REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202506121038
Anny Gabrielle Alves Maia¹; Aline de Ataide²; Clodoaldo Caetano³; Elizandra Maria Fieszt⁴; Solange Molina Tozo⁵; Sueli Maria Freire Rillo⁶; Orientador(a): Profa. Me. Daniella Dias de Oliveira; Orientador(a): Profa. Me. Laura de Moura Rodrigues; Orientador(a): Prof. Me. Fabricio Vieira Cavalcante.
RESUMO
O envelhecimento populacional tem elevado a prevalência de doenças osteoarticulares, como a gonartrose, que afeta principalmente mulheres acima de 60 anos e compromete a autonomia e qualidade de vida. Diante disso, surgem demandas por intervenções terapêuticas eficazes e seguras. O método Pilates, sendo uma prática de baixo impacto, vem ganhando destaque na fisioterapia por atuar no fortalecimento muscular, na flexibilidade, no equilíbrio postural e no controle da dor. Este trabalho teve como objetivo investigar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, os benefícios do método Pilates na reabilitação de mulheres idosas diagnosticadas com gonartrose. A metodologia adotada envolveu buscas em bases de dados como PubMed, Scielo, Google Scholar e Biblioteca Virtual Universitária Cruzeiro do Sul, com seleção de artigos publicados entre 1998 e 2023 em português e inglês. Foram utilizados critérios de inclusão que priorizassem estudos com evidência científica sobre a aplicação do Pilates nessa população, excluindo artigos sem base metodológica consistente. Os resultados evidenciaram que o Pilates promove melhora na função física, alívio da dor, redução de quedas e ganho na qualidade de vida, com benefícios também no bem-estar emocional. Conclui-se que o método Pilates é uma ferramenta terapêutica segura, eficaz e adaptável, podendo ser incorporada em programas de reabilitação funcional voltados a mulheres com mais de 60 anos acometidas por gonartrose.
Palavras-chave: Gonartrose. Pilates. Fisioterapia. Idosas. Reabilitação.
ABSTRACT
Population aging has contributed to the increased prevalence of osteoarticular diseases, such as gonarthrosis, which mainly affects women over 60 years old, compromising their autonomy and quality of life. In this context, there is a growing demand for effective and safe therapeutic interventions. The Pilates method, being a low-impact practice, has gained prominence in physical therapy for promoting muscle strengthening, improved flexibility, postural balance, and pain control. This study aimed to investigate, through a systematic literature review, the benefits of the Pilates method in the rehabilitation of elderly women diagnosed with gonarthrosis. The methodology involved searches in databases such as PubMed, SciELO, Google Scholar, and the Cruzeiro do Sul University Virtual Library, selecting articles published between 1998 and 2023, in Portuguese and English. Inclusion criteria prioritized studies with scientific evidence on the application of the method in this population, excluding those without consistent methodological basis. The results showed that Pilates contributes to improved physical function, pain relief, reduced risk of falls, and enhanced quality of life, with additional positive effects on emotional well-being. It is concluded that the Pilates method is a safe, effective, and adaptable therapeutic tool, recommended as part of functional rehabilitation programs for elderly women with gonarthrosis.
Keywords: Gonarthrosis. Pilates. Physical therapy. Elderly women. Rehabilitation.
1. INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é um processo gradual e inevitável, no Brasil o envelhecimento é evidente e em poucos anos o número de idosos ocupará a sexta posição entre os países do mundo está relacionada a alterações fisiológicas que podem comprometer a autonomia e qualidade de vida dos idosos (BONIFÁCIO, et al 2023). As alterações biológicas e naturais que surgem com o envelhecimento vem trazendo mudanças psicológicas e sociais comprometendo a independência e a qualidade de vida (COSTA, et al 2016).
O termo qualidade de vida vem sendo discutido e recentemente a organização mundial da saúde definiu como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” esse conceito é subjetivo e multidimensional (SILVA, JF.2012). O principal fator que interfere negativamente na qualidade de vida dos idosos é a dor. A sensação de dor é variável e particular, sendo uma interpretação individual de cada indivíduo devendo ser bem avaliada e reavaliada continuamente (BASTOS, et al 2007)
Nesse contexto, a doença que mais acometem indivíduos nesse processo de envelhecimento sendo mais prevalente a partir de 65 anos é a gonartrose (COIMBRA, et al 2004). É uma doença articular degenerativa comum, caracterizada pela degradação da cartilagem (ZHANG, et al 2019). Esta patologia envolve toda a articulação em um processo de doença que inclui perda focal e progressiva da cartilagem articular hialina com alterações concomitantes no osso abaixo da cartilagem (FELSON, et al 2000). A doença está relacionada a capacidade funcional, sendo que a intervenção terapêutica trará melhora considerável na qualidade de vida (COIMBRA, et al 2004).
Essa afecção associa-se com uma causa frequente de dor, rigidez articular, perda de mobilidade e incapacidades funcionais de vida diária (FELSON, 2000; ARAKIAN, 2006; COIMBRA et al., 2004). Fatores como envelhecimento, comorbidades, déficit estrogênico pós-menopausa (ROMAN-BLAS et al., 2009) e sedentarismo, contribuem para o agravamento do quadro, interferindo diretamente na autonomia e bem-estar da população feminina acima dos 60 anos (COSTA et al., 2016; SÉ, 2000).
A prevalência é maior entre as mulheres com idade superior a 50 anos (SILVA, A et al 2012). Progride lentamente, e pode causar dor, rigidez e instabilidade articular, deformidades, edema articular e fraqueza muscular, todos os quais podem levar a função física prejudicada e redução da qualidade de vida (SILVA, A et al 2012)
A osteoartrite (OA) tem quatro estágios, sendo: no estágio inicial, identificamos um leve desgaste da cartilagem. Mesmo com desconforto ao mover o joelho (OAJ), a função articular ainda não está totalmente comprometida. No estágio moderado, detectamos o aumento da dor, inflamações e possivelmente inchaço na região do joelho afetado. A pratica de atividades físicas, passam a ser prejudicadas devido a amplitude do movimento ser afetada. No estágio avançado, a cartilagem já se encontra desgasta em nível elevado, intensificando as dores com presença de rigidez articular e limitações, podendo ainda ocorrer a formação de osteófitos, que é o crescimento de ósseos ao redor da articulação. O estágio grave é caracterizado pela perda quase total da cartilagem do joelho. A partir desse estagio qualidade de vida é significativamente afetada e a mobilidade é severamente comprometida (DEJOUR, 1998).
São vários os fatores que estão entre os riscos sistêmicos são eles: etnia se fazendo mais comum em mulheres afro americanas, fatores nutricionais devido a exposição continua a oxidantes, genética onde são responsáveis por pelo menos 50% dos casos, obesidade onde estudos comprovam que o sobrepeso antecede a osteoartrite, lesão articular aguda ou deformidade articular onde aumentam a instabilidade articular onde precedem esse desenvolvimento, entre outros (FELSON, et al 2000).
Um dos fatores que também estão inclusos nesse processo é alta incidência em mulheres, já que logo após a menopausa sugeriu- se que a deficiência de estrogênio desempenha um papel na causa da doença (FELSON, et al 2000). Em relação as mulheres idosas, acredita- se que as mudanças hormonais e o declínio de força muscular durante a menopausa são os principais responsáveis pelas altas taxas de desconfortos músculos esqueléticos nessa população entre as alterações do envelhecimento (ROMANBLAS,2009), a degeneração musculoesquelética leva a uma diminuição progressiva de massa muscular, qualidade na execução de movimentos, flexibilidade e força. Essas perdas se intensificam quando associadas ao sedentarismo fazendo com que torne mais difícil as atividades de vida diárias, como subir e descer escadas (BONIFÁCIO, et al 2023).
Para reduzir o efeito das perdas fisiológicas com o avanço da idade, a atividade física se torna um verdadeiro aliado nesse processo, A prática dos exercícios físicos e o Pilates tornam se essenciais para o fortalecimento muscular, flexibilidade e capacidade de equilíbrio em mulheres idosas, O Pilates foi criado por Joseph Pilates na década de 1920, Joseph era um autodidata dedicado ao estudo da anatomia e fisiologia, o Pilates aborda conceitos da ioga, ginástica, artes marciais e dança, O método Pilates vem sendo associado com a redução das queixas de dores musculoesqueléticas e com a melhora na qualidade de vida, está metodologia trabalha exercícios com ênfase no controle do corpo, a posição e o movimento podendo ser realizado no solo ou equipamentos especializados, todos eles seguindo os mesmos princípios, traz um caráter inovador completando as práticas já existentes no cuidado da saúde, podendo ser incorporado como uma opção de práticas integrativas complementares a saúde, uma vez que proporciona benefícios físicos, mentais e sociais aos praticantes do método (BONIFÁCIO, et al 2023). Em síntese, o método Pilates foi criado para proporcionar um corpo, uma mente e uma vida saudável isso por que segundo Joseph, “uma boa condição física é o primeiro requisito para ser feliz”.
As práticas de atividades esportivas devem ser estimuladas, porém, sempre com a orientação de profissional habilitado (COIMBRA, et al 2004). OKUMA,1998, reforça que a atividade física é a principal responsável pelo desempenho das atividades diárias e pelo grau de autonomia e independência dos idosos.
Segundo CURI,2009, o Pilates bem orientado por um profissional, é praticamente inexistente a possibilidade de lesões pois não ocorre impactos.
Através de um planejamento único em atividades específicas para cada idoso, o mesmo irá auxiliar nos principais conceitos que englobam um envelhecimento bem-sucedido, que seria com baixo risco de doença, um nível funcional alto, conservando assim um bom relacionamento social (SÉ,2000).
Nesse contexto, o Método Pilates tem se mostrado uma intervenção eficaz e segura no manejo da gonartrose, promovendo benefícios funcionais e psicossociais relevantes. A prática do Pilates melhora a força muscular, a flexibilidade, o equilíbrio postural, a estabilidade articular e a coordenação motora (BONIFÁCIO et al., 2023; LIU et al., 2020; MENG et al., 2021). Tais ganhos favorecem a diminuição da dor e da rigidez, além de retardar a progressão da osteoartrite. RÊGO et al. (2023) corroboram esses achados, destacando que o Pilates no solo promove benefícios semelhantes ao Pilates com aparelhos, sendo uma alternativa acessível para o SUS ou programas comunitários.
De acordo com ZHOU et al. (2023) e SALEEM et al. (2022), intervenções baseadas no método de Pilates demonstraram melhora significativa na mobilidade funcional, saúde mental e emocional. Treinamento de longo prazo, segundo OLIVEIRA et.al 2022, podem promover benefícios no tratamento da dor, rigidez e função em pacientes com joelhos reconstruídos e Osteoartrite. A prática regular está associada à redução de sintomas depressivos, melhora do humor e aumento da autoestima, importantes fatores na percepção de qualidade de vida (SILVA, 2012; BASTOS et al., 2007; GASKELL & WILLIAMS, 2019). A ênfase na respiração consciente e na conexão mente-corpo durante os exercícios favorece o controle da ansiedade e a sensação de bem-estar geral.
Segundo OKUMA (1998) e CURI (2009), o Pilates representa uma abordagem segura e adaptável, respeitando os limites individuais de mulheres acima dos 60 anos, o que é essencial diante das limitações funcionais impostas pela gonartrose. Além disso, SALEEM et al. (2022) apontam que programas com duração superior a oito semanas apresentam resultados mais duradouros e consistentes.
No aspecto biomecânico, o fortalecimento da musculatura estabilizadora do joelho (especialmente quadríceps, isquiotibiais e glúteos) melhora o alinhamento articular e reduz a sobrecarga nas estruturas comprometidas (DEJOUR & Le Coultre, 2011; SILVA et al., 2012), contribuindo diretamente para a prevenção de quedas e instabilidades.
Para OLIVEIRA et al, 2023 é fundamental desenvolver tratamentos que sejam capaz de controlar e/ou amenizar os sintomas e a manutenção da funcionalidade de indivíduos que sofrem de osteoartrite de joelhos (OAJ), já que não existe tratemtno preventivo. Acrescenta ainda, que método Pilates tem como objetivo geral alcançar o controle preciso do corpo durante cada movimento executado e que possui pricípios de concentração, precisão, movimento fluído, alinhamento postural e contração do core, tornando assim uma canditado de grande importância no tratamento de OAJ.
Por fim, a adoção do Pilates como parte de programas multidisciplinares de reabilitação para mulheres com gonartrose reforça as diretrizes propostas pela OARSI (ZHANG et al., 2010), que recomendam exercícios terapêuticos individualizados, como primeira linha de tratamento não farmacológico.
2. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema Benefícios do Método Pilates na Reabilitação em Mulheres Acima de 60 Anos com gonartrose é justificada pela relevância crescente dessa condição na população idosa e pela necessidade de abordagens terapêuticas eficazes e de baixo impacto, alguns autores mencionaram ser uma das principais causas de incapacidade ao redor do mundo e a principal causa de limitações físicas ao alcançar a faixa etária acima dos 60 anos. Pesquisas apontam que, devido a maior expectativa de vida e a um declínio nas taxas de fertilidade, a população com mais de 60 anos está aumentando mais que outras faixas etárias e com esse e principalmente do sexo feminino, então há uma necessidade relevante de promover investigação de intervenções com o propósito de otimizar sua qualidade de vida e saúde.
O Método Pilates se destaca como uma intervenção que, ao focar no fortalecimento muscular, na flexibilidade e no controle postural, pode melhorar a estabilidade articular, diminuir a sobrecarga sobre os joelhos e, consequentemente, aliviar os sintomas de dor e rigidez associados à gonartrose. Além disso, o Pilates promove a conscientização corporal e o equilíbrio, fatores fundamentais para a prevenção de quedas e a manutenção da independência nas atividades de vida diária.
A escolha desse tema é ainda reforçada pela busca constante por alternativas de reabilitação que sejam seguras, eficazes e que respeitem os limites físicos de pacientes com patologias crônicas. O Pilates, sendo uma prática de baixo impacto, oferece uma abordagem integrativa que pode potencialmente reduzir a necessidade de intervenções mais invasivas, como cirurgias ou tratamentos farmacológicos prolongados.
3. OBJETIVO
Investigar através de revisão literária, os benefícios que o método Pilates pode trazer na reabilitação de pacientes do sexo feminino acima de 60anos com gonartrose.
4. METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho consistiu em uma revisão sistemática da literatura, baseada em evidência científica, com o objetivo de demonstrar que o método Pilates pode ser um recurso terapêutico altamente eficaz no tratamento da gonartrose em mulheres de mais de 60. O método descritivo permite realizar a pesquisa para identificar e apresentar as características relativas à determinada temática de estudo pela maneira como os dados são coletados.
Foram realizadas buscas em diversas bases de dados, incluindo PubMed, Google Scholar, E-books Biblioteca Virtual Universitária Cruzeiro do Sul, Silo.Tips, Scielo e livros relacionados a terapias fisioterapêuticas e método Pilates. As palavras – chaves utilizadas foram: gonartrose, Pilates, reabilitação, mulheres, 60 anos e outras variações a respeito do tema escolhido.
As buscas do trabalho foram realizadas entre novembro de 2023 e junho de 2024. Foram utilizados na revisão sistemática artigos e autores que publicaram entre 1998 e 2023 em português e inglês.
Os artigos foram analisados e apresentados de forma descritiva, destacando as principais aplicações do método Pilates em mulheres com gonartrose, os tipos de equipamentos utilizados no método Pilates e limitações quanto aos graus da osteoartrose e suas limitações ao tratamento da gonartrose. Todo material colhido foi analisado e serviu como base para a elaboração do trabalho.
5. RESULTADOS
Foram selecionados 23 artigos entre novembro de 2023 e junho de 2024, 7 deles foram excluídos, pois não apresentavam os tópicos relevantes e relacionados ao tema. Restando 16 artigos, dos quais 8 ainda não apresentavam base científica fidedignas.
Sendo assim apenas 8 artigos elegíveis para estudo e discussão deste trabalho.

Os artigos selecionados, foram distribuídos na tabela abaixo para otimizar o estudo e a análise.
Apresentação dos resultados da revisão da literatura (Tabela 1)
Título | Autores | Tipo de Publicação | Ano | Principais Resultados |
Effects of Pilates exercise on balance and fall risk in elderly people. | Liu, Y., Liu, X., Lin, Z., Wu, Z., & Wang, C. | Revisão Sistemática | 2020 | O Pilates mostrou benefícios na melhoria do equilíbrio e redução do risco de quedas em idosos, com resultados positivos no fortalecimento muscular e na mobilidade. |
O método Pilates como opção terapêutica para queixas d e dores musculoesqueléticas em mulheres idosas | Bonifácio, S. R., Nohara,S.S.B.,Lanuez,F.V.,Ri- beiro K.T.,Lemos, L.C. | Estudo Transversal e descritivo | 2023 | Os resultados apresentados mostram que o método Pilates pode ser associado no tratamento para a redução das dores crônicas do sistema musculoesquelético e relevantes para a melhoria da qualidade de vida. |
Effects of Pilates on physical fitness and quality of life in elderly individuals. | Meng, Q., Zhang, L., & Li, X. | Revisão Sistemática | 2021 | O Pilates melhorou a aptidão física, qualidade de vida e saúde geral de idosos, com ênfase em maior flexibilidade e redução de sintomas de ansiedade e depressão. |
Pilates-based exercise in improving functional mobility and quality of life in elderly people with knee osteoarthritis. | Zhou, Y., Liu, X., Xie, J., & Zhang, L. | Ensaio Clínico Randomizado | 2023 | O Pilates aumentou a mobilidade funcional e a qualidade de vida de idosos com osteoartrite de joelho, proporcionando alívio das dores e melhorando a flexibilidade. |
Effect of Pilates based exercises on symptomatic knee osteoarthritis. | Saleem, N., Zahid, S., Mahmood, T., Ahmed, N., Maqsood, U., & Chaudhary, M. A. | Ensaio Clínico Randomizado | 2022 | Pilates foi eficaz para melhorar os sintomas de osteoartrite de joelho em idosos, reduzindo a dor e melhorando a função física. |
Effects of mat Pilates on older adult women with knee osteoarthritis. | Rêgo, T. A. M., Ferreira, A. P. L., Villela, D. W., Shirahige, L., Xavier, A. B., Braz, R. R. S., Guerino, M. R., & Araújo, M. G. R. | Ensaio Clínico Randomizado | 2023 | O Pilates demonstrou benefícios significativos na melhoria da função física e na qualidade de vida de mulheres idosas com osteoartrite de Joelho. |
Long term effect of the Pilates method in a reconstructed knee with osteoarthritis. | Oliveira, R. M., Betz, S., Couto, R., & Sampaio, T. C. F. V. S. | Relato de Caso | 2022 | O método Pilates teve efeitos positivos de longo prazo em um joelho reconstruído com osteoartrite, promovendo melhorias na força muscular e funcionalidade. |
A qualitative study of the experiences and perceptions of adults with chronic musculoskeletal conditions following a 12-week Pilates exercise programme. | Gaskell, L., & Williams, A. E. | Estudo Qualitativo | 2019 | Pilates foi eficaz para melhorar a percepção de qualidade de vida e reduzir a dor musculoesquelética em adultos com condições crônicas após 12 semanas de prática. |
Com base na análise dos trabalhos apresentados na tabela, é possível observar que o método Pilates demonstrou, de forma geral, resultados positivos na reabilitação de mulheres idosas com gonartrose (osteoartrite de joelho).
O estudo de LIU et al. (2020) demonstrou que o Pilates é eficaz na melhora do equilíbrio e na redução do risco de quedas, destacando fortalecimento muscular e maior mobilidade como pontos centrais. De forma semelhante, o ensaio clínico de ZHOU et al. (2023) confirmou ganhos na mobilidade funcional e alívio das dores em idosos com osteoartrite de joelho, o que também impacta positivamente na prevenção de quedas.
MENG et al. (2021) indicaram que o Pilates promoveu melhoras na flexibilidade, qualidade de vida e redução de sintomas de ansiedade e depressão em idosos. RÊGO et al. (2023) reforçaram esses achados ao evidenciar melhora significativa na função física e bem-estar geral em mulheres com osteoartrite.
No critério da redução de dor, BONIFÁCIO et al. (2023) identificaram que o Pilates pode ser associado ao tratamento de dores crônicas musculoesqueléticas, contribuindo para a qualidade de vida. O relato de caso de Oliveira et al. (2022) revelou benefícios de longo prazo, como aumento da força muscular e da funcionalidade em um joelho reconstruído, no que concordaram GASKELL e WILLIAMS (2019), a melhora na percepção de qualidade de vida após 12 semanas prática de Pilates em adultos com em adultos com doenças crônicas musculoesqueléticas e nos estudos de SALEEM et al. (2022) observaram melhora nos sintomas da osteoartrite do joelho, incluindo dor e função física.
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS
A análise dos estudos selecionados evidenciou que o Método Pilates se consolida como uma estratégia terapêutica de ampla aplicabilidade e relevância clínica no contexto da reabilitação de mulheres idosas com gonartrose. Fundamentado em princípios biomecânicos e neurofuncionais, o método mostrou eficácia não apenas na redução dos sintomas associados à osteoartrite do joelho, como dor, rigidez articular e limitação funcional, mas também na promoção de efeitos positivos sobre a saúde emocional e a percepção de qualidade de vida.
Diversas evidências científicas de alto nível de confiabilidade (ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas) reforçam a atuação multidimensional do Pilates. Liu et al. (2020) demonstraram que sua prática regular contribui significativamente para a melhora do equilíbrio e para a redução do risco de quedas, um desfecho clínico fundamental na prevenção de morbidades em populações geriátricas. Zhou et al. (2023) e Saleem et al. (2022) identificaram ganhos importantes na funcionalidade articular e alívio da dor em pacientes com osteoartrite de joelho, enfatizando a eficácia do método no suporte às atividades da vida diária.
Além das melhorias biomecânicas, o Pilates também impacta dimensões subjetivas da saúde, como demonstrado por Meng et al. (2021), Gaskell & Williams (2019) e Silva (2012), ao promover a redução de sintomas depressivos, o aumento da autoestima e a melhora da imagem corporal. Esses aspectos são especialmente relevantes no tratamento de patologias crônicas em idosos, uma vez que o componente emocional interfere diretamente na adesão ao tratamento, no engajamento com a atividade física e no bem-estar geral.
A acessibilidade e a adaptabilidade do método foram destacadas nos estudos de Rêgo et al. (2023) e Oliveira et al. (2022), que apontam que tanto o Pilates em solo quanto com aparelhos demonstram eficácia semelhante, o que favorece sua implementação em contextos clínicos e comunitários, inclusive no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta viabilidade é particularmente importante em um cenário de envelhecimento populacional acelerado e crescente demanda por terapias custo-efetivas.
Do ponto de vista fisiopatológico, os benefícios do método podem ser explicados pela ativação coordenada dos grupos musculares estabilizadores da articulação do joelho — notadamente quadríceps, isquiotibiais e glúteos —, o que promove melhor alinhamento biomecânico, redistribuição das forças articulares e diminuição da sobrecarga nos compartimentos comprometidos, como indicam Dejour & Le Coultre (2011) e Silva et al. (2012). Esse efeito contribui diretamente para a prevenção de quedas, instabilidade articular e evolução para estágios mais avançados da osteoartrose.
Adicionalmente, Oliveira et al. (2023) argumentam que, embora não existam medidas preventivas definitivas para a osteoartrite, intervenções terapêuticas baseadas em exercícios individualizados e bem conduzidos, como o Pilates, são essenciais para a manutenção da funcionalidade, retardamento da progressão da doença e minimização de limitações físicas.
Cabe ressaltar que a aplicabilidade do método Pilates se alinha às recomendações da Osteoarthritis Research Society International (OARSI), que propõe a priorização de intervenções não farmacológicas e centradas no paciente como primeira linha de tratamento para a osteoartrite de joelho (Zhang et al., 2010).
Portanto, à luz das evidências analisadas, conclui-se que o Pilates representa uma abordagem terapêutica altamente promissora, integrativa e de baixo risco, capaz de responder com eficiência aos desafios funcionais, emocionais e sociais impostos pela gonartrose em mulheres idosas. Sua incorporação em programas interdisciplinares de reabilitação pode, de forma significativa, ampliar os horizontes da prática fisioterapêutica baseada em evidências, contribuindo para a promoção da saúde e do envelhecimento ativo.
7. CONCLUSÃO
Concluímos assim que uma grande parte da população feminina, acima dos 60 anos são afetadas pela OAJ e que o método Pilates e sua prática regular dos exercícios, melhora não apenas a mobilidade e a funcionalidade física, mas apresenta um importante impacto positivo no bem-estar psicológico e emocional das praticantes resultando em um aumento na autoestima, na socialização e na qualidade de vida das mulheres idosas. Além dos benefícios físicos e emocionais, o Pilates também pode ser considerado uma estratégia preventiva para a perda progressiva da funcionalidade motora em idosas com gonartrose.
Portanto, conclui-se que o método Pilates se apresenta como uma abordagem terapêutica eficaz, segura e integrativa para mulheres acima de 60 anos com gonartrose, promovendo melhora na funcionalidade, alívio da dor e incremento na qualidade de vida.
8. REFERÊNCIAS
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¹Anny Gabrielle Alves Maia – RGM 40405443;
²Aline de Ataide – RGM 39507777;
³Clodoaldo Caetano – RGM 28224817;
⁴Elizandra Maria Fieszt – RGM 34392378;
⁵Solange Molina Tozo – RGM 27676285;
⁶Sueli Maria Freire Rillo – RGM 27595293;