BOAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM NA PRIMEIRA HORA DE VIDA DO RECÉM-NASCIDO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8047979


Igor Evangelista Melo Lins1; Francisco das Chagas Medeiros2; João Pedro Maciel Amaral3; Elisângela Guerra de Souza4; Aline Cunha Barros5; Lilian Ravena Ferreira Evaristo6; Juliana Alves Aragão7; Jeane Carla de Sousa Silva Freitas8; Natália Bruno Chaves9; Ana Thiena Apoliano Gomes da Silva10; Geórgia Yngrid Gomes Fontenele11; Antônia Eulânia de Sousa Alves12; Ana Roberta Gomes Severiano13


RESUMO

Introdução: O parto e o nascimento abrangem uma compreensão de valores, crenças e culturas em relação à mulher. Logo, deve ser compreendido, que cada parturiente é singular, e esse acontecimento não pode ser reduzido à uma ação mecânica. Notou-se então que o tema em questão é de grande importância, pois uma boa assistência imediata ao RN prestada, como o estímulo do vínculo mãe e bebê e o incentivo ao aleitamento materno na primeira hora de vida, fazem com que o cliente obtenha uma vida extrauterina mais eficaz, gerando assim qualidade de vida. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura A coleta de dados foi realizada utilizando combinações de palavras-chaves, estas foram escolhidas através dos descritores do DECS (Descritores de Ciência e Saúde). Foi realizada consulta ao Portal Regional da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), sendo selecionados os termos recém-nascido, cuidados de enfermagem e assistência ao nascimento. Estes, foram combinados através do operador booleano AND. Resultados: foi destinada a organização dos artigos objeto de estudo, os dados foram organizados por meio de um instrumento para coleta de dados validado por URSI, que possibilitou a coleta de informações de identificação dos artigos escolhidos, tipo de publicação, características metodológicas do estudo e avaliação do rigor metodológico (nível de evidência). Considerações Finais: Através do estudo obteve-se uma sinopse importante sobre as boas práticas de enfermagem ao recém-nascido na sua primeira hora de vida. O enfermeiro foi capaz de promover o cuidado adequado ao Rn durante o período imediato após o parto, porém, o número de evidências é limitado necessitando de mais estudos nessa temática.

Descritores: Recém-nascido; Cuidados de enfermagem; Assistência ao nascimento.

INTRODUÇÃO

O parto e o nascimento abrangem uma compreensão de valores, crenças e culturas em relação à mulher. Logo, deve ser compreendido, que cada parturiente é singular, e esse acontecimento não pode ser reduzido à uma ação mecânica1.

Corroborando com a informação acima, não existe nada que possa ser comparado com o surgimento de uma nova vida oriunda de uma gravidez. Nada mais sensível, delicado e importante do que a constituição de um novo ser2.

Sabendo que a gestação é um processo multifatorial, é necessário que a mulher receba uma assistência integral e de qualidade tanto na gravidez, quanto no parto e no puerpério. O acompanhamento Pré-Natal (PN) auxilia no desenvolvimento da gestação cooperando para um nascimento saudável, visando evitar possíveis complicações maternas e neonatais3.

Visto que, o PN assiste a mulher em todo seu ciclo gravídico, esse acompanhamento propicia um vínculo com a equipe, que realizará a educação em saúde, abordando assuntos como: tipos de parto, etapas do parto normal, Boas Práticas na Atenção ao Parto, dentre outras, corroborando na conscientização da gestante diante todo o processo, respeitando assim as escolhas dessa mulher e família4.

Em relação ao parto, a gestante já sendo assistida pelo PN, deve avaliar qual se sentirá mais confortável em realizar. A cesárea, sendo um dos tipos de parto, é uma intervenção cirúrgica que proporciona segurança à mãe e ao seu filho em momentos de maior complexidade diminuindo o risco de complicações. Já o parto vaginal predomina a autonomia da mulher em realizar o nascimento do seu filho5.

Com a gestante já orientada de todo o processo do parto e nascimento, é indispensável que esse novo indivíduo tenha uma assistência supervisionada, de forma segura, zelando por sua integralidade e que a equipe de saúde seja capacitada para prevenir, antecipar cuidados e atuar sempre que necessário6.

No que se refere ao recém-nascido (RN), os cuidados prestados podem ser executados de acordo com o modelo adotado pela instituição. Porém, o Ministério da Saúde descreve alguns procedimentos para assistência ao RN na primeira hora de vida. Dentre eles destacamos: a avaliação do Apgar, aquecimento do RN para prevenir hipotermia, já estimulando também o contato pele a pele com a mãe, realização do clampeamento tardio do cordão umbilical e estimulação ao aleitamento materno precoce na primeira meia hora de vida7.

Apesar de inúmeras evidências científicas apontarem o correto em relação aos cuidados ao RN, ainda existem limitações no trabalho dos profissionais que atuam na atenção ao parto, resultando em baixa adesão às boas práticas obstétricas8.

Observando a abrangência de tal assunto, nota-se através da sua atribuição de líder, que o enfermeiro assume papel importante na qualidade do serviço, pois, o mesmo irá traçar cuidados singulares de acordo com cada mulher, incentivando o protagonismo da gestante e respeitando a fisiologia do parto9.

Nessa perspectiva, a literatura aborda o marco na assistência neonatal em relação a revisão das tecnologias usadas no nascimento e parto. Foram sinalizadas práticas demonstradas necessárias e a grande atuação do enfermeiro que contribuirá para qualificação do trabalho prestado. Visto que, a enfermagem tem grande atuação aos cuidados prestados ao RN, decidiu-se por realizar esta revisão para responder ao seguinte questionamento: Quais as práticas executadas ao RN na sua primeira hora de vida pela enfermagem.

O interesse em estudar essa temática, se deu a partir da observação e investigação do tema na literatura, de que os cuidados ao RN saudável podem ser executados de distintas formas. As rotinas recomendadas no momento do nascimento ainda são distantes do preconizado. Essa assistência reflete no profissional de enfermagem que por vezes não tem conhecimento teórico e prático adequado para receber o RN10.

Notou-se então que o tema em questão é de grande importância, pois uma boa assistência imediata ao RN prestada, como o estímulo do vínculo mãe e bebê e o incentivo ao aleitamento materno na primeira hora de vida, fazem com que o cliente obtenha uma vida extrauterina mais eficaz, gerando assim qualidade de vida.

Sendo assim, o presente estudo objetiva pesquisar na literatura selecionada as boas práticas de enfermagem exercidas na primeira hora de vida do RN.

METODOLOGIA

Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura, que segundo Souza, Silva e Carvalho11 é um método que permite a escolha de diversos estudos publicados que serão aprofundados, sintetizados e posteriormente analisados rigorosamente para que se possa ter conclusões gerais a respeito de uma área de estudo. Utilizou-se a divisão dos seguintes passos para elaboração da Revisão Integrativa 1. Identificação do problema. 2. Busca na literatura. 3. Coleta de dados. 4. Análise crítica. 5. Discussão dos Resultados 6. Apresentação da Revisão Integrativa.

A primeira etapa para elaboração da Revisão Integrativa foi a determinação da pergunta norteadora: “Quais as práticas executadas no RN na sua primeira hora de vida pela enfermagem?”

Na segunda etapa, foi realizada a busca bibliográfica por três pesquisadores, que ocorreu em maio de 2023. Como método de inclusão foram utilizados artigos completos, publicados nos últimos dez anos, nos idiomas: português, inglês e espanhol disponíveis online e na íntegra, que apresentaram conteúdos referentes às boas práticas de enfermagem ao recém-nascido saudável. Foram excluídos tanto as publicações duplicadas, teses, dissertações, quanto os artigos que não atendem ao objetivo proposto, bem como os trabalhos incompletos e aqueles fora do período determinado para a pesquisa.

A coleta de dados foi realizada utilizando combinações de palavras-chaves, estas foram escolhidas através dos descritores do DECS (Descritores de Ciência e Saúde). Foi realizada consulta ao Portal Regional da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), sendo selecionados os termos recém-nascido, cuidados de enfermagem e assistência ao nascimento. Estes, foram combinados através do operador booleano AND.

A princípio, buscou-se o descritor recém-nascido, em toda a plataforma, totalizando em 700.348 publicações. Em seguida as publicações foram filtradas através da escolha das bases de pesquisa, chegando a um total de: 681.898, divididas nas três plataformas, Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line), com 648.654 artigos, LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciência da Saúde), com 32.644 artigos e BDENF (Bancos de Dados de Enfermagem), com 3.220 artigos.

Em seguida, combinou-se os descritores recém-nascido AND cuidados de enfermagem, resultando em um total de 13.813 artigos, 12.137 pertencendo a Medline, 1.445 a LILACS e 1.241 a base de dados BDENF. 

No terceiro momento combinou-se os descritores recém-nascido AND cuidados de enfermagem AND assistência ao nascimento, a busca resultou em um total 1.683 publicações, sendo estes 1.460 na MEDLINE, 167 na LILACS e 172 na BDENF. Com esses resultados, foram utilizados filtros para exclusão dos artigos (texto completo, ano de publicação e idioma), sendo localizados 356 artigos e após retirada dos duplicados, restaram 270. A combinação de busca final realizada e a quantidade de estudos encontrados por base de dados, estão descritas na tabela 1.

Tabela 1 – Buscas realizadas para a escolha dos artigos segundo as bases de dados – Fortaleza, CE, Brasil, 2023

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

O passo seguinte se deu através da leitura exploratória do título e resumo de todas as publicações obtidas e posteriormente a leitura na íntegra dos artigos escolhidos, levando em consideração a temática abordada através da pergunta norteadora. Foram assim, identificados e excluídos artigos que não apresentassem assuntos válidos para o estudo. 

Após a leitura criteriosa realizada pelos pesquisadores compuseram a amostra final 9 artigos, sendo estes, 1 da MEDLINE, 6 da LILACS E 2 da BDENF. O fluxograma a seguir descreve o percurso dos pesquisadores até a concretização da amostra final

.Figura 1- Fluxograma de identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos estudos. Fortaleza (CE). Brasil, 2023.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

A terceira etapa foi destinada a organização dos artigos objeto de estudo, os dados foram organizados por meio de um instrumento para coleta de dados validado por URSI12 que possibilitou a coleta de informações de identificação dos artigos escolhidos, tipo de publicação, características metodológicas do estudo e avaliação do rigor metodológico (nível de evidência).

Todos esses passos realizados na pesquisa, possibilitaram através da leitura e organização dos artigos a concretização da quarta etapa da revisão integrativa que consiste na análise crítica dos estudos selecionados.

RESULTADOS

A amostra final desta revisão integrativa foi de nove artigos, sendo seis artigos (66,66%) retirados do LILACS, dois artigos (22,22%) BDENF e um artigo (11,11%) MEDLINE que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão do estudo. Estes foram publicados entre o ano 2012 e 2021, com predominância no ano de 2019, três artigos (33,33%). Oito estudos (88,88%) encontrados estavam na língua portuguesa. Os artigos foram organizados em ordem decrescente quanto ao ano de publicação. Em relação ao nível de evidência, houve prevalência do nível 2, referente a cinco artigos (55,55%). O quadro abaixo apresenta a descrição dos estudos incluídos.

Quadro 2 – Descrição dos estudos incluídos na Revisão Integrativa segundo título, ano, base de dados, nível de evidência e delineamento. Fortaleza, CE, Brasil, 2023.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

Com o objetivo de responder à pergunta norteadora foi confeccionado o quadro 3 onde estão descritos as principais estratégias e contribuição da Enfermagem na assistência ao recém-nascido saudável.

Quadro 3 – Objetivos, amostras, principais resultados e contribuição da Enfermagem na assistência ao recém-nascido saudável em âmbito hospitalar – Fortaleza, CE, Brasil, 2023.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

Os resultados foram categorizados de acordo com os assuntos apresentados, ressaltando as boas práticas de enfermagem ao recém-nascido na primeira hora de vida, quatro artigos citam as práticas assistenciais ao RN (44,44%), três artigos citam a assistência quanto a amamentação (33,33%) e outros dois artigos citam o contato pele a pele (22,22%).

DISCUSSÃO

Após a análise dos estudos, buscando uma resposta para a pergunta norteadora, definiram-se três categorias para discussão dos dados, sendo elas: Práticas assistenciais ao RN, Amamentação e Contato pele a pele. Em cada núcleo temático constam os artigos selecionados para sua elaboração.

Práticas Assistenciais ao RN

Quanto às práticas assistenciais, o A2 ressalta altos índices de técnicas benéficas tanto para as mulheres quanto para os recém-nascidos. Porém, existem práticas que necessitam de avanços. Além disso, a atenção adequada às mulheres no momento do parto favorece a redução de intervenções desnecessárias, resultando em desfechos neonatais favoráveis.

Sendo assim, destaca-se a atuação do enfermeiro(a) em relação ao atendimento ao RN a termo saudável, visto que o mesmo, conduz a equipe de enfermagem, que desenvolve a maior parcela do acompanhamento ao bebê22.

Logo após o nascimento, o RN inicia um processo de adaptação extrauterino, apresentando alterações fisiológicas que devem ser avaliadas23. O estudo A4 demonstra a importância do índice de Apgar, que é realizado no quinto minuto de vida, avaliando essas alterações, realizando a contagem e confirmando a vitalidade do RN. O índice entre 7 e 10 é considerado normal, já 4, 5 ou 6 é intermediário se relacionando com medicamentos usados pela mãe, prematuridade e malformação congênita e índices de 0 a 3 tendem a ter mais riscos de mortalidade.

Corrobora com o que é apresentado no estudo A4, o índice de Apgar avalia: frequência dos batimentos cardíacos, tipo de frequência dos movimentos respiratórios, tônus muscular, presença de reflexo mediante um estímulo e cor da pele24.

Após essa análise, o estudo A8 evidencia que logo após o nascimento, é realizada a secagem e a cobertura do RN, limpando – o com uma toalha e enfaixando-o dentro de 30 segundos após o parto. Confirmando com o que foi dito no artigo acima, os RN que estão respirando ou chorando, devem ser secos e aquecidos para evitar a hipotermia25.

Dentre os estudos apresentados, os estudos A1 e A2 sinalizam os benefícios do clampeamento tardio, que seria a transfusão placentária ao RN, prevenindo a anemia na infância e a hemorragia pós-parto. Destacando ainda, que essa ação pode ser realizada pelo acompanhante presente na sala de parto, proporcionando assim mais autonomia em relação aos cuidados imediatos prestados ao recém-nascido.

Corroborando com os estudos acima, a secção do cordão umbilical deve ser feita um minuto após o nascimento, ao invés de ser realizada quando cessam os batimentos do cordão26. Essas ações podem ser executadas com o bebê junto a mãe para propiciar o vínculo entre eles27.

Amamentação

Após o parto, o contato imediato, fortalece entre a mãe e o bebê o vínculo já existente e posteriormente o desejo da tão esperada experiência de amamentar. ( A9) Esta experiência compreende vários aspectos, tais como: preparo físico, psicológico e o incentivo adequado por parte dos familiares e profissionais da saúde28.

O artigo A9 explana que mesmo que a amamentação esteja correlacionada de forma natural à mulher, essa prática precisa ser trabalhada e assimilada em mães de primeira viagem, trazendo informações e, também, o suporte necessário para esse momento de tamanha importância (A9) O aleitamento materno (AM) propicia inúmeras transformações para as mães e consequentemente para o recém-nascido (RN), pois é um dos formadores de vínculo imediato entre eles. Porém, é uma fase que traz inúmeras vivências referente a sentimentos e é de suma importância ver cada mãe com um olhar cada vez mais humano29.

Em concordância com o artigo (A3), segundo o MS30, é da competência do profissional da saúde observar e entender por completo o aleitamento materno na esfera sociocultural e familiar e partir disto, se encarregar de englobar cuidados ao binômio mãe/bebê como também de sua família.

Mediante o resultado dos artigos dessa categoria é de suma importância que as puérperas iniciem de forma precoce o AM e se estenda de maneira exclusiva até os 06 meses de vida, fazendo necessário também a orientação e estimulação (A9)

São incontáveis os benefícios para os recém-nascidos. O colostro, conhecido como primeiro leite que é produzido quando o se começa a amamentar e, também, conhecido como a “primeira vacina”, garante aptidão contra uma grande variedade de infecções atreladas ao RN. A amamentação pode executar um importante papel na realidade das crianças (A7).

Outros artigos possuem concordância com os artigos utilizados neste estudo, pois trazem a percepção, de um mundo globalizado e de fácil acesso a informações, em que as mulheres estão mais conscientes sobre o ato de amamentar, da importância de exercer tal prática, desde a primeira hora, ainda na sala de parto, porém sem perder a caracterização de ser sujeito social e o principal, fazer com amor acima de tudo (A9).

Contato pele a pele 

Em relação ao contato pele a pele (CPP) é tido como um tempo de extrema aproximação entre mãe e bebê, tendo em vista que é o instante em que os dois pela primeira vez podem se sentir, tocar e olhar (A6). Esse acontecimento intensifica a relação entre o binômio31.

Para que haja excelência em proporcionar o fortalecimento do vínculo entre mãe e o recém-nascido (RN), é necessário que sejam realizadas algumas práticas. Uma delas é o CPP, grande momento esperado pela gestante, por vezes idealizado durante toda a gravidez, o primeiro contato com o seu filho.

 O Ministério da Saúde enuncia que o RN com boa atividade, eupneico, tônus em normalidade e sem a presença de mecônio, poderá ser submetido ao CPP, a equipe deve propiciar esse momento de maneira ininterrupta32

O CPP proporciona que o RN compense a perda de temperatura corporal para o ambiente, aquecendo o RN, diminuindo o impacto entre o meio intra ao extrauterino. Além de promover a regulação do sistema cardiopulmonar, amenizar eventos de hipoglicemia no bebê e diminuir consideravelmente a necessidade de internação (A6).

É fundamental que esse processo aconteça dessa maneira, levando em consideração que o CPP é capaz de amenizar e humanizar a passagem do RN ao meio extrauterino, além de ser capaz de regular e melhorar os sinais vitais do bebê33.

Levando em consideração a via de parto responsável pelo nascimento do RN, constatou-se que no parto cesárea, o índice de realização do CPP é menor do que nos partos de via vaginal (A6). 

Um Estudo desenvolvido em uma Maternidade da Zona Mineira, também confirma esse fato, identificou-se que a gestante que foi submetida ao parto natural, teve 15 vezes mais chances de um CPP eficaz e de acordo com as normas adequadas34.

Um artigo que realizada a comparação entre dois estudos nacionais, o Nascer no Brasil e a Avaliação da Rede Cegonha, retrata que o CPP duplicou em partos de via vaginal e triplicou nas cesáreas, e mesmo assim a segunda via continua em desvantagem em relação a primeira35.

A via de parto cesárea pode ser capaz de retardar o momento do primeiro contato entre mãe e bebê, isso dá-se por alguns fatores: sonolência do bebê e da mãe (por vezes causada por medicações), dificuldades em relação ao ambiente (poucos profissionais na sala de parto, logística de como direcionar esse RN ao colo da mãe), intercorrências ao binômio e entre outras (A6).

Apesar de alguns empecilhos, a enfermagem atua com um papel importante na implementação do CPP, pois tem a capacidade de agir como cooperadora na realização do vínculo entre o binômio mãe e bebê. Sendo assim, entende-se que a equipe envolvida no parto tem um papel valoroso em proporcionar o momento tão precioso vivenciado entre mãe e filho. (A6).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo obteve uma sinopse relevante sobre as Boas Práticas de Enfermagem ao Recém-Nascido na sua primeira hora de vida. Dentre elas destacaram-se os procedimentos assistenciais, amamentação e contato pele a pele.

De acordo com os estudos da amostra final o profissional enfermeiro foi capaz de proporcionar o cuidado adequado ao RN na primeira hora após o nascimento, gerando assistência eficaz e de qualidade e fortalecendo o vínculo entre o binômio mãe e bebê, destacado em vários momentos na literatura.

Dentre as limitações na elaboração desta revisão, ressalta-se a dificuldade em direcionar o assunto proposto, através dos Descritores do DECS (Descritores de Ciência e Saúde), o que levou à várias tentativas durante as buscas ao Portal Regional da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Outro obstáculo se deu através da cobrança financeira exigida para a leitura online de alguns estudos, o que restringiu consideravelmente a pesquisa.

Ressalta-se a relevância da maior exploração desse tema, colaborando com propagação de informações sobre os benefícios de uma boa assistência imediata ao nascimento do bebê. Espera-se que este estudo colabore para que os profissionais da área saúde, principalmente o enfermeiro, possam ter entendimento quanto a sua responsabilidade ao cuidado na saúde da criança e sua mãe.

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1Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC

2Departamento de ginecologia e obstetrícia – UFC

3Acadêmico de Terapia Ocupacional – UECE

4EBSERH/MEAC

5Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC

6Centro Universitário Estácio do Ceará – FIC, Brasil

7Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC

8Centro Universitário Estácio do Ceará – FIC, Brasil

9Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC

10Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC

11Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC

12EBSERH/MEAC

13Mestrado profissional saúde da mulher e da criança – UFC