CARACTERIZAÇÃO DA MORBIDADE HOSPITALAR POR PNEUMONIA NO SUS NO ESTADO DO MARANHÃO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10391903


Suellen Caroline Araújo Dos Santos Gomes
Orientador (a): Prof Dra. Nilviane Pires Silva Sousa


RESUMO

A pneumonia é uma patologia do trato respiratório provocada em geral pelo Streptococcus Pneumoniae, que trata da causa mais habitual de morbidade e mortalidade de crianças e idosos nos países em desenvolvimento. A vacinação é a melhor metodologia de prevenção para reduzir casos de doenças pneumocócicas, reduzir as internações e os gastos hospitalares. Eis o problema: Quais as principais intervenções do farmacêutico frente à pneumonia a fim de evitar os quadros de pneumonia e logo, reduzir os índices de morbidade hospitalar? O objetivo foi apresentar os dados de morbidade hospitalar por pneumonia no SUS no Estado do Maranhão. A metodologia foi uma pesquisa descritiva, retrospectiva e ecológica, com uso de dados secundários disponibilizado no portal do DATASUS, do Ministério da Saúde, internados por pneumonia nos hospitais do SUS no Estado do Maranhão, entre 2021 a 2023. A análise de dados foi feita no Microsoft Office Excel 2019. Como resultado, as internações por pneumonia foram frequentes entre o sexo masculino (58,5%), na faixa etária de até 1 ano (59,7%), da cor/raça parda (56,3%). Concluiu-se que deve-se manter alta a taxa de cobertura vacinal para reduzir as taxas de internações por pneumonia, contudo, com a redução da cobertura no período pandêmico, houve aumento das internações, bem como, da subnotificação de doenças respiratórias em face da COVID-19. Assim, o farmacêutico tem a função de orientar as famílias sobre o perigo da doença, promover o uso racional de medicamentos, otimizar a farmacoterapia, realizar monitoramento do paciente, no intuito de combater os altos índices da doença.

Palavras-chave: Pneumonia; Morbidade; SUS; Internações; Farmacêutico.

ABSTRACT

Pneumonia is a pathology of the respiratory tract generally caused by Streptococcus Pneumoniae, which is the most common cause of morbidity and mortality in children and the elderly in developing countries. Vaccination is the best prevention methodology to reduce cases of pneumococcal diseases, reduce hospitalizations and hospital costs. Here’s the problem: What are the pharmacist’s main interventions in the face of pneumonia in order to prevent pneumonia and therefore reduce hospital morbidity rates? The objective was to present data on hospital morbidity due to pneumonia in the SUS in the State of Maranhão. The methodology was a descriptive, retrospective and ecological research, using secondary data available on the DATASUS portal, of the Ministry of Health, hospitalized for pneumonia in SUS hospitals in the State of Maranhão, between 2021 and 2023. Data analysis was carried out in Microsoft Office Excel 2019. As a result, hospitalizations for pneumonia were frequent among males (58.5%), in the age group up to 1 year old (59.7%), and of brown color/race (56.3% ). It was concluded that the vaccination coverage rate must be maintained high to reduce hospitalization rates due to pneumonia, however, with the reduction in coverage during the pandemic period, there was an increase in hospitalizations, as well as underreporting of respiratory diseases due to the COVID-19. Thus, the pharmacist has the role of guiding families about the danger of the disease, promoting the rational use of medications, optimizing pharmacotherapy, monitoring the patient, in order to combat the high rates of the disease.

Keywords: Pneumonia; Morbidity; SUS; Hospitalizations; Pharmaceutical.

1 INTRODUÇÃO

A pneumonia se trata de um tipo de infecção que atinge o parênquima pulmonar, que se desenvolve nos pulmões e nos alvéolos, se espalhando pelos brônquios, e em algumas vezes, atinge os interstícios. Possui uma grande variedade de agentes etiológicos que podem corromper o parênquima pulmonar seja pela presença de bactérias, vírus, fungos ou mesmo algum tipo de reação alérgica que desemboca uma irritação e dificulta a troca gasosa, onde acarretará o surgimento da doença1.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a pneumonia é uma doença inflamatória aguda que acomete os pulmões e pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos, sendo que dentre os agentes mais habituais são as bactérias pneumococo e a Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e o vírus sincicial respiratório2. Ademais, as doenças ou infecções que acometem o trato respiratório superior ou inferior e que levam a obstrução da passagem de ar, tanto no nível nasal como no nível bronquiolar, são definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doenças respiratórias2-3.

A doença já foi a causa do óbito de 2,5 milhões de pessoas, sendo um quantitativo de 672.000 crianças, apenas no ano de 2019. Os efeitos associados a pandemia de COVID-19, a mudança climática e a deficiência na alimentação, são fatores que tem otimizado uma crise de pneumonia, que expõe milhões de indivíduos ao risco de contrair a infecção e de morbidade hospitalar4.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou no ano de 2021, mais de 600 mil internações causada por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza. Já no ano de 2022, entre os meses de janeiro a agosto, foi registrado 44.523 mortes por pneumonia5.

As infecções das vias respiratórias superiores (IVRS) são muito frequentes e raramente oferecem risco de morte. Por outro lado, as infecções das vias respiratórias inferiores (IVRI) são responsáveis por doenças mais graves, como gripe, tuberculose e pneumonias, as quais são consideradas as principais causas de mortalidade por infecções respiratórias agudas (IRAs)6.

A doença se manifesta em grande escala no período do inverno, isso porque, com a temperatura mais baixa, o organismo fica mais suscetível ao contato com agentes tóxicos e/ou patógeno. Os casos de alto grau, o tratamento ocorre por acompanhamento direto de profissionais da saúde, através do processo de internação, medicações variadas, fornecimento alimentar e hídricos, nebulizações periódicas, limpeza diária das vias aéreas, e caso necessário, fornecimento de oxigênio7.

A maioria das populações perigosamente expostas à pneumonia vive em um estados mais pobres, fato que fortalece a necessidade de reunir os esforços dos profissionais farmacêuticos junto a uma equipe multidisciplinar, com o intuito de mobilizar as comunidades para promoção da educação e capacitação educar e capacitar as famílias e fortalecer os sistemas de saúde para prevenir, diagnosticar e tratar a pneumonia como estratégia de intervenção eficiente perante uma patologia que pode ser prevenida e tratada7-8.

Estudar as causas de internação hospitalar poderá auxiliar na compreensão do perfil de adoecimento de determinada população, e logo, na elaboração de planos de ação à saúde por meio da prevenção do agravamento das doenças evitando a hospitalização e, quando isso não for possível, direcionar as ações da equipe de saúde multidisciplinar para o planejamento de um cuidado mais efetivo, minimizando as consequências da hospitalização9.

O SUS é organizado em três níveis, a atenção primária, secundária e terciária à saúde, onde a Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada do usuário no sistema de saúde, a qual possui tecnologia simples e de baixo custo e de caráter comunitário ou ambulatorial, com o objetivo de oferecer acesso universal, coordenar e expandir o atendimento para níveis mais complexos de cuidado, além de programar ações de promoção de saúde e prevenção de doenças10-11.

Logo, o este estudo se justifica pela necessidade da realização de um levantamento acerca do perfil epidemiológico e da caracterização da morbidade hospitalar causada pela pneumonia no Sistema Público de Saúde, em que a partir de tais informações, será possível que gestores e profissionais da saúde venham implementar medidas que visem a identificação de pacientes de alto risco e o direcionamento do cuidado, reduzindo assim o número de morbidade, os custos e o tempo de internação.

Nesta temática, é realizado o devido questionamento: Quais as principais intervenções do farmacêutico frente à pneumonia a fim de evitar os quadros de pneumonia e logo, reduzir os índices de morbidade hospitalar? O objetivo deste artigo foi apresentar os dados de morbidade hospitalar por pneumonia no SUS no Estado do Maranhão.

2 MÉTODO

Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, retrospectiva e ecológica, de séries temporais, com extração de dados secundários, que fez uso de dados do departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS) referente ao número de morbidade hospitalar por pneumonia no Maranhão ocorridos no período de janeiro de 2021 a setembro de 2023. 

A coleta ocorreu seguindo as etapas: TABNET > Epidemiológicas e Morbidade > Morbidade Hospitalar do SUS (SIH/SUS) > Geral, por local de residência> ano> estado. Salienta-se que os referidos dados são disponibilizados pelo DATASUS, no endereço eletrônico (http://www.data-sus.gov. br), sendo a coleta realizada no mês de outubro de 2023.

Para análise foram consideradas algumas variáveis: idade, sexo e taxa de internação por Pneumonia, considerando a categorização que consta na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) capítulo X, categoria J15 a J18. Para a idade foi adotada a mesma subdivisão que consta na página eletrônica do DATASUS. A variável sexo foi utilizada de forma comparativa em relação às demais e buscou-se a causa de internação.

Dentre os critérios de inclusão tem-se: dados de internação por Pneumonia no Estado do Maranhão, no lapso temporal de 2021 a 2023, nos hospitais do Sistema Público de Saúde (SUS). Já os critérios de exclusão baseou-se em internações por outras patologias respiratórias, que não fosse registrado no lapso temporal da pesquisa, que tenha sido registrado em hospitais privados, e que sejam derivados de outros Estados da Federação.

Assim, buscou-se coletar informações acerca das seguintes variáveis: cidade do Maranhão, faixa etária, sexo, ano, cor/raça. Os dados foram previamente coletados e tabulados por meio do programa Microsoft Excel 2019, que ainda permitiu a execução das análises estatísticas, permitindo avaliar a frequência absoluta, média, além de indicadores de porcentagens.

Considerando que os dados coletados nesta pesquisa encontram-se divulgados e disponibilizados no sítio do Datasus sendo considerado dados secundários, e logo, não permite a identificação dos referentes registros contidos nos bancos de dados avaliados, não foi necessário submeter o protocolo desta avaliação a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, respeitando os princípios éticos da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 510/16.

3 RESULTADO

No período do estudo foram registradas 1.258.885 internações por pneumonia no Maranhão, sendo possível observar que a pneumonia representou, ao longo dos últimos anos, uma considerável parte das internações, especialmente no público infantil. Essa parcela foi significativamente maior no ano de 2022 (38,53%), e ocorreu uma grande redução nos anos de 2021 (35,82%) e 2023 (26,66%), (Tabela 1).

Tabela 1 – Número e proporção de internações por pneumonia – Maranhão, de 2021 a 2023.

ANOINTERNAÇÕES HOSPITALARES
2021450890
 %35,82%
2022485005
 %38,53%
2023322990
 %26,66%

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

Verificou-se então que no ano de 2021, teve um total de 450890 internações hospitalares, enquanto que, no ano de 2022, teve um total de 485005 de internações hospitalares, e por fim, no ano de 2023, teve um total de 322990 internações hospitalares.

Ao se analisar as internações por ano, se verifica que o ano de 2022 apresentou as maiores proporções em relação ao total, enquanto que, ao ano de 2023 obteve a menor proporção. No que concerne os dados sociodemográficos, como sexo, faixa etária e cor/raça, verificou que os casos de internação por pneumonia foram mais frequentes entre crianças, idosos e do sexo masculino, como demonstra a Tabela 2.

Tabela 2 – Número e distribuição proporcional das internações por pneumonia segundo sexo, faixa etária, cor/raça – Maranhão, de 2021 a 2023

Variável Numero%
SexoFeminino529.442,541,5
Masculino729.442,558,5
Faixa etáriaMenor de 1 ano85.78659,75
1 a 4 anos727.15152,4
5 a 9 anos338.97626,9
10 a 14 anos39.5873,14
15 a 19 anos27.9552,1
20 a 29 anos20.8940,72
30 a 39 anos19.9991,7
40 a 49 anos24.6901,9
50 a 59 anos22.8591,6
60 a 69 anos36.7742,1
70  a 79 anos43.9143,5
80 anos a mais53.9914,3
Cor/raçaBranca201.15115,97
Preta311.97624,78
Parda708.87956,31
Amarela25.9852,07
Indígena10.8940,87
Total 1.258.885100%

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

Nota-se então que as taxas de internações teve uma redução significativa no ano de 2023, como ilustra o gráfico 1, em virtude do desafogamento do sistema de saúde em face da pandemia do COVID-19.

Gráfico 1 – Taxa de Internações por pneumonia – Maranhão, de 2021 a 2023.

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

No que concerne as cidades maranhenses que apresentam maior registro de casos de pneumonia no intervalo de 2021 a 2023, a com maior prevalência foi a cidade de São Luís (32,9%), seguida de Imperatriz (24,1%), São José de Ribamar (16,8%), Santa Inês (15,3%) e São João dos Patos (10,9%).

Gráfico 2 – Principais cidades maranhenses que apresentam maior taxa de internações por pneumonia, de 2021 a 2023.

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

Analisando-se a cobertura vacinal com a vacina pneumocócica que foi implementada a partir de 2010, se observou uma curva de crescimento da cobertura vacinal no estado do Maranhão nos primeiros anos, contudo, nos anos que são objeto de estudo, ou seja, de 2021 a 2023, observa-se uma redução, onde somente 47% do ano de 2021 e 2022, com um aumento pequeno no ano de 2023, as crianças alvo foram vacinadas (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Taxa de vacinação pneumocócica – Maranhão, de 2021 a 2023.

Fonte: Ministério da Saúde (2023)

Verifica-se que o referido estudo apresenta uma correlação negativa, sem relevante taxa estatística, entre o coeficiente de incidência de internações e a cobertura vacinal, que se verifica quando maior a cobertura vacinal, menor a possibilidade de internação. A análise da regressão linear ainda evidenciou uma grande tendência de diminuição dos coeficientes de internação de um ano para outro.

4 DISCUSSÃO

Em relação ao aumento acentuado das internações nos anos de 2021 e 2022, anos pandêmicos, pode ser que esteja relacionada com a ocorrência de casos de COVID-19. Em cenários onde os sistemas de saúde estavam sobrecarregados, com um número de profissionais menor do que o ideal, observou-se durante o diagnóstico a associação da pneumonia com quadros de COVID-19, interferindo na qualidade dos registros e levando à subnotificação de doenças respiratórias12.

A doença do coronavírus é uma infecção respiratória aguda potencialmente grave, que poderá desencadear a síndrome respiratória aguda grave. Dentre as manifestações clínicas são semelhantes ao de uma infecção respiratória e a magnitude dos sintomas se modifica de paciente para paciente, podendo ser semelhante a um resfriado comum leve ou até mesmo uma pneumonia viral grave, ocasionando desconforto respiratório agudo eminentemente fatal13.

Hoje, se reconhece que casos de pneumonia associado à infecções por COVID-19 alcançam uma margem de 100.000 casos em todo o mundo e as taxas de mortalidade extrapolam 2%. Contudo, se verifica modificações nos critérios de diagnóstico da doença, o que produziu um crescimento do percentual de descoberta de novos casos necessitando de mais estudos sobre a temática, buscando desvincular a ocorrência de quadros de COVID-19 com quadros de pneumonia14.

Insta salientar que, no último ano houve uma redução dos quadros registrados tanto de pneumonia como de COVID-19 em virtude do calendário vacinal para as duas patologias, bem como, para a gripe14-15.

No que concerne a distribuição do quantitativo de internações por faixa etária evidenciou-se uma concentração entre crianças e idosos quando comparado as outras faixas etárias, em face desse público tem uma imunidade mais baixa e terem maior contato com os agentes infecciosos15. Além disso, os bebês menores de 1 ano de idade ainda possuem anticorpos recebidos da própria mãe, que provoca uma imunidade passiva, através do leite materno, o que pode ajudar a prevenir algumas infecções respiratórias16.

Dentre os fatores de risco colaboram significativamente para o alto índice de casos de pneumonia registrados no Brasil, e logo, no Maranhão, sendo um dos principais motivos de mortalidade infantil na faixa etária de 0 a 5 anos e entre idosos, são os fatores demográficos (sexo, idade), fatores socioeconômicos, fatores ambientais e nutricionais, vacinação deficiente, exposição a fumaças de cigarro, dentre outros17. Nesse contexto, surge a importância de conhecer os fatores de risco somado ao agente etiológico para que seja ministrados ao paciente, o atendimento e tratamento mais eficaz17-18.

No que tange a frequência de casos de pneumonia, é maior na população mais suscetível e que desfruta de uma baixa renda e/ou que apresentam algum tipo de imunodeficiência. As pneumonias causadas por bactérias são as que mais acometem esse grupo, necessitando de até cinco dias de incubação para seu pleno desenvolvimento18.

No que tange à distribuição das internações por pneumonia, nesse estudo o padrão foi semelhante, sendo maior entre o sexo masculino em detrimento do sexo feminino, contudo na ciência, não existe evidências que comprovem que a pneumonia é mais frequente entre o sexo masculino, por alguma razão19-20.

As políticas públicas para o tratamento da pneumonia ainda são limitadas e evoluem timidamente, não acompanhando o avanço da doença, que a cada ano abrange maiores números de pessoas que apresentam o quadro clínico, em especial, no período de chuvas20. Mesmo com todo o incentivo a prevenção das doenças respiratórias por meio de programas de saúde familiar, o Brasil apresenta altos índices de morbidade e mortalidade, tornando esta doença um problema de saúde pública nacional21.

Desta maneira, a pneumonia exige da sociedade a tomada de ações práticas e uma política atuante, sendo o procedimento apresentado em dois estágios: no primeiro momento ocorre a articulação de políticas de prevenção enquanto no segundo momento são apresentadas alternativas no intuito de impedir a progressão e o agravamento com um diagnóstico precoce e completo e oferta de um tratamento público de qualidade22.

Assim, a pneumonia pode receber inúmeras classificações e caracterização, sendo a mais usual pela ferramenta portadora da doença ou pelo local do pulmão que foi afetado pela doença23. Cabe destacar que em crianças e idosos, devido a saúde mais frágil, a classificação poderá fazer uso de outros mecanismos como sinais e/ou sintomas, onde exige medidas imediatas para combate da infecção, visto que se espalha rapidamente causando complicações mais severas ao paciente23.

As cidades mais populosas apresentam mais casos de pneumonia e internação, haja vista que, uma grande parcela da população vive em baixas condições socioeconômicas, em que os altos casos podem ser reflexos da deficiência de ações governamentais para a melhoria da infraestrutura sanitária e assistencial associada à pneumonia, já que todos os esforços estavam voltados ao combate da COVID-1924.

O tratamento da pneumonia se dá basicamente na administração de antibióticos e critérios de internação, dependendo do grau da pneumonia. As que apresentam baixo grau podem ser tratadas com consultas clínicas e com administração de medicamentos, líquido e alimentos, uso de broncodilatadores e nebulizações periódicas25.

Nesse cenário, o farmacêutico é crucial para a efetividade das políticas de prevenção ou no tratamento da pneumonia, onde a atenção farmacêutica funciona como atividade complementar ao serviço de atenção à saúde, em que deverá atuar de forma humanizada junto ao paciente, ofertando orientações acerca da patologia, do plano terapêutico, da forma adequada de administrar a medicação, dosagem, período, verificar se a prescrição atende adequadamente a racionalidade terapêutica, forma de armazenamento, dentre outras medidas que permita a efetividade da terapia em detrimento da ocorrência de quadros de interação medicamentosa e efeitos adversos ou colaterais25-26.

Dessa forma, os profissionais da saúde que atuam na atenção básica com os pacientes com quadro clínico de pneumonia, deverão ter mais experiências e conhecimentos acerca das técnicas para identificação da patologia, dos tratamentos e das inovações tecnológicas voltadas para a cura e qualidade de vida do paciente envolvido por esta doença com a oferta do enfretamento integral do problema27.

A complexidade da doença e do tratamento exige profundo conhecimento técnico-científico como também nas relações interpessoais, que são elementos que colaboram na assistência e no cuidado prestado ao paciente, onde para a evolução do tratamento, faz-se necessário a sustentação do tripé formado por medicamentos e tratamento, profissionais da saúde, e por fim, apoio familiar28.

A vacina pneumocócica foi implementada no ano de 2010, porém, a cobertura vacinal no Maranhão no período de 2021 a 2023, teve uma oscilação, onde o primeiro teve uma porcentagem de 47,07%, o segundo responde por um percentual de 40,02%, em que verifica uma redução, e se observou um aumento tímido no ano de 2023, alcançando um percentual de 51,04%

Nessa linha de raciocínio, se reconhece um estudo análogo, realizado no Chile por Alvarado et al., em que se verificou dados semelhantes acerca do efeito da vacina pneumocócica na taxa de internações, que determinou uma redução da ocorrência dos quadros da pneumonia, e logo, reduziu também o quantitativo dos quadros de letalidade e período de internação29.

Complementa o entendimento, o estudo de Vieira et al., onde determina que as taxas de internações reduziram 23,3% nos pacientes com faixa etária de até 1 ano e 8,4% nos pacientes na faixa etária de 1 a 4 anos, considerando o período pré e pós vacinal30.

Desse modo, uma cobertura vacinal eficiente possui alta influência na diminuição substancial dos quadros de internações hospitalares31, onde é encarado como estratégia para reduzir a sobrecarga hospitalar32. Tal fenômeno ocorre pois as vacinas correspondem as preparações antigênicas que estimulam uma resposta imune no indivíduo, que tem a capacidade de reduzir as manifestações clínicas da patologia, que tem reflexos na redução das taxas de internações33.

No que concerne a diminuição significativa das internações no ano de 2021, que corresponde ao ano pandêmico, pode ser que esteja relacionada com a ocorrência de casos de COVID-19. Sobreleva que em casos onde os sistemas de saúde estavam sobrecarregados, com um quantitativo de profissionais reduzido do que o ideal, bem como a sobrecarga laboratorial, pode ter ocorrido um diagnóstico superestimado de COVID-19, interferindo na qualidade dos registros e levando à subnotificação de doenças respiratórias34.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu-se que resultados apresentados no artigo evidenciam a relevância da cobertura vacinal para a diminuição dos quadros de internações hospitalares, motivada por quadros de pneumonia. Os dados ainda destacam que a vacina pneumocócica possui impacto positivo na diminuição das internações, contudo, com a diminuição da cobertura durante o período pandêmico, verificou-se um aumento dos quadros de internações, bem como, da subnotificação de doenças respiratórias em face dos quadros de COVID-19. Evidenciou-se que as internações por pneumonia foram mais frequentes entre o público do sexo masculino (58,5%), na faixa etária de até 1 ano (59,75%), em virtude do maior contato com agentes infecciosos.

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31 – Oliveira MF, Araújo Lima CS, Sanches RD, Silva JC, et al. Revendo o tratamento para pneumonia causada por Staphylococcus aureus resistente à meticilina. Research, Society and Development, 11(1), 2022.

32 –  Mengue L. Fatores que contribuem para a adesão e não adesão à vacinação infantil no Brasil: revisão integrativa. Trabalho de Conclusão de Curso, Bacharel em Enfermagem, Centro Universitário Ritter dos Reis, Porto Alegre, 2023.

33 –  Santos Junior J, Silva JL, Santos EA. O perfil epidemiológico de internações por pneumonia em Alagoas:um recorte no tempo. Research, Society and Development, v. 11, n. 2, e57511225669, 2022.

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Artigo apresentado a Coordenação de Farmácia como pré-requisito para obtenção de título de Bacharel em Farmácia do Faculdade Florence de Ensino Superior.