COCOA BIOECONOMY: INTEGRATION OF INNOVATION AND SUSTAINABILITY IN THE PRODUCTION CHAIN OF SOUTHERN BAHIA
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10108245
Ana Carolina da Costa Ruiz
Ana Carolina Souza Marciano Oliveira
Taís Silva Berdusch
Prof.° Dr. Iguatinã de Melo Costa
RESUMO
O trabalho busca analisar como a bioeconomia pode ser aplicada na produção de cacau, considerando aspectos econômicos, sociais e ambientais. Serão exploradas estratégias inovadoras para maximizar o valor agregado ao longo da cadeia produtiva do cacau, minimizando o impacto ambiental e promovendo o desenvolvimento das comunidades locais.
Palavras-chave: Bioeconomia, cacau e impacto ambiental.
ABSTRACT
The work seeks to analyze how bioeconomy can be applied to cocoa production, considering economic, social and environmental aspects. Innovative strategies will be explored to maximize added value throughout the cocoa production chain, minimizing environmental impact and promoting the development of local communities.
Keywords: bioeconomy, cocoa, e environmental aspects.
1. INTRODUÇÃO
O cacau, planta originária das florestas pluviais da América Tropical, encontrou na região do Sul da Bahia um habitat propício desde meados do século XVIII. Adaptando-se de forma singular ao clima e ao solo locais, o cacau tornou-se uma paixão nacional, levando o Brasil a ocupar o quinto lugar no consumo mundial de chocolate. Com aproximadamente 600 mil hectares destinados ao seu cultivo e cerca de 75 mil produtores, o país se destaca como o sexto maior produtor global de cacau. Nesse cenário, a Bahia, juntamente com o Pará, é responsável por 96% dessa produção, representando um papel vital na economia do setor.
Na Bahia, especialmente na região Sul, cerca de 400 mil hectares são dedicados ao cultivo do cacau, distribuídos em 81 municípios conforme dados do IBGE em 2020. A prática agronômica predominante é o sistema agroflorestal cacau-cabruca, onde o cacau é cultivado sob a sombra de árvores nativas da Mata Atlântica. Esse método não apenas aumenta a produtividade do fruto, mas também desempenha um papel fundamental na preservação desse bioma, um dos mais ameaçados do mundo.
Com o mercado interno em expansão, aliado à crescente preocupação com a sustentabilidade e à consciência ambiental, o Brasil tem investido consideravelmente em pesquisa, inovação e práticas sustentáveis na cacauicultura. O objetivo é promover o desenvolvimento do setor sem comprometer a vegetação nativa, agregando valor à produção e demonstrando a viabilidade de unir o consumo responsável com as demandas da economia global. Essa jornada em direção a uma bioeconomia do cacau no Sul da Bahia não apenas representa uma transformação econômica, mas também desencadeia mudanças ambientais e sociais fundamentais para a região, estabelecendo um modelo sustentável para a produção de cacau no Brasil.
A bioeconomia, representando uma interseção entre ciência, tecnologia e sustentabilidade, oferece um caminho promissor para a redefinição dos processos produtivos. No caso do cacau, um dos pilares da economia agrícola em muitas regiões, a implementação estratégica da bioeconomia pode ser um catalisador para a transformação positiva.
Além disso, esta pesquisa também abraça a dimensão social do problema. Ao promover a implementação da bioeconomia na produção de cacau, nosso objetivo é catalisar o desenvolvimento econômico nas comunidades locais. Pretendemos investigar não apenas como a produção sustentável pode beneficiar o meio ambiente, mas também como pode criar oportunidades de emprego, melhorar as condições de vida e empoderar as comunidades locais, transformando a produção de cacau em um motor para o progresso social.
1.2. JUSTIFICATIVA
A produção de cacau é uma indústria global de grande relevância econômica, social e ambiental. No entanto, a crescente demanda por cacau, juntamente com os desafios ambientais e sociais associados à produção, exige uma abordagem inovadora e sustentável. A bioeconomia emerge como uma solução promissora, integrando princípios econômicos, sociais e ambientais para criar sistemas de produção mais eficientes e resilientes.
Nesse contexto, esse estudo busca explorar estratégias inovadoras que não apenas maximizem o valor agregado ao longo da cadeia produtiva do cacau, mas também minimizem o impacto ambiental associado a essa produção. Ao adotar uma abordagem holística, examinando aspectos econômicos, sociais e ambientais, pretendemos identificar práticas sustentáveis que não apenas beneficiem os produtores e as indústrias envolvidas, mas também promovam o bem-estar das comunidades locais e a preservação do meio ambiente.
A relevância deste estudo é evidente, pois oferece insights vitais para produtores, empresas, formuladores de políticas e a sociedade em geral. Ao entender como a bioeconomia pode ser efetivamente implementada na produção de cacau, podemos criar um modelo replicável não apenas para a indústria do cacau, mas também para outras cadeias produtivas, promovendo o desenvolvimento sustentável e contribuindo para um futuro mais equitativo e ambientalmente saudável.
1.3. OBJETIVO
A análise da bioeconomia do cacau nas regiões do Sul da Bahia serve como um exemplo de desenvolvimento sustentável, trazendo impactos positivos para a área e seus habitantes. O objetivo principal é identificar os benefícios e desafios cruciais da produção de cacau em uma região muito visitada por turistas. Especificamente, o estudo visa compreender como essa região superou obstáculos, emergindo como uma das mais reconhecidas devido à diversidade de usos da planta.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção, foi necessário revisar teses de mestrado para construir uma base sólida para o artigo. Essas teses foram usadas como referência tanto para discutir o tema principal do artigo quanto para estabelecer a metodologia de análises documentadas. Isso foi crucial para assegurar a precisão e autenticidade dos dados apresentados nas seções subsequentes do estudo.
2.1. DEFINIÇÃO DA BIOECONOMIA
A preocupação com uma produção mais sustentável pode ser facilmente aplicada a dois conceitos que permeiam os assuntos mundiais sobre o meio ambiente. O ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) ou ASG (Ambiente, Social e Governança Corporativa) é um conjunto de padrões e boas práticas que integram a geração de valor econômico perante a conscientização social, sustentável e corretamente gerenciada (TOTVS,2023). Em outras palavras, mede o segundo conceito importante: sustentabilidade. Esse conceito foi levantado pelas Nações Unidas, na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento com a proposta de unir o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, e já se tornou pauta importantíssima nos encontros na ONU com a criação do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no qual são 17 objetivos de planos de ação mundial para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030 (UNICEF,).
Com a oportunidade de ter cultivos mais sustentáveis, a bioeconomia objetiva soluções eficientes para a produção utilizando recursos e processos biológicos, em outras palavras, pode-se entender como a geração de um produto com valor econômico, maximizando o proveito da sustentabilidade.
A bioeconomia se refere aos setores e atividades econômicas que fazem uso de processos biológicos e princípios para criar novos produtos, serviços e matérias-primas renováveis. Estes setores incluem a produção de alimentos, medicamentos, cosméticos e biotecnologia, entre outros. Seu principal objetivo é promover a utilização sustentável dos recursos naturais, como a biodiversidade, e facilitar a transição para uma economia mais verde e baseada em recursos que podem ser regenerados. A bioeconomia busca alcançar um equilíbrio entre metas de preservação ambiental, crescimento econômico e melhorias no bem-estar social, visando a harmonização desses objetivos.
A bioeconomia oferece uma abordagem integrada e sustentável para o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Ela busca conciliar a conservação da biodiversidade com a geração de riqueza e bem-estar, promovendo a transição para uma economia mais verde e baseada em recursos renováveis. As razões principais para a relevância da bioeconomia são:
- Gestão Responsável dos Recursos Naturais: A bioeconomia prioriza a administração sustentável dos recursos naturais, visando minimizar os danos ao meio ambiente e reforçar a conservação da diversidade biológica. Isso se torna especialmente crucial diante da crescente escassez de recursos e das ameaças das mudanças climáticas.
- Diversificação da Economia: A bioeconomia proporciona oportunidades para diversificar as bases econômicas, reduzindo a dependência de setores tradicionais dependentes de recursos não renováveis. Isso pode estimular o crescimento econômico, gerar empregos e promover o desenvolvimento sustentável.
- Estímulo à Inovação e Desenvolvimento de Novos Produtos: A bioeconomia impulsiona a pesquisa e o desenvolvimento de produtos, tecnologias e processos com base em recursos biológicos. Isso pode resultar em avanços científicos e tecnológicos, bem como abrir novas perspectivas de negócios e mercados.
- Garantia de Segurança Alimentar: A bioeconomia desempenha um papel crucial na produção sustentável de alimentos, aumentando a produtividade agrícola, melhorando a eficiência dos sistemas de produção e fortalecendo a segurança alimentar.
- Contribuição para Saúde e Bem-Estar: A bioeconomia está intrinsecamente ligada à produção de produtos farmacêuticos, cosméticos e outros produtos relacionados à saúde e bem-estar. Ela pode ser um motor para o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes, terapias inovadoras e produtos naturais que melhorem a qualidade de vida.
- Preservação da Biodiversidade: A bioeconomia pode incentivar a conservação da biodiversidade, reconhecendo o valor dos serviços ecossistêmicos e da diversidade biológica. Ao promover o uso responsável dos recursos naturais, a bioeconomia contribui para a manutenção dos ecossistemas e a proteção de espécies ameaçadas.
A produção cacaueira é um bom exemplo de como podemos interligar a sustentabilidade ao valor econômico. Presente na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica, dois dos principais biomas brasileiros. O cultivo da planta pode ser feito em meio a outras espécies, já que necessita de sombra, muitas vezes proporcionadas por árvores mais altas como a bananeira. Além disso, todo o processo pode ser realizado de forma orgânica, gerando valor econômico e social.
2.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DO CACAU E SEUS DESAFIOS
A indústria do cacau é uma das mais importantes do setor agrícola, sendo responsável pela produção de um dos ingredientes mais consumidos no mundo: o chocolate. O cacau é cultivado em países da África, América, Ásia e Oceania, mas o continente africano é o maior produtor da amêndoa, fornecendo cerca de 66% de todo o cacau colhido no mundo. (FOOD ANDAGRICULTURE ORGANIZATION – FAO, 2016).
No entanto, a produção de cacau se depara com múltiplos obstáculos, incluindo a instabilidade dos preços, baixa produtividade, condições de trabalho precárias e a presença de pragas e doenças. Adicionalmente, a maioria dos produtores se encontram em países com um baixo PIB per capita e desafios relacionados à infraestrutura.
Esses problemas afetam diretamente a qualidade do cacau e a vida dos produtores. Além disso, há preocupações sociais relacionadas ao trabalho infantil e escravo na produção de cacau, principalmente em países como Gana e Costa do Marfim (KPMG, 2012)
Frente a essa situação, as empresas atuantes na indústria do chocolate têm se empenhado em adotar práticas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ao longo de suas cadeias de abastecimento de cacau. Tais práticas visam aprimorar as condições sociais, econômicas e ambientais nas comunidades produtoras, ao mesmo tempo em que garantem uma produção sustentável e eticamente correta.
As principais medidas de RSC adotadas pelas empresas incluem a aquisição de cacau certificado, o auxílio aos produtores por meio de treinamentos e programas de desenvolvimento, a promoção de boas práticas agrícolas e o combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo.
Essas iniciativas são de grande importância, não apenas para atender às expectativas dos consumidores, que estão cada vez mais preocupados com produtos fabricados de maneira socialmente responsável, mas também para garantir o fornecimento de cacau de alta qualidade e impulsionar o desenvolvimento das comunidades produtoras.
2.3. IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÔMICA DO CACAU NO BRASIL
O cultivo de cacau é muito importante no Brasil. É uma das principais plantações do país, especialmente na Bahia e no Pará. Economicamente, o cacau é um produto valioso que o Brasil vende para outros países, gerando muito dinheiro através da exportação de produtos como chocolate.
Além de beneficiar a economia, a produção de cacau também ajuda as comunidades locais, oferecendo empregos para agricultores, processadores e motoristas. E quando cultivado de maneira sustentável, o cacau ajuda a proteger o meio ambiente e a diversidade das plantas e animais. Assim, o cacau não apenas contribui para a economia brasileira, mas também melhora a vida das pessoas nas áreas rurais e promove práticas agrícolas amigáveis ao meio ambiente.
Desde o século XVIII, o cacau é cultivado no país, sendo um produto essencial na economia da Bahia. Para Fontes (2013), o agronegócio do cacau tem transformado as regiões produtoras, trazendo desenvolvimento econômico e social. Com a globalização, houve avanços tecnológicos nesse setor. Para ajudar os produtores rurais, especialmente os pequenos, surgiram ideias como os “clusters”, que são grupos de empresas e instituições que trabalham juntas para melhorar a produção. Essa cooperação tem levado a inovações e ao desenvolvimento sustentável, envolvendo parcerias, políticas públicas e fortalecimento das instituições locais.
Na região litorânea do Sul da Bahia, o cultivo de cacau de alta qualidade e sustentável aumentou. Isso fez com que especialistas internacionais reconhecessem a qualidade do cacau brasileiro, levando a vários prêmios e certificações. Esse reconhecimento ajudou na recuperação da produção de cacau no Brasil (ESTIVAL et al., 2019)
2.4. INÍCIO DO CACAU NO BRASIL
O cultivo do cacau no Brasil, teve suas raízes em 1679, quando os portugueses decidiram plantar as primeiras árvores de cacau no estado do Pará, na região norte do país, durante a colonização portuguesa. O estado do Pará foi escolhido por possuir um clima adequado para a plantação de cacau: quente e úmido.
Apesar de ter o início de sua produção no Pará, o cacau foi se desenvolvendo na região de Ilhéus e Porto Seguro, as regiões do Sul da Bahia, devido ao solo ser considerado mais adequado para o seu cultivo. Atualmente essa região continua tendo um papel central na produção nacional, com foco na sustentabilidade ambiental e social na sua cadeia produtiva.
Analisando o cacau produzido, podemos destacar que a região é conhecida pela produção de cacau qualidade premium. Abaixo estão listados alguns dos tipos de cacau que são cultivados.
- Cacau Nacional: Utilizado na produção de chocolates premium, por possuir uma ótima qualidade de sabor e aroma.
- Cacau Cabruca: Tem características marcantes relacionadas a preservação do meio ambiente, pois é cultivada na sombra de espécies nativas da floresta, isso tem influência significativa no sabor e qualidade do cacau.
- Cacau Trinitário: Não é tão comum, mas é muito apreciada por possuir qualidade superior em comparação ao cacau comum, também utilizado no cacau de maior qualidade.
- Cacau de Qualidade Especial: Os métodos sustentáveis são muito valorizados por consumidores conscientes da importância de algumas práticas para o meio ambiente, e o cacau de qualidade especial inclui o cacau orgânico e o de comércio justo.
2.4.1. UTILIZAÇÃO DO CACAU
Apesar de relacionarmos o cacau apenas com a produção do chocolate, podemos utilizá-lo por completo agregando valor em toda a cadeia. Abaixo citamos uma variedade de utilizações:
- Cacau em pó: Sua produção ocorre através do cacau processado, sendo utilizado em áreas da confeitaria, bebidas, sorvetes, entre outros.
- Licor de cacau: Bebida produzida a partir de grãos fermentados e torrados.
- Manteiga de Cacau: Extraída através do processamento, e é considerada versátil, pode ser utilizada em alimentos e cosméticos.
- Cacau em Grãos: Podem ser vendidos para produtores de chocolates que preferem processar o cacau dentro de suas linhas de produção.
- Turismo: Algumas produtoras de Cacau oferecem passeios turísticos no Sul da Bahia, trazendo experiências únicas do cacau.
- Pesquisas: Utilizado em pesquisas para melhorar a qualidade, focando na sustentabilidade e no tratamento de algumas doenças.
- Cacau medicina: Rico em efeito antioxidante, as amêndoas após serem esmagadas e aquecidas, resultam em uma massa condensada que pode ser diluída em água e bebida em rituais religiosos.
- Biomassa: A casca do cacau pode ser destinada a geração de biomassa que pode se transformar em energia.
Além de todos os subprodutos originados do cacau, podemos citar que a casca de amêndoa, considerada um resíduo, pode-se produzir barras de cereais, bebidas, sobremesas do tipo sorvete e cookies. Isso porque possui propriedades semelhantes aos frutos.
2.4.2. PRODUÇÃO DO CACAU NO SUL DA BAHIA
Para quem já viajou a lazer ou a trabalho para Porto Seguro na Bahia e teve a oportunidade de conhecer o Centro Histórico e se deliciar com a vida noturna na Passarela do Descobrimento, conhecida popularmente como Passarela do Álcool, observou a presença constante do cacau em sua diversidade, seja em pó, em tablete ou até mesmo nos drinks adoçando as bebidas ou servindo de copo. Isso porque a cidade, economicamente predominante do turismo, está conseguindo se desenvolver pós pandemia com a venda dos mais variados tipos e usos do cacau.
Em uma viagem em 2018, foi possível observar a importância que os nativos deram ao cacau ao fazer os turistas provarem a fruta e o chocolate puro (80% cacau). Ao retornar em 2023, o cacau além de manter a tradição de apresentação, esteve presente em drinks, utilizado em muitas barraquinhas de rua de ingrediente adicional ou de copo para os turistas. Em uma conversa informal com uma vendedora, ela informou que eles tiveram que se reinventar no uso do cacau para atrair os turistas e que o sucesso da barraca dela estava em poder servir qualquer bebida dentro do cacau.
Todo esse sucesso de atratividade está condizente a política publicada em 19/10/2022 às 10h36 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária no site oficial do Governo, no qual menciona que “O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os principais players da cadeia produtiva têm convergido para o objetivo de ampliar a produção de cacau, melhorar sua qualidade, e promover a sustentabilidade da cadeia produtiva, gerando renda e trabalho de qualidade. A meta é atingir a autossuficiência na produção de cacau até 2025, e até 2030 o Brasil retomar posição de destaque como produtor de cacau e chocolate de qualidade, conservando o meio ambiente.”
O Governo também realizou no final de 2022 em São Paulo a “Cacau Conecta AgTechs 2022” que teve como objetivo reunir startups voltadas ao agro para solucionar demandas apontadas pelo setor envolvendo melhoramento do processo, automatização, aumento de eficiência e outros tópicos.
As chamadas AgTech (tecnologia para agricultura) ou as Agrotech (tecnologia para o agronegócio) são startups tecnológicas do Brasil que buscam o crescimento dos respectivos setores por meio de inovações de grande impacto. Podem explorar campos como controle de pragas, economia compartilhada e melhoramento genético por exemplo.
2.5. CRIAÇÃO DE VALOR NA CADEIA PRODUTIVA
A criação de valor na cadeia produtiva do cacau no Sul da Bahia abrange desde o cultivo sustentável até a comercialização estratégica, com foco na qualidade e inovação. Esses fatores podem aumentar a competitividade e o valor dos produtos de cacau da região, beneficiando tanto os agricultores quanto a economia local.
De acordo com o IBGE (2020), a Bahia possui uma área cultivada de aproximadamente 400 mil hectares, e 41 mil produtores distribuídos em 7 territórios e 81 municípios, mas com sobressalência na região Sul do estado. Para ter tanto reconhecimento, a região busca estar cada vez mais próxima dos valores sustentáveis, explorando novos métodos de cultivo, que evitam o desmatamento.
Entre os sistemas de cultivo adotados no Sul da Bahia, está o sistema cabruca. Segundo o Instituto Floresta Viva (Chiapetti, Rocha e Conceição, 2020), 79% dos estabelecimentos rurais do Território Litoral Sul da Bahia têm como atividade agrícola a produção de amêndoas de cacau, sendo que 78% desses estabelecimentos produzem no sistema cabruca. O nome desse sistema surgiu devido a uma expressão regional da época “Venha cá brocar a mata”, que indicava perfurar a mata para a plantação, desde então ficou conhecida como “cabruca”.
No sistema cabruca, o cacau possui plantação de densidade baixa, sendo em média 700 plantas por hectare, através da sombra de espécies nativas da floresta original, que correspondem a 80 árvores por hectare, densidade superior à que os agrônomos do ICB recomendam, sendo 64 árvores por hectare (MANDARINO, 1978).
Assim que esse sistema começou a ser utilizado, algumas particularidades eram realizadas, à medida que as plantas de cacau cresciam e necessitavam de mais luz, realizava-se o raleamento do sombreamento por meio do corte da casca ao redor do tronco das árvores de sombra, conhecida como anelamento (Bondar, 1938a). Esse método prejudicava o ciclo de vida das árvores, com a perda de folhas e galhos, resultando em um período de vida de um a dois anos. Quando essas árvores morriam, seus galhos secos caíam na plantação, danificando os cacaueiros (Bondar, 1938a; Miranda, 1938). Devido aos resultados negativos, o raleamento começou a ser substituído pelo sombreamento definitivo, onde todo o sombreamento era removido. Nesse caso, as árvores eram mantidas apenas como sombreamento provisório para os cacaueiros recém-plantados (Miranda, 1938).
O método “cabruca” possui uma grande vantagem econômica em relação ao de corte e queima, com um custo de mão de obra até quatro vezes menor (Bondar, 1938a), mas assim que começou a ser utilizado possuía também algumas desvantagens significativas, como o volume de cacau obtido, que era inferior ao método anterior (corte e queima), de aproximadamente 525 kg por hectare (May e Rocha, 1996).
O sistema de cabruca não é apenas o ponto de partida para a produção de chocolate delicioso, mas também desempenha um papel vital na proteção do bioma da Mata
Atlântica. Nestas áreas, mais de 250 espécies de plantas e animais coexistem, muitas das quais enfrentam ameaças de extinção.
Um estudo realizado no Sul da Bahia demonstrou os benefícios das cabrucas para a conservação de várias espécies de árvores. Os pesquisadores mapearam árvores não relacionadas ao cacau em diversas propriedades, comparando os dados com informações coletadas nos anos 60 na mesma região. Os resultados revelaram uma notável diversidade de árvores nas cabrucas, destacando sua importância como um sistema agroflorestal. Embora não possam substituir florestas intocadas, as cabrucas desempenham um papel crucial ao preservar árvores em paisagens já impactadas pela atividade humana. Além disso, essas áreas atuam como corredores ecológicos, oferecendo habitats adicionais para animais e servindo como zonas-tampão entre áreas urbanas e a floresta.
As cabrucas desempenham um papel essencial na regulação do fluxo hídrico, na produção de água e na conservação do solo na Mata Atlântica. Contudo, é fundamental cultivar cacau nessas áreas com cuidado, removendo o sub-bosque e podando galhos para permitir a entrada de luz na mata, um processo conhecido como raleamento, sem causar impactos desnecessários nas espécies nativas, especialmente aquelas do sub-bosque.
A prática de cultivar cacau em áreas de cabruca não apenas protege as árvores nativas, mas também representa uma estratégia inteligente para proteger as plantações de cacau no Sul da Bahia contra os efeitos das mudanças climáticas. O cacau é extremamente sensível às variações de temperatura e chuva, o que o torna dependente de um clima específico para prosperar. No entanto, um estudo da Universidade Estadual de Santa Cruz mostrou que o cultivo de cacau em áreas de cabruca ajuda a reduzir os impactos negativos das mudanças climáticas nas plantações. Ao fornecer sombra às plantas, as árvores da cabruca ajudam a estabilizar o clima na plantação, permitindo assim a continuidade do cultivo de cacau a longo prazo, enquanto nas plantações a pleno sol, a perda de áreas propícias ao cultivo de cacau devido às mudanças climáticas seria muito maior.
A cabruca está ligada ao combate às mudanças climáticas devido à sua capacidade significativa de armazenar carbono. Estudos revelam que cerca de 59% do carbono acima do solo na região litorânea do sul da Bahia está contido nessas áreas agroflorestais. A quantidade de sombra na cabruca está diretamente ligada à quantidade de carbono armazenado e à produtividade do cacau. Quanto mais árvores e sombra houver, maior será o armazenamento de carbono. A cabruca é capaz de armazenar quase o dobro do carbono encontrado no cultivo de cacau a céu aberto. No entanto, é crucial manter um equilíbrio adequado de sombra, já que um excesso pode reduzir a produção de cacau. Recomenda-se que a cabruca tenha no máximo 30% de sombreamento para permanecer economicamente viável. Uma maneira de incentivar os produtores a preservar as árvores é implementar um Pagamento por Serviço Ambiental (PSA). Além disso, ao adotar práticas adequadas de adubação, roçagem, controle de pragas e polinização, é possível aumentar a produtividade do cacau sem comprometer o estoque de carbono, desde que seja feito um manejo cuidadoso.
O sistema cabruca, caracterizado pelo cultivo de cacau sob a sombra de árvores nativas em uma configuração agroflorestal, estabelece uma relação intrínseca com as aves na região da Bahia, Brasil. A preservação da floresta nativa no ambiente cabruca oferece um habitat biodiversificado para aves e outras formas de vida selvagem. Diversas espécies aviárias encontram recursos alimentares e abrigo nas árvores nativas que compõem o sistema cabruca. Além de sua presença essencial para a diversidade ecológica, as aves desempenham um papel significativo na polinização das flores de cacau, contribuindo assim para a reprodução e produtividade das plantas. Sua participação ativa na dispersão de sementes também é crucial para a regeneração natural da vegetação local, mantendo o equilíbrio ecológico fundamental para a sustentabilidade do sistema cabruca.
Muitas fazendas de cacau na região cacaueira da Bahia estão comprometidas em produzir e conservar simultaneamente. A Cooperativa Cabruca, sediada em Ilhéus, reúne produtores comprometidos com práticas orgânicas e agroflorestais. Eles cultivam cacau de qualidade nas cabrucas, incentivando também o cultivo de outras espécies comerciais como açaí, pupunha, especiarias (pimenta-do-reino, cravo, canela etc.) e frutas (cupuaçu, goiaba, laranja, etc.). Todos esses produtos são certificados como orgânicos e biodinâmicos, mostrando que é possível produzir alimentos de forma sustentável na floresta. Essa abordagem permite a coexistência harmoniosa de humanos e animais nas mesmas áreas, que já abrigam diversas espécies selvagens. Certas fazendas de cabruca foram identificadas como áreas prioritárias para a conservação de aves pela organização SAVE Brasil. Essas áreas, chamadas de IBAs (Important Bird Areas), abrigam aves importantes, muitas delas raras ou ameaçadas de extinção.
2.5.1. SISTEMA DE COLHEITA DO CACAU
Para os agricultores que cultivam cacau, produzir com qualidade superior requer um cuidado a mais em todas as etapas. Isso geralmente é alcançado por aqueles que já têm uma produção sólida e podem investir na melhoria da qualidade das amêndoas. Mesmo assim, qualquer agricultor, seja pequeno ou grande, pode aspirar à qualidade.
É essencial seguir práticas agrícolas responsáveis, como preservar os recursos naturais, usar equipamentos de segurança, aplicar produtos químicos de forma adequada e manter a limpeza durante o processamento do cacau. Ao adotar essas práticas, os agricultores podem colher frutos saudáveis e lotes mais uniformes.
Conseguir cacau de qualidade é um desafio que envolve planejar tudo, desde a produção e colheita até o armazenamento e controle dos lotes.
Conforme a Organização Internacional do Cacau (ICCO), o cacau pouco maduro não desenvolve completamente seus sabores e aromas, e as bagas de cacau não amadurecem simultaneamente na mesma árvore.
O cacaueiro é uma árvore que cresce em regiões tropicais com clima quente e úmido. Para se desenvolver bem, precisa de temperaturas em torno de 25°C e chuvas anuais entre 1.500 a 2.000 mm. Além disso, requer solos profundos, férteis e que tenham uma boa drenagem. Em média, o cacaueiro tem entre 4 a 8 metros de altura e sua copa varia de 4 a 6 metros de diâmetro. Existem diferentes tipos de cacau, mas os mais comuns no Brasil são os forasteiros Amazônicos.
As árvores de cacau começam a produzir no segundo ano após serem plantadas, mas só dão sua maior quantidade de frutos a partir do quinto ano. Na Bahia, uma plantação com 400 a 500 kg de cacau por hectare é considerada normal. No entanto, com técnicas agrícolas mais avançadas, como usar a quantidade certa de nutrientes, lidar eficientemente com insetos e doenças, cortar algumas árvores para deixar mais luz entrar e usar tipos de cacau que produzem mais, as novas plantações podem aumentar muito a quantidade de cacau no sul da Bahia (Criar e Plantar, 2011).
Durante a colheita do cacau, é crucial adotar precauções que afetarão a produção futura. Para garantir o processo adequado, é essencial colher os frutos a cada 10, 15 ou, no máximo, 21 dias. É importante manusear com cuidado para não prejudicar a almofada floral, de onde surgirão novos frutos, e assegurar que todos os utensílios usados estejam em boas condições.
Após a colheita, o cacau deve ser agrupado em pequenas pilhas na plantação ou levado para unidades de processamento, dependendo da estrutura da fazenda, para serem abertos. Essas pilhas devem ser organizadas por variedade, coloração, maturação e data de colheita, evitando misturar frutos quebrados em dias diferentes. Uma triagem adicional deve ser feita para separar frutos verdes, muito maduros, doentes ou perfurados, destinados à produção convencional. Os frutos não perfurados podem descansar à sombra por alguns dias para pré-amadurecer, afetando positivamente o processo de fermentação, que deve ser ajustado com base na maturação das variedades de cacau e nas condições climáticas de cada propriedade.
A quebra dos frutos de cacau geralmente ocorre no campo, podendo ser feita de dois a quatro dias após a colheita para aumentar o teor de açúcar na polpa. É essencial evitar perfurações nos frutos. O método ideal, quando possível devido ao relevo da região, é transportar os frutos para um local apropriado, onde possam ser higienizados e separados por tipo, conforme sugerido por GRAMACHO (1992). Ao abrir os frutos, é importante fazer isso em um lugar protegido para evitar que a polpa entre em contato com a água da chuva.
A mistura de sementes de cacau e polpa é chamada de cacau em goma. Nesta fase, é extraído o mel de cacau. Para evitar a fermentação alcoólica, a massa deve ser rapidamente transferida para os coxos, onde o processo continuará. A fermentação é acelerada pela temperatura e pela presença de microorganismos nos recipientes de colheita e transporte, conforme explicado por FERRÃO (2000).
2.5.2. FERMENTAÇÃO
O processamento do cacau envolve duas etapas principais: fermentação e secagem. A fermentação e a secagem são passos cruciais para produzir uma amêndoa de cacau de alta qualidade, com as características de sabor desejadas (MARTINS et al., 2012; ENGELHARDT e ARRIECHE, 2016).
A fermentação envolve algumas reações químicas, que incluem a quebra de açúcares e proteínas, liberação de enzimas e compostos fenólicos. O tempo de fermentação varia dependendo do tipo de cacau, mas para o cacau Forastero, que é predominante não só no Sul da Bahia, como no mundo inteiro, geralmente leva em média de uma semana para desenvolver os sabores característicos do chocolate.
A fermentação ocorre em recipientes especiais chamados cochos, que são protegidos do vento e da chuva. Esse processo tem como objetivo retirar a polpa e melhorar o sabor do cacau através da fermentação alcoólica. Durante o tempo da fermentação, as amêndoas no interior dos cochos são mexidas diariamente. Em seguida, as amêndoas são secas ao ar livre em estruturas chamadas barcaças ou, às vezes, em estufas.
Para obter um cacau de alta qualidade, é preciso escolher bem as estruturas usadas no processo, como os cochos de fermentação e os secadores. Esses equipamentos devem ser específicos, diferentes dos usados para o cacau comum na fazenda. Cada cocho e secador devem ser marcados para que os técnicos possam acompanhar e controlar o processo, além de monitorar a produção.
Figura 1– Cocho de fermentação de cacau
Fonte: https://forumdocacau.com.br/
2.5.3. SECAGEM
Após a fermentação, a massa de cacau contém cerca de 60% de umidade. Para obter qualidade, a secagem deve reduzir esse teor para aproximadamente 8%. Esse processo desenvolve as características sensoriais das amêndoas, como redução da adstringência, diminuição da acidez e liberação de aromas de chocolate. (Martins et al., 2012)
É importante secar o cacau imediatamente. A secagem não deve ser muito lenta para evitar fungos ruins para o sabor e toxinas prejudiciais (CRESPO, 1985). Por outro lado, não deve ser muito rápida para não afetar o sabor do chocolate, evitando que a gordura do cacau se mova para a superfície da amêndoa (FOOD SCIENCE AND TECHNOLOGY, 2010).
A escolha do secador é outro fator importante para a qualidade do cacau. A secagem ao sol em estruturas como barcaças ou estufas, evita o uso de lenha devido à poluição e aos custos. O local do secador deve ser plano, aberto, ensolarado e longe de fogões a lenha.
2.5.4. SECAGEM POR BARCAÇAS
Na Bahia, a secagem tradicional do cacau é feita em estruturas com lastro de madeira, como Paparaíba ou Pequi amarelo, e cobertura móvel de telhas de zinco ou alumínio. Essa abordagem permite uma secagem mais prolongada e eficaz, mas durante os horários de sol intenso, das 10h às 14h, a cobertura é fechada para proteger o cacau da luz direta, permitindo uma secagem mais lenta. No entanto, essa técnica enfrenta limitações durante os períodos chuvosos, já que a umidade pode causar mofo na massa de cacau (REIS, 2017)
Figura 02– Secagem Barcaças
Fonte: https://www.designi.com.br/
2.5.5. SECAGEM POR ESTUFAS SOLARES
As estufas são uma tecnologia recente para o cacau, caracterizadas por uma cobertura plástica com proteção contra raios ultravioleta, laterais móveis e uma estrutura fixa de madeira, aço galvanizado ou tubos de PVC. Dentro das estufas, as amêndoas de cacau são secas em lastros suspensos, semelhantes a mesas. Durante os períodos quentes do dia, as laterais da estufa são mantidas abertas para evitar o acúmulo de umidade. Em dias chuvosos, as janelas são fechadas para impedir que o cacau se molhe, evitando o aumento da umidade na massa. O segredo dessa técnica reside no equilíbrio entre o ar frio que entra na estufa e o ar quente que sai dela para secar eficazmente o cacau (REIS, 2017).
Figura 03– Estufa Solar
Fonte: https://tropicalestufas.com.br/
O cacau, após a secagem, precisa ser ensacado em sacos de 60kg e armazenado em locais com piso elevado e paredes revestidas de modo a evitar fungos (MI, 2005). As amêndoas devem ser armazenadas em ambientes com umidade máxima de 70% e temperatura ambiente para prevenir o crescimento de fungos. É crucial que esses armazéns sejam exclusivamente usados para o cacau, já que as amêndoas têm alta capacidade de absorver odores externos (OETTERER, 2006).
2.6. DESAFIOS NA PRODUÇÃO DE CACAU
Apesar da produção local de cacau estar em constante crescimento e da análise positiva do mercado, até 2021, o Brasil importava de países africanos como Gana e Costa do Marfim, cerca de 50 mil toneladas para adicionar ao volume do mercado interno. Em 2022, o volume comprado atingiu seu menor número, preocupando os cacaueiros. Esse número chegou a zero entre setembro a outubro e de um pouco mais de 11 mil toneladas no acumulado de janeiro a outubro. Essa queda se originou devido a falta de interesse na importação para as indústrias, uma vez que o custo logístico, tributário e de rastreabilidade é elevado.
Esse desafio permitiu que grandes líderes do setor e o Governo pudessem desenvolver ações de promoção do cultivo interno. Porém, outra preocupação que surgiu simultaneamente em 2022, foi a busca por novos mercados de exportação. Apesar do Brasil exportar derivados de cacau para os Estados Unidos e toda a América, nosso principal mercado consumidor é a Argentina, cuja economia está em crise até hoje.
Para Adilson Reis, analista do mercado de cacau, faltam incentivos reais para o cacauicultor, que enfrenta dificuldades nos preços da arroba e nos custos de insumos para a produção. Ele também enfatiza que a produtividade do Brasil ainda é baixa, ficando em torno de 30 arrobas por hectare, quando o esperado são de 70 a 80 arrobas.
Outra grande preocupação para quem vive da produção do cacau, são as pragas que podem ocasionar a perda da fruta. A mais famosa, conhecida como vassoura-de-bruxa, fez a Bahia perder o título de maior produtora nacional para o Pará. A doença causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa , altera o equilíbrio hormonal da planta e provoca deformação, apodrecimento e morte da plantação e pode ser visível pelas folhas e galhos secos semelhantes a uma vassoura velha, originando o nome popular da praga. O fungo provoca danos econômicos, sociais e ambientais, dificultando a preservação da Floresta Atlântica, muito usado na produção cabruca. Nas Figuras 4 e 5 podemos observar uma árvore de cacau acometido da doença.
Figura 04– Vassoura de Bruxa –Moniliophtera perniciosa
Fonte: https://www.agrolink.com.br/
O controle de pragas e doenças é uma grande preocupação para os agricultores de cacau. Estratégias como o uso de agroquímicos, controle biológico e manejo integrado são empregadas com base nas características específicas das pragas, nas condições climáticas e no tipo de cultura. A escolha cuidadosa da estratégia apropriada é fundamental para garantir um controle eficaz e sustentável, visando preservar tanto a produtividade quanto o meio ambiente.
Para se adaptar às demandas do mercado global, produtores, cooperativas e empresas estão investindo na produção de tipos especiais de cacau, como o orgânico e o de aroma fino. Essas variedades, mais valorizadas internacionalmente, impulsionam a colaboração entre diferentes partes interessadas. Associações de produtores, fabricantes de chocolate, instituições educacionais e órgãos de assistência técnica, apoiados pelas autoridades públicas, formam uma rede integrada e colaborativa para alcançar esse objetivo.
Além disso, desde o final dos anos 1980, foram implementadas estratégias para revitalizar a produção de cacau na região do Sul da Bahia. Além do resgate de métodos tradicionais, como o cultivo em cabrucas, houve um foco crescente na produção de cacau orgânico certificado. Essas abordagens não apenas fortalecem as práticas ecologicamente sustentáveis, desvinculando a produção regional do mercado de commodities, mas também acrescentam valor à produção, proporcionando um caminho viável para o crescimento econômico e a conservação ambiental. Essas iniciativas, juntamente com tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis, estão moldando o futuro da produção de cacau no Sul da Bahia, promovendo tanto a competitividade quanto a preservação do meio ambiente.
2.7. PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS
A fim de superar os desafios ditos anteriormente, produtores de cacau, com o apoio de instituições de pesquisas, poder público, ONGs e empresas, estruturaram estratégias para revalorizar a qualidade da produção. Eles consolidaram os “marcos de distinção” (HARVEY,2005), permitindo que os produtores tenham mais liberdade para agregar valor à produção e se tornar menos vulnerável às oscilações de preços e baixas remunerações.
Outro avanço foi a criação do CIC (Centro de Inovação do Cacau), uma associação sem fins lucrativos, gerida por uma diretoria científica que responde diretamente ao conselho de administração do Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia, que surgiu através de debates entres os principais players da cadeia produtiva a fim de acabar com a crise da cacauicultura,iniciada no final da década de 1980. Usando como referência a ISO 2451/2014, que especifica grãos de cacau, ele exerce um papel fundamental na nova classificação de qualidade das amêndoas e do chocolate. No laboratório localizado na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), são realizados testes para detectar defeitos, classificar e avaliar a fermentação, medir acidez e gordura e muitos outros. Ele ainda conta com uma planta piloto que funciona como incubadora para os produtores de amêndoas, processando cerca de 50 kg de amêndoas de cacau por dia e empreendedores que queiram desenvolver seus chocolates resultando em mais de 20 marcas de chocolates regionais que atuam no mercado bean-to-bar (do grão à barra).
Essa transformação da comercialização do cacau, trouxe à tona uma oportunidade de atuação: aproximar o produtor do consumidor. Assim, a CIC começou a atuar em três áreas:
- Qualificação: Principal área de atuação envolve classificação físico-química, no qual é analisado gordura, flavonoides, teobromina, cafeína e outros compostos importantes para a qualidade.
- Grupo de Excelência: Consultorias por meio de cursos e treinamentos para geral um nível de qualidade da produção do cacau commoditie para o cacau gourmet, prêmio ou especial.
- Rastreabilidade: Demanda dos compradores de cacau de qualidade superior, que utilizam o laudo da CIC e seu banco de dados para a escolha dos melhores produtores. Em outras palavras é possível saber, através da tecnologia blockchain (protocolo de confiança), como foi produzido, quem foi o produtor, qual a qualidade de forma rastreável e auditável.
Com a área de rastreabilidade, a CIC está criando uma plataforma de marketplace (portal de vendas online colaborativo) onde a compra é direta entre empresas e produtores, sem ação de intermediários.
Esses fatores, minimizam o mercado de incertezas e geral investimentos sustentáveis para os produtores de amêndoas de caca, construindo uma visão comum de futuro para a produção do cacau.
2.8. A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NA PRODUÇÃO DE CACAU
Nos últimos anos, a modernização agrícola no Brasil tem sido marcada por avanços tecnológicos transformadores, impulsionando a produtividade e a competitividade do setor. Contudo, mesmo diante desses progressos, os desafios persistem, especialmente na produção de cacau. Enquanto a tecnologia moderna, abraçada por grandes produtores, coexiste com métodos convencionais preferidos por pequenos agricultores, a necessidade de integrar tecnologia e inovação torna-se premente. Um olhar detalhado sobre o cenário revela não apenas desafios, mas também um terreno fértil para inovações que podem transformar o setor de cacau no Brasil.
A pesquisa científica está na vanguarda dessas inovações. Cientistas estão explorando procedimentos revolucionários, como a transformação dos resíduos da cadeia de produção do cacau em recursos valiosos. Estes incluem não apenas a geração de energia sustentável, mas também a produção de fertilizantes ecológicos e enzimas bacterianas essenciais para a agricultura moderna. Estudos como o que investiga a aplicação de celulases na desintegração dos resíduos agroindustriais oferecem uma visão promissora para o setor, sugerindo caminhos inovadores para a produção de etanol, contribuindo para a sustentabilidade e a eficiência da produção de cacau.
A nanotecnologia emerge como uma ferramenta-chave na revolução do cacau, permitindo a criação de estruturas altamente coordenadas em nível molecular. Estas estruturas microscópicas e macroscópicas são projetadas para aprimorar a qualidade e a eficácia do cacau. Além de seu papel vital na melhoria do processamento, a nanotecnologia também é essencial na concepção de embalagens revolucionárias. Estas não apenas preservam a frescura do cacau durante o armazenamento e transporte, mas também contribuem para a expansão do mercado de produtos à base de cacau. A tecnologia está ainda na vanguarda da elaboração de composições especiais, satisfazendo as demandas dos consumidores por produtos que sejam não apenas saborosos, mas também saudáveis.
No campo do monitoramento, a tecnologia da informação, incluindo o monitoramento via satélite, se destaca como uma ferramenta indispensável para os agricultores. Esta abordagem multidisciplinar, desde a captura de imagens por satélite até a análise de dados e a comunicação dos resultados, oferece uma visão abrangente e em tempo real das condições agrícolas. Isso permite que os agricultores ajam de forma proativa, respondendo às condições em evolução de suas plantações, garantindo o uso eficiente de recursos como irrigação e fertilizantes e minimizando perdas devido a pragas, doenças ou estresse hídrico.
Além disso, o zoneamento de risco assume um papel crucial ao considerar variáveis climatológicas específicas. A CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), uma instituição de grande relevância para o desenvolvimento da produção de cacau no Brasil, tem investido significativos recursos em pesquisas e avanços tecnológicos. Estes esforços estão voltados para aprimorar não apenas a eficiência, mas também a qualidade do cacau produzido. Paralelamente, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lançou o Mapeamento de Risco Climático para todos os estados sob a jurisdição do BNB (Banco do Nordeste). Esta iniciativa promissora tem o potencial de facilitar a adoção de tecnologias mais adequadas, considerando as características climáticas específicas de cada região. A integração dessas estratégias representa um passo crucial para o setor, permitindo uma produção de cacau mais resiliente e adaptada às condições climáticas variáveis do Brasil, ajudando na escolha das melhores áreas para o cultivo de cacau.
Em resumo, a revolução tecnológica na produção de cacau no Brasil está redefinindo não apenas o setor agrícola, mas também o panorama econômico e social do país. Ao superar desafios, integrar inovações e adotar tecnologias avançadas, o Brasil está não apenas assegurando um futuro sustentável para os produtores de cacau, mas também liderando o caminho para um setor agrícola mais eficiente, inovador e adaptável às demandas do mercado global. Essas transformações não apenas impulsionam a economia, mas também melhoram as condições de vida das comunidades agrícolas em todo o Brasil, destacando o potencial revolucionário dessas inovações para o país e além.
2.8.1. TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS NA PRODUÇÃO DE CACAU NO SUL DA BAHIA
No cenário técnico da produção de cacau no Sul da Bahia, uma série de práticas e inovações sustentáveis estão sendo implementadas para otimizar a eficiência e minimizar o impacto ambiental. O manejo de resíduos é conduzido por métodos avançados, incluindo a reutilização de subprodutos da produção de chocolate, convertendo o que seria desperdício em valiosos recursos. No âmbito do cultivo sustentável de cacau, técnicas como sombreamento e agroflorestas são adotadas para preservar a biodiversidade local e promover a saúde do solo, fundamentais para uma produção robusta e sustentável.
Além disso, a região investiu em tecnologias de energia limpa, como sistemas de painéis solares, para minimizar as emissões de carbono durante o processo de produção. No transporte, veículos elétricos estão sendo amplamente utilizados, integrando-se a estratégias logísticas otimizadas para reduzir significativamente as emissões e fortalecer a eficiência da cadeia de suprimentos. Em paralelo, embalagens ecoamigáveis, feitas de materiais biodegradáveis ou recicláveis, estão sendo adotadas, alinhando-se à crescente demanda por práticas ambientalmente responsáveis.
Certificações rigorosas, como o padrão de Comércio Justo, são implementadas para garantir não apenas a qualidade do produto, mas também a responsabilidade ambiental e social em todas as fases da produção. No contexto da agricultura orgânica, técnicas avançadas são empregadas para evitar o uso de pesticidas, protegendo assim o solo e promovendo a biodiversidade local, estabelecendo um novo padrão para a produção global de cacau. Essas práticas, fundamentadas em abordagens técnicas sólidas, estão transformando o cenário da produção de cacau no Sul da Bahia, estabelecendo um modelo exemplar de sustentabilidade para a indústria.
A implementação de práticas sustentáveis na produção de cacau é essencial para incentivar um ambiente ecologicamente correto e socialmente responsável na indústria do chocolate. Este estudo se concentra na adoção de técnicas orgânicas e no manejo cuidadoso da biodiversidade, demonstrando sua relevância tanto para a sustentabilidade econômica quanto para a ambiental das comunidades rurais.
A produção orgânica do cacau elimina o uso de pesticidas e produtos químicos prejudiciais, preservando o solo e a biodiversidade local. Nos assentamentos em questão, atividades práticas foram realizadas, incluindo otimização da sombra, aumento da densidade de plantio, calagem, aplicação de gesso, adubação com cascas de cacau, fosfato natural, cinzas e micronutrientes. Além disso, o uso de biofertilizantes e práticas de adubação verde foi incentivado para fortalecer a resistência natural das plantas, criando um ambiente ideal para a produção orgânica sustentável.
Além das técnicas orgânicas, medidas de manejo da biodiversidade foram aplicadas, como a criação de áreas de preservação de plantas nativas e a promoção de habitats para a fauna local. A introdução de policulturas e a intercalação de diferentes espécies vegetais aumentaram a biodiversidade, melhoraram a fertilidade do solo e fortaleceram a resistência natural das plantas contra pragas, reduzindo a necessidade de intervenções químicas.
Essas práticas não apenas elevaram a qualidade e a quantidade da produção, mas também tiveram impactos socioeconômicos significativos. A produção orgânica de cacau gerou renda sustentável para as comunidades rurais, agregou valor ao produto final e aumentou sua demanda no mercado. Além disso, a eliminação do uso de agrotóxicos e insumos químicos dispendiosos reduziu consideravelmente os custos de produção, melhorando a viabilidade econômica para os agricultores.
A produção orgânica de cacau, aliada ao manejo responsável da biodiversidade, não é apenas uma alternativa viável, mas uma escolha imperativa para comunidades rurais que buscam sustentabilidade econômica e preservação ambiental. Além de preservar o solo e a biodiversidade, essas práticas promovem a resiliência das comunidades ao criar um modelo de produção que é eficaz economicamente e ecologicamente responsável. O êxito desses assentamentos destaca o potencial transformador da produção orgânica e do manejo da biodiversidade na agricultura do cacau, apontando para um futuro mais sustentável para a indústria do chocolate.
2.9. EXPLORAÇÃO DE MODELOS DE NEGÓCIOS CIRCULARES E COLABORATIVOS.
Na região Sul da Bahia, um renascimento está ocorrendo na indústria de cacau e chocolate. Impulsionados por um fervor de inovação, pesquisa e desenvolvimento, empresários e acadêmicos mergulharam profundamente em discussões cruciais sobre inovação tecnológica, modelos de negócios inovadores e a integração vertical na produção de cacau e seus derivados. Os centros de inovação, notavelmente o Centro de Inovação do Cacau (CIC/UESC) e o Centro Vocacional Tecnológico (CVT), tornaram-se epicentros de pesquisa, onde não apenas o cacau e o chocolate são estudados, mas também seus subprodutos são explorados com criatividade. Cascas e polpa, muitas vezes subestimadas, agora são transformadas em alimentos, adubos orgânicos, produtos de beleza e até produtos relacionados ao turismo, impulsionando a sustentabilidade e criando novas oportunidades econômicas para a região.
O turismo na Bahia desempenha um papel essencial nessa transformação. O crescente interesse dos turistas por experiências autênticas e sustentáveis tem impulsionado os produtores a inovar. A demanda por chocolates gourmet e produtos de cacau de alta qualidade nas lojas locais têm criado oportunidades de mercado, incentivando os produtores a aprimorar suas técnicas e diversificar seus produtos. Além disso, o turismo sustentável promove a conscientização sobre a importância da preservação ambiental, incentivando práticas agrícolas ecológicas na produção de cacau. Os turistas interessados em visitar plantações de cacau e fábricas de chocolate criam uma demanda por experiências educacionais e de degustação, proporcionando uma fonte adicional de receita para os produtores locais.
O turismo também estimula a proteção das marcas regionais. Os visitantes, ao se familiarizar com as marcas locais durante suas viagens, tornam-se embaixadores orgânicos, promovendo essas marcas quando retornam às suas casas. Isso não apenas expande o alcance dessas marcas, mas também reforça sua autenticidade e reputação. A indústria de turismo e a indústria de cacau e chocolate estão entrelaçadas, criando um ciclo virtuoso de crescimento econômico. À medida que o turismo prospera, mais oportunidades surgem para os produtores, estimulando a inovação e incentivando a proteção de marcas. Assim, o turismo não é apenas um setor econômico separado; é um catalisador poderoso que impulsiona a evolução e a sustentabilidade da indústria de cacau e chocolate na região Sul da Bahia.
Além da inovação, a proteção da marca emergiu como uma pedra angular essencial para esses empreendimentos. Não é apenas um nome; é uma identidade, criando uma conexão emocional entre o consumidor e o produto. Associar a marca a atributos de qualidade e certificações não apenas confere credibilidade, mas também oferece proteção legal crucial contra imitações e facilita a internacionalização. Marcas registradas bem gerenciadas têm o poder de valorizar o produto, tornando-o mais atraente para os consumidores conscientes e permitindo preços competitivos no mercado global.
No entanto, apesar das oportunidades, existem desafios. A educação é fundamental. Conscientizar os produtores sobre a importância do registro de marca e incentivá-los a adotar práticas sustentáveis são passos cruciais para o crescimento contínuo da indústria. A colaboração contínua entre entidades públicas, privadas e acadêmicas é uma força motriz para inovação e proteção da propriedade intelectual. Esta colaboração não apenas impulsiona a economia regional, mas também projeta a região Sul da Bahia como um líder global na produção de cacau e chocolate, respeitando suas tradições e recursos naturais de maneira sustentável e visionária.
Em 2015, os países da ONU concordaram com um plano global chamado Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável. Esse plano tem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com 169 metas. As ODS incluem coisas como garantir saúde e bem-estar para todos, criar empregos dignos e crescimento econômico, promover inovação e infraestrutura, e incentivar formas de consumo e produção sustentáveis. Esses objetivos foram definidos para melhorar a qualidade de vida globalmente. Esse plano criou uma conscientização sobre sustentabilidade entre os empresários, levando ao surgimento do conceito de ecoempreendedorismo.
A Agenda 2030 de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecida pela ONU contém metas importantes que se relacionam profundamente com os princípios fundamentais do movimento bean-to-bar e com os pilares do Relatório de Brundtland.
- ODS 3 – Saúde e Bem-Estar: Esse objetivo se alinha com a filosofia bean-to-bar, pois busca garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos. Isso significa não apenas oferecer produtos de alta qualidade, mas também assegurar que tanto os produtores de cacau quanto os consumidores estejam saudáveis e bem-cuidados.
- ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico Sustentável: O bean-to-bar valoriza o trabalho justo e digno, incluindo os direitos humanos e trabalhistas. O movimento busca criar empregos decentes, apoiar comunidades locais e promover o crescimento econômico sustentável, alinhando-se perfeitamente com esse objetivo.
- ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura: Promover o desenvolvimento da indústria e fomentar a inovação são pilares do bean-to-bar. Esse objetivo não apenas ressoa com a produção artesanal de chocolate, mas também incentiva a melhoria contínua dos processos e técnicas, levando a um chocolate de alta qualidade.
- ODS 12 – Consumo e Produção Sustentáveis: Esse objetivo é central para o bean-to-bar. O movimento enfatiza a produção sustentável, incluindo práticas agrícolas orgânicas e o uso responsável dos recursos naturais. Também promove um consumo consciente, incentivando os consumidores a entender a origem de seus produtos.
- ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes: O bean-to-bar se preocupa não apenas com a qualidade do chocolate, mas também com a justiça e a paz na cadeia de produção. Isso significa garantir que todos os envolvidos, desde os agricultores até os consumidores, sejam tratados com justiça e equidade.
Esses objetivos refletem a essência do bean-to-bar, que vai além de simplesmente fazer chocolate. É sobre criar um sistema de produção e consumo que seja ético, sustentável e beneficie a todos, do produtor ao consumidor final.
Figura 06– Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil
Fonte: Nações Unidas – 2023
Com isso, a indústria do cacau e chocolate na região Sul da Bahia está cada vez mais focada na sustentabilidade, com várias partes interessadas trabalhando nesse sentido. Iniciativas individuais, incluindo muitos produtores de bean-to-bar, têm contribuído significativamente para sustentar a indústria cacaueira na região, com um aumento notável no número de produtores bean-to-bar nos últimos anos, conforme destacado por Yakah (2017).
O surgimento do ecoempreendedorismo na região, inspirado pela Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável da ONU, está transformando a indústria do cacau e chocolate em um modelo verdadeiramente sustentável e consciente.
2.10. MOVIMENTO “BEAN-TO-BAR”
O mercado de chocolate bean-to-bar, que é quando o chocolate é produzido desde a amêndoa de cacau até a barra final, é algo bem novo no Brasil. Na Bahia, por exemplo, em 2013, existiam apenas três marcas de chocolate que seguiam esse modelo. Mas, em 2019, esse número já tinha aumentado para mais de 70 marcas (CHRIST; SALAZAR, 2020).
Esta abordagem envolve a produção artesanal de chocolate, onde os fabricantes controlam todo o processo, desde a seleção dos grãos de cacau até a produção final da barra de chocolate. Ao adotar o modelo bean-to-bar, os produtores na região podem garantir a qualidade premium de seus produtos, uma vez que têm controle total sobre os ingredientes e técnicas de produção (VIOTTO; SUTIL; ZA-NETTE, 2017).
O modelo apresentado da cadeia produtiva do cacau, seguindo o processo Bean-to-bar, reflete um encurtamento da cadeia em até três elos, onde o produtor negocia diretamente com a indústria torrefadora e esta vende diretamente para o mercado varejista ou consumidor final, eliminando intermediários. Esse encurtamento reduz atividades de transporte e armazenagem, diminuindo o impacto ambiental. A produção de cacau fino começa com a seleção das sementes, manejo adequado das plantações, fermentação e secagem, garantindo um produto de alta qualidade com aromas distintos. No modelo
Bean-to-bar, os consumidores valorizam chocolates de origem artesanal, buscando produtos saudáveis, sem aditivos e com alto teor de cacau. Empresas nesse segmento focam em valores como saúde, bem-estar, qualidade de vida e sustentabilidade, respondendo às demandas dos consumidores modernos. Além disso, as estratégias de comercialização incluem boutiques, empórios de produtos orgânicos e estandes em grandes varejistas, indicando uma tendência de mercado em direção a produtos de alto valor agregado.
Essas empresas que produzem chocolate bean-to-bar têm algo muito especial: elas se preocupam muito com a responsabilidade social. Isso significa que elas valorizam bastante os direitos humanos e trabalhistas, isso significa que as pessoas são tratadas de forma justa, sem trabalho escravo ou infantil. Os consumidores também valorizam muito isso, ou seja, gostam de apoiar empresas que tratam bem as pessoas que trabalham para elas (CHRIST; SALAZAR, 2020). Então, essas marcas de chocolate não são apenas deliciosas, mas também são feitas com princípios éticos e sociais.
As fábricas de chocolate que usam amêndoas selecionadas e seguem o processo Bean-to-bar estão sempre inovando. Elas criam produtos com aromas e sabores únicos, resultado de etapas como seleção manual das amêndoas, torrefação, quebra das amêndoas, separação do interior (nibs) e casca, refinamento do nibs, temperagem, moldagem, maturação e embalagem. Cada fábrica adiciona ingredientes especiais durante o refinamento, o que torna seus chocolates artesanais únicos e valiosos (YAKAH, 2017).
Nessa reorganização da produção, as empresas rurais que cultivam cacau estão focando em fazer seu próprio chocolate de alta qualidade. Em 2019, mais de 70 marcas de chocolate foram identificadas no Sul da Bahia, mostrando o crescimento e diversidade desse mercado na região (BAHIA DE VALOR, 2019).
No Sul da Bahia, a produção de cacau fino está crescendo novamente devido aos esforços de diversas organizações e instituições locais, incluindo o governo e entidades privadas. Eles estão incentivando a criação de valor na cadeia produtiva do cacau, o que está promovendo o desenvolvimento local sustentável. Algumas iniciativas-chave que impulsionaram esse progresso incluem a criação da Fortaleza Slow Food, o estabelecimento do Centro de Inovação do cacau e a obtenção da Indicação Geográfica de origem. Essas ações estão ajudando a fortalecer a produção de cacau na região, criando produtos de alta qualidade e valorizando o trabalho dos agricultores locais. Dantas et al. (2020).
Várias organizações estão trabalhando juntas para melhorar a produção de cacau de alta qualidade de forma sustentável. A Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (COOPFESBA) e a Cooperativa dos Produtores Orgânicos do Sul da Bahia (Cabruca) são exemplos disso. A COOPFESBA produz chocolates de origem desde 2010, usando amêndoas sustentáveis e artesanais cultivadas pelos próprios cooperados. A Cabruca concentra-se em produtores de cacau certificado, cultivados em sistemas agroflorestais. Ambas as cooperativas são certificadas, garantindo a qualidade de seus produtos.
3. METODOLOGIA
Esse estudo buscou utilizar de sites oficiais, reportagens e artigos científicos que abordassem os assuntos de maior interesse para o tema, dos quais podemos citar dados estatísticos do cacau no Brasil e no mundo, como ocorre a produção do cacau e quais os subprodutos decorrentes deles, quais as estratégias adotadas pelos agricultores e pelo Governo para fomentar essa indústria, quais as tecnologias que já vem sendo utilizadas para aprimorar o tema.
4. RESULTADOS
Neste estudo, foram analisadas minuciosamente diversas estratégias para integrar inovação e sustentabilidade na cadeia produtiva do cacau. Ao abordar os desafios ambientais enfrentados pelos produtores de cacau, o estudo destacou a implementação de práticas sustentáveis, com agroflorestas e métodos de cultivo orgânico. Estas práticas não apenas preservam a biodiversidade, mas também garantem a resiliência dos ecossistemas cacaueiros, promovendo assim a sustentabilidade a longo prazo.
Além disso, o trabalho enfatizou a importância de inovações na transformação do cacau, examinando cuidadosamente processos inovadores de processamento e avaliando tecnologias de baixo impacto ambiental na produção de chocolate. A criação de valor em todas as etapas da cadeia produtiva foi minuciosamente analisada, com um foco particular em modelos de negócios circulares e colaborativos. A transparência e a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimentos foram identificadas como fatores cruciais para o estabelecimento de uma cadeia de valor sustentável.
O estudo também dedicou atenção especial ao empoderamento das comunidades locais, destacando como a bioeconomia pode melhorar significativamente as condições de vida dos agricultores. Ao investigar políticas públicas e incentivos econômicos, o trabalho avaliou a eficácia de programas de certificação e analisou a necessidade de regulamentações governamentais que promovam práticas responsáveis na indústria do cacau.
Além disso, o estudo explorou as perspectivas futuras da bioeconomia do cacau, incluindo avanços na biotecnologia e novos modelos de comércio justo. No entanto, também reconheceu os desafios emergentes, como as mudanças climáticas, e enfatizou a necessidade de uma colaboração global contínua e inovação constante para superar esses desafios e estabelecer uma produção de cacau verdadeiramente sustentável no Sul da Bahia.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fica evidente que a integração de inovação e sustentabilidade é fundamental para transformar a indústria do cacau em uma força positiva para o meio ambiente, as comunidades locais e a economia regional. A análise aprofundada dos desafios enfrentados pelos produtores de cacau revelou a importância de práticas agrícolas sustentáveis, com agroflorestas e cultivo orgânico, na preservação dos ecossistemas e na promoção da biodiversidade.
Além disso, a exploração das inovações na transformação do cacau, incluindo processos de baixo impacto ambiental na produção de chocolate, destaca o potencial de tecnologias avançadas para reduzir o desperdício e conservar recursos preciosos. A análise cuidadosa da cadeia de valor, com ênfase em modelos de negócios circulares, ressalta a necessidade de colaboração entre os diversos agentes para estabelecer uma produção de cacau sustentável, transparente e equitativa.
O estudo enfatizou o empoderamento das comunidades locais como um componente essencial da bioeconomia do cacau. Ao melhorar as condições de vida dos agricultores, a bioeconomia não apenas fortalece as comunidades, mas também contribui para a criação de sociedades mais justas e equitativas. Além disso, a análise das políticas públicas e incentivos econômicos revelou a importância de regulamentações governamentais eficazes e programas de certificação que promovam práticas responsáveis na indústria do cacau.
Considerando as perspectivas futuras e os desafios emergentes, como as mudanças climáticas, concluímos que a colaboração global e a inovação contínua são cruciais para enfrentar esses obstáculos. Ao unir esforços, governos, indústria e comunidades locais podem superar desafios complexos e estabelecer uma produção de cacau verdadeiramente sustentável, promovendo não apenas o bem-estar econômico, mas também a conservação ambiental e o desenvolvimento social no Sul da Bahia e além.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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