BREVE ESTUDO SOBRE A LOGÍSTICA E SUPRIMENTOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202409182201


Fabricyo Alves Honorato Lessa1; Josué Cuco Neto2; Jarilson De Souza Silva3; João Vítor De Souza Boechat4


RESUMO

Este trabalho teve por objetivo abordar um breve estudo sobre a Logística de Suprimentos dando um enfoque na importância da integração entre fornecedores e clientes como forma de obtenção de vantagem competitiva. Abordaram-se ainda diversas etapas executadas nessa importante fase da cadeia logística, com ênfase na aquisição, transporte, no manuseio do material, no controle de qualidade, no recebimento e na armazenagem.

PALAVRAS-CHAVE: Engenharia de Suprimentos, Logística de Suprimentos, Logística.

ABSTRACT

This work aimed to cover a brief study on Supply Logistics, focusing on the importance of integration between suppliers and customers as a way of obtaining competitive advantage. Several steps carried out in this important phase of the logistics chain were also discussed, with emphasis on acquisition, transportation, material handling, quality control, receipt and storage.

1 INTRODUÇÃO

A Logística é uma atividade humana que acompanha a evolução do homem. A mesma esteve presente junto aos nossos ancestrais, os homens das cavernas, quando estes iam caçar, alguns questionamentos se faziam presentes, como, por exemplo, onde iam caçar; como abater a caça; como transportá-la; como armazená- la? Atualmente as empresas executam atividades parecidas que envolvem a compra, embalagem, o transporte e a armazenagem.

Desse modo, a logística vem sendo empregada ao longo da história por pessoas e instituições podendo ser de forma estrutural e intencional ou até mesmo de forma intuitiva como meio de atingir objetivos e metas pré-estabelecidos.

Cada vez mais a competência logística ganha importância nas organizações, tornando-se um fator crítico e dessa forma exigindo maior atenção dos gestores com relação ao desempenho de suas operações.

A cadeia ou sistema logístico é dividido em diversas etapas sendo elas as Logísticas de Suprimentos, Interna, Distribuição e a Logística Reversa.

O objetivo do presente trabalho visou estabelecer um breve estudo sobre a fase inicial da cadeia logística que é a Logística de Suprimentos ou Abastecimento. A Logística de Abastecimento é especializada na área de planejamento e operacionalização do suprimento, compras de materiais e tratamento logístico dos produtos. Ela abrange as seguintes atividades: planejamento de materiais e insumos; prospecção e seleção de fornecedores; prospecção, desenvolvimento ou criação de fontes alternativas de fornecimento; criação e manutenção de bancos de dados de fornecedores e materiais; determinação, em conjunto com a área de produção, das quantidades a comprar; implantação dos processos de padronização, simplificação e homologação; processamento e transmissão de pedidos; redução de sobras de materiais; contratação de seguros de transporte e procedimentos alfandegários; avaliação e confecção de contratos; compras; negociação e otimização de garantias e serviços pós-venda.

Cada vez mais as empresas passaram a contar com a participação de outras empresas fornecedoras de bens e serviços de modo que os gastos relativos à aquisição de material representam a maior parte de seu gasto industrial. (HEINRITZ; FARRELL, 1986; MERLI, 1994; GURGEL, 2000; AMMER, 1983; BAILY et al., 2000).

Para propiciar uma visão mais concreta dos gastos apresenta-se, na Tabela 1, o percentual dos gastos relativos a compras em empresas de manufatura.

Tabela 1 – Percentual dos gastos relativos a compras em empresas de manufatura.

Tipo de indústria%Tipo de indústria%
Produtos farmacêuticos26Fábricas de cartão57
Ferramentas de matrizes especiais28Plásticos, resinas59
Equipamento fotográfico32Tecelagem de algodão60
Equipamento de rádio e televisão36Tecelagem de lã65
Equipamento aeronáutico38Acabamento de algodão67
Cimento, hidráulicos41Embalagens corrugadas68
Motores, geradores43Sacos de papel69
Fonte: GURGEL, 2000, pág. 94 – Adaptado

Por meio de uma análise da tabela 1, pode-se verificar que o percentual de gastos varia de 26% na indústria farmacêutica podendo chegar a 69% na indústria de sacos de papel.

Ballou, em livro, Logística Empresarial diz que a distribuição física é a área da logística empresarial que “trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos. É considerada a área mais importante porque absorve cerca de dois terços dos custos logísticos” (BALLOU, 1993, p. 55).

O presente trabalho está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo trata da introdução no qual são apresentados o tema e a contextualização. No segundo capítulo são apresentados os conceitos referentes ao tema proposto e por fim o capítulo três onde são apresentadas as conclusões sobre o tema.

Assim, espera-se que o presente trabalho contribua efetivamente para que pessoas e empresas conheçam um pouco mais sobre a fase inicial da cadeia logística que é a Logística de Suprimentos.

2 BREVE ESTUDO SOBRE A LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS

A Logística de Suprimento é a parte da cadeia logística responsável por abastecer a empresa com todos os materiais necessários ao seu funcionamento. Conforme Bowersox e Closs (2001, p. 46), a logística de suprimentos pode ser entendida como sendo:

“As atividades relacionadas com a obtenção de produtos e materiais de fornecedores externos. Inclui a execução do planejamento de recursos, localização de fontes de suprimento, negociação, colocação de pedidos, transporte de saída, recebimento e inspeção, armazenagem e manuseio e garantia de qualidade. Incluem a responsabilidade pela coordenação com fornecedores em áreas como programação, continuidade de suprimento, “hedging” e investigação, assim como pesquisas que levem a novas fontes ou programas de suprimento. 0 principal objetivo do suprimento é dar apoio produção ou à revenda, proporcionando compras em tempo hábil, ao menor custo total.”

A Logística de Suprimentos é composta por várias atividades básicas que são elas: a aquisição, o transporte, o manuseio de material, o controle de qualidade, o recebimento e a armazenagem.

A etapa de aquisição corresponde às diversas modalidades que a empresa utiliza para obter os materiais de que necessita para o desempenho de suas atividades. Dentre as modalidades de aquisição destacam-se: a compra, a permuta e a doação. Ressalta-se também a importância da negociação como componente básico de sucesso e integração da cadeia logística, em que a busca consiste na negociação do tipo ganha-ganha (CAMPOS,2009).

Após a etapa de aquisição entra a necessidade de se transportar o material adquirido. Muitas empresas estão optando por terceirizar essa atividade por meio da contratação de um operador logístico que fica encarregado de desempenhar as atividades de gerenciamento do material, incluindo o transporte, o seguro, a liberação e a armazenagem ao longo da cadeia. Uma atenção especial deve ser dada a atividade de transporte, pois em termos de custos, o mesmo representa o principal componente do custo logístico total.

Outra atividade da Logística de Suprimento é ao manuseio de material. O manuseio inadequado de material pode comprometer a qualidade, podendo aumentar o índice de refugo e, por conseguinte, os custos operacionais. Uma das estratégias que podem ser utilizadas para reduzir o manuseio de material consiste em integrar a empresa âncora aos seus fornecedores de tal modo que o material ao sair da produção do fornecedor utilize embalagens que sejam adequadas à linha de produção do cliente.

Segundo Campos (2009), o controle de qualidade dentro da Logística de Suprimento passa por duas estratégias básicas: uma está relacionada a existência de inspeção no setor de recebimento de materiais, e a outra onde o material é recebido com qualidade assegurada não sendo necessária a inspeção na entrada. Práticas modernas adotam a segunda estratégia, pois por meio dela é possível reduzir custos com pessoal, instalações, equipamentos, tempo e manuseio de material. Contudo, a aplicação de uma ou outra estratégia depende de alguns fatores, entre eles:: 1) a tecnologia de produto, de processo e de gestão usados pelo fornecedor; 2) a integração entre fornecedor e cliente; 3) a distância física entre fornecedor e cliente; 4) aplicação pelo setor de compras de tecnologias como o JIT, Kanban, Milk Run.

Segue abaixo algumas considerações sobre cada estratégia.

1) A tecnologia de produto, de processo e de gestão usados pelo fornecedor estão relacionadas ao projeto do produto, ao processo de fabricação do produto e à forma como os processos são gerenciados. A inconsistência na concepção do projeto, máquinas e equipamentos com tecnologia ultrapassada e gestão inadequada dos processos de fabricação são fatores que podem comprometer a obtenção da qualidade assegurada, fazendo com que, nesse caso, haja a necessidade de inspeção de entrada. Ressalta- -se que uma alternativa muito utilizada é que a inspeção seja feita pelo cliente no fornecedor.

2) A integração entre fornecedor e cliente. O grau de integração entre cliente e fornecedor pode contribuir para que o produto tenha qualidade assegurada e custos operacionais reduzidos. Muitas vezes a integração é promovida com a transferência entre empresas de uma cadeia de tecnologia, financiamento de máquinas e equipamentos e treinamento de pessoal. A utilização adequada de tecnologia de informação, por sua vez, pode permitir que o fornecedor controle o estoque do seu cliente fazendo, dessa forma, a reposição automática. Por exemplo, em uma fábrica, quando um determinado produto sai do almoxarifado para a produção a baixa desse  item pode ser automaticamente acompanhada pelo fornecedor, que envia um novo lote ao observar que o estoque atingiu um nível predeterminado.

3) A distância física entre fornecedor e cliente. A distância física associada à combinação de modais pode determinar a necessidade de inspeção de recebimento. Por exemplo, imagine materiais comprados em Hong Kong por uma empresa localizada em Manaus, sendo o transporte feito por via marítima Hong Kong-Los Angeles, Los Angeles-Miami por modal rodoviário e Miami-Manaus por via marítima. Em uma configuração de transporte desse tipo é recomendável a inspeção de entrada, sobretudo se houver transbordo, ou seja, movimentação da carga de um navio para outro.

4) Aplicação pelo setor de compras de tecnologias como o JIT, Kanban e Milk Run. A aplicação dessas tecnologias contribui para que os produtos sejam adquiridos com qualidade assegurada, ou seja, sem defeitos, podendo dessa forma ir diretamente para a linha de produção, pois não necessitam de inspeção no setor de recebimento. A diferença básica entre o Just in Time (JIT) e o Milk Run é que no primeiro caso o fornecedor é o responsável pela entrega dos produtos ao cliente, enquanto que no segundo o cliente (comprador) é que deve buscar os produtos no fornecedor. Por sua vez, o Kanban (cartão) deve funcionar com grande eficiência como um sistema emissor e sequenciador de ordens de fabricação e compras. Tem como objetivo minimizar os estoques de produto em processo, produzindo somente o necessário em pequenos lotes, com qualidade, produtividade e no tempo certo.

5) Recebimento: a atividade de recebimento consiste em receber os produtos adquiridos pela empresa. Deve ser verificada a quantidade, as condições físicas e a documentação. Caso haja discrepâncias o produto pode ser devolvido, ou retido e acionado o seguro, ou aceito e inspecionado para posterior ressarcimento por parte do fornecedor. Existem algumas ações podem ser implementadas para aumentar a produtividade no recebimento, entre elas: mecanizar as operações de descarga; programar horários para o recebimento de uma determinada carga; planejar a movimentação de carga diretamente do recebimento ao ponto de estocagem ou mesmo de produção, retirar os materiais do recebimento o mais rápido possível, desenvolver procedimentos junto com os fornecedores para eliminar ou reduzir as necessidades de inspeção no recebimento (CAMPOS, 2009).

6) Armazenagem: Sabe-se que o planejamento de material deve priorizar o fluxo contínuo e níveis de estoque zero. Porém, em muitos casos isso não é possível existindo, portanto, a necessidade da guarda e controle de material nos almoxarifados. Tais atividades devem ser feitas de forma profissional. Muitas tecnologias estão disponíveis para auxiliar nessa missão, entre elas o Warehouse Management System – WMS, que tem como objetivos básicos aumentar a precisão das informações de estoque, aumentar a velocidade e qualidade das operações do centro de distribuição, bem como aumentar a produtividade do pessoal e dos equipamentos do depósito. Permite, portanto, o gerenciamento dos materiais desde o recebimento até a expedição (CAMPOS, 2009).

Muitas empresas apresentam estoques equivalentes a 2 ou 3 meses de venda e, pior do que isso, 20% a 30% dele composto por itens obsoletos e até 50% constituído de itens de baixo valor e giro, conhecido tecnicamente como slow movers. Outras que melhor administram seus estoques têm dificuldades com a variabilidade da demanda e com os lead times de seus fornecedores, gerando uma custosa sobrecarga nos estoques de segurança. A combinação de fatores que afetam os níveis de estoques é gigantesca, e maior ainda são os impactos sobre a lucratividade e valor da empresa. Estoques mal administrados oneram o capital de giro da empresa, geram baixo nível de serviço aos clientes internos e externos e contribuem diretamente para a queda da lucratividade (ADAPTADO – ABRIL, 2006).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se neste trabalho trazer uma breve definição de uma componente inicial da Cadeia Logística que é a Logística de Suprimentos.

Pôde-se concluir então que a Logística de Suprimento desempenha atividades importantes para o sucesso de uma empresa, na medida em que ela contribui para o desenvolvimento de fornecedores, a aquisição e o trato de todos os materiais de que a empresa necessita para seu funcionamento. Esse cenário impõe novos paradigmas aos profissionais que atuam no setor de compras, entre eles o gerenciamento integrado dos estoques com a utilização adequada de TI.

4 REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. 1.ed. São Paulo: Atlas, 1993.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J.. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.

CAMPOS, Antônio Jorge C.. Gerenciamento na cadeia de suprimentos. Curitiba: IESD Brasil S.A, 2009.


1Graduando em Engenharia Mecânica – Faculdade Uniredentor

2Graduando em Engenharia Mecânica – Faculdade Uniredentor

3Orientador – Engenheirro Mecânico – Faculdade Uniredentor
jarilson.silva@uniredentor.edu.br

4Engenheiro Mecânico – Faculdade Uniredentor
joao.boechat@uniredentor.edu.br