potenciais riscos à integridade do paciente. Além disso, o farmacêutico tem um papel fundamental na educação e aconselhamento durante o tratamento com BZDs, favorecendo o uso correto destas drogas e, consequentemente contribuindo para o restabelecimento da saúde dessa população.

REFERÊNCIAS

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Luiz Henrique Alburquerque de Souza – Discente do Curso de Bacharelado em Farmácia do Centro Universitário Farmetro1
Luiz Henrique Celestino de Araújo – Discente do Curso de Bacharelado em Farmácia do Centro Universitário Farmetro2
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