CANABINOL FOR NON-AWFUL TREATMENT AND ITS APPLICABILITY IN ANXIETY
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10137255
Ester Lopes Da Costa¹
Viviane Marinho Dos Santo²
RESUMO
A utilização do Canabidiol no tratamento doloso vem sendo bastante estudado a sua eficácia, em especial no tratamento da ansiedade. Algumas pesquisas já comprovam o efeito ansiolítico desta substância desta doença, esses resultados positivos são promissores para a implementação de um protocolo que utilize o Canabidiol como alternativa. Para investigar os avanços recentes da utilização do Canabidiol no tratamento não doloso, e quais são sua aplicabilidade na ansiedade, este trabalho realizou um levantamento bibliográfico na base de dados do Google Acadêmico e no ResearchGate, obedecendo as regras de exclusão e inclusão foram selecionados doze artigos para análise. A grande maioria dos artigos mostraram que o Canabidiol apresenta propriedades ansiolíticas, além de ser considerada segura para o tratamento da ansiedade.
Palavras-chave: Cannabis. Ansiolítico. Medicamento.
ABSTRACT
The use of Cannabidiol in the treatment of intentional use has been extensively studied for its effectiveness, especially in the treatment of anxiety. Some research already proves the anxiolytic effect of this substance of this disease, these positive results are promising for the implementation of a protocol that uses Cannabidiol as an alternative. To investigate the recent advances in the use of Cannabidiol in non-infulfillment treatment, and what are its applicability in anxiety, this work conducted a bibliographic survey in the Google Scholar database and ResearchGate, obeying the rules of exclusion and inclusion, twelve articles were selected for analysis. The vast majority of articles showed that Cannabidiol has anxiolytic properties, in addition to being considered safe for the treatment of anxiety.
Keywords: Cannabis. Anxiolytic. Medication.
1. INTRODUÇÃO
A ansiedade se tornou um dos problemas mentais mais predominantes nos tempos atuais. Esse transtorno têm a característica de antecipação excessiva em relação ao futuro associado ao medo, levando o paciente a apresentar distúrbios comportamentais muitas vezes associado a crise de pânico (WRIGHT et al., 2020).
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil a média de pessoas com ansiedade é de 9,3%, o que representa a maior taxa de pessoas com esse transtorno, esses pacientes apresentam desconfortos emocionais e físicos, sendo necessário em muitos casos o uso de ansiolíticos (SILVA, 2020). Esse dado reforça a necessidade de termos uma maior atenção aos casos de ansiedade em nosso país.
A ansiedade é um desequilíbrio entre os mediadores estimulantes e os depressores centrais, que irão agir como agentes etiológicos. Mas não se sabe todos os fatores que são envolvidos, estruturas e mecanismos (ZANELLATI & SALAZAR, 2021). Segundo Silva (2010), os atuais fármacos não têm caráter curativo, apenas paliativo, o que pode atenuar o desequilíbrio do paciente. Portanto, existe esse desafio na descoberta de um novo ansiolítico.
A evolução dos conceitos de ansiedade são paralelos à evolução do uso terapêutico da Cannabis. A utilização da Cannabis Sativa já vem sendo utilizada há cerca de milhares de anos pelas suas propriedades terapêuticas ansiolíticas, sendo descritas pelos indianos, pelas suas capacidade de ser utilizada como tranquilizante ( BRATTACHARYYA et al., 2018). Sendo assim, houve um interesse quanto aos estudos utilizando a Cannabis para fins terapêuticos, surgindo o sistema endocanabinoide que possibilita o desenvolvimento de medicamentos que têm como base a Cannabis (ZANELLATI & SALAZAR, 2021).
A Cannabis é uma planta que é conhecida popularmente como maconha, apresenta propriedades medicinais, através de efeitos sedativos, antiemético e analgésico, além disso, exerce uma ação no sistema nervoso central, o que gera sensação de bem-estar, euforia e alucinações (CORRÊA et al., 2020). A Cannabis apresenta alguns benefícios no tratamento de algumas doenças, entretanto, ainda existe resistência quanto ao seu uso, devido a fatores sociais e políticos. Contudo, o objetivo principal deste trabalho foi realizar um levantamento bibliográfico sobre a utilização do Canabidiol (CBD) no tratamento não doloso, e quais são as suas aplicabilidades na ansiedade.
2. METODOLOGIA
Foi feito um levantamento da literatura em agosto de 2023, nas bases de dados ResearchGate e Google Acadêmico. Os descritores utilizados foram os seguintes: “Canabidiol” AND “Tratamento” AND “Ansiedade” e “Canabiol” AND “Treatment” AND “Anxiety” em todas as bases de dados.
Desse modo, foram selecionados 5. artigos sendo incluídos segundo os critérios de elegibilidade conforme a Figura 1. Os critérios de inclusão foram: artigos nos idiomas inglês e português, nos últimos cinco anos, envolvendo o Canabidiol para o tratamento não doloso, dando ênfase na ansiedade. Os critérios de exclusão foram artigos de revisão de literatura.
Figura 1 – Critérios de seleção dos artigos encontrados no Google Acadêmico.
Fonte: Próprio autor, 2023.
Figura 2 – Critérios de seleção dos artigos encontrados no ResearchGate.
Fonte: Próprio autor, 2023.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
| AUTOR | ANO | TÍTULO | OBJETIVO GERAL | RESULTADOS |
| ANDERSON, et al. | 2021 | Citalopram and Cannbidiol: In vitro and vivo evidence of pharmacokinetic interactions relevant to the treatment of anxiety disorders in young people | Avaliar se é possível a interação do CBD com o metabolismo pelo CYP450 de 3 antidepressivos ISRS (fluoxetina, sertralina e citalopram). | Os médicos devem continuar atentos com a administração de CDB em pacientes que estejam em tratamento com esses antidepressivos. |
| BLOOMFIEL D, et al. | 2022 | The acute effects of cannabidiol on emotional processing and anxiety: a neurocognitive imaging study. | Avaliar a ansiólise induzida pelo CBD a partir de uma perspectiva neurocognitiva para investigar mecanismos dos candidatos. | A dose única de 600 mg de CBD não alterou o processamento emocional de uma amostra saudável. |
| DAHLGREN, el al. | 2022 | Clinical and cognitive improvement following full-spectrum, high-cannabidiol treatment for anxiety: apen-label data from a two-stage, phase 2 clinical trial. | Avaliar o potencial do CBD para novas estratégias de tratamento, examinando seu impacto nos produtos da cognição. | Os pacientes mantiveram e alcançaram a redução dos sintomas da ansiedade, além disso apresentaram poucos efeitos colaterais. |
| HUTTEN, et al. | 2022 | Cannabis containing equivalent concentrations of delta-9-tetrahydroca nnabinol (THC) and cannabidiol (CBD) induces less state anxiety than THC-dominant cannabis. | Examinar se a ansiedade após dose única de THC, CBD e THC/CBD vaporizados pode ser explicada pelos níveis de ansiedade, estado e traço no início do estudo. | A Cannabis equivalente a THC/CBD induziu menos a ansiedade do que a Cannabis proveniente de THC. |
| KNIGHT & CHAMBERL AIN | 2023 | The effects of Cannabidiol and seretonin on anxiety-like behavior in crayfish. | Avaliar se lagostins apresentam diminuição da ansiedade após uma dose de CBD, através de análise comportamental. | o CBD não mostrou influência em seus comportamentos, quando submetidos às doses utilizadas no estudo. |
| LACZKOVIC S, et al. | 2020 | Cannabidiol treatment in an adolescent with multiple substance abuse, social anxiety and depression. | Analisar o estudo de um paciente de 16 anos que foi tratado por abuso de múltiplas substâncias e que apresenta sintomas depressivos graves. | O paciente apresentou melhora após a cessação da medicação antidepressiva e o começo do tratamento com CBD. |
| MASATAKA | 2019 | Anxiolytic Effects of repeated Cannabidiol treatment in teenagers with social anxiety disorders. | Avaliar a eficácia do CBD comparando as pontuações FNE e LSAS mediadas antes do início da intervenção de 4 semanas. | Reforçam as evidências dos efeitos ansiolíticos do Canabidiol em adolescentes com ansiedade. |
| MOLTKE & HINDOCHA | 2021 | Reasons for cannabidiol use: a cross-sectional study od CBD users, focusing on self-perceived stress, anxiety, and sleep problems. | Compreender melhor os padrões de utilização, a dose e os efeitos auto percebidos do CBD. | O medicamento CDB é utilizado para controlar a ansiedade, o sono, o estresse, entre outros sintomas auto percebidos, em muitos casos em doses leves, e os padrões variam entre as características demográficas. |
| RIOS & DUMANI | 2022 | Cannabidiol as a personalized treatment for anxiety: clinical cases in Mexico. | Avaliar a eficácia e segurança do canabidiol isolado na composição de medicamentos utilizados como tratamento personalizado em pacientes com ansiedade. | A prescrição do CBD personalizada apresenta-se uma opção de tratamento com segurança e eficácia. |
| SANTOS | 2020 | Avaliação dos efeitos do Canabidiol sobre as alterações neuroimunoendócri nas e comportamentais induzidas pelo estresse em camundongos. | Avaliar o efeito do CBC sobre as consequências comportamentais e neuroimunoendócrina s do estresse em comportamentos relacionados à depressão e ansiedade. | Os efeitos ansiolíticos do Canabidiol necessitam de uma melhor caracterização após tratamento prolongado. |
| SILVA | 2021 | Transtorno de ansiedade generalizada e tratamento com Canabidiol: um relato de caso. | Relatar caso clínico de paciente adulto com Transtorno de Ansiedade Generalizada em uso de Canabidiol apresentando boa eficácia e tolerabilidade. | O Canabidiol é uma alternativa, pois em baixas doses tornou-se eficaz no Transtorno de Ansiedade Generalizada. |
| SPINELLA, et al. | 2021 | Evaluating cannabidiol (CBD) expectancy effects on acute stress and anxiety in healthy adults: a randomized crossover study. | Avaliar a expectativa do CBD por si só poderia influenciar o estresse, a ansiedade e o humor, e até que ponto as crençassobre os efeitos do CBD previam essas respostas. | O CDB impactou diversas respostas subjetivas e fisiológicas, relacionadas aos efeitos ansiolíticos. |
De acordo com Anderson et al. (2021), os medicamentos comuns metabolizados por CYP450 (sertralina, fluoxetina e mirtazapina) tiveram mínima interferência pelo CBD. Entretanto, os resultados da interação entre o CBD e o citalopram (escitalopram) revelaram algumas alterações. Sendo necessário que os médicos permaneçam vigilantes quanto aos pacientes que são tratados com esses antidepressivos e que tenham o CBD adicionado ao seu tratamento. Já existem estudos que confirmam que o CBD afeta o metabolismo, de forma a inibir a absorção medicamentos, que são metabolizados por algumas enzimas, como por exemplo os medicamentos que precisam do CYP2C9 (YAMAORI et al., 2012).
As medidas utilizadas por Bloomfield et al. (2022), não apresentaram resultado nulo nos efeitos do CBD em relação aos corretos neurais e comportamentais, através da avaliação das emoções. Resultados semelhantes foram encontrados no trabalho de Arndt e Wit (2017), os efeitos comportamentais do CDB foram considerados mínimos. Em contrapartida, o autor Zuardi e colaboradores (2017) relataram que a CBD atenuou os efeitos da ansiedade. Esses resultados divergentes podem ter relação com a natureza dependente da dose utilizada em cada estudo.
Os resultados iniciais do trabalho de Dahlgren et al. (2022) demonstraram que houve uma melhoria no quadro de ansiedade dos pacientes avaliados, havendo uma estabilização e redução de 15% dos sintomas da doença na maioria dos participantes do estudo, em apenas 1 semana de tratamento. Além disso, nos resultados secundários do estudo os autores relataram uma melhoria no humor, qualidade de vida e funcionamento executivo e na qualidade do sono. Um dos benefícios do uso da CBD está relacionado ao baixo risco de efeitos adversos graves e também colaterais, que em muitos outros fármacos utilizados no tratamento da ansiedade apresentam uma variedade de riscos à saúde do paciente (SAGAR et al., 2021).
No trabalho de Hutten et al. (2022) os pacientes que foram tratados com a Cannabis contendo delta-9-tetrahidrocanabidiol (THC) e CBD tiveram uma maior redução no quadro de ansiedade em comparação aos que foram tratados com a Cannabis contendo apenas CBD. A relação do THC e CBD precisa de um maior aprofundamento, em estudos pré-clínicos de Rock et al. (2017) revelam que uma proporção mais elevada de CBD para THC não teve um comportamento ansiogênico do THC, e não atenuou o efeito do THC.
O estudo de Knight e Chamberlain (2023) investigou o CBD com ansiolítico em lagostins, nele os pesquisadores utilizaram o 5-HT com estressor nos animais, e o CBD como redutor deste estresse. Neste experimento os lagostins não apresentaram preferência pela escuridão independente da dosagem utilizada. Estes resultados divergem do trabalho de Timmer (2020), em que o CBD reduz os efeitos da ansiedade nos lagostins, evidenciado pela prevalência de maior tempo em áreas escuras.
No estudo de caso publicado pelo autores Lackovics et al. (2020) o paciente tratado com CBD e antidepressivo foi observada uma melhora significativa nos sintomas de depressão e ansiedade, dando enfoque em sintomas como fobias, paranóias e dissociação. Além disso, o autor relata que o paciente parou sua dependência de drogas, sem os efeitos da abstinência. Tratamentos que são realizados com pacientes que são dependentes de drogas ilegais apresentam uma atenção maior e estudos mais específicos, alguns estudos já foram realizados, alguns usando a junção de CBD e THC, os resultados são promissores e evidenciam a melhora tanto na ansiedade quanto da abstinência a drogas (ALLSOP et al., 2014; TRIGO et al., 2016).
Resultados do estudo de Masakata (2019) reforçam a evidência dos efeitos ansiolíticos da CBD, quando o tratamento é realizado em doses administradas repetidamente, em adolescentes diagnosticados com Transtorno de ansiedade social (TAS). No entanto, o autor reconhece que seu estudo necessita de melhores análises clínicas, como um ensaio de CBD à nível sanguíneo, assim como, uma avaliação sociodemográfica. Segundo Teo (2010), adolescentes socialmente ansiosos apresentam algumas barreiras em relação ao estigma associado a problemas mentais, frente a isto, devemos avançar nos tratamentos alternativos que irão englobar e incentivar a busca por esse tratamento. Conforme Assunção e Silva (2022) existe a necessidade de realizarmos mais testes em populações específicas.
Os autores Moltke e Hindocha (2021), em seus resultados observaram que o CBD atém em dose considerada baixa ajudou a amenizar os sintomas da ansiedade O estudo cita o estresse, a ansiedade e problemas com sono, como se do um dos problemas mais comuns relacionados a saúde mental atualmente, sendo necessário mais pesquisas envolvendo novas formas de tratamento, dentre estas está o tratamento com CBD. Embora necessitamos de pesquisas com maiores ensaios clínicos, já existem evidências do efeito ansiolítico do CBD em animais e humanos (FARIA et al., 2020; ELMS et al., 2019).
O estudo de caso documentado por Rios e Dumani (2022), se agrega aos resultados já publicados sobre as evidências ansiolíticas e segura do uso de CBD no tratamento da ansiedade. Os pacientes descritos no estudo apresentaram uma redução no quadro da ansiedade e dos sintomas relacionados, além disso, não apresentaram nenhum efeito adverso. Embora os resultados sejam promissores, deve-se analisar e interpretar com cautela, uma vez que esse estudo apresenta uma amostra pequena de pacientes com características muito específicas. outros estudos de caso já foram publicados reforçando a eficácia do CBD no tratamento de problemas mentais (LACZKOVICS et al., 2020; KIIER et al., 2019).
Na pesquisa de Santos (2020) os camundongos não apresentaram melhora comportamental com o tratamento repetido de CBD, com 10 e 30 mg/kg, frente a esse resultado o autor evidencia a necessidade de mais estudos quanto a caracterização dos efeitos ansiolíticos do CBD quando o tratamento é prolongado. Para Campos et al. (2013) a exposição a diferentes estressores podem induzir alterações comportamentais, químicas e estruturais.
Segundo Silva (2021), o CBD se mostrou uma importante alternativa no tratamento do Transtorno da ansiedade generalizada, mesmo em pacientes que foram tratados com baixas doses de CBD, sendo considerada pelo autor uma droga segura e com pouco ou nenhum efeito colateral. Em relação às doses indicadas no tratamento existem diversos estudos, para Moreira e colaboradores (2015) o CBD causa efeito ansiolítico entre 300 a 600 mg. No entanto, deve-se sempre ser analisado cada caso, visto que ainda não existe um consenso entre os órgãos competentes.
A descoberta de SPINELLA et al. (2021) revelou que o óleo de CBD amenizou os sintomas da ansiedade, além disso o autor observou que a expectativa dos pacientes pode influenciar no efeito ansiolítico da CBD. Segundo Kirsch (2018) os estudos devem ter o cuidado com as expectativas dos pacientes, pois a ideia de certa crença pode provocar ou amplificar uma ocorrência tendenciosa.
REFERÊNCIAS
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AGRADECIMENTOS
A Universidade Nilton Lins, pela estrutura acadêmica que possibilitou a realização deste trabalho e pelo crescimento profissional, que me propiciou durante os anos da realização da graduação.
E aos professores e professoras da instituição, por todo o embasamento teórico e prático que foram adquiridas durante a realização das disciplinas, que agregaram na minha formação acadêmica.
Sou grata à minha orientadora, Profª Viviane Marinho dos Santos, pelas orientações que foram de grande relevância para a construção deste trabalho.
Agradeço a minha família que são fundamentais na minha vida e que me deram suporte para a construção da minha caminhada acadêmica.
1 Discente: Ester Lopes da Costa. ester.lopes16@gmail.com
2 Docente: Viviane Marinho Dos Santoa. aleixo48@gmail.com