BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS E OCORRêNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS

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Dr. Juleimar Soares Coelho de Amorim (MG)

Fisioterapeuta; Doutor em Saúde Coletiva pela Fiocruz em Epidemiologia do Envelhecimento; Mestre em Ciências da Reabilitação pela Universidade Estadual de Londrina, PR; Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do Idoso, pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG; Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ; membro do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do IFRJ.

Contextualização: As quedas representam um importante problema entre idosos, com relevante impacto no que tange à sua elevada prevalência no mundo e no Brasil, por sua natureza multifatorial, consequências e dificuldades na identificação de medidas preventivas e reabilitadoras (PERRACINI et al., 2002, REYES-ORTIZ et al., 2005, SIQUEIRA et al., 2007, WHO, 2007, SHUMWAY-COOK et al., 2009, CINA-TSCHUMI et al., 2009, HEINRICH et al., 2010, BERGLAND, 2012, GASÁROTTO et al., 2014). As características associados às quedas são diversas e incluem as condições demográficas (mais longevos e mulheres), de saúde (comorbidades, polifarmácia, diabetes, síndrome da fragilidade e sarcopenia) e de incapacidade (limitação em atividade de vida diária, mobilidade e equilíbrio) (HAUER et al., 2006, HAN et al., 2014). As alterações biológicas que acompanham o envelhecimento também estão presentes e dizem respeito ao perfil inflamatório humano, tais como as alterações latentes e crônicas nos níveis de mediadores, fenômeno conhecido como inflammaging (FRANCESCHI et al., 2014). Os marcadores inflamatórios podem se apresentar como determinantes biológicos para as quedas e, apesar da complexidade da temática, os estudos atuais sugerem medidas protetivas com efeitos potenciais de regular a inflamação crônica e as quedas tais como os exercícios físicos supervisionados por fisioterapeutas.

Desenvolvimento: Em um estudo de coorte, com 1.250 idosos foram coletadas informações sobre quedas nos últimos 12 meses por meio de auto relato e análise do plasma sanguíneo para 11 biomarcadores inflamatórios (interleucinas, fator de necrose tumoral, proteína C-reativa ultrassensível e quimiocinas). Em seguida, foi conduzida uma análise epidemiológica de associação entre quedas e os biomarcadores por meio de regressão logística. Os resultados mostraram que níveis mais elevados da tríade PCR (OR: 1,46), CCL5 (OR: 1,38) e CXCL9 (OR: 1,02) foi associada com alguma queda. Os idosos que relataram duas ou mais quedas tiveram maiores níveis de IL-12 (OR: 1,92) e CXCL9 (OR: 1,67), enquanto maiores níveis de TNF (OR: 1,58), IL-12 (OR: 2,04), CXCL10 (OR: 1,75) e CCL5 (OR: 1,90) foram associados ao relato de procura por serviços de saúde devido à queda (queda grave). Além disso, em uma análise do perfil inflamatório, os resultados mostraram que as chances de quedas aumentam conforme o número de biomarcadores conforme dosagens superiores aumentam. Segundo evidências de ensaios clínicos, apesar dos possíveis benefícios do exercício físico sobre o processo inflamatório crônico, informações sobre os parâmetros ideais dos exercícios para regulação das citocinas ainda não foram estabelecidos (KOHUT, 2006, GREIWE, 2001, NICKLAS, 2008; PHILLIPS, 2010). O exercício terapêutico de resistência (GREIWE et al., 2001) reduz a expressão do TNF no músculo-esquelético e exercícios aeróbicos podem diminuir a síntese dos mediadores inflamatórios interleucinas (IL-6 e IL-8) e PCR, após 12 meses (KOHUT et al., 2006). Mas o aumento benéfico dos níveis circulantes de biomarcadores após o exercício ainda é alvo de estudos que analisam os efeitos proporcionais conforme a duração, intensidade e massa muscular envolvida na atividade.

Considerações finais: A sistemática de utilização dos biomarcadores, especialmente inflamatórios, para a população idosa é incipiente, dado os custos elevados e os procedimentos de análises laboratoriais complexos. Nenhum biomarcador isolado é capaz de rastrear a multiplicidade da etiologia, fenótipo e fisiopatologia das quedas. No entanto, identificar idosos mais vulneráveis pode favorecer planejamento de ações voltadas ao acompanhamento individual e coletivo da população. A compreensão mais detalhada dessa associação e do efeito do exercício terapêutico ajudará clínicos e pesquisadores a propor intervenções que diminuem a inflamação crônica e, assim, a prevenir ocorrência de quedas em idosos.

Referências:

Bergland A. Fall risk factors in community-dwelling elderly people. Norsk Epidemiologi 2012;22(2):151-164. https://doi.org/10.5324/nje.v22i2.1561

Cina-Tschumi B, Schubert M, Kressig RW, De Geest S, Schwendimann R. Frequencies of falls in Swiss hospitals: concordance between nurses\’ estimates and fall incident reports. Int J Nurs Stud. 2009;46(2):164-171. doi:10.1016/j.ijnurstu.2008.09.008

Franceschi C, Campisi J. Chronic inflammation (inflammaging) and its potential contribution to age-associated diseases. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2014;69 Suppl 1:S4-S9. doi:10.1093/gerona/glu057

Gasárotto LPR, Falsarella GR, Coimbra AMV. As quedas no cenário da velhice: conceitos básicos e atualidades da pesquisa em saúde. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2014;17(1):201-209. doi:10.1590/S1809-98232014000100019

Greiwe JS, Cheng B, Rubin DC, Yarasheski KE, Semenkovich CF. Resistance exercise decreases skeletal muscle tumor necrosis factor alpha in frail elderly humans. FASEB J. 2001;15(2):475-482. doi:10.1096/fj.00-0274com

Han BH, Ferris R, Blaum C. Exploring ethnic and racial differences in falls among older adults. J Community Health. 2014;39(6):1241-1247. doi:10.1007/s10900-014-9852-8

Hauer K, Lamb SE, Jorstad EC, Todd C, Becker C; PROFANE-Group. Systematic review of definitions and methods of measuring falls in randomised controlled fall prevention trials. Age Ageing. 2006;35(1):5-10. doi:10.1093/ageing/afi218.

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Kohut ML, McCann DA, Russell DW, et al. Aerobic exercise, but not flexibility/resistance exercise, reduces serum IL-18, CRP, and IL-6 independent of beta-blockers, BMI, and psychosocial factors in older adults. Brain Behav Immun. 2006;20(3):201-209. doi:10.1016/j.bbi.2005.12.002.

Phillips MD, Flynn MG, McFarlin BK, Stewart LK, Timmerman KL. Resistance training at eight-repetition maximum reduces the inflammatory milieu in elderly women. Med Sci Sports Exerc. 2010;42(2):314-325. doi:10.1249/MSS.0b013e3181b11ab7

Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev. Saúde Pública [Internet]. 2002 Dez [citado 2020 Ago 29]; 36(6):709-716. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102002000700008&lng=pt. https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008.

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Shumway-Cook A, Ciol MA, Hoffman J, Dudgeon BJ, Yorkston K, Chan L. Falls in the Medicare population: incidence, associated factors, and impact on health care. Phys Ther. 2009;89(4):324-332. doi:10.2522/ptj.20070107.

Siqueira FV, Facchini LA, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, Silveira DS et al. Prevalência de quedas em idosos e fatores associados. Rev. Saúde Pública [Internet]. 2007 Oct [cited 2020 Aug 29]; 41(5):749-756. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102007000500009&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000500009.

World Health Organization. Global report on falls prevention in older age. France: WHO; 2007.

Leitura Complementar:

Amorim JSC, Torres KCL, Teixeira-Carvalho A, Martins-Filho OA, Lima-Costa MF, Peixoto SV. Marcadores inflamatórios e ocorrência de quedas: coorte de idosos de Bambuí. Rev. Saúde Pública [Internet]. 2019 [cited 2020 Aug 29]; 53: 35.m Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102019000100231&lng=en. Epub Apr 01, 2019. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053000855.

Sherrington C, Fairhall N, Wallbank G, et al. Exercise for preventing falls in older people living in the community: an abridged Cochrane systematic review. Br J Sports Med. 2020;54(15):885-891. doi:10.1136/bjsports-2019-101512.

Beyer I, Njemini R, Bautmans I, Demanet C, Bergmann P, Mets T. Inflammation-related muscle weakness and fatigue in geriatric patients. Exp Gerontol. 2012;47(1):52-59. doi:10.1016/j.exger.2011.10.005.

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WEBCOBRAF

No período de Outubro/2020 a Fevereiro/2021, sob a organização do XXIII COBRAF, do 1st International Seminar on Innovative Learning and Healthcare Approaches in Physical Therapy, do 1° Encontro de Fisioterapia nos Distúrbios do Sono e dos eventos parceiros – 5º COBRAFISM, I COBRASFE e COBRASFIPICS, acontecerá o WEBCOBRAF, que consiste em uma série de webinars, que ocorrerão de quinze em quinze dias com diversos temas. Poderão participar do WEBCOBRAF sem custo adicional, todos os que estiverem inscritos no XXIII COBRAF até 5 dias antes de cada webnair. Não perca essa oportunidade! Garanta já a sua participação.

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17 DE OUTUBRO

WEBCOBRAF – WEBINAR DE FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM PARALISIA CEREBRAL COM BASE NA CIF
PALESTRANTES: PartiCipa Brasil & CanChild
17/10/2020 09h30min – 12h00min
Abertura – 5 min de duração
Palestras – 2 horas de duração
Peter Rosenbaum (CanChild, Canadá): F-words para o desenvolvimento da infância e a CIF
Kennea Ayupe (UnB, Brasil): Introdução à avaliação da criança e do adolescente no contexto da CIF
Paula Chagas (UFJF, Brasil): Avaliação dos fatores contextuais de acordo com core-sets da CIF
Robert Palisano (CanChild, USA)/ Hércules Leite (UFMG, Brasil)/ Ana Cristina Camargos (UFMG, Brasil): Avaliação do domínio da Atividade: GMFM, Challenge, Teste de Caminhada de 10 metros e PEDI-CAT
Ana Carolina de Campos (UFSCar, Brasil)/ Egmar Longo (UFRN-FACISA, Brasil): Avaliação do domínio de Participação: PEM-CY e YC-PEM
Aline Toledo (UnB, Brasil)/ Rafaela Moreira (UFSC, Brasil) /Rosane Morais (UFVJM, Brasil): Avaliação do domínio de Função Corporal: EASE, SRT, Teste de Caminhada de 6 minutos, FSA e Mini-mental
Discussão – 20 min de duração
Encerramento – 5 min de duração

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