CAPTAÇÃO E ESTOCAGEM DE ÁGUA PLUVIAL: IMPORTÂNCIA DE IMPLEMENTAR UM SISTEMA PARA REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA EM UMA CASA UNIFAMILIAR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410131952


Adilson Roque de Jesus;
Brendon Roque Américo de Jesus;
Orientador Prof: Fernanda Fernandes Campista.


RESUMO

O contexto atual nos traz uma preocupação crescente sobre a escassez de água, levando à busca por alternativas para reciclar esse recurso tão valioso. O propósito deste trabalho é exemplificar a implementação de um sistema que possa coletar e armazenar água da chuva para uso doméstico, como descarga de vasos sanitários, rega de plantas, lavagem de quintais, entre outras atividades que não exigem água potável. Nos períodos de seca, essa água armazenada pode ser utilizada, trazendo benefícios financeiros e ambientais. O trabalho aborda a implantação do sistema, destacando os componentes utilizados para captar e tratar a água de forma simples. Também são apresentados o método escolhido para armazenamento e a distribuição da água nas áreas desejadas, juntamente com cálculos para avaliar a viabilidade do projeto. São discutidos os prós e contras do método, ressaltando a importância da coleta e qualidade da água, com base em estudos de especialistas. Conclui-se que o sistema é eficaz mesmo em regiões com baixa precipitação, trazendo melhorias ambientais e economia no consumo de água tratada fornecida pelas concessionárias.

Palavras-chave: Sistemas de captação de água pluvial. Reservatórios de água. Recursos hídricos.

ABSTRACT

The current scenario brings an imminent fear of not having water for anything. In this situation, alternatives emerge to recycle this precious resource. The objective of this monograph is to provide an example of implementing a system that can capture and store rainwater for reuse in household tasks such as toilet flushing, watering plants, and washing yards, among other tasks that do not require potable water. During dry months, the stored water can be used for these tasks, bringing financial benefits as well as helping the environment. The implementation of the system and its importance in today’s world are shown, along with the components used to capture and treat this water in a basic way. The chosen measure for storing this water and distributing it to the areas of interest is also presented, along with information related to precipitation and the calculations used to understand the project’s feasibility. The benefits and drawbacks of using the method are presented, highlighting the importance of the system and water collection and possible problems that may arise for the user, with information from renowned authors on the importance of maintaining water quality. It was found that the system is effective even in areas with low precipitation. Therefore, there will be numerous environmental improvements, as well as savings in the consumption of treated water supplied by utilities when choosing to implement the rainwater harvesting and storage system.

Keywords: Rainwater catchment systems. Water reservoirs. Water resources.

1 INTRODUÇÃO

Entre os elementos essenciais para a vida, a água ocupa o lugar mais importante, a ponto de influenciar o desenvolvimento de certas regiões em função de sua escassez ou abundância. De tão vital que é este recurso, ele já foi responsável por inúmeros conflitos entre povos, tanto no passado quanto nos dias atuais.

Além de ser um elemento fundamental para a vida humana e outros seres vivos, segundo Brito, Porto, Silva (2007), a água é utilizada em praticamente todas as atividades humanas, destacando-se a agricultura, que é o maior consumidor deste recurso, a indústria, que ocupa o segundo lugar em termos de consumo, e por último, embora utilize menos, mas não menos importante, os usos urbanos como descrito na FIGURA 1.

FIGURA 1– Consumo de água por atividade humana.

Fonte: Brito, Porto, Silva (2007).

Para enfrentar o problema da escassez de água doce e preservar os recursos hídricos, têm sido explorados métodos alternativos para atender às necessidades humanas. Entre as soluções encontradas, está a captação de água da chuva. Essa técnica é viável através da coleta de água em superfícies impermeáveis e seu armazenamento em reservatórios para uso não potável. O dimensionamento do reservatório pode ser realizado por meio de diferentes métodos, por isso é necessário avaliar qual deles se adapta melhor à sua residência e ao seu orçamento. Devemos examinar os métodos de dimensionamento de reservatórios recomendados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), apresentados na norma NBR 15527/07, em relação ao seu desempenho (ABNT, 2007).

Através deste processo, é possível substituir o uso de água potável fornecida pelas concessionárias em aplicações que não exigem água potável. Com essa substituição, espera-se alcançar uma economia considerável de água na sua residência, considerando que a descarga em vasos sanitários, rega de plantas, lavagem da casa e veículos, entre outras atividades, representam um grande consumo de água em uma residência.

1.1 PROBLEMA

Diante do atual cenário mundial, com a falta de recursos hídricos assombrando a população, qual a importância de se obter sistemas de captação e armazenamento de água pluvial?

1.2 HIPÓTESE DE ESTUDO

Após períodos em que o racionamento se tornou frequente devido à seca, deixando a população sem água para tarefas simples e cotidianas, é fundamental criar mecanismos que visem capturar e armazenar a água da chuva, pois esta pode ser utilizada durante os períodos de seca ao longo do ano. A água da chuva pode ser aproveitada para lavar quintais e garagens, descargas de vasos sanitários, irrigar hortas e canteiros, entre outros.

Ao fazer esse armazenamento, também teremos benefícios quanto ao escoamento superficial, diminuindo a quantidade de água que escoa pelas ruas, resultando em menor ocorrência de enxurradas e enchentes. Além disso, gera uma economia financeira significativa, já que o preço da água aumenta constantemente.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Garantir o conhecimento sobre a importância de ter um sistema de captação e armazenamento de águas pluviais, possibilitando sua utilização em uma residência unifamiliar.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

  • Descrever um sistema de coleta e tratamento de água da chuva
  • Apontar maneiras de instalar reservatórios em residências unifamiliaresdeterminar os benefícios e malefícios no decorrer do processo.
  • Estabelecer os benefícios e malefícios durante o processo

1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

Apresentar um modelo de sistema de coleta e armazenamento de água da chuva onde a água captada possa ser reutilizada em uma residência unifamiliar.

A escassez de recursos hídricos tem causado preocupação em todo o mundo devido ao consumo não racional da água e à poluição dos mananciais. Trata-se de um problema ambiental de proporções gigantescas cuja tendência é de agravar-se a cada ano. Medidas criadas para diminuir esse consumo se tornam bem-vindas.

A importância de ter sistemas de coleta e armazenamento de água da chuva vem sendo discutida e aplicada de diferentes maneiras, tanto em novos projetos como também em adaptações de residências já existentes. Considerando que tarefas cotidianas podem gerar gastos alarmantes, conforme apresentado na TABELA 1.

TABELA 1 – Média de consumo de água para fins não potáveis.

Fonte: DEMAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto (2017).

O sistema proposto pode proporcionar uma economia de 50% no consumo total de uma residência unifamiliar, atendendo às necessidades não potáveis mencionadas anteriormente.

1.5 METODOLOGIA DO ESTUDO

A pesquisa a ser desenvolvida é classificada como exploratória, do tipo “Revisão de Literatura”. De acordo com Lakatos e Marconi (2010), este tipo de estudo permite um entendimento abrangente de determinado assunto já conhecido pela ciência, favorecendo a análise de dados e a síntese de informações.

Serão utilizados como materiais para a pesquisa bibliográfica artigos científicos das bases Google Acadêmico, SCIELO e também em livros relacionados ao tema disponíveis no acervo da biblioteca do Centro Universitário Atenas, além de sites científicos, como a Agência Nacional de Águas (ANA).

As palavras-chave utilizadas para a busca serão: sistemas de captação de água da chuva, reservatórios de água, recursos hídricos.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O primeiro capítulo inicia com a introdução, apresentando a contextualização do estudo; formulação do problema de pesquisa; as proposições do estudo; os objetivos geral e específico; as justificativas, relevância e contribuições da proposta de estudo; a metodologia do estudo, bem como a definição estrutural da monografia.

O segundo capítulo descreve a metodologia escolhida para captar a água da chuva e como realizar o seu tratamento para ser utilizada.

No terceiro capítulo, é apresentado o modelo adotado para o reservatório e dados relacionados à quantidade de chuva e modelos de cálculos de viabilidade, além dos materiais necessários para a implantação.

O quarto capítulo aborda os benefícios e malefícios de se utilizar a água da chuva.

O quinto capítulo apresenta as considerações finais, trazendo a relevância e os objetivos alcançados.

2 CARACTERIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE CAPTAÇÃO E TRATAMENTO DEÁGUA PLUVIAL

A água proveniente da chuva é considerada “esgoto”, pois cai sobre telhados e pisos com destino aos bueiros, agindo como solvente universal. Logo no início da chuva, apenas as primeiras águas carregam ácidos, micro-organismos e outros poluentes. No entanto, pouco tempo após o início da precipitação, a água já adquire características de água destilada, devido à limpeza de seu percurso, o que a torna adequada para ser armazenada em reservatórios fechados para uso posterior.

A captação e tratamento de água pluvial são elementos essenciais para a gestão sustentável dos recursos hídricos, especialmente em áreas urbanas. Conforme destacado por Silva (2018), a demanda crescente por água potável e o aumento das áreas impermeabilizadas têm gerado pressões significativas sobre os sistemas de abastecimento convencionais, tornando a adoção de práticas de aproveitamento de água de chuva uma alternativa viável e eficaz. No contexto urbano, a água pluvial pode ser captada por meio de diferentes tecnologias, como calhas, ralos, e cisternas. De acordo com Oliveira et al. (2017), a captação deve ser realizada de forma a garantir a qualidade da água armazenada, evitando a contaminação por materiais sólidos e poluentes presentes nas superfícies de captação.

O tratamento da água pluvial captada é fundamental para garantir sua potabilidade e segurança para uso. Segundo Santos (2016), os métodos de tratamento mais comuns incluem a filtração, a cloração e a desinfecção por raios ultravioleta, que visam remover impurezas e microrganismos patogênicos presentes na água. É importante ressaltar que a qualidade da água pluvial pode variar conforme a região e as condições climáticas. De acordo com Lima (2019), fatores como a intensidade da chuva, a duração do evento pluviométrico e a presença de poluentes atmosféricos podem influenciar na composição química e microbiológica da água.

Além dos benefícios ambientais e econômicos, a utilização de sistemas de captação e tratamento de água pluvial contribui para a redução da demanda sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Segundo Gonçalves (2018), essa prática está alinhada aos princípios da sustentabilidade e da gestão integrada dos recursos hídricos. A implementação de sistemas de captação e tratamento de água pluvial também pode contribuir para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Conforme destacado por Souza (2015), a redução da demanda por água potável proveniente de fontes convencionais pode minimizar a pressão sobre os ecossistemas aquáticos vulneráveis.

No entanto, é necessário considerar alguns desafios relacionados à implementação desses sistemas, como a necessidade de adequação das normas e legislações vigentes. De acordo com Rocha (2018), a falta de regulamentação específica pode dificultar a adoção generalizada dessas tecnologias, especialmente em áreas urbanas consolidadas. Outro aspecto a ser considerado é a conscientização e educação da população quanto à importância da utilização racional da água. Conforme apontado por Silva (2016), a promoção de campanhas educativas pode sensibilizar os indivíduos sobre a necessidade de conservação dos recursos hídricos e o uso adequado da água de chuva.

A integração de sistemas de captação e tratamento de água pluvial com outras tecnologias, como sistemas de reuso de água, pode ampliar os benefícios ambientais e econômicos dessas práticas. Segundo Lima (2017), a combinação de diferentes tecnologias pode contribuir para a redução do consumo de água potável e o aumento da sustentabilidade hídrica das edificações. Para que os benefícios dos sistemas de captação e tratamento de água pluvial sejam maximizados, é fundamental o envolvimento de diferentes atores sociais, incluindo governos, empresas e sociedade civil. Conforme ressaltado por Santos (2019), a participação ativa desses atores pode promover a disseminação dessas práticas e a consolidação de uma cultura de uso sustentável da água.

2.1 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA

O sistema para captação e reutilização de águas pluviais, de acordo com On Engenharia Ambiental e Sanitária (2016), consiste em um dispositivo de coleta de água da chuva, projetado para recolher a água que cai nos telhados das construções.

Pode-se utilizar um sistema de calhas no telhado para essa captação, que direciona a água para um filtro inicial, onde são removidas folhas, galhos e outros detritos maiores. A calha é um tubo aberto na parte superior, semelhante a um canal, feito de diferentes materiais, como PVC, cobre, zinco, entre outros, e é utilizada principalmente para direcionar a água da chuva para locais específicos.

2.2 FILTRO PARA TRATAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA

Trata-se de um dispositivo no qual a água não tratada é direcionada das calhas para um primeiro processo de tratamento, onde são retidas impurezas como folhas, galhos, etc. Para a filtragem, será utilizado um filtro VF1 conforme a Figura 2. Esse filtro foi desenvolvido para facilitar projetos de aproveitamento de água da chuva em áreas de telhados intermediários, onde é necessário equilibrar a vazão em relação às instalações hidráulicas.

Assim, de maneira simples, o filtro VF1 filtra a água da chuva proveniente de telhados com até 200 m², sem causar problemas ao sistema de drenagem pluvial da construção.

FIGURA 2-Filtro VF1.

Fonte: ECOCASA (2019).

O filtro VF1 foi projetado para ser instalado diretamente abaixo do solo, sem a necessidade de construir qualquer proteção em alvenaria. Recomenda-se manter o acesso à sua tampa superior para permitir inspeções esporádicas em seu interior. As entradas e saídas do filtro podem ser facilmente conectadas aos tubos de PVC comumente usados em instalações hidráulicas.

2.2.1 ACESSÓRIOS COMPLEMENTARES AO FILTRO

Ao filtro VF1, adicionam-se alguns acessórios para melhorar sua eficácia, conforme mostrado na FIGURA 3. Esses acessórios incluem um freio d’água de 100 mm, um multisifão ladrão e um conjunto flutuante de 1 polegada, formando o kit VF1. Além de atender à norma técnica NBR 15.527/2007 da ABNT para o aproveitamento de água da chuva, o kit garante a qualidade da água coletada e armazenada no reservatório por longos períodos de tempo.

FIGURA 3-Kit VF1

Fonte: ECOCASA (2019).

Freio d’água: O freio d’água é instalado na parte inferior do reservatório, conectado ao filtro por meio de um tubo de PVC de 100 mm. Sua função é reduzir a velocidade de entrada da água filtrada e evitar a agitação das partículas finas decantadas no reservatório. Aumentando o diâmetro de saída, a velocidade de entrada da água é consideravelmente reduzida, evitando turbulências e impedindo que a camada de sedimentos seja remexida.

Sifão Ladrão: O sifão ladrão, também conhecido como ladrão, atua contra odores e aspira a superfície da água armazenada, evitando o apodrecimento da água. O transbordamento regular é importante para manter a qualidade da água, evitando possíveis contaminações. A lâmina d’água pode transportar poeira e outros contaminantes, por isso o transbordamento é essencial.

Conjunto Flutuante 1″: A água da chuva não deve ser retirada diretamente do ponto mais baixo do reservatório, pois isso poderia resultar na sucção de partículas de sedimentos para a tubulação. Portanto, é recomendável aspirar a água de regiões próximas à superfície da água do reservatório. O conjunto inclui uma boia de 25 cm de diâmetro, um filtro-cesta (malha de 1,2 mm), uma válvula anti-retorno de 1″ em aço inoxidável, um conector para tubos de PE de 1″ e 2,5 metros de mangueira de 1″.

3 IMPLANTAÇÃO DO RESERVATÓRIO DA ÁGUA CAPTADA

A quantidade de chuva é o fator determinante para estimar o potencial de captação, sendo que quanto maior a precipitação, maior a captação esperada.

O índice anual de chuva (quantidade que cai ao longo do ano) do local onde se pretende instalar o sistema é uma informação crucial. O índice pluviométrico mede quantos milímetros chovem por ano em um metro quadrado. Com base em informações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), é possível observar a precipitação na cidade de Paracatu no ano de 2018 na FIGURA 4.

FIGURA 4Precipitação da cidade de Paracatu no ano de 2018.

Fonte: INMET- Instituto Nacional de Meteorologia (2019).

3.1 ÍNDICE PLUVIOMÉTRICO

O índice pluviométrico é uma medida em milímetros que representa a quantidade total de água (chuva, neve, granizo) que cai em um determinado local durante um período específico de tempo. No estudo realizado em Paracatu, a precipitação média foi obtida por meio do INMET, conforme mostrado na Figura 5, que apresenta a média de precipitação em cada mês do ano.

3.2 IMPLANTAÇÃO DO RESERVATÓRIO

Conforme modelo disponibilizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o armazenamento será composto por três reservatórios, sendo dois com capacidade adequada para atender o definido no projeto, localizados na área inferior próxima à calha, e outro posicionado na parte superior da residência (caixa d’água), que fornecerá água pluvial para reuso nas áreas desejadas.

Os reservatórios terão um respiro, que permite a variação da pressão interna devido à entrada ou saída de água, além de um pequeno vertedouro para evitar que a capacidade seja excedida, com descarte para um sumidouro.

A residência terá obrigatoriamente duas caixas d’água para atendimento, sendo que uma delas será abastecida pela empresa responsável pelo fornecimento de água e será utilizada para atender os usos em que é necessário melhor qualidade da água, ou seja água tratada com a química que se usa nos tratamentos executados pela concessionária. A outra caixa será abastecida pelo reservatório inferior através de uma bomba Anauger 900 (Figura 6) que capta a água oriunda da chuva e possuirá 2 boias de nível, sendo que uma elétrica para o reservatório da água da chuva e um boia comum para a água fornecida pela concessionária como forma alternativa para os períodos de seca em que a precipitação é limitada.

Portanto, a caixa responsável para usos não potáveis como: descarga de sanitários, lavar carros, lavar pisos, irrigação de áreas ajardinadas entre outros possuirá duas fontes de abastecimento. Sendo que funcionará de forma automática com a boia elétrica conforme a demanda existente e em caso de falta de água no reservatório, está será desligada e será aberto o registro de gaveta que permitirá a passagem de água da concessionária para não prejudicar o funcionamento do sistema.

3.2.1 BOMBA ANAUGER 900

A Bomba Anauger 900, conforme ilustrada na FIGURA 5, possui a maior capacidade de vazão da linha Anauger. Tem uma saída de 1 polegada, o que reduz o atrito na mangueira conectada diretamente à bomba. Isso proporciona condições ideais para as vazões oferecidas pela bomba, com excelente desempenho em maiores vazões, atendendo às necessidades de água de uma residência. De acordo com as informações do fabricante, acompanha a bomba 3 abraçadeiras e 1 curva suporte para instalação.

FIGURA 5-Bomba Anauger 900.

Fonte: Anauger (2019).

3.3 MODELO DE UMA RESIDÊNCIA E COMO FICARIA DISPOSTO O SISTEMA

Para iniciar a implementação de um sistema como este, é necessário ter um projeto que mostre como as tubulações e outros componentes do sistema seriam dispostos, para determinar onde a água pluvial seria utilizada na residência, conforme mostrado na FIGURA 6.

FIGURA 6-Modelo do sistema de captação e armazenamento de água pluvial (planta baixa).

Fonte: Elaborada pelo autor (2024).

3.4 MODELO DE UM CORTE MOSTRANDO A DISPOSIÇÃO DOS RESERVATÓRIOS

Por meio do corte, é possível identificar o funcionamento do sistema, conforme representado na FIGURA 7, mostrando como a água é captada e direcionada para suas finalidades específicas.

FIGURA 7-Modelo do sistema de captação e armazenamento de água pluvial (corte).

Fonte: Elaborada pelo autor (2024)

3.4 MATERIAIS UTILIZADOS NO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO

Na Tabela 3, são listados os materiais necessários para a implantação do projeto. O modelo apresenta um esquema hipotético, portanto, o comprimento das tubulações variará de acordo com o projeto, e devido às flutuações do mercado, os preços dos materiais não serão divulgados.

TABELA 3 – Materiais Usados para Implantação do Projeto.

3.5 CÁLCULO DO VOLUME DE ÁGUA CAPTADO

Para determinar a quantidade de água captada, é necessário multiplicar a área do telhado pela precipitação média anual, conforme indicado na Equação 1:

3.5.1 CÁLCULO DA ECONOMIA NA TAXA DE ÁGUA

Para calcular a economia na taxa de água, basta multiplicar o valor do metro cúbico (valor cobrado por unidade de volume de água pelo responsável pelo fornecimento de água na cidade) pelo volume captado. Dessa forma, obtemos o valor economizado por ano na taxa de água, conforme indicado na Equação 2.

3.5.2 CÁLCULO DO RETORNO DO INVESTIMENTO

Para calcular o retorno do investimento, é necessário dividir o valor investido pela economia anual obtida com a implantação do sistema de captação e reaproveitamento da água pluvial, conforme mostrado na Equação 3.

3.6 IMPORTÂNCIA DO REUSO DE ÁGUA

O conjunto das atividades humanas, cada vez mais variadas, acompanhado pelo aumento da população, está demandando maior atenção às necessidades de uso de água para diversas finalidades. Uma das alternativas que tem sido apontada para lidar com esse problema é o reuso de água, um instrumento importante de gestão ambiental do recurso hídrico, com tecnologias já consolidadas para sua utilização adequada (PHILIPPI, 2007). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo global de água aumentou mais de seis vezes em menos de um século, mais que o dobro das taxas de crescimento da população, e a tendência é continuar aumentando.

Conforme Mancuso et al. (2007), a aceitação pública é o elemento mais crucial para determinar o sucesso ou fracasso de um programa de reuso de água. A experiência internacional tem mostrado que projetos desse tipo podem ser tecnicamente viáveis, com água produzida com segurança comprovada pelos melhores procedimentos científicos disponíveis, e podem ser aceitos por agências governamentais de meio ambiente e saúde pública, mas ainda assim podem não ser aceitos pelo público.

4. BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS AO SE IMPLANTAR UM SISTEMA DE CAPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO PLUVIAL

A utilização de água da chuva apresenta diversas vantagens, conforme Aquastock (2005), como a redução do consumo de água da rede pública e do custo de fornecimento, evitando o uso de água potável em situações não necessárias, como descargas de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, entre outros. Os investimentos necessários para adotar a captação de água pluvial em telhados são mínimos em termos de tempo, atenção e dinheiro, e o retorno do investimento é positivo. Ecologicamente e financeiramente, faz sentido não desperdiçar um recurso natural escasso na cidade, que está disponível em abundância em nossos telhados. Além disso, ajuda a reduzir enchentes, ao represar parte da água que seria drenada para galerias e rios, promove a conservação de água, a auto-suficiência e uma postura ativa em relação aos problemas ambientais urbanos.

De acordo com Nardocci et al. (2007), existem duas razões principais para se preocupar com a saúde humana e o meio ambiente relacionadas à reutilização da água: a poluição dos recursos hídricos e as limitações das técnicas de tratamento de água, que, apesar dos avanços, ainda não conseguem remover completamente todos os materiais indesejados. Portanto, é importante considerar a relação risco/benefício e a relação custo/efetividade da tecnologia de tratamento, pois quanto maior o uso esperado, maior o custo do investimento necessário.

O gerenciamento de riscos consiste em um conjunto de procedimentos, regras e normas projetadas para controlar e minimizar riscos, envolvendo escolhas técnicas, jurídicas, decisórias, sociais, políticas e culturais relacionadas aos problemas de risco na sociedade (NARDOCCI, 2007).

  • Blum et al. (2007) destacam cinco critérios gerais de qualidade no planejamento de sistemas de reuso:
  • O reuso não deve apresentar riscos sanitários à população;
  • O reuso não deve gerar objeções por parte dos usuários;
  • O reuso não deve causar danos ao meio ambiente;
  • A fonte de água a ser tratada para reuso deve ser segura em termos de quantidade e qualidade;
  • A qualidade da água deve atender às exigências para os usos pretendidos.

5. DISCUSSÃO

A captação e o armazenamento de água pluvial em residências unifamiliares oferecem uma série de benefícios ambientais e econômicos. Em termos ambientais, esses sistemas ajudam a preservar os recursos hídricos naturais, reduzindo a pressão sobre rios e aquíferos.

Além disso, ao reduzir a demanda por água potável, contribuem para a conservação desses recursos e para a redução do escoamento pluvial, o que ajuda a prevenir enchentes urbanas.

Do ponto de vista econômico, a utilização da água pluvial resulta em economia financeira para os usuários. Ao aproveitar a água da chuva para atividades como irrigação de jardins e lavagem de carros, os moradores reduzem sua dependência da água fornecida pela rede pública, o que pode levar a uma redução significativa na conta de água.

Além dos benefícios ambientais e econômicos, a captação e armazenamento de água pluvial também contribuem para a segurança hídrica das residências. Em regiões onde a disponibilidade de água potável é limitada, esses sistemas podem garantir o acesso a uma fonte alternativa de água, reduzindo a vulnerabilidade em períodos de escassez ou restrição no abastecimento público.

É importante ressaltar que, apesar dos benefícios, a implantação de sistemas de captação e armazenamento de água pluvial apresenta alguns desafios. Entre eles, destacam-se o investimento inicial em equipamentos e infraestrutura, a necessidade de manutenção regular dos sistemas e a conscientização e engajamento dos moradores. No entanto, os benefícios a longo prazo superam esses desafios, tornando a captação e armazenamento de água pluvial uma prática altamente benéfica e sustentável para o meio ambiente e para as comunidades.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que ao reutilizar a água da chuva, contribui-se com o meio ambiente e com a redução da conta de água, pois por meio desse recurso é possível armazenar um recurso que se torna cada vez mais escasso e caro.

Por outro lado, contribui-se para a redução do escoamento superficial nas cidades. No entanto, com o desenvolvimento urbano ao longo do tempo, observase cada vez mais concreto e menos áreas permeáveis, além de sistemas de drenagem ineficientes, o que aumenta significativamente o escoamento superficial. É necessário buscar medidas sustentáveis para controlar o escoamento na fonte do problema, por meio da recuperação da capacidade de infiltração ou da detenção do escoamento adicional gerado pelas superfícies urbanas.

Com base em um sistema amplamente difundido em países desenvolvidos, ao trazê-lo para nossa realidade, fica evidente ao longo do estudo que é uma prática eficaz e de implantação acessível, as hipóteses são confirmadas, mostrando a relevância do tema.

Apesar de o Brasil ser um dos países com maior disponibilidade de água, algumas regiões enfrentam problemas com baixo índice pluviométrico e/ou água de má qualidade. Mesmo com índices baixos, o sistema é viável. Portanto, a implantação do sistema de captação e armazenamento de água da chuva trará melhorias ambientais, contribuindo assim para mitigar os impactos atuais da drenagem urbana e também para reduzir o consumo de água não potável, além da economia na conta de água.

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