BURNOUT IN MEDICAL STUDENTS AND HEALTH PROFESSIONALS: AN INTEGRATIVE REVIEW OF CAUSES, IMPACTS AND PREVENTION STRATEGIES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501311446
Amanda Corrêa Rocha Bortoli¹; Bárbara Hellen Alves Pereira2; Daniele Samira Figueiredo3; Jean Victor Coutinho Mascarenhas4; Jennifer Oliveira Roling5; Julia Sanches Negrão6; Luanna Elvira de Medeiros7; Manoela Ribeiro Freitas8; Marcus Ronan Ferreira da Silva9; Maxsuella de Sousa Gomes10; Michelle Patrick de Mello Leão11; Raylanny Maria Lima de Vasconcelos12; Stefany Brenda Mesquita Gomes13; Thalita Melany Souza Cardoso14; Yasmim Spolti Beneli15
RESUMO
O burnout é um problema crescente entre estudantes de medicina e profissionais da saúde, caracterizando-se por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Este estudo realizou uma revisão integrativa da literatura para investigar as principais causas, impactos e estratégias de prevenção do burnout nesses grupos. A revisão revelou que fatores acadêmicos e institucionais (carga horária excessiva, ambiente competitivo), fatores ocupacionais (sobrecarga de trabalho, contato frequente com sofrimento humano) e fatores emocionais e psicológicos (perfeccionismo, síndrome do impostor, falta de suporte social) são determinantes críticos no desenvolvimento do burnout. Os impactos dessa síndrome incluem comprometimento da saúde mental e física, aumento dos erros médicos, desistência da carreira e prejuízos para o sistema de saúde. As estratégias preventivas discutidas envolvem intervenções individuais (resiliência, mindfulness, suporte psicológico), institucionais (ajustes na carga horária, programas de bem-estar) e políticas públicas para melhorar as condições de trabalho e estudo. Conclui-se que a abordagem para mitigar o burnout deve ser multidimensional e integrada, promovendo uma mudança na cultura acadêmica e profissional para garantir um ambiente mais saudável para estudantes e profissionais da saúde.
Palavras-chave: Burnout; Estudantes de Medicina; Profissionais da Saúde; Saúde Mental; Síndrome do Impostor; Qualidade de Vida.
ABSTRACT
Burnout is a growing issue among medical students and healthcare professionals, characterized by emotional exhaustion, depersonalization, and low professional fulfillment. This study conducted an integrative literature review to investigate the main causes, impacts, and prevention strategies for burnout in these groups. The review revealed that academic and institutional factors (excessive workload, competitive environment), occupational factors (work overload, frequent exposure to human suffering), and emotional and psychological factors (perfectionism, impostor syndrome, lack of social support) are critical determinants in the development of burnout. The impacts of this syndrome include mental and physical health impairments, increased medical errors, career dropout, and systemic damage to healthcare services. Discussed preventive strategies involve individual interventions (resilience, mindfulness, psychological support), institutional actions (workload adjustments, well-being programs), and public policies to improve working and studying conditions. The study concludes that multidimensional and integrated approaches are essential to mitigating burnout, fostering a cultural shift in academic and professional environments to ensure a healthier atmosphere for students and healthcare professionals.
Keywords: Burnout; Medical Students; Healthcare Professionals; Mental Health; Impostor Syndrome; Quality of Life.
1 INTRODUÇÃO
O termo burnout foi inicialmente descrito na década de 1970 por Freudenberger, sendo posteriormente aprofundado e sistematizado por Maslach e Jackson, que desenvolveram o Maslach Burnout Inventory (MBI) para avaliar esse fenômeno. O burnout é um estado de exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal, geralmente associado a altos níveis de estresse ocupacional (Campos & Maroco, 2012). Esse quadro afeta, sobretudo, profissionais expostos a demandas intensas e situações emocionalmente desafiadoras, sendo especialmente prevalente na área da saúde.
No contexto médico, o burnout é um problema crescente, afetando tanto profissionais da saúde quanto estudantes de medicina, que enfrentam um ambiente altamente competitivo, exigente e emocionalmente desgastante. Shanafelt et al. (2015) apontam que a prevalência de burnout entre médicos e estudantes de medicina tem aumentado significativamente ao longo dos anos, comprometendo a qualidade de vida, o desempenho acadêmico e a segurança dos pacientes.
Estudos internacionais e nacionais indicam que o burnout é uma condição amplamente disseminada entre profissionais da saúde, com taxas superiores a 50% em algumas especialidades médicas e períodos específicos da formação acadêmica (Villwock et al., 2016). Entre os fatores contribuintes, destacam-se carga horária excessiva, pressão por alto desempenho, falta de suporte social e exposição constante ao sofrimento humano. Além disso, a síndrome do impostor — caracterizada por sentimentos persistentes de inadequação e medo de ser descoberto como uma “fraude” — tem sido apontada como um fator que agrava o desenvolvimento do burnout, particularmente entre estudantes e médicos em formação (Bravata et al., 2020).
O estudo do burnout na área da saúde é essencial devido às graves consequências que esse fenômeno pode gerar tanto no nível individual quanto institucional. Do ponto de vista individual, médicos e estudantes de medicina acometidos pelo burnout apresentam maior vulnerabilidade a distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade, além de um risco aumentado de abuso de substâncias e ideação suicida (Campos & Maroco, 2012).
No âmbito profissional e acadêmico, o burnout está diretamente associado a erros médicos, queda no desempenho acadêmico, absenteísmo e desistência da profissão. O impacto também se estende ao sistema de saúde, uma vez que a sobrecarga emocional e física dos profissionais compromete a qualidade do atendimento e a segurança dos pacientes (Shanafelt et al., 2015). Além disso, a alta incidência de exaustão emocional contribui para a evasão de profissionais e estudantes, gerando déficits no atendimento à população.
Dessa forma, torna-se fundamental a implementação de estratégias de prevenção e intervenção, tanto a nível individual (desenvolvimento de resiliência, suporte psicológico) quanto organizacional (ajustes na carga horária, promoção do bem-estar no ambiente acadêmico e hospitalar). Compreender os fatores que desencadeiam e agravam o burnout, bem como seus impactos e medidas preventivas eficazes, é crucial para assegurar a qualidade da formação médica e a segurança dos pacientes.
I Objetivo Geral
Investigar as principais causas, impactos e estratégias de prevenção do burnout em estudantes de medicina e profissionais da saúde.
II Objetivos Específicos
- Identificar os principais fatores de risco e causas do burnout nesse público.
- Analisar os impactos do burnout no desempenho acadêmico e profissional.
- Examinar estratégias eficazes de prevenção e mitigação da síndrome de burnout.
A crescente prevalência do burnout em estudantes de medicina e profissionais da saúde reforça a necessidade de estudos que aprofundem sua compreensão e busquem soluções eficazes. A relação entre burnout e síndrome do impostor, evidenciada por Bravata et al. (2020) e Villwock et al. (2016), sugere que sentimentos de inadequação e autopercepção negativa podem intensificar a exaustão emocional e a vulnerabilidade psicológica nesse grupo. Assim, ao investigar os fatores de risco, impactos e estratégias de prevenção do burnout, esta pesquisa contribuirá para a formulação de abordagens mais eficazes no enfrentamento desse problema e para a promoção de um ambiente acadêmico e profissional mais saudável.
2 RESULTADOS E REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Causas do Burnout
O burnout entre estudantes de medicina e profissionais da saúde é influenciado por diversos fatores, que podem ser categorizados em acadêmicos, ocupacionais, emocionais e socioeconômicos. Esses fatores se inter-relacionam e contribuem para o desgaste físico e mental desses indivíduos.
O ambiente acadêmico da área da saúde é altamente competitivo e exigente, o que contribui significativamente para o desenvolvimento do burnout. Henning et al. (1998) destacam que o perfeccionismo e a síndrome do impostor estão fortemente relacionados ao esgotamento emocional em estudantes de medicina, enfermagem, odontologia e farmácia. A busca incessante por excelência e o medo de falhar geram estresse crônico, impactando a saúde mental desses estudantes.
Além disso, a carga horária extensa e a pressão por alto desempenho são aspectos que exacerbam o esgotamento. Leach et al. (2019) analisaram a experiência de residentes de cirurgia e encontraram uma associação direta entre as longas jornadas de trabalho e a exaustão emocional, além de um aumento da despersonalização. A falta de tempo para descanso e lazer gera um ciclo de fadiga progressiva, impactando a motivação e a capacidade de aprendizado.
Para médicos e residentes, o burnout muitas vezes se desenvolve devido à sobrecarga de trabalho e à exposição contínua ao sofrimento humano. Oriel, Plane & Mundt (2004) observaram que residentes de medicina de família frequentemente enfrentam sentimentos de inadequação profissional, o que pode levar ao desenvolvimento do burnout. O contato constante com situações estressantes, responsabilidade sobre vidas humanas e falta de suporte institucional são fatores de risco significativos.
Além disso, a cultura médica tradicionalmente valoriza a resistência ao estresse, o que pode impedir profissionais de buscar ajuda. Esse fenômeno, amplamente discutido por Hu, Chibnall & Slavin (2019), revela que muitos estudantes e médicos evitam demonstrar fragilidade, o que agrava a progressão do esgotamento.
O perfeccionismo mal adaptativo e a síndrome do impostor são fatores psicológicos diretamente ligados ao burnout. Henning et al. (1998) e Hu, Chibnall & Slavin (2019) apontam que muitos estudantes de medicina e profissionais da saúde possuem um padrão elevado de autocrítica e têm dificuldades em reconhecer suas conquistas. Esse quadro psicológico leva a uma sensação constante de insatisfação profissional, aumentando o risco de esgotamento mental.
A falta de suporte social também desempenha um papel crucial. Muitos estudantes e profissionais enfrentam dificuldades em expressar suas angústias devido ao estigma associado ao sofrimento emocional dentro da medicina. Esse isolamento emocional pode levar ao desenvolvimento de ansiedade, depressão e exaustão emocional.
O contexto socioeconômico influencia diretamente o risco de burnout. Estudantes e médicos que enfrentam dificuldades financeiras podem experimentar níveis mais elevados de estresse e insegurança, aumentando sua vulnerabilidade ao esgotamento emocional. Além disso, em muitos países, a falta de políticas institucionais de apoio e a precarização do trabalho na área da saúde agravam ainda mais o quadro.
Esses fatores demonstram que o burnout na área da saúde não é um fenômeno isolado, mas sim um resultado da interação entre exigências acadêmicas, desafios ocupacionais, características psicológicas e influências socioeconômicas.
2.2. Impactos do Burnout
O burnout está fortemente associado a sintomas de ansiedade, depressão e exaustão emocional. Boni et al. (2018) encontraram uma alta prevalência de burnout entre estudantes de medicina nos primeiros anos de faculdade, o que sugere que o problema se manifesta precocemente na trajetória acadêmica. Esses sintomas podem levar a um comprometimento da saúde mental, resultando em quadros depressivos e aumento da ideação suicida.
Estudos como o de Swope, Thompson & Haidet (2017) apontam que a síndrome do impostor contribui para a vulnerabilidade psicológica desses indivíduos, exacerbando o medo do fracasso e a autodepreciação.
O burnout impacta diretamente o desempenho acadêmico e profissional, uma vez que a fadiga emocional reduz a capacidade de concentração, aprendizado e tomada de decisões. Segundo Levant, Villwock & Manzardo (2020), estudantes de medicina que apresentam altos níveis de impostorismo e esgotamento emocional tendem a ter dificuldades no desempenho acadêmico e clínico.
Além disso, o burnout está associado a erros médicos, absenteísmo e maior risco de desistência da carreira. Shanafelt et al. (2015) demonstraram que médicos com burnout apresentam menor satisfação profissional, o que impacta diretamente sua motivação e compromisso com o trabalho.
O burnout dos profissionais da saúde afeta não apenas os indivíduos, mas também a qualidade do atendimento médico e a segurança dos pacientes. Equipes exaustas são mais propensas a cometer erros, aumentando a incidência de eventos adversos no ambiente hospitalar. Além disso, o aumento dos níveis de esgotamento emocional pode resultar em altas taxas de rotatividade de profissionais, elevando os custos operacionais das instituições de saúde.
2.3. Estratégias de Prevenção e Mitigação
O desenvolvimento de habilidades de resiliência, mindfulness e estratégias de gerenciamento de estresse são essenciais para mitigar o burnout. Gottlieb et al. (2020) analisaram estratégias de enfrentamento para a síndrome do impostor e destacaram a importância do autoconhecimento e regulação emocional no combate ao esgotamento.
As instituições acadêmicas e hospitalares devem implementar medidas para reduzir a carga horária, oferecer suporte psicológico e promover programas de bem-estar. Hutchins & Rainbolt (2017) sugerem que identificar e tratar precocemente os sinais de impostorismo e exaustão pode prevenir a progressão do burnout. Além disso, Hutchins, Penney & Sublett (2018) destacam que o fortalecimento do suporte institucional pode reduzir significativamente os níveis de estresse e autodepreciação entre médicos e estudantes.
A formulação de políticas públicas que melhorem as condições de trabalho e estudo na área da saúde é essencial. Regan, Shumaker & Kirby (2019) argumentam que programas institucionais voltados ao bem-estar psicológico dos residentes podem ser eficazes na redução do esgotamento emocional.
O burnout em estudantes de medicina e profissionais da saúde é um problema complexo, influenciado por múltiplos fatores e com impactos significativos na saúde mental e no sistema de saúde. A implementação de estratégias eficazes de prevenção e mitigação é fundamental para garantir bem-estar profissional e qualidade do atendimento médico.
3 DISCUSSÃO
A análise dos estudos revisados confirma que o burnout em estudantes de medicina e profissionais da saúde é um fenômeno complexo, influenciado por múltiplos fatores, incluindo pressões acadêmicas, carga de trabalho excessiva, fatores emocionais e vulnerabilidades psicológicas, como o perfeccionismo e a síndrome do impostor. A intersecção entre essas variáveis contribui para altos índices de esgotamento emocional, afetando a saúde mental e o desempenho desses indivíduos.
3.1. Comparação dos Achados com Estudos Anteriores
Os resultados desta revisão são consistentes com pesquisas anteriores que demonstram que estudantes e médicos frequentemente enfrentam altos níveis de estresse e exaustão emocional devido às exigências da profissão. LaDonna, Ginsburg & Watling (2018) exploraram como médicos avaliam seu próprio desempenho e identificaram uma forte relação entre a autocrítica excessiva e a síndrome do impostor, um fator que contribui para o desenvolvimento do burnout.
Além disso, Bernard, Dollinger & Ramaniah (2002) sugerem que traços de personalidade, como neuroticismo e baixa autoestima, são preditores do impostorismo e, consequentemente, do esgotamento mental. Essa relação é corroborada por Maqsood et al. (2018), que identificaram níveis elevados de estresse psicológico entre estudantes de medicina que apresentavam características do impostorismo.
A influência do contexto cultural no desenvolvimento do burnout também foi evidenciada por Qureshi et al. (2017), que analisaram a prevalência do impostorismo em estudantes de medicina no Paquistão. O estudo destaca que, em sociedades onde há altas expectativas sociais e acadêmicas, a pressão sobre os estudantes é intensificada, aumentando a vulnerabilidade ao burnout.
Esses achados reforçam a hipótese de que o burnout não é apenas um fenômeno relacionado à carga de trabalho, mas também à maneira como os indivíduos internalizam e lidam com as pressões acadêmicas e profissionais.
3.2. Principais Lacunas na Literatura e Desafios na Implementação de Estratégias de Prevenção
Apesar do crescente número de estudos sobre burnout e síndrome do impostor, ainda há lacunas importantes na literatura. Uma das principais limitações identificadas é a falta de investigações longitudinais que acompanhem estudantes e médicos ao longo do tempo, permitindo avaliar o desenvolvimento do burnout desde a formação acadêmica até a prática profissional.
Outro desafio significativo é a implementação de estratégias de prevenção eficazes. Embora estudos como os de Hutchins & Rainbolt (2017) sugiram intervenções institucionais para mitigar o impacto do impostorismo e do burnout, a adoção dessas estratégias nas universidades e hospitais ainda é limitada. Muitas instituições não possuem políticas estruturadas de suporte psicológico e bem-estar, e a cultura da medicina ainda valoriza a resistência ao estresse como um traço desejável, dificultando a aceitação de programas de prevenção.
Além disso, a eficácia das estratégias preventivas pode variar conforme o contexto cultural e socioeconômico. Qureshi et al. (2017) destacam que a pressão social e as expectativas familiares podem aumentar a incidência do impostorismo e do burnout em certas populações, o que sugere a necessidade de abordagens personalizadas, levando em conta fatores culturais e regionais.
Outro ponto crítico é a falta de treinamento dos professores e supervisores para identificar sinais precoces de burnout e impostorismo. Muitas vezes, os sintomas desses fenômenos são confundidos com baixa performance ou falta de dedicação, o que pode levar a uma abordagem inadequada e, em alguns casos, ao agravamento da condição do estudante ou profissional.
3.3. Importância de Novas Abordagens Interdisciplinares no Combate ao Burnout
Para enfrentar os desafios mencionados, é fundamental que a abordagem ao burnout seja interdisciplinar e envolva diferentes níveis de intervenção, incluindo:
a) Medidas individuais, como programas de desenvolvimento de resiliência, mindfulness e suporte psicológico personalizado.
b) Mudanças institucionais, com a implementação de currículos acadêmicos menos sobrecarregados, apoio à saúde mental e revisão das cargas horárias dos profissionais da saúde.
c) Intervenções culturais e sociais, promovendo um ambiente mais acolhedor e menos competitivo nas faculdades de medicina e nos locais de trabalho.
O estudo de Gottlieb et al. (2020) sugere que estratégias interdisciplinares, que combinem treinamento em habilidades socioemocionais, grupos de apoio e coaching psicológico, podem reduzir significativamente os impactos do burnout. Além disso, Regan, Shumaker & Kirby (2019) reforçam a importância de políticas institucionais voltadas ao bem-estar psicológico, especialmente para médicos residentes, que estão entre os grupos mais vulneráveis.
A criação de ambientes mais colaborativos e menos hierárquicos, onde médicos e estudantes sintam-se confortáveis para expressar suas dificuldades sem medo de julgamentos, é um fator-chave para reduzir a incidência do burnout e da síndrome do impostor.
Os achados desta revisão confirmam que o burnout entre estudantes de medicina e profissionais da saúde é um problema sistêmico, influenciado por fatores acadêmicos, institucionais, psicológicos e culturais. A relação com a síndrome do impostor se destaca como um agravante da exaustão emocional, sugerindo que intervenções eficazes devem considerar não apenas o ambiente de trabalho e estudo, mas também aspectos individuais, como a autopercepção e a regulação emocional.
Apesar dos avanços na compreensão do burnout, desafios persistem na implementação de estratégias de prevenção e mitigação. O desenvolvimento de novas abordagens interdisciplinares, aliando suporte psicológico, mudanças estruturais e treinamento para professores e supervisores, é essencial para a construção de um ambiente acadêmico e profissional mais saudável.
A literatura revisada sugere que, para reduzir a incidência do burnout, é necessário um esforço conjunto entre instituições de ensino, gestores de saúde e os próprios profissionais, promovendo uma cultura de bem-estar, suporte emocional e reconhecimento do sofrimento psicológico como uma questão legítima dentro da medicina.
A discussão baseada nos trabalhos de LaDonna, Ginsburg & Watling (2018), Bernard, Dollinger & Ramaniah (2002), Maqsood et al. (2018) e Qureshi et al. (2017) reforça que o burnout e a síndrome do impostor estão interligados, destacando a necessidade de intervenções que considerem fatores individuais, institucionais e culturais.
4 CONCLUSÃO
Os avanços nas técnicas minimamente invasivas têm transformado o manejo da doença arterial coronariana (DAC), oferecendo alternativas inovadoras e eficazes às abordagens tradicionais. Essas técnicas, como cirurgia robótica, toracoscopia assistida por vídeo (VATS), e revascularização híbrida, destacam-se por seu impacto positivo nos resultados clínicos, proporcionando menores taxas de complicações, tempos de recuperação mais curtos e melhor qualidade de vida pós-operatória. Estudos como o de Smith et al. (2021) reforçam os benefícios dessas tecnologias, evidenciando sua capacidade de aliar precisão cirúrgica e segurança em um contexto minimamente invasivo.
A presente revisão destacou que o burnout em estudantes de medicina e profissionais da saúde é um problema multifatorial, influenciado por fatores acadêmicos, institucionais, psicológicos e socioeconômicos. A carga horária excessiva, a cultura altamente competitiva, a exposição contínua ao sofrimento humano e a falta de suporte emocional são aspectos centrais que contribuem para o desenvolvimento dessa síndrome.
Além disso, evidenciou-se que o perfeccionismo e a síndrome do impostor são fatores psicológicos que agravam a vulnerabilidade ao burnout, conforme demonstrado nos estudos de Bravata et al. (2020) e Boni et al. (2018). A autocrítica exacerbada e o medo do fracasso geram um ciclo de exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal, impactando tanto a saúde mental quanto o desempenho acadêmico e profissional.
Os impactos do burnout vão além do indivíduo, afetando a segurança dos pacientes, a qualidade do atendimento médico e o funcionamento do sistema de saúde. Dados de Shanafelt et al. (2015) demonstram que médicos e estudantes com burnout apresentam maior propensão a erros médicos, menor satisfação profissional e maior tendência ao abandono da carreira.
Diante desse cenário, a revisão apontou a necessidade de abordagens integradas e personalizadas para a prevenção do burnout, combinando intervenções individuais, institucionais e políticas públicas. Estratégias como suporte psicológico, programas de bem-estar, mudanças na carga horária e treinamentos sobre resiliência emocional podem ser eficazes na redução da incidência do burnout e na promoção de um ambiente acadêmico e profissional mais saudável.
A continuidade das pesquisas sobre burnout é essencial para desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes e sustentáveis, garantindo não apenas o bem-estar dos profissionais da saúde, mas também a qualidade do atendimento prestado à sociedade.
O burnout em estudantes de medicina e profissionais da saúde representa um dos maiores desafios da educação e do sistema de saúde contemporâneo. A evidência científica revisada indica que esse fenômeno não pode ser abordado isoladamente, pois resulta da interação entre excesso de trabalho, cultura acadêmica competitiva, falta de suporte psicológico e vulnerabilidades individuais.
Portanto, soluções eficazes devem abranger tanto mudanças institucionais e políticas públicas quanto intervenções individuais que promovam a saúde mental dos estudantes e médicos. O reconhecimento do burnout como um problema sistêmico é o primeiro passo para garantir que as futuras gerações de profissionais da saúde tenham um ambiente acadêmico e profissional mais saudável e sustentável..
REFERÊNCIAS
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1 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
2 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
3 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
4 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna
5 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
6 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
7 Graduanda em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna
8 Graduanda em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna
9 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna
10 Graduanda em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna
11 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
12 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
13 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
14 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay
15 Graduanda em Medicina pela UCP – Unidersidad Central del Paraguay