BIOPROSPECÇÃO DAS ANÁLISES FITOQUÍMICAS DA FOLHA DA SUCUPIRA BRANCA (PTERODON EMARGINATUS) 

BIOPROSPECTING OF PHYTOCHEMICAL ANALYSES OF THE WHITE SUCUPIRA LEAF (PTERODON EMARGINATUS)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506121005


Luana Vitória de Almeida da Silva1
Massame de Sousa Nogueira2
Romer Antônio Carneiro de Oliveira Júnior3
Sinara de Fátima Freire dos Santos4
 Guilherme Nobre Lima do Nascimento5


RESUMO

Este estudo realizou a bioprospecção fitoquímica qualitativa da folha da  Sucupira Branca (Pterodon emarginatus), uma planta medicinal tradicionalmente  utilizada na fitoterapia. Por meio de testes fitoquímicos de bancada, para identificação  de possíveis grupos de compostos bioativos presentes nas folhas, como flavonoides,  taninos, terpenóides e alcaloides. Os resultados qualitativos evidenciam a presença de  metabolitos secundários, que são responsáveis por diversas atividades biológicas e  terapêuticas da planta. Este levantamento fitoquímico contribui para o conhecimento  sobre o potencial farmacológico da Sucupira Branca e reforça a relevância da  bioprospecção de plantas medicinais na descoberta de novos princípios ativos naturais. 

Palavras-chave: Pterodon emarginatus. Sucupira Branca. Análise fitoquímica qualitativa 

ABSTRACT

This study performed a qualitative phytochemical bioprospecting of the  leaves of Sucupira Branca (Pterodon emarginatus), a medicinal plant traditionally used  in phytotherapy. Through bench phytochemical tests, to identify possible groups of  bioactive compounds present in the leaves, such as flavonoids, tannins, terpenoids and  alkaloids. The qualitative results evidence the presence of secondary metabolites, which  are responsible for several biological and therapeutic activities of the plant. This  phytochemical survey contributes to the knowledge about the pharmacological potential  of Sucupira Branca and reinforces the relevance of bioprospecting of medicinal plants in  the discovery of new natural active principles. 

Keywords: Pterodon emarginatus. Sucupira Branca. Qualitative phytochemical analysis 

1. INTRODUÇÃO 

O Cerrado é reconhecido como um dos ecossistemas mais complexos e biodiversos do  Brasil, sendo nesta rica matriz que se encontram espécies dotadas de elevado potencial  terapêutico há séculos explorado pelo saber popular (Embrapa, 2021). A integração entre os  saberes ancestrais e os recursos naturais delimita um cenário onde plantas medicinais, como a  sucupira-branca (Pterodon emarginatus), se destacam não apenas pelo conhecimento popular,  mas também por sua relevância no desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas (Silva,  2016). 

Historicamente, comunidades locais vêm atribuindo à sucupira-branca múltiplos  benefícios à saúde, fundamentados na ação de seus metabólitos secundários, tais como  flavonoides, terpenóides e compostos fenólicos, os quais demonstram propriedades  antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias (Silva et al., 2018; Ferreira et al., 2017;  Pereira et al., 2021). 

A exploração científica desta espécie tem revelado perfis fitoquímicos diferenciados  entre as partes da planta, sendo que estudos indicam que as sementes possuem maior  concentração de flavonoides, taninos e saponinas, enquanto as folhas apresentam  predominância de sesquiterpenos e esteroides (Souza et al., 2019; Oliveira et al., 2020). Essas  variações na composição química sugerem que os extratos derivados de cada parte da planta  podem oferecer perfis farmacológicos distintos, justificando a necessidade de abordagens  analíticas precisas por meio de técnicas cromatográficas para identificação e quantificação dos  compostos de interesse (Costa et al., 2019). 

Nesse contexto, a otimização dos métodos de extração, como os processos de Soxhlet,  hidrodestilação e o uso do aparelho Clevenger, mostra-se essencial para maximizar o  rendimento dos metabólitos, ajustando variáveis como o tipo de solvente, tempo e  temperatura (Martins et al., 2020; Almeida et al., 2022). A pesquisa proposta objetiva, de  maneira sistemática e mensurável, aferir o potencial fitoquímico dos extratos das sementes e  folhas da sucupira-branca, correlacionando-os com atividades antimicrobianas de interesse  clínico, o que pode viabilizar o desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas. 

Ao validar cientificamente o uso empírico desta planta, o estudo busca não somente  comprovar a eficácia dos conhecimentos tradicionais, mas também oferecer bases robustas  para a incorporação dos extratos na medicina integrativa e na farmacoterapia moderna (Lima  et al., 2019). A convergência entre metodologias científicas e práticas tradicionais propicia  uma análise aprofundada dos componentes bioativos, permitindo a identificação dos compostos responsáveis por efeitos terapêuticos diversos e estabelecendo uma padronização  que contribui para a reprodutibilidade dos resultados (Almeida et al., 2022). Assim, ao articular as dimensões ecológica, química e farmacológica, a presente  investigação reafirma o compromisso com a sustentabilidade ambiental e com a valorização  dos saberes populares, demonstrando que a preservação dos recursos do Cerrado é  imprescindível para o avanço de terapêuticas inovadoras e acessíveis (Santos et al., 2021). 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA  

A bioprospecção é uma ferramenta estratégica que busca explorar a biodiversidade em  busca de compostos bioativos de interesse, como metabólitos secundários com potencial  farmacológico, nutracêutico ou cosmético (Silva et al., 2022). No contexto da fitoterapia  brasileira, o gênero Pterodon destaca-se não só por seu uso tradicional no tratamento de  inflamações e processos reumáticos, mas também pela complexa composição de seus  metabólitos secundários presentes em suas diversas partes, como casca, sementes e nas folhas (Bortolini et al., 2005). Tradicionalmente empregada na medicina popular, a folha da sucupira  branca tem sido objeto de investigações que visam identificar os constituintes químicos  responsáveis por suas ações terapêuticas (Abranches, 2015). 

No caso das plantas medicinais, esse processo implica a identificação, extração e  caracterização dos metabólitos secundários presentes nos tecidos vegetais (De Gutiérrez et al.,  2010). Os termos “fitoquímica” e “metabólitos secundários” são centrais para essa  abordagem, uma vez que os compostos produzidos pelas plantas – como flavonoides,  saponinas, diterpenos e esteroides – são os principais responsáveis pelas atividades biológicas  observadas (Chemane, 2019). 

Entre esses compostos, os flavonoides possuem reconhecida ação antioxidante e anti inflamatória, enquanto componentes lipídicos, como os diterpenos, têm sido associados a  atividades antimicrobianas e analgésicas (Pereira et al., 2021). Essas classes químicas não só  contribuem para a defesa natural da planta contra agentes patogênicos e estresses ambientais,  como também podem ser exploradas para o desenvolvimento de novos fármacos (Santos et  al., 2010). Assim, a abordagem fitoquímica proporciona uma compreensão aprofundada dos  mecanismos moleculares que sustentam a eficácia terapêutica dos extratos vegetais, tornando se uma etapa primordial na pesquisa de novas opções de tratamento (Terra, 2014). 

A sucupira branca, popularmente conhecida por suas diversas aplicações terapêuticas,  tem chamado a atenção da comunidade científica pela sua composição fitoquímica (Dos  Santos, 2023). Além disso, um estudo fitoquímico do óleo da semente da P. emarginatus realizado por De Oliveira (2020), conseguiu isolar diversos metabólitos secundários da classe  do terpeno (sesquiterpeno), que inclui espatulenol (anti-inflamatório, antimicrobiano e  antioxidante); β-cariofileno (ansiolíticos, anticonvulsivo, antidepressivo, anti-inflamatório,  antimicrobiano, antioxidante, antitumoral e sedativo); β-elemeno (anti-inflamatório com ação  neurológica e antineoplásico); δ-cadineno (anti-inflamatório, antimicrobiano e larvicida),  Germacreno-D (antimicrobiano e citotoxicidade) e α-humuleno (anti-inflamatória e  antitumoral).  

Esses compostos são responsáveis pelas atividades analgésicas, anti-inflamatórias,  antimicrobianos e antioxidantes. Adicionalmente, estudos científicos têm evidenciado as  significativas propriedades antimicrobianas da sucupira (Ferreira, 2014). A presença de  esteroides, flavonoides, heterosídeos e triterpenos que conferem à planta uma atividade eficaz  contra diversos microrganismos patogênicos, incluindo bactérias e fungos (Hansen, 2010;  Machado, 2018). O óleo essencial das sementes demonstrou ação inibitória contra  Micrococcus luteus, além de atividade antifúngica contra Candida albicans, Trichophyton rubron (Machado, 2018).  

Esses resultados sugerem um amplo potencial para a utilização da sucupira em  formulações antimicrobianas naturais (De Oliveira, 2020). Por fim, um estudo publicado por  Dutra (2009) investigou a ação antimicrobiana do extrato etanólico das sementes de sucupira  contra cepas 13 bacterianas multirresistentes, demonstrando uma inibição significativa do  crescimento de Staphylococcus aureus. Outro estudo, publicado por Bustamante (2010),  avaliou a atividade antimicrobiana de extratos de sucupira, confirmando sua eficácia na  inibição do crescimento de diversas cepas bacterianas e fúngicas. Esses estudos ressaltam o  potencial terapêutico da Pterodon emarginatus como um recurso valioso na luta contra  infecções microbianas.  

Em um estudo realizado por Cruz (2016), as análises fitoquímicas das folhas de  Pterodon emarginatus revelaram a presença de compostos esteroidais, fenóis, depsidonas,  depsídios, taninos e triterpenoides. Por exemplo, trabalhos que utilizaram extração etanólica  das sementes e subsequente análise por CG-MS identificaram hidrocarbonetos  sesquiterpênicos – como o δ-cadineno, ß-cariofileno, α-copaeno , γ-elemeno, geranilgeraniol e  α-humuleno (Lucas et al., 2018). Esses estudos corroboram a importância da folha como uma  fonte alternativa de bioativos, ampliando assim o potencial utilizável da planta. 

No entanto, observa-se que, embora a maioria dos trabalhos ressalte as propriedades  anti-inflamatórias e antimicrobianas dos extratos foliares, ainda há controvérsias quanto à  padronização dos métodos de extração adotados, o que pode comprometer a reprodutibilidade dos resultados. Enquanto algumas abordagens utilizam maceração a frio com solventes  hidroalcoólicos, outras preferem extração assistida por ultrassom – metodologias que podem  resultar em perfis químicos diversos devido a variações na solubilidade dos compostos. Essa  divergência metodológica aponta para a necessidade de uma padronização mais rigorosa nos  estudos, a fim de se estabelecer um consenso quanto à composição exata e à eficácia dos  extratos (Dutra et al., 2009; Cavalcante et al., 2014). 

3. METODOLOGIA  

3.1 TIPO DE ESTUDO E COLETA DA AMOSTRA 

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa experimental, de natureza qualitativa,  destinada à identificação dos principais grupos de metabólitos secundários presentes na folha  da sucupira-branca. A planta utilizada foi fornecida pelo Herbário da Universidade do  Tocantins (HUTO). Segundo os dados disponibilizados, a espécie pertence à família Fabaceae  e é classificada como Pterodon emarginatus Vogel, popularmente conhecida como sucupira branca. A amostra possui procedência no estado do Tocantins, mais especificamente do  município de Porto Nacional, na sub-bacia do Ribeirão São João, com as coordenadas UTM  0795496/8848991, próximo ao Assentamento Prata, em habitat de cerradão, onde a planta  apresenta o hábito arbóreo com aproximadamente 9 metros de altura. O registro da amostra  encontra-se sob o número 150, e sua pulverização foi realizada na data de 05/03/2025.  

3.2 PREPARAÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO 

Para o preparo do extrato etanólico, foi aplicada a técnica de maceração, considerada  amplamente eficaz na extração de compostos fenólicos de origem vegetal. Inicialmente, 62 g  de folhas secas e pulverizadas foram adicionados a 1 L de álcool 96% em um recipiente  adequado. O processo de maceração foi conduzido por 5 dias, com agitação moderada,  garantindo o contato ótimo entre o solvente e a matriz vegetal. Ao final deste período, o  extrato foi submetido a rotaevaporação para a remoção parcial do solvente, concentrando os  compostos solubilizados. Este procedimento assegura a integridade dos metabólitos e é  amplamente citado na literatura como sendo ideal para manter a atividade dos princípios  ativos (Matos, 1988; Dutra et al., 2009). 

3.3 TRIAGEM FITOQUÍMICA 

A identificação dos principais grupos de metabólitos secundários foi realizada através  de ensaios qualitativos, baseados na metodologia proposta por Matos (1988). Os testes foram  conduzidos utilizando pequenas alíquotas do extrato concentrado. A seguir, descrevem-se os procedimentos específicos adotados para cada grupo de compostos: 

3.3.1 Identificação de Alcalóides 

Dois miligramas do extrato foram dissolvidos em 4 mL de ácido clorídrico a 5%. Da  solução resultante, foram separadas três porções de 1 mL em tubos de ensaio, aos quais foram  adicionadas, respectivamente, as seguintes soluções reagentes: 

Reagente Bouchardat: Observa-se a formação de um precipitado laranja avermelhado,  que indicaria reação positiva; 

Reagente Dragendorff: A formação de um precipitado vermelho tijolo seria o  indicativo positivo; 

Reagente Mayer: A formação de um precipitado branco, igualmente, indicaria a  presença de alcaloides. Em todos os casos, observou-se a ausência de precipitação,  classificando-se o resultado como negativo para alcaloides. 

3.3.2 Identificação de Antraquinonas 

Dois miligramas do extrato foram dissolvidos em 3 mL de benzeno em um tubo de  ensaio grande. Em seguida, adicionou-se 2 mL de hidróxido de amônio a 10% com agitação  suave. A presença de antraquinonas seria evidenciada pela formação de uma coloração rósea,  vermelha ou violeta na fase aquosa. No presente estudo, não houve formação dessas  colorações, caracterizando o resultado como negativo. 

3.3.3 Identificação de Saponinas 

Dois miligramas do extrato foram dissolvidos em 1 mL de etanol 80% e,  posteriormente, diluídos até um total de 15 mL com água destilada. O preparo foi agitado  vigorosamente num tubo de ensaio fechado. Caso a camada espumosa formada se mantivesse  estável por mais de 30 minutos, o teste seria considerado positivo para saponinas. No  experimento realizado, não se observou espuma persistente, indicando a ausência deste grupo. 

3.3.4 Identificação de Taninos 

Dois miligramas do extrato foram dissolvidos em 10 mL de água destilada.  Imediatamente, adicionou-se uma gota de cloreto férrico a 1%. A formação de precipitado ou  a mudança de cor seriam sinais definitivos da presença de taninos. Este teste apresentou  resultado positivo, confirmando os taninos como o único grupo de metabólitos detectado na  folha. 

3.3.5 Identificação de Catequinas 

Dois miligramas do extrato foram dissolvidos em 3 mL de metanol, seguido da adição  de 1 mL de solução aquosa de vanilina 1% e 1 mL de ácido clorídrico concentrado. A geração  de uma coloração vermelha intensa indicaria a presença de catequinas. No entanto, nenhuma coloração característica foi observada, resultando em teste negativo. 

3.3.6 Identificação de Flavonoides 

Dois miligramas do extrato foram dissolvidos em 3 mL de metanol. Em seguida,  foram adicionadas cinco gotas de ácido clorídrico concentrado e um pedaço de  aproximadamente 1 cm de fita de magnésio. O aparecimento de uma coloração rósea na  solução seria indicativo da presença de flavonoides, o que não ocorreu, caracterizando o  resultado como negativo. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES  

A triagem fitoquímica realizada nas folhas da sucupira-branca permitiu a identificação  de classes de compostos presentes no extrato etanólico, conforme demonstrado na Tabela 1. 

Os testes qualitativos empregados indicaram os seguintes resultados:

Como pode ser constatado, dentre os diversos grupos de metabólitos secundários  analisados, a única classe identificada nas folhas foi a dos taninos, evidenciando um perfil  fitoquímico bastante restrito neste sistema. Os demais testes para alcaloides, saponinas,  catequinas, antraquinonas e flavonoides não apresentaram reação positiva, indicando uma  ausência ou teores muito baixos destes compostos na matriz vegetal analisada. 

Os procedimentos de extração seguiram um protocolo padronizado, onde as folhas  secas foram pulverizadas e submetidas à extração com etanol 96% sob agitação, a fim de  maximizar a recuperação dos metabólitos solúveis. A análise qualitativa foi conduzida  utilizando reagentes específicos (por exemplo, reação com Cloreto Férrico 1% para taninos), conforme descrito por Matos (1988). Os resultados obtidos, portanto, demonstram de forma  objetiva que a presença de taninos é o traço fitoquímico dominante nas folhas da sucupira  branca. 

A detecção de taninos nas folhas pode ter importantes implicações terapêuticas e  ecológicas. Os taninos são reconhecidos por suas propriedades adstringentes, antioxidantes e  anti-inflamatórias, o que corrobora relatos tradicionais sobre as aplicações medicinais da  sucupira branca na redução de processos inflamatórios e na proteção celular contra o estresse  oxidativo (Rodrigues et al., 2024). A ação dos taninos pode, inclusive, contribuir para a  cicatrização de feridas (queimaduras e dermatoses) e para a proteção contra toxinas  microbianas, reforçando seu potencial como agente fitoterápico (Abranches, 2015). 

A ausência dos outros grupos de compostos – alcaloides, saponinas, catequinas,  antraquinonas e flavonoides – pode ser explicada por diversos fatores. Primeiramente, é  possível que a fenologia da planta influencie a biossíntese dos metabólitos (Santana et al.,  2010). Estudos indicam que a expressão de certos compostos secundários pode variar  significativamente conforme a época de colheita e as condições ambientais (Dutra et al.,  2009). Assim, a fase de desenvolvimento das folhas durante a coleta pode ter favorecido a  acumulação de taninos, em detrimento dos demais metabólitos. 

Em segundo lugar, o método de extração adotado também pode ter impactado no perfil  fitoquímico verificado. A escolha por etanol 96%, na maioria dos casos, é eficiente para  extrair compostos lipofílicos – como terpenos e esteroides– como solvente exclusivo da extração pode ter limitado a recuperação de metabólitos mais hidrofílicos, como determinados  flavonoides e catequinas, que poderiam ser extraídos de forma mais eficaz com solventes  contendo uma maior proporção de água, como o etanol 70% (Dutra et al., 2009). Dessa  forma, a metodologia empregada pode ter limitado a detecção desses compostos, não  significando necessariamente sua ausência absoluta na folha. 

A literatura sobre a composição fitoquímica de Pterodon emarginatus revela que  diferentes partes da planta exibem perfis químicos bastante diversificados. Por exemplo,  estudos com sementes frequentemente relatam a presença de diterpenos e compostos  lipofílicos (Bustamante et al., 2010), enquanto as folhas ainda são pouco exploradas.  

Em diversas espécies do Cerrado, por exemplo, o estresse ambiental pode favorecer a  síntese de taninos como mecanismo de defesa, enquanto a produção de outras classes de  metabólitos pode ser inibida (Sgiers, 2022). Assim, nossos achados dialogam com a hipótese  de que fatores ambientais e métodos de extração influenciam diretamente o perfil fitoquímico  das folhas de Pterodon emarginatus.

Apesar de os achados serem claros quanto à presença de taninos, algumas limitações  precisaram ser consideradas. A escolha exclusiva do solvente etanólico pode ter restringido a  extração dos demais metabólitos presentes na folha, sugerindo que experimentos futuros  deveriam incluir o uso de solventes com diferentes polaridades para um perfil fitoquímico  mais abrangente. Outra limitação foi a ausência de análises quantitativas que permitiriam  correlacionar a concentração dos taninos com as atividades biológicas mensuradas – isso é,  naturalmente, um passo essencial para validar o potencial terapêutico dos extratos. 

Futuras pesquisas também deverão explorar a influência de variáveis ambientais – como estação do ano e condições de cultivo – sobre a síntese de metabólitos nas folhas,  contribuindo para a padronização dos protocolos de extração e análise. Estudos que integrem  técnicas avançadas, como HPLC quantitativo e espectrometria de massa, serão fundamentais  para confirmar e expandir os resultados preliminares aqui apresentados (Dutra et al., 2009). 

Por fim, investigações que correlacionem o perfil fitoquímico com dados biológicos  (por exemplo, ensaios de atividade antioxidante e anti-inflamatória) poderão fornecer uma  melhor compreensão dos mecanismos responsáveis pelos efeitos terapêuticos atribuídos à  sucupira branca.  

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O estudo investigou a composição fitoquímica das folhas da sucupira-branca  (Pterodon emarginatus), uma espécie amplamente utilizada na medicina popular do Cerrado.  A análise qualitativa revelou a presença de taninos como o principal grupo de metabólitos  secundários, enquanto flavonoides, catequinas, saponinas, alcaloides e antraquinonas não  foram detectados. Esses achados reforçam a relevância dos taninos na atividade antioxidante e  anti-inflamatória da planta, destacando seu potencial terapêutico.  

A pesquisa também apontou que fatores como métodos de extração e variações  ambientais podem influenciar a composição química das folhas, indicando a necessidade de  padronização para futuras análises. A ausência de alguns compostos não exclui sua possível  presença em concentrações limitadas, reforçando a importância de estudos complementares  com técnicas avançadas. Ao confirmar a viabilidade científica do uso tradicional da sucupira branca, o trabalho contribui para a valorização dos conhecimentos populares e abre caminho  para novas aplicações farmacêuticas baseadas em princípios ativos naturais.

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SOUZA, L. M., et al. Phytochemical analysis and antioxidant activity of Pterodon  emarginatus seeds. Revista Brasileira de Farmacognosia, 29(3), 349-356. 2019.  https://doi.org/10.1016/j.bjp.2018.08.005 

TERRA, Ionara Antunes. Ensino de Botânica nos cursos de graduação em farmácia: sua  contribuição na formação e atuação do farmacêutico. Teses e Dissertações PPGECIM,  2014.


1Graduando de Farmácia, UNITOP, Palmas, Tocantins, Brasil. E-mail: luanavitoria201201@gmail.com

2Graduando de Farmácia, UNITOP, Palmas, Tocantins, Brasil. E-mail: mas.samynogueira@gmail.com

3Bacharel em Farmácia, Esp. em Biotecnologia, Palmas, Tocantins, Brasil. E-mail:romer.junior.1998@gmail.com. 

4Doutora em Ciências (Química Analítica e Inorgânica), Instituto de Química de São Carlos da Universidade de  São Paulo, Brasil. E-mail: profasinarafreire@gmail.com 

5Doutorado em Química. Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil. E-mail: Guilherme.nobre@mail.uft.edu.br