REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7239201
Cássyo Santos Monteiro
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1699-9256
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aracaju/SE.
INTRODUÇÃO: A epilepsia é uma doença crônica decorrente da exacerbação paroxística de uma determinada função cortical, podendo ser motora, sensitiva, psíquica ou comportamental. Os avanços terapêuticos no âmbito farmacológico para o combate das crises epilépticas foram significativos nas últimas décadas, por outro lado, evidenciou-se que o tratamento associado à prática regular de exercícios físicos mostrou relevante redução na frequência das crises e melhora no bem estar dos portadores da doença. OBJETIVOS: O estudo teve como principal objetivo identificar a influência da prática regular de atividade física em portadores de epilepsia. METODOLOGIA: Trata-se de revisão sistemática da literatura elaborada a partir da pesquisa e análise de artigos nas bases de dados eletrônicas MEDLINE-PubMED, Lilacs, Cochrane Library e ScienceDirect Elsevier. Para a busca, foram utilizados os descritores ‘’exercise and epilepsy’’ e‘’physical activities and epilepsy’’. Utilizou-se ainda como critério de inclusão os artigos originais, disponíveis na íntegra, nos idiomas inglês e português, excluindo-se as revisões de literatura, estudos com animais e estudos com pouca relevância para o objetivo da presente revisão. Foram identificados, no total, 29 (vinte e nove) artigos. Desses, 12 (doze) preencheram os critérios estabelecidos para e revisão e foram selecionados para o estudo. REVISÃO DE LITERATURA: É sabido que existem controvérsias entre os autores no tocante a recomendação de exercícios físicos regulares e a prática de esportes para pessoas portadoras de epilepsia, em especial, no que concerne a preocupação com a segurança. Como consequência, os pacientes portadores de epilepsia tendem a praticar menos atividades físicas, quando, em verdade, os estudos mais recentes apontam para benefícios decorrentes da prática regular de atividade física nesse grupo. Dentre os benefícios, observou-se redução das crises epiléticas, melhora da atenção, colaborando inclusive para a neuroplasticidade, aumento dos receptores GABAérgicos, bem como redução dos efeitos colaterais das medicações antiepilépticas. Além disso, foram observados resultados positivos nas crianças portadoras de epilepsia, tal pratica gerou benefícios no processo de aprendizagem e no controle de comorbidades que estão associadas à doença, como, por exemplo, depressão. Entretanto, é válido ressaltar que algumas classes de atividades físicas devem haver cuidados especiais, como é o caso do paraquedismo e do mergulho, esportes classificados como radicais e os esportes de alta competição, que favorecem episódios de crises. Essas práticas devem ser decididas junto ao médico neurologista. CONCLUSÃO: Foi constatado que a prática de atividade física apresenta influência positiva na qualidade de vida dos pacientes portadores de epilepsia, tornando-se, consequentemente, recomendável para esse grupo de pessoas, devendo ser excluídos, contudo, as práticas de paraquedismo e mergulho, assim como os esportes de alta competição.
DESCRITORES: Atividade física; Crises epilépticas; Epilepsia.
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