CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO PRECOCE DAS LESÕES POTENCIALMENTE MALIGNAS ORAIS – REVISÃO DE LITERATURA

CLINICAL CHARACTERISTICS AND EARLY DIAGNOSIS OF POTENTIALLY MALIGNANT ORAL LESIONS – LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10426395


Jéssica da Silva Rodrigues 1
Ana Beatriz Gondim Pereira 2
Felipe Rodrigues Vieira 3
Isadora Arcoverde de Medeiros 4
Jamille da Silva Rodrigues 5
Lucas Alves Balbino 6
Luiza Carla dos Santos Avelino 7
Matheus Alves Balbino 8
Raquel Moura de Sousa Silva 9
Daniela Nunes Reis 10 


Resumo

Estudos mostram que de todos os possíveis tipos de câncer existentes, 40% podem se manifestar em região de cabeça e pescoço. Evidenciar as características clínicas das principais lesões potencialmente malignas (LOPM) em cavidade oral, bem como a importância do seu diagnóstico precoce. Trata-se de uma revisão de literatura integrativa. Foram realizadas buscas eletrônicas nas plataformas virtuais de pesquisa PubMed e BVS, utilizando os descritores: “Neoplasias bucais”, “Prevenção primária” e “Diagnóstico precoce”, sendo combinadas através da locação do operador booleano “and”. Os critérios de inclusão foram artigos completos publicados nos últimos 10 anos (2013-2023), no idioma inglês e português. Os critérios de exclusão foram artigos não pertinentes ao tema, indisponíveis eletronicamente para leitura e donwload, duplicados e estudos classificados como teses, monografias e dissertações. Os estudos incluídos foram 15 artigos. A incidência do câncer de boca tende a aumentar em todo o mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento. A importância do conhecimento clínico acerca das características clínicas das lesões potencialmente malignas é imprescindível, tendo em vista que, com a progressão da doença, o prognóstico do paciente se torna insatisfatório. Conclui-se que, é necessário que o cirurgião-dentista tenha o conhecimento acerca das lesões potencialmente malignas e esteja apto a diagnosticar clinicamente e orientar e oferecer medidas de prevenção do câncer de boca.

Palavras-chave: Neoplasias bucais. Prevenção primária. Diagnóstico precoce.

1  INTRODUÇÃO

Segundo dados obtidos através da Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência do câncer de boca tende a aumentar em todo o mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento, chegando a 274 mil novos casos e 128 mil mortes de novas ocorrências de câncer bucal em todo o mundo (JÚNIOR et al., 2021).

O câncer de boca aponta etiologia multifatorial e se dá pela somatória de fatores de risco carcinógenos, tais fatores se dividem em: (1) fatores intrínsecos e (2) fatores extrínsecos (ANTÓN & SOMACARRERA-PÉREZ, 2015). A predisposição genética e a deficiência de micronutrientes são exemplos de fatores de risco intrínsecos. Os principais fatores de risco extrínsecos são o uso prolongado do tabaco e do álcool, a radiação solar e possíveis infecções causadas por micro-organismo, a exemplo, a infecção causada pelo papilomavírus humano (HPV) (DA SILVA et al., 2018).

Estudos mostram que de todos os possíveis tipos de câncer existentes, 40% podem se manifestar em região de cabeça e pescoço. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, entre os anos de 2018 e 2019, no Brasil eram estimados 11.200 casos novos de câncer oral em homens e 3.500 em mulheres (DA SILVA et al., 2018). 

Um dos principais tumores que acomete a região de cabeça e pescoço é o carcinoma de células escamosas, o qual soma mais de 90% dos tumores da cavidade oral. Tal lesão pode surgir a partir de lesões de caráter potencialmente maligno, como as leucoplasias, eritroplasias, líquen plano e queilites actínicas. Com isso, de suma importância o conhecimento dos fatores de risco e as características clínicas que essas lesões apresentam, a fim de oferecer um diagnóstico precoce e melhorar o prognóstico e, consequentemente, a aumentar a sobrevida do paciente (DE OLIVEIRA et al., 2020).

Dessa forma, o objetivo do estudo foi evidenciar as características clínicas das principais lesões potencialmente malignas (LOPM) em cavidade oral, bem como a importância do seu diagnóstico precoce.

2  METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão de literatura integrativa, onde se delineou embasada na temática proposta e em 6 critérios organizacionais: 1) delineamento da questão norteadora e do problema; 2) verificação dos descritores; 3) definição das bases de dados e critérios de inclusão e exclusão; 4) avaliação criteriosa dos estudos incluídos; 5) explanação e interpretação dos resultados; 6) síntese dos conhecimentos estudados (Whittemore & Knafl, 2005).

Os descritores que nortearam a pesquisa foram selecionados através das plataformas de linguagem única Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH). Os estudos foram criteriosamente avaliados e coletados através de buscas nas plataformas de pesquisa da Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PUBMED) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando o recurso de busca avançada e os seguintes termos: “Neoplasias bucais”, “Prevenção primária” e “Diagnóstico precoce”, sendo combinadas através da locação do operador booleano “and”. 

Os artigos foram submetidos a critérios de elegibilidade pré-estabelecidos, sendo os critérios de inclusão: artigos disponíveis em texto completo; artigos publicados na língua inglesa ou portuguesa; artigos publicados entre os anos de 2013 e 2023 com enfoque em artigos de relevância científica relacionados à temática do estudo. Os critérios de exclusão utilizados foram: artigos sem relevância científica e sem relação com o tema do estudo; indisponíveis eletronicamente para leitura e donwload; duplicados e estudos classificados como teses, monografias e dissertações.

Os critérios de elegibilidade foram aplicados, obtendo-se (n= 400) estudos nos quais passaram por leitura de título e resumo, exclusão de artigos duplicados, restando 52 artigos para leitura do texto completo. Após a leitura dos artigos na íntegra, foram selecionados 15 artigos para a elaboração deste estudo.

3  RESULTADOS E DISCUSSÕES 

As lesões potencialmente malignas se conceituam como lesões que possuem o potencial de ocasionar quadros malignos se não tratadas de forma precoce. Essas lesões surgem a partir de fatores de risco, sendo o tempo de exposição dos pacientes a esses fatores e o tempo de surgimento dos sinais e sintomas um dos principais gatilhos que influenciam negativamente no diagnóstico precoce do câncer bucal (BRAGA et al., 2018). 

As principais lesões potencialmente malignas descritas na literatura são as leucoplásicas, eritroplásicas, eritroleucoplasicas, líquen plano e queilites actinicas. Alguns estudos evidenciaram que as lesões eritroplasicas possuem maior prevalência quando comparada com as lesões leucoplásicas (DE OLIVEIRA et al., 2020).

As leucoplasias são divididas em dois tipos: homogêneo e não homogêneo. A homogênea é caracterizada por apresentar uma placa ou mancha branca, uniforme, plana, fina, tendo potencial para exibir na superfície sulcos rasos, ser lisa ou levemente enrugada. A não homogênea é caracterizada por uma placa ou mancha branca com a superfície irregular, nodular ou exofítica, sendo capaz de apresentar uma placa ou mancha vermelha e branca (eritroleucoplasia) (RAMOS et al., 2017).

Um dos fatores de risco para o desenvolvimento de leucoplasia são a radiação ultravioleta, microorganismos associados ao HPV e o uso de álcool e tabaco (VILLANUEVA-SÁNCHEZ et al., 2017). O uso do tabagismo está associado diretamente a ter um potencial maligno maior. Em não fumantes é comum desenvolver a lesão na borda da língua, enquanto fumantes desenvolvem no assoalho da boca (PALMERÍN-DONOSO, CANTERO-MACEDO & TEJERO-MAS, 2020).

O diagnóstico da leucoplasia é realizado através da exclusão de outras doenças, como por exemplo a lúpus, líquen plano eritematoso, leucoedema, nevo esponjoso branco ou outra desordem conhecida, sendo a biópsia em lesões leucoplásicas o mais recomendado (RUIZ & NAI, 2016).

Eritroplasia é definida como uma mancha ou placa vermelha que não pode ser clínica ou patologicamente diagnosticada como qualquer outra condição. Embora seja uma condição rara em comparação a leucoplasia ela possui uma maior taxa de desenvolvimento de carcinoma (DE OLIVEIRA et al., 2020). A lesão se caracteriza por ser assintomática e geralmente associada a uma leucoplasia adjacente normalmente evidenciada no assoalho da boca, língua ou palato mole. A maioria dos casos é identificado em pessoas a partir de 45 anos que possuem hábitos que aumentam o fator de risco como tabagis

4  CONCLUSÃO

Conclui-se, é necessário que o cirurgião-dentista tenha o conhecimento acerca das lesões potencialmente malignas e estejam aptos a diagnosticar clinicamente, identificar os fatores de risco, orientar e oferecer medidas de prevenção do câncer de boca, a fim de prevenir e minimizar as sequelas causadas pelo câncer, além de melhorar o prognóstico do paciente.

REFERÊNCIAS

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BRAGA, L. L. A et al. ERITROPLASIA NA CAVIDADE BUCAL: UMA PATOLOGIA RARA, MAS DE GRANDE MALIGNIDADE. Psicologia e Saúde em debate, v. 4, n. Suppl1, p. 67-67, 2018.

DA SILVA, L. G. D et al. Lesões orais malignas e potencialmente malignas: percepção de cirurgiões-dentistas e graduandos de odontologia. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 64, n. 1, p. 35-43, 2018.

DE OLIVEIRA, M. C et al. Acurácia do diagnóstico clínico de lesões orais malignas em um Centro de Referência do Nordeste Brasileiro. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 19, n. 3, p. 423-429, 2020.

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JÚNIOR, A. A. B et al. EMPREGO DE BIOMARCADORES METABÓLICOS

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NORO, L. R. A et al. The challenge of the approach to oral cancer in primary health care. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, p. 1579-1587, 2017.

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RAMOS, R. T et al. Leucoplasia Oral: conceitos e repercussões clínicas. Revista Brasileira de Odontologia, v. 74, n. 1, p. 51, 2017.

RUIZ, F. V. R; NAI, G. A. LEUCOPLASIA BUCAL–QUE LESÃO É ESTA?. In: Colloquium Vitae. ISSN: 1984-6436. 2016. p. 37-45.

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