BENEFÍCIOS DAS TECNOLOGIAS EDUCATIVAS NA ASSISTÊNCIA À PESSOA IDOSA COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249261458


Maria Ivanilde de Andrade1
Marcel da Câmara Ribeiro Dantas2
Maria Rita Castilho Rassi3
Raquel Lunardi Rocha4
Gabriele Costa dos Santos5
Clara Vitória Marinho de Resende5
Fabrícia Alves Ramalho5
Cristina Maria Espino Ferrari6
Lucas Jardim Scafutto7
Maria Vitória Nascimento Costa8
Elessandra Antônia Santos de Rezende8


RESUMO 

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), representa uma das principais causas de mortes no Brasil na atualidade. O AVE é capaz de causar condições de incapacidade e limitação, especialmente à população idosa. Objetivo: destacar a importância da utilização de tecnologias educativas no cuidado à pessoa idosa com histórico de AVE. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo qualitativo, de revisão bibliográfica, realizado a partir de dados levantados em 11 artigos publicados em inglês ou português, nos últimos seis anos (2018-2023) e indexados na Biblioteca Virtual em Saúde. Resultados: os estudos foram categorizados em um quadro por título, autores, ano e objetivos. Os estudos com pacientes, cuidadores e familiares com histórico de AVE mostraram resultados satisfatórios, tendo em vista a mudança de comportamento em relação à doença e o controle dos fatores de risco, assim como a adoção de estilo de vida saudável para prevenir a ocorrência de outros eventos. Por se tratar de tecnologias educativas, entende-se que o seu benefício será qualificar a assistência aos profissionais e cuidadores familiares na atenção à pessoa idosa sobrevivente de AVE. Conclusão: constatou-se que as tecnologias educativas são válidas e viáveis para a utilização na prática educacional tanto de enfermeiros como outras categorias profissionais que atuam no cuidado de pessoas idosas acometidas por AVE.

Palavras-chave: Gerontologia. Tecnologias educativas. Acidente Vascular Encefálico.

INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma das patologias prioritárias da Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), uma vez que gera constante preocupação entre gestores e profissionais de saúde, devido às características incapacitantes da doença e por sua alta taxa de morbimortalidade (BRANDÃO; LANZONI; PINTO, 2023).

O AVC tem representado uma das principais causas de mortes nos países em desenvolvimento como o Brasil, liderando a classificação do fator substancial das incapacidades cognitivo-comportamentais. Além disso, a gravidade do evento pode ser determinada por sua localização anatômica, as quais envolva regiões subcorticais, motoras corticais bilaterais e áreas da linguagem (FUHRMANN et al., 2021; FERNANDES et al., 2022).

O AVE é uma das principais doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) capaz de causar condições de incapacidade e limitação, especialmente à população idosa. Acrescenta-se que, apesar de os homens manifestarem maior incidência, as mulheres apresentam maiores chances de desenvolverem sequelas que afetam suas atividades da vida diária (COSTA; GOMES; REIS, 2022; FERNANDES et al., 2022).

De acordo com investigação nacional de base domiciliar realizada em 2013, a prevalência de AVC aumenta com a idade, atingindo 15,3% da população com 60 anos ou mais. Dentre os sobreviventes de AVC, de 25% a 35% aproximadamente permanecem com incapacidade. Na atualidade, o AVC representa a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo, sendo responsável por grande número de internações hospitalares em adultos e idosos (FUHRMANN et al., 2021; MANIVA et al., 2018).

Os pacientes idosos sobreviventes de AVC apresentam limitações que interferem na realização das Atividades de Vida Diária (AVD) exigindo auxílio para o autocuidado.  Sendo assim, o aumento de casos de AVE e as consequências que acarretam para a saúde da pessoa idosa devem ser motivo de investigação e criação de estratégias que busquem minimizar os impactos da doença sobre a vida do idoso (SANTOS et al., 2020; COSTA; GOMES; REIS, 2022).

Apesar do grande número de publicações sobre o AVC, poucas trazem propostas de condutas e/ou intervenções frente às diferentes realidades encontradas. A grande maioria das publicações não propõe, de forma efetiva, ações para que mudanças ocorram (VASCONCELOS et al., 2023).

Em contrapartida, em função da elevada morbimortalidade, nas últimas décadas, verificou-se uma concentração de esforços no sentido de tornar o AVC uma emergência médica, para a qual foi disponibilizada tratamento clínico do AVC isquêmico (AVCi), mediante agentes trombolíticos, visando diminuir ou reverter incapacidades físicas (MANIVA et al., 2018).

No entanto, um problema que reduz a eficácia do tratamento ocorre nos serviços de saúde que acompanham os pacientes após um AVC, visto que muitas vezes os recebem de volta sem terem acesso às informações que auxiliam na condução do caso (VASCONCELOS et al., 2023).

Outro fator importante ocorre na transição de cuidados do hospital para o domicílio, cujas condições apresentam riscos para a segurança do paciente. Logo, as organizações de saúde precisam identificar quais intervenções devem ser implementadas nesse processo (FERNANDES et al., 2022).

Além disso, a abordagem entre paciente e acompanhante deve incluir a promoção das estratégias de gerenciamento dos cuidados, seu treinamento abrangente, no qual deverão estar incluídas dimensões físicas e comportamentais, envolvimento ativo dos cuidadores na jornada de reabilitação e realização de avaliações regulares das necessidades dos cuidadores na comunidade. Nesse sentido, as tecnologias educativas são de grande valor e necessárias para intermediarem a disseminação de informações e facilitar o enfrentamento da doença (FERNANDES et al., 2022; VASCONCELOS et al., 2023).

Estudos têm sugerido estratégias de preparo do cuidador informal para a tarefa de cuidar, dentre elas estão o desenvolvimento de programas de alta hospitalar e a elaboração e utilização de tecnologias educativas, como formas de complementação e de reforço às orientações dos profissionais de saúde (FUHRMANN et al., 2021).

Tendo isso posto, Costa, Gomes & Reis (2022) afirmam que as tecnologias em saúde, sejam elas de cunho educativo ou assistencial possuem um papel importante na práxis em saúde e nos cuidados ao idoso com AVE. Ademais, salienta-se a escassez de estudos na presente temática e a necessidade de explorar mais o assunto em questão (COSTA; GOMES; REIS, 2022).

Por esse ângulo, e tendo em vista a complexidade da doença, o enfermeiro que presta assistência ao paciente com AVC é constantemente desafiado a elaborar e utilizar tecnologias educativas a fim de facilitar o processo de educação em saúde de pacientes, familiares e cuidadores. Tais recursos promovem o conhecimento sobre a doença e o tratamento, além suscitar o autocuidado (MANIVA et al., 2018).

Mediante tudo o que foi exposto, o presente estudo tem por objetivo, destacar a importância da utilização de tecnologias educativas no cuidado à pessoa idosa com histórico de AVE.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo qualitativo, de revisão bibliográfica. A busca dos estudos foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no mês de julho de 2024. Para a identificação dos estudos, utilizou-se os descritores: gerontologia, tecnologias educativas e Acidente Vascular Encefálico, associando estes ao operador booleano AND, da seguinte maneira: gerontologia AND tecnologias educativas AND Acidente Vascular Encefálico. Para a seleção dos artigos, foram considerados: artigos completos, publicados no idioma inglês ou português, nos últimos seis anos (2018-2023) e disponíveis na íntegra nas bases consultadas. A partir desses critérios, foram identificados 21 artigos, que, posteriormente à sua leitura foram reclassificados para uma nova seleção. Dessa forma, aplicou-se um segundo filtro, considerando pertinente à revisão, somente os artigos cujo(s) objetivo(s) fossem condizentes à temática abordada. Com isso, foram descartados 11 artigos, por não atender aos critérios estabelecidos para consolidação da pesquisa, restando 10 (dez) artigos para compor a amostra dessa revisão.

Os resultados foram dispostos em um quadro e a discussão foi elaborada de forma descritiva, visando destacar a importância da utilização de tecnologias educativas no cuidado à pessoa idosa com histórico de AVE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos (Figura 1.), mostra a relação dos artigos selecionados, utilizando-se os critérios: número do artigo, título, autores, objetivo do estudo e ano de publicação. A discussão apresenta uma síntese dos resultados obtidos nos estudos utilizados para compor a revisão.

Os estudos de Brandão, Lanzoni & Pinto (2023), analisaram as publicações científicas sobre a gestão em rede no atendimento ao paciente com AVC agudo, considerando as tecnologias implantadas e suas consequências para a atuação da equipe. Através de uma revisão integrativa de literatura, operacionalizada nas bases de dados PubMed/Medline, Scopus, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e no Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde, as autoras analisaram 46 artigos, um nacional e os demais estrangeiros, publicados entre 2008 a 2022, a partir do estabelecimento de categorias, por meio da similaridade de conteúdo. Os resultados apontaram que as tecnologias empregadas para ampliar a gestão em rede na atenção ao paciente com AVCi agudo são: a conexão entre serviços por fluxos e protocolos por meio da regionalização, da telemedicina e de plataforma de smartphone, com a ampliação das funções da equipe intervencionista móvel, ou por elementos integradores, como a pré-notificação hospitalar.

Os estudos de Canto et al. (2023), descreveram o processo de desenvolvimento de um curso massivo, aberto e online (MOOC) para cuidadores familiares de pessoas idosas com diagnóstico médico de AVC. Como método de estudo, as autoras recorreram ao relato de experiência. O curso foi construído em doze módulos, com a utilização de vídeos demonstrativos, hipertexto, figuras e narrações, visando instrumentalizar os cuidados familiares de pessoas idosas que sofreram AVC, a melhorar a sua capacidade de cuidar e foi aplicado entre julho de 2021 a outubro de 2022. Concluiu-se através desse estudo que o processo de desenvolvimento do curso requereu uma equipe com expertise em diferentes áreas, apresentando uma avaliação preliminar positiva do público alvo quanto ao seu conteúdo e funcionalidade, representando um importante avanço da Enfermagem na construção de tecnologias educacionais digitais. As autoras recomendaram o desenvolvimento de mais cursos na modalidade MOOC que avaliem a acessibilidade e a funcionalidade com um público maior.

Objetivando mapear estudos produzidos a respeito das tecnologias educativas e/ou assistenciais voltadas para assistência ao idoso com AVE, Costa, Gomes & Reis (2023), por meio do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), selecionaram nas bases de dados Pubmed, Embase e SciELO, três artigos que destacavam as tecnologias digitais utilizadas para prestar assistência ao idoso acometido por AVE. Os estudos mapeados revelaram que as tecnologias utilizadas são de caráter digital e incluíam vídeos educativos e um protocolo assistencial. Diante disso, as autoras concluíram que as tecnologias em saúde são de extrema importância na práxis em saúde e nos cuidados ao idoso com AVE.

Através de um estudo metodológico, Fernandes et al. (2022), construíram e validaram um álbum seriado para ser utilizado no planejamento da alta hospitalar de pacientes com AVC. O álbum possui 21 páginas, foi validado por 22 juízes e avaliado por 22 acompanhantes. Os dados foram coletados a partir do Instrumento de Validação de Conteúdo (IVC) Educacional em Saúde, com os acompanhantes, a partir do Suitability Assessment of Materials. Os resultados mostraram que o IVC global foi igual a 0,87 entre os juízes especialistas e 1,0 entre os acompanhantes. Mediante esses resultados, os autores concluíram que a tecnologia educacional construída foi considerada válida pelos juízes e avaliada como compreensível pelos acompanhantes, de forma que se apresentou como recurso tecnológico viável para utilização na educação em saúde de acompanhantes de pacientes com AVC.

Fuhrmann et al. (2021), buscaram, através de seus estudos, construir e validar um manual educativo para cuidadores familiares de pessoas idosas dependentes de cuidados após AVC. Para isso, as autoras realizaram um estudo metodológico com quatro etapas, sendo elas: grupo focal com cinco cuidadores familiares, para identificação de dúvidas e de dificuldades quanto ao cuidado no domicílio ao idoso com AVC; elaboração do manual por seis pesquisadoras; validação de conteúdo por 18 enfermeiros especialistas e validação de aparência por 12 cuidadores familiares. Os dados foram analisados através do cálculo do IVC, verificando-se o consenso da população-alvo. A partir do grupo focal, foram identificadas as vivências e os desafios enfrentados pelos cuidadores ao cuidar do familiar idoso com AVC, o que embasou a elaboração de um manual educativo, na segunda etapa do processo. No consenso de especialistas, obteve-se IVC global de 0,97 e, na validação de aparência, consenso de 95,51% pela população-alvo. Concluiu-se que o manual educativo para cuidadores familiares de idosos após AVC poderá ser utilizado como material complementar às orientações dos profissionais, possibilitando melhoria do cuidado prestado por familiares ao idoso dependente de cuidados após AVC.

Buscando validar o conteúdo de um guia ilustrado para mediar educação em saúde com pessoas após AVC, Galvão, Teixeira & Nemer (2020), a partir de uma pesquisa metodológica, constituída em revisão da literatura, construíram o guia ilustrado sob validação de 19 juízes-especialistas da área da saúde e de outras áreas. Foram aplicados dois questionários distintos e os dados em estatística descritiva passaram para análise quantitativa no IVC (0,79) e no Escore SAM (26 pontos). Como ressalva, os juízes-especialistas indicaram ser necessário mais informações sobre afecções crônicas e autocuidado, bem como a inclusão de informações sobre disfagia e marcha, em função da qualidade de vida após evento vascular. Diante disso, as autoras concluiram que o guia ilustrado evidenciou-se como um dispositivo adequado para mediar ações de educação em saúde com pessoas acometidas por alterações neurológicas devido ao AVC.

Com o objetivo de identificar tecnologias educativas utilizadas no processo de educação em saúde relacionadas ao AVC, Maniva et al. (2018) realizaram uma revisão integrativa com 24 artigos indexados nas bases de dados LILACS, PubMed/Medline, Scopus e CINAHL entre os anos 2000 a 2016. Os dados foram analisados evidenciaram que as tecnologias educativas utilizadas no processo de educação em saúde para o AVC foram múltiplas. Nessa perspectiva, as autoras consideraram que as tecnologias educativas mais utilizadas no processo de educação em saúde para o AVC são os materiais impressos destinados ao público em geral, visando o reconhecimento dos sinais de alerta da doença e a tomada de medidas emergenciais diante de casos suspeitos da doença.

Santos et al. (2020) construíram e validaram o conteúdo de um protocolo assistencial de enfermagem com intervenções educativas para cuidadores familiares de idosos após AVC. Para a elaboração do protocolo, foi realizado um estudo metodológico conduzido em três etapas: (1) construção do protocolo por meio de revisão da literatura; (2) pré-teste com equipe multiprofissional, analisado com articulação da literatura; (3) validação do protocolo pela Técnica Delphi. No pré-teste, oito especialistas avaliaram a clareza e o conteúdo do protocolo. Na validação, houveram duas rodadas pela Técnica Delphi. O protocolo validado foi composto por 12 domínios contendo 42 itens e 240 orientações de cuidados. Os domínios utilizados foram: orientações sobre a doença; suporte emocional; utilização da rede de atenção à saúde; alimentação; vias aéreas; medicações; higiene; cuidados com a pele; eliminações; vestir/despir; posicionamento e transferência; prevenção de quedas. Concluiu-se através deste estudo que o protocolo qualifica a transição do cuidado após alta hospitalar auxiliando os enfermeiros na prática assistencial no domicílio.

Santos et al. (2021) elaboraram um vídeo instrucional sobre o processo de regulação de vagas, utilizando a produção de roteiro de imagens e gravação de áudio com os softwares Pixton®, Adobe Photoshop®, Camtasia®, Powtoon®. O vídeo contém orientações de preenchimento da ficha de regulação para capacitação profissional para otimizar o tempo, beneficiar o tratamento e diminuir sequelas, garantindo o acesso à assistência especializada. Diante desse estudo, as autoras concluíram que o vídeo instrucional produzido pode colaborar na educação em serviço de profissionais que atuam em núcleos de regulação de vagas de acordo com a linha de cuidado do AVC hiperagudo e em unidades solicitantes.

Por fim, Vasconcelos et al. (2021), através de uma abordagem quantiqualitativa, utilizando duas rodadas do método Delphi e análise de conteúdo, objetivaram prover fontes de evidências de validação de conteúdo para a Caderneta de Orientação e Acompanhamento Pós-AVC. O instrumento foi enviado para 53 juízes independentes, considerando um IVC acima de 0,90. Os resultados mostraram que dos 14 enfermeiros que participaram, 64,3% têm experiência com atendimento a AVC, 35,7% com atenção primária e 64,3% com produção de material educativo. Na análise de conteúdo, as sugestões dos juízes foram estratificadas em quatro categorias: conformação, objetividade, precisão e percepção do material. Foram realizadas alterações ortográficas nas imagens, adição de escala de funcionalidade, adequação de termos técnicos e linguagem. O IVC na segunda rodada demonstrou concordância de 0,97, concluindo que a caderneta apresentou fontes de evidências de validade de conteúdo satisfatórias.

Utilização de tecnologias educativas no cuidado à pessoa idosa acometida por AVC/AVE

Os pacientes diagnosticados com AVC, por diversas vezes, retornam ao domicílio com sequelas físicas e cognitivo-comportamentais, as quais comprometem a capacidade funcional, tornando-os dependentes de cuidados para realização de suas atividades básicas e instrumentais da vida diária (FERNANDES et al., 2022).

Nesse contexto, o enfermeiro pode desempenhar importante papel junto à pessoa idosa após AVC e junto à família, por meio do auxílio e da orientação no desempenho das atividades de cuidado, tanto no hospital, quanto na alta hospitalar, ou seja, no retorno à comunidade (FUHRMANN et al., 2021).

Figura 1. Categorização dos estudos incluídos na revisão.

ArtigoTítuloAutoresObjetivo(s)Ano
1Gestão em rede no atendimento ao acidente vascular cerebral: revisão integrativa de literatura.BRANDÃO, P. C.; LANZONI, G. M. M.; PINTO, I. C. M.Analisar as publicações científicas sobre a gestão em rede no atendimento ao paciente com AVC agudo, considerando as tecnologias implantadas e suas consequências para a atuação da equipe2023
2Development of an online course for caregivers of older stroke patients.CANTO, D. F et al.Descrever o processo de desenvolvimento de um curso massivo, aberto e online para cuidadores familiares de pessoas idosas com diagnóstico médico de AVC.2023
3Tecnologias educativas no cuidado à pessoa idosa acometida por Acidente vascular Encefálico: revisão integrativa de literatura.COSTA, A. M. S.; GOMES, V. O.; REIS, D. A.Mapear os estudos produzidos a respeito das tecnologias educativas e/ou assistências voltadas para a assistência ao idoso com AVE.2022
4Construction and validation of a serial album for companions of patients with stroke.FERNANDES, C. S et al.Construir e validar álbum seriado, para ser utilizado no planejamento da alta hospitalar de pacientes com AVC.2022
5Construction and validation of an educational manual for family caregivers of older adults after a stroke.FUHRMANN, A. C. et al.Construir e validar um manual educativo para cuidadores familiares de pessoas idosas dependentes de cuidados após AVC.2021
6Guia ilustrado para mediar educação em saúde com pessoas após o acidente vascular cerebral: construção e validação de conteúdo.GALVÃO, R. O.; TEIXEIRA, E.; NEMER, C. R. B.Validar o conteúdo de um guia ilustrado para mediar educação em saúde com pessoas após o acidente vascular cerebral.2020
7Educational technologies for health education on stroke: an integrative review.MANIVA, S. J. C. F et al.Identificar na literatura científica as tecnologias educativas utilizadas no processo de educação em saúde relacionadas ao AVC.2018
8Development and validation a nursing care protocol with educational interventions for family caregivers of elderly people after stroke.SANTOS, N. O et al.Construir e validar o conteúdo de um protocolo assistencial de enfermagem com intervenções educativas para cuidadores familiares de idosos após AVC.2020
9Construção de vídeo instrucional para a regulação de vaga do acidente vascular cerebral fase hiperaguda.SANTOS, J. C. C et al.Elaborar um vídeo instrucional sobre o processo de liberação de vagas.2021
10  Content validity of the Post-Stroke Guidance and Follow-up Booklet.VASCONCELOS, B. F. et al.Prover fontes de evidências de validação de conteúdo para a Caderneta de Orientação e Acompanhamento Pós- AVC.2023

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Para Santos et al. (2020), a aprendizagem do cuidador de um idoso após AVC inicia-se, em um primeiro momento, por meio de orientações realizadas por equipes multiprofissionais durante a internação hospitalar.

No retorno à comunidade, o atendimento passa a ser realizado pela atenção básica ou, ainda, por serviços de atenção domiciliar, quando existentes e de acordo com as necessidades do idoso (SANTOS et al., 2020).

Assim, o uso de tecnologias educativas direcionadas à educação em saúde sobre AVC torna-se um importante recurso didático que, além de fornecer informações, busca sensibilizar o indivíduo à mudança de comportamento no que diz respeito ao estilo de vida, ao controle dos fatores de risco modificáveis e à adesão ao tratamento medicamentoso (MANIVA et al., 2018).

Brandão, Lanzoni & Pinto (2023) ressaltam a necessidade de que aconteçam programas educacionais também direcionados à população tendo em vista que pacientes e acompanhantes são os primeiros a identificar sinais e sintomas da doença e acionar o serviço médico de emergência. Assim, os conteúdos devem incluir sinais e sintomas de alerta, conscientização sobre o AVC e ênfase na necessidade daquele acionamento. Intervenções educativas voltadas aos cuidadores familiares de pessoas idosas que sofreram AVC estão descritas na literatura (CANTO et al., 2023).

Diante disso, Vasconcelos et al., (2023), ressaltam que as tecnologias educativas são de grande valor e necessárias para intermediarem a disseminação de informações e facilitar o enfrentamento da doença. Assim sendo, materiais educativos impactam positivamente no processo de educação em saúde e são capazes de informar, orientar, modificar comportamentos, promover a saúde e prevenir acometimentos.

Para Costa, Gomes e Reis (2022), as tecnologias podem ser aliadas dos profissionais de saúde durante os cuidados ao idoso, uma vez que tais instrumentos favorecem a recuperação física e cognitiva do idoso. Entretanto, para aumentar esse impacto, é imprescindível que os materiais proporcionem interatividade e abordagens relevantes, possuam linguagem adequada, permitam troca de experiências, sejam atraentes e apresentem informações fidedignas e de qualidade (VASCONCELOS et al., 2023).

Nesse sentido, os conhecimentos necessários relacionam-se a reconhecer os sinais e sintomas do AVC, ter capacidade de aplicar as escalas neurológicas básicas, ter conhecimento sobre os critérios de ativação do código e dos fluxos estabelecidos e desenvolver habilidade em questionar o tempo de início dos sintomas. Ademais, os protocolos são apontados como integradores e fatores de melhora da cadeia de cuidados (BRANDÃO; LANZONI; PINTO, 2023).

Atividades de administração de medicamentos, monitoramento das funções fisiológicas, orientações sobre uso de dispositivos médicos, realização de curativos, orientações sobre status nutricional, status neurológico e atuação na prevenção de lesões por pressão, broncoaspiração e traumas podem ser utilizadas como uma ferramentas tecnológicas educativas que possibilitam o alcance de informações qualificadas na área de educação para a saúde a um grande público e para a translação do conhecimento (CANTO et al., 2023).

Ademais, o desenvolvimento de tecnologias como plataformas de comunicação eletrônica para facilitar o atendimento deve ter envolvimento multidisciplinar, a fim de que estejam ali representadas as prioridades de cada especialista (BRANDÃO; LANZONI; PINTO, 2023).

Quanto às intervenções com tecnologia digital, os smartphones estão desempenhando um papel-chave e muito relevante no avanço dessas tecnologias, especialmente na educação e na promoção da saúde. Materiais educativos impactam positivamente no processo de educação em saúde e são capazes de informar, orientar, modificar comportamentos, promover a saúde e prevenir acometimentos (CANTO et al., 2023; VASCONCELOS et al., 2023).

De acordo com Canto et al. (2023), pacientes e cuidadores têm necessidades educacionais sobre diversas questões específicas às fases de recuperação após um AVC, haja vista a falta de capacidades práticas referentes ao cuidado. É premente considerar que os cuidadores frequentemente enfrentam muitas barreiras para participar de intervenções presenciais, manuais e individualizadas, tais como falta de transporte adequado, de meios financeiros para comparecer às sessões, não ter com quem deixar a pessoa cuidada e tempo limitado devido às demandas do cuidado. Intervenções virtuais podem facilitar o acesso, oferecendo uma alternativa promissora (CANTO et al., 2023).

Neste tocante, o uso de tecnologias em saúde se torna ferramentas indispensáveis no processo de reabilitação do idoso pós-AVE, bem como fornecer a conhecimento sobre os modos de prevenção e tratamento do AVE (COSTA; GOMES; REIS, 2022).

CONCLUSÃO

O estudo destacou a importância do uso de tecnologias educativas no cotidiano de pacientes acometidos por AVE, assim como seus familiares e cuidadores.

Os estudos corroboram que no adoecimento por AVE, as ações de prevenção e de promoção da saúde devem ser uma prioridade e que estratégias devem ser implementadas para auxiliar pacientes e familiares a compreender a doença e as implicações decorrentes dela. As tecnologias educativas foram citadas em todos os estudos como estratégia auxiliar no processo de educação em saúde e de reabilitação e melhora da qualidade de vida de idosos pós-AVE.

Os estudos com pacientes, cuidadores e familiares com histórico de AVE mostraram resultados satisfatórios, tendo em vista a mudança de comportamento em relação à doença e o controle dos fatores de risco, assim como a adoção de estilo de vida saudável para prevenir a ocorrência de outros eventos. Por se tratar de tecnologias educativas, entende-se que o seu benefício será qualificar a assistência aos profissionais e cuidadores familiares na atenção à pessoa idosa sobrevivente de AVE.

Pode-se constatar também que a tecnologia educacional se apresentou como válida e viável para utilização na prática educacional tanto de enfermeiros como outras categorias profissionais que atuam no cuidado de pessoas idosas acometidas por AVE. Para, além disso, os familiares e cuidadores, se capacitados podem utilizar dessas tecnologias no seu cotidiano a fim de beneficiar a pessoa idosa pós-AVE.

Pela escassez de estudos relacionados à temática, recomenda-se o desenvolvimento de mais pesquisas envolvendo o uso de tecnologias educativas no cuidado pós-AVE. Sugere-se ainda que outros estudos investiguem a efetividade da utilização de outras tecnologias educativas, não citadas nesta pesquisa, envolvendo o tema AVC e seus benefícios no cuidado à pessoa idosa.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, P. C.; LANZONI, G. M. M.; PINTO, I. C. M. Gestão em rede no atendimento ao acidente vascular cerebral: revisão integrativa de literatura. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 32, supl.2, e220793pt, 2023

CANTO, D. F et al. Development of an online course for caregivers of older stroke patients. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 44, p. e20230040, 2023.

COSTA, A. M. S.; GOMES, V. O.; REIS, D. A. Tecnologias educativas no cuidado à pessoa idosa acometida por acidente vascular encefálico: revisão integrativa de literatura. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, [S. l.], v. 19, n. Supl.2, 2022.

FERNANDES, C. S et al. Construction and validation of a serial album for companions of patients with stroke. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 75, n. 4, p. e20210843, 2022.

FUHRMANN, A. C. et al. Construction and validation of an educational manual for family caregivers of older adults after a stroke. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 30, p. e20190208, 2021.

GALVÃO, R. O.; TEIXEIRA, E.; NEMER, C. R. B. Guia ilustrado para mediar educação em saúde com pessoas após o acidente vascular cerebral: construção e validação de conteúdo. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 11, p. e4450, 11 set. 2020.

MANIVA, S. J. C. F et al. Educational technologies for health education on stroke: an integrative review. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 71, p. 1724–1731, 2018.

SANTOS, N. O et al. Development and validation a nursing care protocol with educational interventions for family caregivers of elderly people after stroke. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, p. e20180894, 2020.

SANTOS, J. C. C et al. Construção de vídeo instrucional para a regulação de vaga do acidente vascular cerebral fase hiperaguda. Comunicação em Ciências da Saúde, [S. l.], v. 32, n. 01, 2021.

VASCONCELOS, B. F. et al. Content validity of the Post-Stroke Guidance and Follow-up Booklet. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 76, n. 3, p. e20220532, 2023.


 

1 Doutoranda em Biotecnologias em Saúde (UNP/RN). Docente e Professora TI em Pesquisa do Curso de Medicina da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil. E-mail: vaninhaenf@hotmail.com;

2Doutor. Professor do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Potiguar/RN, Brasil;

3Médica. Mestranda em Saúde Pública e Docente do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

4Médica. Docente e Professora TI do Ciclo Clínico do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

5Acadêmicas do 9° Período do Curso de Enfermagem – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

6Acadêmica do 8ª Etapa do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

7Acadêmico do 11ª Etapa do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

8Acadêmicas do 4ª Etapa do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil.