CLINICAL, EPIDEMIOLOGICAL AND HISTOLOGICAL CHARACTERISTICS OF WILMS TUMOR
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10976382
Maria Vitalina Alves de Sousa1; Francisca Jéssica Mesquita Pereira2; Maria Salete Abreu Rocha Miranda3; Ana Kely Vasconcelos Albuquerque4; Tuanny Evencio Mendes Luz5; Rubens Leite de Carvalho6; Emanuelle Paiva de Vasconcelos Dantas7; Francisco Vinicius Teles Rocha8; Josemária Chaves Sipauba Silva9; Dirceu José Alves Junior10; Mayko Tojal Rocha11; Maria Divina dos Santos Borges Farias12; Pedro Luiz Pereira Sales13
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo descrever as características clínicas, epidemiológicas e histológicas do tumor de Wilms. Trata-se de uma revisão integrativa (RI) de literatura. O trabalho utilizou a estratégia PICo. Para a busca foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Tumor de Wilms”, “Características clínicas”, “Epidemiologia” e “Histologia”, em cruzamento com o operador booleano and. Resultando na seguinte estratégia de busca: “Tumor de Wilms” AND “Características clínicas” AND “Epidemiologia” AND “Histologia”. Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: artigos publicados na íntegra em texto completo, nos últimos cinco anos (2018-2023), na língua inglesa, portuguesa e espanhola. Ao final foram selecionados 9 estudos, mediante análise de conteúdo e segundo os critérios de inclusão e exclusão. Mesmo com o aumento da sobrevivência destes tumores renais devem-se ao resultado de uma melhora ao acesso e das técnicas diagnósticas, em especial os exames de imagem, coleta e análise de dados epidemiológicos, modalidades de tratamento e cuidados multidisciplinares com estes pacientes, o exame anatomopatológico ainda é necessário. É de extrema relevância a responsabilidade do médico pediátrico na escolha do tratamento do Tumor de Wilms. De acordo com os achados da presente pesquisa, é recomendada a utilização de dois protocolos principais, COG e SIOP.
Palavras-chave: Tumor de Wilms, Características clínicas, Epidemiologia, Histologia.
ABSTRACT
The present study aimed to describe the clinical, epidemiological and histological characteristics of Wilms tumor. This is an integrative literature review (IR). The work used the PICo strategy. The following Health Sciences Descriptors (DeCS) were used for the search: “Wilms Tumor”, “Clinical characteristics”, “Epidemiology” and “Histology”, crossed with the Boolean operator and. Resulting in the following search strategy: “Wilms tumor” AND “Clinical characteristics” AND “Epidemiology” AND “Histology”. The inclusion criteria for selecting articles were: articles published in full in full text, in the last five years (2018-2023), in English, Portuguese and Spanish. In the end, 9 studies were selected, through content analysis and according to the inclusion and exclusion criteria. Even with the increased survival of these kidney tumors, they are due to improved access and diagnostic techniques, especially imaging exams, collection and analysis of epidemiological data, treatment modalities and multidisciplinary care for these patients, the pathology is still necessary. The responsibility of the pediatric doctor in choosing the treatment for Wilms Tumor is extremely important. According to the findings of this research, the use of two main protocols, COG and SIOP, is recommended.
Keywords: Wilms Tumor, Clinical characteristics, Epidemiology, Histology.
INTRODUÇÃO
Os tumores renais compreendem aproximadamente 7% de todas as neoplasias malignas que afetam crianças (Oliveira et al., 2018). O Tumor de Wilms (TW) recebe o nome de Max Wilms, o primeiro cirurgião alemão a identificá-lo. Trata-se de um tumor embrionário originado das células precursoras do rim, conhecidas como metanefros, que se formam durante a quarta semana de gestação e se tornam funcionais por volta da oitava semana. É o tipo mais frequente de tumor renal na infância e ocupa o terceiro lugar entre as malignidades pediátricas mais comuns, precedido apenas pela leucemia e pelos tumores do sistema nervoso central. É mais comumente diagnosticado em crianças com menos de 5 anos de idade, correspondendo a 90% dos casos de tumores renais. Embora geralmente afete apenas um rim, aproximadamente 10% dos casos apresentam tumores bilaterais ou multifocais de forma sincrônica (Silva et al., 2021).
A ocorrência de tumores está diretamente associada à inativação de genes supressores de tumores. Nos Tumores de Wilms, são identificadas anomalias genéticas em diferentes regiões cromossômicas, incluindo o braço curto do cromossomo 11 em 11p13 e 11p15, o braço longo do cromossomo 16 e o braço curto do cromossomo 1 (BESNARD-GUÉRIN, 1996). As formas familiares são transmitidas de maneira autossômica dominante, embora sejam raramente encontradas (Turmina et al., 2022).
O tumor de Wilms, também conhecido como nefroblastoma, é o mais comum, representando aproximadamente 95% dos casos. Ele pode afetar um rim (unilateral) ou ambos os rins simultaneamente (bilateral), também chamado de tumor de Wilms bilateral sincrônico (Oliveira et al., 2018).
Entre as manifestações clínicas do tumor de Wilms, destacam-se o tumor abdominal, que pode causar dor abdominal, febre, hematúria micro ou macroscópica, e hipertensão arterial de origem renal devido à hiperprodução de renina induzida pelo efeito de massa do tumor. Além disso, entre as manifestações respiratórias, observa-se dispneia, em alguns casos empiema e derrame pleural por metástase. O pulmão é o principal sítio de metástase, podendo também causar embolia pulmonar (Ostrowski et al., 2022).
O estadiamento do Tumor de Wilms é determinado com base em estudos de imagem, achados cirúrgicos e histopatológicos. Atualmente, duas abordagens são utilizadas para o estadiamento: o estudo National Wilms Tumor Study (NWTS), nos EUA, e a International Society of Paediatric Oncology (SIOP), na Europa. A principal diferença entre essas duas abordagens reside no fato de que nos EUA o tratamento cirúrgico é indicado inicialmente para determinar o estágio da doença, enquanto na Europa o estadiamento inicial é baseado em estudos de imagens, seguido de quimioterapia pré-operatória. No Brasil, ambas as formas de estadiamento são adotadas, dependendo do serviço (Rebello; Brunato; Nazario, 2019).
Pesquisadores enfatizam a importância da histologia como um exame fundamental para a confirmação do diagnóstico de Tumor de Wilms. Entre as características microscópicas, destaca-se predominantemente o padrão trifásico do tumor, no qual as células blastematosas, mesenquimais e epiteliais estão dispostas em diferentes proporções. Em casos menos comuns, o tumor pode se desenvolver de forma bifásica ou monofásica, sendo a presença de células anaplásicas um componente histológico importante para a estratificação de risco. Portanto, o exame histológico é capaz de classificar o tumor em um dos três grupos de risco: baixo, intermediário ou alto (Braz et al., 2022).
O presente estudo teve como objetivo descrever as características clínicas, epidemiológicas e histológicas do tumor de Wilms.
MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa (RI) de literatura, de abordagem qualitativa, desenvolvida a partir de levantamentos bibliográficos. A RI é um método que tem como objetivo principal identificar, selecionar e sintetizar os resultados obtidos em pesquisas anteriores, relacionadas a uma temática ou questão norteadora. Diante disso, fornecerá esclarecimentos mais organizados, permitindo a construção de novos conhecimentos (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011).
O presente trabalho utilizou a estratégia PICo (Quadro 1), para formulação da pergunta norteadora: “Quais são as principais características clínicas, epidemiológicas e histológicas do tumor de Wilms?’’. No qual o “P”, identifica-se como população de análise do estudo, o “I” o conceito que se pretende investigar e o “Co” está relacionado ao contexto.
Quadro 1. Aplicação da estratégia de PICo.
Acrônimo | Definição | Aplicação |
P | População | População geral |
I | Interesse | Características clínicas, epidemiológicas e histológicas |
Co | Contexto | Tumor de Wilms |
Fonte: Autores, 2023.
A pesquisa foi realizada em Outubro de 2023, nas bases de dados disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sendo elas: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e a Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS), e por meio de literatura complementar realizada na Scientific Eletronic Library Online (SciELO).
Para a busca foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Tumor de Wilms”, “Características clínicas”, “Epidemiologia” e “Histologia”, em cruzamento com o operador booleano and. Resultando na seguinte estratégia de busca: “Tumor de Wilms” AND “Características clínicas” AND “Epidemiologia” AND “Histologia”
Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: artigos publicados na íntegra em texto completo, nos últimos cinco anos (2018-2023), na língua inglesa, portuguesa e espanhola. E como critérios de exclusão adotaram-se as publicações que não contemplasse a temática em questão, estudos duplicados nas bases supramencionadas, além de resumos e artigos na modalidade de tese, revisões e dissertações.
Durante a busca foram apurados 322 artigos científicos, após a coleta dos dados, empreendeu-se as etapas de pró-análise, exploração do material e tratamento dos resultados e interpretações. Assim, foram selecionados 118 artigos de acordo com a temática apresentada, que além de estarem em consonância com os critérios de inclusão estabelecidos, responderam adequadamente à pergunta de pesquisa após a leitura de título e resumo. Esses foram avaliados, respondendo os objetivos propostos, na qual foram lidos na íntegra, sendo selecionados 9 estudos, mediante análise de conteúdo e segundo os critérios de inclusão e exclusão (Figura 1).
Figura 1: Fluxograma de seleção de artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os artigos elegíveis ao estudo (Quadro 2) estão em concordância com o tema em questão, facilitando o entendimento da temática e atendendo a todos os critérios de seleção. Ao final da avaliação, foram selecionados 9 artigos para o desenvolvimento da revisão.
Quadro 2. Artigos selecionados quanto aos autores, títulos, objetivos e conclusão.
AUTORES / ANO | TÍTULO / PERIÓDICO | OBJETIVO | CONCLUSÃO |
(Brito et al., 2022). | DESENVOLVIMENTO DE PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA PARA O TRATAMENTO DO TUMOR DE WILMS. Revista Multidisciplinar em Saúde | Elaborar um protocolo de intervenção farmacêutica para o tratamento do TW. | Diante do exposto, sabe-se que durante a utilização de um protocolo, o farmacêutico deve estar atento para as principais etapas do tratamento. É desejado que o protocolo de Intervenção Farmacêutica para o tumor de Wilms seja capaz de auxiliar os profissionais de saúde a cerca do tratamento adequado e eficaz evitando problemas relacionados a medicamentos. |
(Stefanon et al., 2019). | Tumor de Wilms no adulto: neoplasia rara e um desafio diagnóstico e terapêutico. Arquivos Catarinenses de Medicina | Descrever os desafios diagnósticos e terapêuticos do Tumor de Wilms no adulto. | mbora se tenha conseguido uma boa resposta com os esquemas de tratamento quimioterápicos atuais, estudos mostram que o prognóstico do tumor de Wilms em adultos é inferior quando comparado ao pediátrico. O qual pode estar relacionado ao fato de se tratar de uma doença rara com diagnóstico tardio. |
(Ambrósio et al., 2022). | Protocolo De Atendimento Nutricional em Oncologia Pediátrica. Residentes do Programa de Nutrição em Atenção ao Câncer. Ribeirão Preto | ND | ND |
(Braz et al., 2022). | Diagnóstico e manejo do Tumor de Wilms na população infantil. Anais da Faculdade de Medicina de Olinda | Analisar a abordagem de diagnóstico e tratamento do Tumor de Wilms em crianças. | A atenção da equipe multidisciplinar no processo de diagnóstico precoce influi diretamente na qualidade do tratamento prestado para o paciente, sendo o resultado de exames de imagem e a avaliação imunohistológica essenciais para o estadiamento e adequação terapêutica. |
(Rebello; Brunato; Nazario, 2019). | Perfil clínico e radiológico de pacientes com tumor de Wilms em um hospital pediátrico do Sul do Brasil, 2010–2017. Arquivos Catarinenses de Medicina | Descrever o perfil clinico e radiológico dos pacientes com diagnóstico de tumor de Wilms internados no Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis/SC. | O estudo possibilitou traçar o perfil clinico e radiológico dos pacientes com tumor de Wilms do Hospital Infantil Joana de Gusmão e verificou a similaridade com os resultados encontrados na literatura. |
Cerna-Arroyo et al., 2020). | Perfil clínico, epidemiológico y terapéutico del tumor de Wilms pediátrico en Costa Rica. Acta Médica Costarricense | Descrever as características clínicas, epidemiológicas e terapêuticas, com estimativas sobre a sobrevida de pacientes com diagnóstico de tumor de Wilms, atendidos no Serviço de Oncologia do Hospital Nacional Infantil “Dr. Carlos Sáenz Herrera”, do Fundo Costarriquenho de Seguridade Social, atendido no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2016 | Em pacientes pediátricos, o tumor de Wilms é uma morbidade oncológica que atinge baixa frequência; Aparece em ambos os sexos, embora com histologia mais desfavorável nas mulheres. Diante desse diagnóstico, os pacientes recebem tratamento com cirurgia, quimioterapia e radioterapia; A intervenção múltipla tem sido bem-sucedida e a grande maioria dos pacientes alcança uma sobrevida prolongada livre de progressão da doença aos 5 anos. |
(Lussani; Ambrósio; Bordignon, 2023). | Tendência de internações por neoplasias entre crianças e adolescentes (0 a 19 anos) nas macrorregiões de Santa Catarina (2011-2020). Saúde e meio ambiente: revista interdisciplinar | Identificar a tendência de internações por neoplasia entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de acordo com as macrorregiões de saúde do estado de Santa Catarina, Brasil. | O número de internações aumentou entre os anos de 2011 e 2020, apontando para a necessidade de políticas públicas voltadas à promoção da saúde infanto-juvenil e fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde para assistência dessa população. |
(Gonzales et al., 2022). | Tumor de Wilms e sua abordagem cirúrgica: uma revisão da literatura. Tese de Doutorado. | Descrever e revisar sobre o Tumor de Wilms (TW), com foco no tratamento cirúrgico e as vantagens da nefrectomia parcial, conforme as recomendações mais atuais disponíveis. | A nefrectomia parcial, é considerada uma opção apropriada para o tratamento de pacientes com TW adequadamente selecionados, nos quais a preservação da função renal é uma consideração clínica relevante. |
(Oliveira et al., 2018). | Tumor de Wilms bilateral sincrônico: avaliação cirúrgica e sobrevida. Revista Brasileira de Cancerologia | Analisar o tipo de cirurgia e a sobrevida global dos pacientes com tumor de Wilms bilateral sincrônico | A cirurgia preservadora de tecido renal em crianças com o tumor de Wilms bilateral sincrônico é viável e pode ser realizada com segurança em centros de referência. |
Fonte: Autores (2023).
Legenda: (ND- Não Disponível).
O câncer é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, representando à primeira ou à segunda causa de morte prematura antes dos 70 anos. O impacto do câncer no mundo, em 2020, ocorreu 19,3 milhões de casos novos de câncer no mundo. Um em cada cinco indivíduos terão câncer durante sua vida (Brasil, 2022). No Brasil, estima-se que foi realizado o diagnóstico de 8.460 casos do TW apenas no ano de 2020, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino, e destes, 2.554 foram a óbito em decorrência desta afecção (31,3%) (Brito et al., 2022).
Apesar do tumor de Wilms ser o tumor renal maligno mais comum na criança, principalmente em menores de cinco anos, sua apresentação em adultos é rara e, quando ocorre, observa-se uma maior prevalência em adultos jovens com idade média de 33 anos (Stefanon et al., 2019).
Correspondendo a disseminação descontrolada de células anormais, onde pode ocorrer em qualquer local do organismo. Contrário ao câncer do adulto, o câncer infantojuvenil é principalmente de origem embrionária e afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Se diagnosticados precocemente, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados e tratados em centros especializados, onde terão boa qualidade de vida após o tratamento adequado (Ambrósio et al., 2022).
O Tumor de Wilms (TW), atinge na sua maioria as crianças abaixo dos 5 anos de idade, onde raramente acometem os adultos, representando em torno de 90% dos tumores renais. Também conhecido como nefroblastoma, ocasionado pelo crescimento anormal do rim, ocasionando na propagação de um blastema metaneférico sem diferenciação tubular e glomerular normal. Diferencia em unilateral ou bilateral, em fase metastática ou não, sendo a maioria dos casos identificada unilateralmente. O TW clássico tem aparência trifásica, com os três tipos de células sendo estromal, epitelial e blastemal (Brito et al., 2022).
Na fisiopatologia está centrada no processo de embriogênese renal. Durante da nefrogênese sadia o mesoderma intermediário se modifica em mesênquima metanéfrico. Esse mesênquima, no entanto, altera para epitelial e origina as vesículas renais, que dão origem à maioria dos tipos celulares do rim funcional. Havendo suspensão nessas fases caso surgimento de tumor, havendo a mescla de células blastemais, epiteliais e estromais, causando os diversos comprometimentos (Braz et al., 2022).
E com característica de uma grande massa diversificada e esférica que abrange maior parte do rim, podendo surgir necrose e/ou hemorragia. Clinicamente o TW pode ser assintomático ou manifestar-se por grande massa abdominal. Outros sintomas, como hematúria, dor abdominal, obstrução intestinal e hipertensão arterial, podem estar associados ao tumor, em alguns casos, pode ocorrer metástases ao diagnóstico, sendo mais comum para o pulmão. Outros locais de metástase são fígado, cérebro, ossos e linfonodos (Rebello; Brunato; Nazario, 2019; Cerna-Arroyo et al., 2020).
Com tudo, os exames laboratoriais devem conter hemograma completo, testes de função renal, eletrólitos, urinálise e estudos de coagulação. São importantes também para avaliação de diagnóstico inicial, os exames radiológicos como Ultrassonografia Doppler Renal, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética. Com auxílio desses exames verificar-se as dimensões, localização da massa abdominal, caracteriza a origem do tumor, determina a extensão, avalia o rim contralateral e determina o envolvimento venoso da malignidade. Assim então, define o melhor tipo de tratamento (Gonzales et al., 2022).
O aspecto microscópico é característico, observando-se três componentes: 1-blastematoso (células pequenas com aspecto indiferenciado); 2- epitelial, constituído pela diferenciação das células blastomatosas em túbulos e/ou glomérulos. No presente caso, observam-se túbulos, ditos abortivos por ser a diferenciação imperfeita. Glomérulos abortivos são extremamente raros neste material. 3- estromatoso: estroma conjuntivo entre os dois componentes já mencionados. O estroma pode sofrer diferenciação para tecidos cartilaginoso, muscular ou adiposo, mas isto também não ocorre no presente exemplo (Figura 2).
Figura 2: Componentes do Tumor de Wilms.
Fonte: https://anatpat.unicamp.br/lamuro18.html
Entretanto, a descoberta no início reduz as complicações agudas e tardias do tratamento, também a maiores chances de cura e sobrevida. O tratamento para o câncer pode incluir diferentes terapêuticas, tais como quimioterapia, radioterapia e/ou cirurgia, decidindo de acordo com a classificação do tumor e a extensão da doença. É válido evidenciar que o câncer em crianças geralmente apresentam menores períodos de latência, sendo muitas vezes invasivo e rápido em seu desenvolvimento (Lussani; Ambrósio; Bordignon, 2023).
Assim como, a técnica da cirurgia poupadora de néfron (NSS), onde preserva-se os néfrons em crianças com o TW bilateral sincrônico e pode ser realizada com segurança em centros de referência, quimioterapia pós-operatória e, quando indicada, a radioterapia, nesses pacientes, o tratamento bem-sucedido deve alcançar o controle oncológico, preservando ao máximo o parênquima renal para garantir função renal, há um benefício teórico em utilizar a na importância da preservação do parênquima renal (Oliveira et al., 2018).
Cerna-Arroyo et al. (2020), descreveram que o diagnóstico e tratamento deste tipo de tumor renal são abordados de maneira distinta por duas organizações de destaque: o Children’s Oncology Group (COG), localizado na América do Norte, e a Sociedad Internacional de Oncología Pediátrica (SIOP), baseada na Europa. Uma diferença crucial entre as abordagens reside no momento preferencial para a intervenção cirúrgica em relação à quimioterapia, que utiliza agentes como vincristina, dactinomicina, ciclofosfamida, etoposide, entre outros. O protocolo COG preconiza a cirurgia como o primeiro passo em todos os casos, exceto em tumores síncronos bilaterais. Além disso, o protocolo COG oferece o benefício adicional de proporcionar confirmação histológica e estudos de biologia molecular desde o início, auxiliando no estabelecimento de um prognóstico tumoral.
As características histopatológicas do tumor não diferem entre crianças ou adultos, e ambos demonstram a presença de três tipos celulares: estruturas abortivas glomerulares ou tubulares (epitélio) e embrionárias (blastema) em conjunto com células mesenquimatosas imaturas (estroma), tornando-se achado patognomônico do tumor. Outras características também são encontradas, como tecido anaplásico, presença de necrose, hemorragia, calcificações e a presença de tecido ósseo, cartilaginoso ou gordura (Stefanon et al., 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com o aumento da sobrevivência destes tumores renais deverem-se ao resultado de uma melhora ao acesso e das técnicas diagnósticas, em especial os exames de imagem, coleta e análise de dados epidemiológicos, modalidades de tratamento e cuidados multidisciplinares com estes pacientes, o exame anatomopatológico ainda é necessário
É de extrema relevância a responsabilidade do médico pediátrico na escolha do tratamento do Tumor de Wilms. De acordo com os achados da presente pesquisa, é recomendada a utilização de dois protocolos principais, COG e SIOP. Vale ressaltar, que a escolha entre as várias opções de tratamento cirúrgicas devem levar em consideração alguns pontos, entre eles: a possibilidade de deixar margens livres entre as estruturas no caso de uma nefrectomia parcial, a maior preservação possível do parênquima renal, de modo a preservar suas funções, principalmente em casos de tumor bilateral, e prevenir insuficiência renal tardia.
REFERÊNCIAS
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BRAZ, Marissol Ivo et al. Diagnóstico e manejo do Tumor de Wilms na população infantil. Anais da Faculdade de Medicina de Olinda, v. 1, n. 7, p. 42-49, 2022.
BRITO, Daniele Barros et al. DESENVOLVIMENTO DE PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA PARA O TRATAMENTO DO TUMOR DE WILMS. Revista Multidisciplinar em Saúde, p. 1-11, 2022.
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CERNA-ARROYO, Allan et al. Perfil clínico, epidemiológico y terapéutico del tumor de Wilms pediátrico en Costa Rica. Acta Médica Costarricense, v. 62, n. 3, p. 113-118, 2020.
GONZALES, Thaís Souza. Tumor de Wilms e sua abordagem cirúrgica: uma revisão da literatura. Tese de Doutorado. Universidade Iguaçu. Editora Científica Digital. 2022.
LUSSANI, Patrícia; AMBRÓSIO, Samira Hipólito; BORDIGNON, Maiara. Tendência de internações por neoplasias entre crianças e adolescentes (0 a 19 anos) nas macrorregiões de Santa Catarina (2011-2020). Saúde e meio ambiente: revista interdisciplinar, v. 12, p. 168-178, 2023.
OLIVEIRA, Pablo Baptista et al. Tumor de Wilms bilateral sincrônico: avaliação cirúrgica e sobrevida. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 64, n. 3, p. 333-339, 2018.
REBELLO, Leandro; BRUNATO, Paulo Marcio; NAZARIO, Nazare Otilia. Perfil clínico e radiológico de pacientes com tumor de Wilms em um hospital pediátrico do Sul do Brasil, 2010–2017. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 48, n. 4, p. 88-98, 2019.
SILVA, Júlia Maria Moreira et al. Características e manejo do Tumor de Wilms: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 5, p. e7149-e7149, 2021.
TURMINA, Luana et al. Tumor de Wilms: análise das características clínicas e epidemiológicas. Revista Thêma et Scientia, v. 11, n. 1E, p. 137-145, 2021.
1Enfermeira, Mestranda em Biotecnologia pelo Centro Universitário INTA – UNINTA
https://orcid.org/0000-0003-4448-2489
2Fisioterapia bacharelado, Centro Universitário INTA – UNINTA
https://orcid.org/0009-0004-2960-0592
3Enfermeira pelo Centro Universitário – INTA – UNINTA
https://orcid.org/0009-0009-4755-2789
4Enfermeira formada pelo Centro Universitário INTA – UNINTA, Especialista em Urgência e Emergência.
https://orcid.org/0009-0007-5303-377X
5Medicina – Centro Universitário Uninovafapi
http://lattes.cnpq.br/9358819638310163
6Medicina – Centro Universitário Uninovafapi
http://lattes.cnpq.br/4557493446322491
7Centro Universitário Uninassau Aliança Redenção
https://orcid.org/0000-0001-7752-0416
8Universidade Federal do Piauí – Medicina
http://lattes.cnpq.br/4476196795704937
9Graduação em Biomedicina
http://lattes.cnpq.br/3209127677543095
10Estácio- Juazeiro-BA- Medicina
https://orcid.org/0000-0002-3830-0186
11Estácio- Juazeiro-BA- Medicina
https://orcid.org/0000-0002-9565-2591
12Enfermeira – Ebserh
http://lattes.cnpq.br/7804664985829215
13Escola de saúde pública do Ceará (ESP/CE) – Enfermeiro Residente com ênfase em Urgência e Emergência
http://lattes.cnpq.br/9340325839767770