BENEFÍCIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE LOGÍSTICAS REVERSAS NA INDÚSTRIA: A IMPLEMENTAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA EM INDÚSTRIAS INTERMEDIÁRIAS ( B2B) COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

BENEFITS OF IMPLEMENTING REVERSE LOGISTICS IN THE INDUSTRY:  IMPLEMENTING REVERSE LOGISTICS IN INTERMEDIARY INDUSTRIES (B2B) AS  A BUSINESS STRATEGY. 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7977460


Natalli Carolina Felix Bravo
Carlos Lopez Noriega


 Resumo:  Este  artigo  discute  como  a  implementação  de  logística  reversa  entre  indústrias  pode  ser  uma  estratégia  interessante  para  a  sobrevivência  do  negócio  e  como  pode  agregar  valor  na  cadeia  produtiva,  considerando  a  relação  comercial  Business-to-business ( B2B)  e  as  tendências  de  demanda  de  consumo  e  legislação.  São  identificados  ganhos  relacionados  ao  compromisso  ESG ( Environmental,  Social  and  Governance)  e  aos  objetivos  de  desenvolvimento  sustentável  estabelecidos  pela  ONU  para  2030,  tais  como  a  geração  de  carteiras  de  crédito  de  carbono,  créditos  de  logística  reversa  e  certificados  de  crédito  de  reciclagem,  considerando  a  legislação  brasileira e a percepção de valor agregado pelo consumidor final. 

 O  artigo  também  analisa  como  a  partir  dessas  temáticas  é  possível  acrescentar  perspectivas  de  geração  de  valor  comercial  ao  negócio  por  meio  da  implementação  de  logística  reversa  entre  indústrias.  A  implementação  de  sistemas  de  logística  reversa  em  indústrias  intermediárias  traz  oportunidades  para  a  obtenção  de  ganhos  financeiros,  sociais  e  ambientais,  além  de  estar  em  conformidade  com  as  tendências  mundiais  de  demandas  de  consumo  e  legislação,  onde  os  resíduos  serão  cada  vez  mais  valorizados  devido  à  escassez  de  matérias-primas  e  ao  déficit  de  decomposição dos materiais após o descarte final.  

Palavras-chave:  Logística  reversa;  Política  nacional  de  resíduos  sólidos  (PNR);  Environmental,  Social  and  Governance  ( ESG);  Objetivos  de  sustentabilidade  da  ONU  (ODS);  Crédito  de  logística  reversa; Certificado de crédito de reciclagem.

 Abstract:  This  article  discusses  how  the  implementation  of  reverse  logistics  between  industries  can  be  an  interesting  strategy  for  business  survival  and  how  it  can  add  value  in  the  production  chain,  considering  the  Business-to-business  (B2B)  commercial  relationship  and  trends  in  consumption  demand  and  legislation.  Gains  related  to  ESG  (Environmental,  Social  and  Governance)  commitments  and  the  sustainable  development  goals  established  by  the  UN  for  2030  are  identified,  such  as  the  generation  of  carbon  credit  portfolios,  reverse  logistics  credits,  and  recycling  credit  certificates,  considering  Brazilian  legislation  and  the  perceived  added  value  by  the  final consumer. 

 The  article  also  analyzes  how  from  these  themes  it  is  possible  to  add  perspectives  of  commercial  value  generation  to  the  business  through  the  implementation  of  reverse  logistics  between  industries.  The  implementation  of  reverse  logistics  systems  in  intermediate  industries  brings  opportunities  for  financial,  social,  and  environmental  gains,  as  well  as  compliance  with  global  trends  in  consumption  demand  and  legislation,  where  waste  will  increasingly  be  valued  due  to  the  scarcity of raw materials and the deficit in material decomposition after final disposal. 

 Keywords:  Reverse  logistics;  National  Solid  Waste  Policy  (PNR);  Environmental,  Social  and  Governance  (ESG);  United  Nations  Sustainable  Development  Goals  (SDGs);  Reverse  logistics  credit; Recycling credit certificate. 

1. Introdução 

 A  Lei  nº  12.305/2010  instituiu  no  Brasil  a  Política  Nacional  de  Resíduos  Sólidos  (PNRS),  com  foco  em  responsabilidade  compartilhada  entre  fabricantes  e  consumidores  sobre  os  resíduos  gerados  por  ambas  as  partes  (BRASIL,  2010).  Para  atender  aos  requisitos  estabelecidos,  as  indústrias  atuam  com  dificuldade,  Seja  para  implementar  sistemáticos  de  reversa,  reciclagem  e  reuso  do  que  ecológico  ou  do  que  utilizem  em  sua  produção,  bem  como  para  destinar  os  resíduos  pós  consumo,  atualmente  as  ações  mais  comuns  têm  foco  em  reversas  e  reciclagem  das  embalagens  de  seus  produtos  junto  ao  consumidor  final,  no  entanto  são  custosas  e  apresentam  falhas  na  captação  e  reintegração  do  resíduo,  seja  por  meio  de  projetos  de  design  thinking  para  gerar  uma  nova  função  ao  resíduo,  ou  para  reduzir  seu  impacto  ambiental,  o  que  dificulta  a  ocorrência  do  processo.  Apesar  da  política  implantada  desde 2010 ,  apenas 4 %  dos  resíduos  brasileiro  com  possibilidade  de  reciclagem  são  reciclados,  a  meta  é  atingir 48 %  até 2040 ,  somente  os  recicláveis  que  vão  parar  no  lixão  geram  uma  perda  de  14  Bilhões  anualmente  para  os  trabalhadores  do  ramo,  segundo  a  Associação  Brasileira  de  Empresas  de  Limpeza  Pública  e  Resíduos  Especiais  (Abrelpe,  2022).  Parte  dos  problemas  para  atingir  a  meta  de  2040  está  em  como  conscientizar  a  população  para  destinar  corretamente  os  resíduos  e  como  atenuar  os  custos  de  cadeias  complexas  e  caras  de  logísticas  reversas,  mesmo  assim  a  reciclagem  não  é  o  suficiente  para  reduzir  os  impactos  totais  do  consumo  dos  recursos  naturais  esgotáveis  do  planeta.  Além  da  legislação  brasileira  a  ONU  realizou  um  apelo  global  com  metas  coletivas  para 2030 ,  parte  importante  dos  objetivos  traçados  estão  relacionados  com  a  proteção  do  meio  ambiente  e  a  redução  dos  impactos  ambientais.  O  mundo  inteiro  assim  como  o  Brasil  tem  traçado  estratégias  para  viabilizar  produção,  distribuição,  consumo  e  gestão  dos  resíduos  de  maneira  mais  sustentável,  inclusive  no  aspecto  financeiro,  aqueles  que  não  conseguirem  atender  às  leis  e  compromissos  de  fabricação  sustentável,  terão  que  atenuar  seus  impactos  por  meio  da  compra  de  créditos  de  carbono  daqueles  que  saíram  na  frente  gerando  crédito  voluntário  e  compensam  além  do  que  precisam  como  se  exige  por  lei  na  maioria  dos  países.  Implementar  iniciativas  que  atendam  o  apelo  ambiental  pode  se  tornar  um  diferencial  competitivo  e  relevante  para  as  marcas  na  decisão  final  do  consumidor,  Segundo  um  estudo  realizado  pelo  Institute  for  Business  Value  da  IBM ( IBM, 2021) ,  os  resultados  mostram  que  9  em  cada  10  empresas  afirmam  a  necessidade  de  implementar  ações  sustentáveis  e  que 84 %  dos  consumidores  concordam  que  a  sustentabilidade  ambiental  é  moderadamente  importante  na  hora  de  decidir  o  que  comprar,  em  2019  esse  número  era  de  apenas  22%.  Além  disso,  o  relatório  indica  que  os  consumidores  estão  dispostos  a  pagar  mais  por  marcas  que  são  ambientalmente  responsáveis.  A  partir  dessa  visualização,  este  artigo  pretende  apresentar  propostas  que  auxiliem  na  visualização  de  maneiras  possíveis  para  viabilizar  logísticas  reversas  como  estratégia  empresarial,  agregando  valor  em  relações  comerciais  entre  indústrias,  Business to Business ( B2B). 

1.1 Justificativa 

 A  escassez  de  recursos  naturais  trouxe  a  necessidade  de  recalcular  a  rota  de  como  produzimos,  consumimos  e  de  todo  o  fluxo  da  cadeia  de  abastecimento  comercial,  por  esse  motivo  iniciativas  como  a  da  ONU  ao  propor  metas  para  o  desenvolvimento  sustentável  global  e  a  criação  de  leis  como  a  PNRS  no  Brasil  nos  obrigam  a  traçar  estratégias  mais  eficientes  para  continuar  no  mercado,  além  disso  é  possível  que  ao  atrelar  as  demandas  de  logística  reversa,  ESG  (Environmental,  Social  and  Governance)  a  temáticas  como  a  geração  de  créditos  de  carbono,  crédito  de  logística  reversa,  e  certificado  de  crédito  de  reciclagem,  possam  agregar  valor  como  ativos  competitivos  para  fidelizar  e  captar  novos  clientes  ou  até  gerar  novas  fontes  de  receita  para  o negócio. 

1.2 Objetivos (Geral e específicos) 

 Este  artigo  visa  dissertar  sobre  como  a  implementação  de  logísticas  reversas  entre  indústrias  pode  ser  uma  estratégia  interessante  para  a  sobrevivência  do  negócio  e  como  pode  agregar  valor  na  cadeia  produtiva,  ou  seja  como  relação  comercial  Business  to  business  B2B  pode  acrescentar  viez competitivo. 

 Identificar  ganhos  a  partir  da  visualização  das  temáticas  como:  compromisso  ESG  (Environmental,  Social  and  Governance) ,  os  objetivos  de  desenvolvimento  sustentável  estabelecidos  pela  ONU  para 2030 ,  a  geração  de  carteiras  de  crédito  de  carbono,  créditos  de  logística  reversa  e  certificados  de  crédito  de  reciclagem,  considerando  a  legislação  brasileira,  e  a  percepção  de  valor  agregado pelo consumidor final.   

 Analisar  como  a  partir  das  temáticas  discutidas  é  possível  acrescentar  perspectivas  de  geração  de  valor comercial ao negócio por meio da implementação de logísticas reversas entre indústrias. 

2. Revisão bibliográfica 

2.1 Logística reversa 

 A  logística  convencional  prevê  apenas  a  rota  entre  o  fabricante  e  o  ponto  de  venda,  ou  seja,  não  existe  uma  preocupação  estabelecida  com  o  pós  consumo  incluído  no  planejamento  da  operação  segundo  Novaes  (2007).  De  acordo  com  Leite  (2002)  a  logística  reversa  tem  por  finalidade  agregar  valor  de  diversas  formas  à  cadeia  produtiva  por  meio  da  destinação  correta  dos  produtos,  seja por meio da recuperação, reciclagem ou a destinação para reuso. 

 Cruz  et  al.  (2013)  descreve  que  é  possível  vincular  a  logística  reversa  com  ganhos  como  a  redução  do  consumo  e  gastos  de  recursos  como:  água,  energia  elétrica,  redução  do  volume  de  descartes  de  resíduos,  restrição  dos  riscos  advindos  de  aterros,  antecipação  às  exigências  presentes  na  legislação,  redução  da  poluição  por  meio  da  contenção  de  resíduos,  aumento  de  consciência  ecológica  e  a  melhoria  da  imagem  corporativa.  Além  desse  tipo  de  economia  financeira  e  de  recursos  limitados  pela  natureza,  também  pode  denotar  estratégia  comercial,  pela  criação  de  novos  negócios,  marketing  com  apelo  sustentável  atraindo  novos  clientes  e  fidelizando  os consumidores devido à demanda crescente pelo público em geral. 

 Segundo  Leite  (2009)  para  implementar  a  logística  reversa  é  preciso  ter  canais  de  reversos  de  distribuição,  estes  canais  geralmente  recolhem  e  destinam  o  produtos  pós  consumo.  Os  destinos  mais  comuns  são  o  reuso,  a  remanufatura,  a  reciclagem  e  a  disposição  final  no  caso  de  produtos  que não podem passar por revalorização. 

 Rogers  e  Tibben-Lembke  (1998)  questionam  qual  seria  a  melhor  maneira  de  as  empresas  realizarem  a  destinação  de  produtos  não  desejados  para  os  locais  onde  podem  ser  processados,  recuperados  e  reutilizados  de  forma  eficaz?,  por  esse  motivo  relatam  a  importância  da  abordagem  processual  para  tratar  dos  retornos  de  maneira  adequada.  Segundo  eles  todos  os  materiais  devem ser recolhidos e classificados antes de serem destinados. 

 Krikke  (1998)  afirma  que  a  logística  reversa  é  a  responsável  por  viabilizar  o  fornecimento  de  matérias  primas  para  os  mercados  secundários,  no  entanto  cita  alguns  problemas  que  podem  ser  enfrentados  ao  elaborar  uma  rede  de  logística  reversa,  como:  informação,  onde  pode  apresentar  dificuldades  para  dimensionar  demandas  de  recursos  complementares,  tempo  e  até  adaptações  de  sistemas  de  informação;  Operações,  devido  a  controle  de  estoques,  roteirização  dos  fluxos  reversos,  estratégias  de  recuperação,  criação  de  uma  rede  logística  otimizada  entre  localidade  e  capacidade,  integração  de  fluxos  diretos  e  reversos;  Tecnológicos,  por  meio  de  alternativas  ambientalmente  viáveis,  através  de  incrementos  no  processo  produtivo  e  fluxos  de  retorno;  Organização,  por  meio  de  atribuições  de  processos  e  operações  para  os  membros  da  cadeia,  formação  de  alianças  e  cooperação  para  recuperação  de  produtos  ou  materiais.  Financeiro,  equilíbrio  entre  oferta  e  demanda  e  controle  de  custos,  financiamento  das  atividades  na  cadeia  e  a  valorização  dos  fluxos  reversos;  E  marketing,  criação  de  mercados  secundários  para  os  produtos  remanufaturados  ou  parcialmente  manufaturados  com  resíduos  recuperados  e  a  obtenção  de  retornos financeiros que permitam economias de escala através da comunicação e informação. 

 Diferente  do  processo  de  logística  convencional,  Manzini  (2005)  relata  que  o  processo  de  logística  reversa  possui  nível  de  incerteza  bem  alto,  principalmente  em  questões  como  qualidade  e  demandas são de difícil controle. 

 Alguns  fatores  críticos  por  indicar  a  eficiência  da  logística  reversa  apontados  por Lacerda  (2002),  controles  de  movimentação,  entradas  e  saídas;  Mapeamento  formal  do  processo;  Redução  no  tempo  de  ciclo;  Sistemas  de  informação;  Rede  logística  planejada;  E  relações  colaborativas  entre  clientes e fornecedores. 

 Para  abordar  de  maneira  funcional  a  logística  reversa  Shibao,  Moori  e  Santos  (2010)  apresentam  cinco  funções:  I)  planejamento,  implantação  e  controle  do  fluxo  de  informações  e  materiais  do  ponto  de  origem  ao  ponto  de  consumo;  II)  movimentação  de  produtos  do  consumidor  para  o  produtor;  III)  eficiência  na  utilização  de  recursos  com  o  reaproveitamento,  reciclagem  ou  reuso  dos  resíduos;  IV)  recuperação  de  valor;  V)  destinação  final  segura.  Além  disso,  os  autores  pontuam  dificuldades  ao  estruturar  a  logística  reversa,  como:  recolhimento  das  embalagens  dos  produtos,  a  descentralização  dos  pontos  de  coleta,  o  baixo  valor  dos  produtos  a  serem  recuperados,  e  a  necessidade de cooperação entre as partes envolvidas. 

 Leite  (2003)  diz  que  o  processo  de  logística  reversa  pode  ser  compreendido  como  a  equação  que  relaciona  os  aspectos  logísticos  de  retorno  dos  materiais  ao  ciclo  produtivo  ou  de  negócios  por  meio  da  multiplicidade  de  canais  de  distribuição  reversos  de  pós  consumo  e  pós  venda,  adicionando valor ecológico, econômico, de localização e legal. 

 Os  processos  de  logística  reversa  têm  obtido  resultados  positivos  consideráveis  para  as  empresas,  o  reaproveitamento  de  embalagens  retornáveis  e  materiais  incentivam  novas  iniciativas  e esforços no desenvolvimento e melhorias no que tange esse processo, segundo Lacerda (2002). 

 Segundo  Andrade  (2009)  a  globalização  elevou  a  competitividade  nos  mercados,  e  denota  um  alinhamento  entre  os  países  do  mundo  todo,  sendo  necessário  que  os  governos  implementem  legislações  ambientais  mais  rigorosas  em  seus  países.  Brito  et  al.  (2002)  expõem  que  frente  às  razões  competitivas,  é  possível  que  uma  empresa  recupere  seus  produtos  com  foco  em  desenvolver  uma  imagem  positiva  e  uma  boa  relação  com  o  cliente,  principalmente  devido  à  crescente preocupação com sustentabilidade ambiental pela sociedade. 

2.2 Política nacional de resíduos sólidos – PNRS 

 A  lei  12.305/2010  estabelece  desde  2010  a  criação  da  Política  nacional  de  resíduos  sólidos  PNRS  pelo  governo  federal  do  Brasil,  essa  legislação  prevê  o  seguinte  conceito  de  logística  reversa:  Instrumento  de  desenvolvimento  econômico  e  social  caracterizado  por  um  conjunto  de  ações,  procedimentos  e  meios  destinados  a  viabilizar  a  coleta  e  a  restituição  dos  resíduos  sólidos  ao  setor  empresarial,  para  reaproveitamento  em  seu  ciclo  ou  outra  destinação  final  ambientalmente  adequada  (Brasil,lei 12.305/2010, 2010, Art. 3) 

 Sendo  assim,  a  partir  de  2010  estabelece  a  obrigatoriedade  da  criação  e  execução  de  programas  de  logística  reversa  para  fabricantes e importadores  de  ramos  específicos  de  produtos  eletrônicos  e  seus  componentes,  lâmpadas  fluorescentes,  de  vapor  de  sódio  e  mercúrio  e  de  luz  mista,  agrotóxicos,  seus  resíduos e embalagens,  assim  como  outros  produtos  cuja  embalagem,  após  o  uso,  constitua  resíduo  perigoso,  observadas  as  regras  de  gerenciamento  de  resíduos  perigosos  previstas  em  lei  ou  regulamento,  em  normas estabelecidas  pelos  órgãos  do  Sisnama,  do  SNVS  e  do  Suasa,  ou  em  normas  técnicas,  suas  embalagens e resíduos,  pneus,  pilhas  e  baterias,  óleos  lubrificantes e seus resíduos e embalagens. (Brasil, 2010, Art. 3) 

 Rolando  (2013)  são  19  conceitos  básicos  que  deram  origem  essa  legislação  entre  eles  estão:  a  prevenção  e  precaução,  atuando  de  maneira  preventiva  na  gestão  dos  resíduos  a  fim  de  atenuar  os  riscos;  Contaminador  pagador  e  protetor  recebedor,  punindo  quem  fere  o  meio  ambiente  e  recompensando  quem  cuida;  Desenvolvimento  sustentável,  levando  em  consideração  as  demandas  futuras  e  presentes,  buscando  o  equilíbrio;  Ecoeficiência,  atuação  da  comunidade  para  obtenção  de  maior  qualidade  de  vida  sem  onerar  o  entorno;  Cooperação  entre  o  setor  empresarial  e  a  comunidade;  Responsabilidade  compartilhada  por  todos  os  envolvidos  no  ciclo  de  vida  do  produto;  Reconhecimento  do  valor  econômico  atrelado  aos  resíduos;  E  a  aplicação  proporcional  de impostos relativos aos tributos. 

 Além  disso  ele  retoma  que  ao  atuar  em  conformidade  com  a  lei  é  possível  obter benefícios  como  compensações  financeiras,  a  lei  12.305/2010  permite  que  o  Distrito  federal  e  os  demais  municípios  brasileiros  podem  obter  acesso  aos  recursos  da  União  destinados  a  empreendimentos  e  serviços  relacionados  à  limpeza  urbana  e  ao  manejo  de  resíduos  sólidos  ou  obter  benefícios  ou  incentivo para financiar em entidades de crédito federais ou fomento para executar tais atividades. 

 Por  fim,  Rolando  cita  algumas  dificuldades  para  atuar  em  conformidade  com  a  lei,  sendo  algumas  delas:  a  falta  de  recurso  por  parte  de  municípios  menores,  a  burocracia  da  tramitação  que  pode  ser  vencida  a  partir  da  contratação  de  consultorias  especializadas,  e  a  falta  de  consciência  ambiental  por  parte  de  setores  expressivos  da  comunidade.  Ele  ainda  reforça  que  a  ausência  de  atuação  efetiva  por  parte  das  comunidades  pode  determinar  o  fracasso  de  qualquer  iniciativa  de  gestão  de  resíduos,  para  isso  afirma  a  importância  da  atuação  do  poder  público  para  coordenar  a  atividade nacional. 

2.3 Environmental,  Social  and  Governance ( Traduzindo  para  o  português:  Ambiental, Social e Governança) – ESG 

 Em 2004 ,  a  partir  de  um  relatório  da  ONU,  o  termo  ESG ( Environmental,  Social  and  Governance)  surgiu  e  ganhou  dimensões  relevantes  no  cenário  atual,(Eccles  et  al., 2019 ;  Petrakis  et  al.,  2022).  Traduzido  para  o  português  como  os  pilares  de  gestão:  Ambiental,  Social  e  Governança,  são  considerados  como  um  padrão  de  comportamento  empresarial  que  ajuda  a  definir  se  uma  empresa  é  sustentável  e  bem  gerenciada.  Juntamente  com  fatores  financeiros  são  fatores  que  ajudam na tomada de decisão de investimento (Cam et al., 2021; Briand, 2022). 

 CALDERAN,  André  Mafra  et  al.  (2021)  denotam  que  segundo  o  relatório  Global  compact  (2004),  a  questão  central  do  conceito  é  a  integração  das  estratégias  voltadas  para  o  mercado  financeiro.  Sendo  possível  relacionar  diretamente  os  ricos  organizacionais  às  questões  socioambientais.  Algumas  das  questões  são:  Ambientais,  Mudanças  climáticas,  redução  de  emissões  tóxicas  e  de  resíduos,  regulamentações  frente  a  responsabilidade  ambiental,  pressão  social  para  melhora  de  desempenho,  transparência  e  responsabilidade,  criação  de  mercados  emergentes  para  serviços  ambientais  e  produtos  ecológicos;  Sociais,  saúde  e  segurança  no  trabalho,  relações  com  a  comunidade,  direitos  humanos  aplicados  nas  relações  comerciais  da  empresa,  relação  governamental  com  a  sociedade;  E  questões  de  Governança,  responsabilidade  e  estrutura  do  governo,  práticas  de  contabilidade  e  divulgação  de  dados,  comitê  de  auditoria  bem  como  a  independência  dos  auditores,  remuneração  executiva,  e  gestão  de  questões  envolvendo  corrupção e suborno. 

 O  relatório  também  aborda  como  gerar  valor  para  o  investidor  ao  aplicar  o  ESG,  sendo  eles:  detecção  de  riscos,  ameaças  e  falhas  de  gestão,  novas  oportunidades  de  negócios,  evidenciar  indicadores  de  satisfação  e  fidelidade  do  cliente,  reputação  de  bom  empregador,  realização  de  parcerias  de  negócios,  redução  de  intervenções  regulatórias,  poupança  de  custos,  acesso  ao  capital/menor custo de capital, e melhor gestão de riscos/nível mais baixo de risco. 

2.4 Objetivos de desenvolvimento sustentável – ODS 

 Em  2000  foi  estabelecido  o  Pacto  Global  das  Nações  Unidas,  dentre  os  participantes  estavam  representantes  internacionais  de  instituições  públicas  e  do  terceiro  setor,  e  a  partir  da  visualização  de  problemas  mundiais  gerados  pelos  desafios  da  globalização,  a  ONU  (Organização  das  Nações  Unidas)desenvolveu  diretrizes  e  metas  para  resistir  aos  desafios  que  tangenciam  os  temas:  Direitos  Humanos,  Trabalho,  Meio  Ambiente  e  Anticorrupção,  estabelecendo  assim  uma  agenda  mundial (Pacto Global Rede Brasil, s.d.a). 

 Anos  após,  em  2015  a  ONU  estabelece  então  um  novo  desafio  envolvendo  os  países  membros,  a  sociedade  civil,  empresas  e  instituições,  com  o  objetivo  de  buscar  um  desenvolvimento  sustentável.  Para  isso  a  agenda  proposta  traz  17  objetivos  de  desenvolvimento  sustentável  (ODS)  para  2030,  com  169  metas  complementares  a  participação  é  consensual  e  visa  implementar  um  modelo  de  mundo  socialmente  justo,  economicamente  próspero  e  ambientalmente  sustentável  (Pacto Global Rede Brasil, s.d.a). 

 Os  objetivos  são  segregados  nas  seguintes  temáticas:  1º  Erradicação  da  pobreza; 2º  Fome  zero  e  agricultura  sustentável;  3º  Saúde  e  bem  estar;  4º  Educação  de  qualidade;  5º  Igualdade  de  gênero; 6 º  Água  potável  e  saneamento; 7 º  Energia  limpa  e  acessível; 8 º  Trabalho  decente  e  crescimento  econômico; 9 º  Indústria  inovação  e  infraestrutura; 10 º  Redução  das  desigualdades; 11 º  Cidades  e  comunidades  sustentáveis;  12º  Consumo  e  produção  responsáveis;  13º  Ação  contra  a  mudança  global  do  clima; 14 º  Vida  na  água; 15 º  Vida  terrestre; 16 º  Paz,  justiça  e  instituições  eficazes  e 17 º  Parcerias e meios de implementação. 

 Para  o  presente  trabalho  é  relevante  ressaltar  as  propostas  específicas  dos  objetivos 8 º, 9 º, 11 º, 12 º e 17º:

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos.
8.2 Atingir níveis mais elevados de produtividade das economias por meio da diversificação, modernização tecnológica e inovação, inclusive por meio de um foco em setores de alto valor agregado e dos setores intensivos em mão de obra.
8.3 Promover políticas orientadas para o desenvolvimento que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego decente, empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros.
8.4 Melhorar progressivamente, até 2030 , a eficiência dos recursos globais no consumo e na produção, e empenhar-se para dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental, de acordo com o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com os países desenvolvidos assumindo a liderança.
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
9.4 Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades.
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
11.6 Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros.
11.a Apoiar relações econômicas, sociais e ambientais positivas entre áreas urbanas, periurbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento.
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais.
12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso.
12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios.
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
17.17 Incentivar e promover parcerias públicas, público-privadas e com a sociedade civil eficazes, a partir da experiência das estratégias de mobilização de recursos dessas parcerias. (ONU Brasil, 2015)

2.5 Crédito de carbono e créditos de logística reversa 

 Em  1997  foi  estabelecido  pelo  protocolo  de  Quioto  que  a  partir  de  2005  estaria  vigente  a  meta  de  redução  de  gases  de  efeito  estufa  para  os  países  desenvolvidos, o  protocolo  inovou  definindo  metas  individuais  e  penas  de  sanção  ao  não  cumprir  as  normas  estabelecidas  segundo  CALSING  (2005).  Para  viabilizar  o  atendimento  das  metas  o  protocolo  estabeleceu  3  medidas  de  flexibilização:  Mecanismo  de  Desenvolvimento  Limpo  –  MDL  (Clean  Development  Mechanism  –  CDM),  a  medida  prevê  a  compra  de  créditos  de  carbono  de  países  em  desenvolvimento,  de  projetos  que  atuam  sequestrando  carbono  da  atmosfera  ou  realizem  a  substituição  de  energias  sujas por energias limpas; Implementação Conjunta – IC ( Joint Implementation – JI),  que delimita  que  países  desenvolvidos  podem  adquirir  de  outros  países  desenvolvidos  Unidades  de  Redução  de  Emissões  Emission  Reduction  Units  –  ERUs ,  geradas  a  partir  de  projetos  que  visam  s  emissões  ou  RMUs  ( Removel  Units) ,  Unidades  de  Remoção  para  remoções,  por  meio  de  sumidouros  de  gases  de  efeito  estufas  e  assim  pontuar  as  ERUs  e  RMUs  em  suas  contas  de  redução  de  emissões.  MACIEL (2009) ;  Comércio  de  Emissões  –  CE ( Emissions  Trading  –  ET) ,  define  que  os  países  que  não  conseguirem  quitar  o  saldo  de  emissões  com  as  suas  cotas,  podem  adquirir  de  países com saldo positivo. MACIEL (2009) 

 O  crédito  de  carbono  brasileiro  não  possui  um  mercado  regulado,  no  entanto  visando  atender  o  mercado  voluntário  e  ao  regulado  o  projeto  de  lei  nº  528  /2021,  prevê  a  implementação  do  Mercado  Brasileiro  de  Redução  de  Emissões ( MBRE).  Recentemente  o  Decreto  Federal 

11.075/22 ,  regulamenta  as  transações  do  mercado,  a  partir  da  instituição  do  Sistema  Nacional  de  Redução  de  Emissões  de  Gases  de  Efeito  Estufa ( SINA-RE),  gerindo  em  sua  plataforma  todos  os  registros  de  transações,  transferências,  e  aposentadorias  de  certificados  de  emissões,  compensações  e  reduções  de  gases  de  efeito  estufa,  a  partir  desse  decreto  as  empresas  poderão  negociar seus créditos entre si e com o mercado mundial, relata ATHIAS (2022). 

 O  mercado  regulado,  o  governo  ou  órgão  de  autoridade  são  quem  delimitam  os  trâmites  de  comércio,  já  no  voluntário  não  existe  órgão  regulamentador,  no  entanto  o  próprio  mercado  dita  as  regras  e  auditorias  de  validação  para  a  negociação,  geralmente  por  meio  de  metodologias  validadas internacionalmente e auditadas por terceirizada especializadas. ATHIAS (2022) 

 Já  os  créditos  de  logística  reversa  (CLR)  foram  desenvolvidos  para  viabilizar  a  venda  de  créditos  obtidos  por  meio  de  notas  fiscais  da  venda  de  resíduos  recicláveis,  com  a  finalidade  de  compensar  impactos  negativos  ambientais  ajudando  no  cumprimento  da  legislação  por  parte  das  empresas geradoras de resíduos (PERÔNICO, 2021). 

 O  CLR  é  baseado  no  princípio  poluidor-pagador  decorrentes  de  irresponsabilidades  ambientais  Locatelli  (2016),  e  atualmente  é  possível  encontrar  cerca  de  11  programas  na  atuação  de  compra  e  venda:  Abihpec,  Abinpet,  Abiove,  Ancat,  Avante  Recicla  (Danone),  BvRio,  Eu  Reciclo,  Glass  Is  Good, Pólen, Pragma e Prolata (PERÔNICO, 2021).

 Fonte: BV Rio (2017), p.25 

2.6 Certificado de Crédito de Reciclagem (CCR) – Programa Recicla + 

 Em  13  de  abril  de  2022,  o  governo  federal  em  conjunto  dos  ministérios  da  economia  e  do  meio  ambiente  implementou  o  decreto  Nº  11.044,  a  medida  prevê  cerca  de  14  bilhões  de  reais  ao  ano  em  investimentos  no  setor  de  reciclagem,  o  valor  corresponde  a  estimativa  de  perda  de  receita  por  não conseguir reciclar materiais com características recicláveis. (Brasil, Decreto Nº 11.044, 2022) 

 O  CCR  funcionará  a  partir  da  solicitação  do  certificado  em  cima  de  notas  fiscais  eletrônicas  emitidas  pela  venda  de  recicláveis  para  cooperativas  de  catadores,  prefeituras,  consórcios,  iniciativa  privada  e  microempreendedores  individuais  (MEI),  todas  as  notas  fiscais  vinculadas  a  solicitação  do  certificado  de  reciclagem  passarão  por  um  rigoroso  processo  de  homologação,  por  um  verificador  independente  que  irá  garantir  a  unicidade,  veracidade,  autenticidade  da  nota  e  a  rastreabilidade  do  material  do  material  coletado.  O  certificado  é  a  garantia  de  que  os  produtos  ou  embalagens  sujeitos  à  logística  reversa  realmente  voltaram  ao  ciclo  produtivo, o  reciclador  também  precisa  atestar  que  o  material  retornou  ao  setor  produtivo,  todo  o  processo  de  obtenção  do  certificado  ocorre  de  maneira  online.  Para  cada  tonelada  validada  pelo  processo,  será  emitido  1  crédito  de  reciclagem  e  esse  crédito  pode  ser  vendido  para  empresas  que  precisam  atender  às  metas de logística reversa. (Brasil, Decreto Nº 11.044, 2022) 

 Com  estimativa  de  mais  de  1  milhão  de  agentes  beneficiados  o  decreto  atua  no  aumento  de  renda  de  catadores  e  cooperativas,  estimando  um  acréscimo  de  20  a  25%  na  renda  dos  catadores  cerca  de  R$200  ao  mês,  já  para  as  empresas,  principalmente  para  as  que  não  dispõem  de  sistemas  de  logísticas  reversas,  é  mais  uma  alternativa  para  o  atingimento  de  metas,  dando  a  possibilidade  de  compensar  total  ou  parcial  os  compromissos  compartilhados  previsto  pela  PNRS  de  maneira  simples  e  desburocratizada.  Além  disso  o  Programa  Recicla  +  incentiva  também  o  recolhimento  de  resíduos  de  baixo  valor  agregado  como  matéria  prima  ampliando  o  impacto  do  programa  favorecendo a destinação adequada para esses itens (Brasil, Decreto Nº 11.044, 2022) 

3. Materiais e Métodos (ou Metodologia se corresponde) 

 Para  a  execução  do  presente  trabalho,  foi  utilizada  a  revisão  bibliográfica  das  temáticas:  Logística  reversa,  Política  nacional  de  resíduos  sólidos ( PNRS),  Environmental,  Social  and  Governance ( ESG),  Objetivos  de  desenvolvimento  sustentável  propostos  pela  ONU,  geração  de  crédito  de  carbono,  crédito  de  logística  reversa  e  certificado  de  crédito  de  reciclagem,  para  posterior  discussão,  visando  fundamentação  teórica  a  fim  de  traçar  estratégias  a  partir  da  análise  do  cenário atual da logística reversa no país. 

 A  partir  de  busca  ativa  no  Google  acadêmico  e  de  sites  governamentais,  sobre  os  temas  abordados,  foi  estabelecido  como  linha  temporal  adequada  entre  2013  e  2022,  para  revisão  dos  artigos e trabalhos acadêmicos mais recentes de cada tema. 

 As palavras chaves utilizadas foram:  Logística  reversa,  Política  nacional  de  resíduos  sólidos  (PNRS),  Environmental,  Social  and  Governance  (ESG),  Objetivos  de  desenvolvimento  sustentável  propostos  pela  ONU,  Crédito  de  carbono, Crédito de logística reversa e Certificado de crédito de reciclagem.

Assunto Autor Data Principais pontos 
Logís ca reversa Rogers e  Tibben-Lembke 1998 Abordagem processual é importante para  tratar dos retornos de maneira adequada,  todos os materiais devem ser recolhidos e  classificados antes de serem destinados 
Logística reversa Krikke 1998 logística reversa viabiliza fornecimento de  matérias-primas para mercados secundários,  mas enfrenta problemas relacionados a  informação, operações, tecnologia,  organização, finanças e marketing 
Logística reversa Leite 2002 Logística reversa agrega valor à cadeia  produtiva pela destinação correta dos  produtos 
Logística reversa Lacerda 2002 Controles de movimentação, mapeamento  formal do processo, redução no tempo de  ciclo, sistemas de informação, rede logística  planejada e relações colaborativas são  fatores críticos para indicar eficiência da  logística reversa 
Logís ca reversa Brito et al. 2002 A logística reversa pode ser u lizada pelas  empresas como uma forma de melhorar sua  imagem junto aos consumidores e se  destacar no mercado 
Logís ca reversa Leite 2003 O processo de logística reversa envolve o  retorno de materiais ao ciclo produtivo ou de  negócios através de canais de distribuição  reversos, agregando valor ecológico,  econômico, de localização e legal. O  reaproveitamento de embalagens retornáveis  e materiais incentivam novas  iniciativas e esforços no desenvolvimento e  melhorias no que tange esse processo 
Logís ca reversa Manzini 2005 Processo de Logística reversa possui alto nível  de incerteza em questões como qualidade e  demandas 
Logís ca reversa Novaes 2007 A Logística convencional não considera o  pós-consumo 
Logís ca reversa Leite 2009 Implementação da Logística reversa requer  canais de distribuição reversa e destinos  comuns são o reuso, remanufatura,  reciclagem e disposição final 
Logís ca reversa Andrade 2009 A globalização e a competitividade entre os  países permitiram a implementação de  medidas ambientais mais rigorosas, para que  as empresas sejam capazes de atender às  expectativas dos consumidores e comprar  no mercado global. 
Logís ca reversa Shibao, Moori e Santos 2010 Logística reversa possui cinco funções:  planejamento, implantação e controle do  fluxo de informações e materiais,  movimentação de produtos do consumidor  para o produtor, eficiência na utilização de  recursos, recuperação de valor e destinação  final segura. Dificuldades incluem  recolhimento de embalagens e  descentralização do processo. 
Logís ca reversa Cruz et al. 2013 Logística reversa vinculada a ganhos  financeiros e comerciais, além de bene cios  ambientais 
Polí ca Nacional de  Resíduos Sólidos (PNRS) Brasil, Lei 12.305/2010 2010 Estabelece a criação da PNRS e define o  conceito de logística reversa como um  conjunto de ações para a coleta e restituição  de resíduos sólidos ao setor empresarial para  reaproveitamento ou outra destinação final  ambientalmente adequada. Obriga a criação  e execução de programas de logística reversa  para fabricantes e importadores de produtos  eletrônicos, lâmpadas fluorescentes,  agrotóxicos e embalagens, pneus, pilhas e baterias, óleos lubrificantes e seus resíduos e  embalagens, entre outros. 
Política Nacional de  Resíduos Sólidos (PNRS) Rolando 2013 Destaca 19 conceitos básicos que deram  origem à PNRS, incluindo a prevenção e  precaução, o contaminador pagador e  protetor recebedor, o desenvolvimento  sustentável, a ecoeficiência, a cooperação  entre o setor empresarial e a comunidade, a  responsabilidade compartilhada, o  reconhecimento do valor econômico  atrelado aos resíduos e a aplicação  proporcional de impostos. Destaca-se que a  conformidade com a lei pode trazer  benefícios financeiros, como acesso a  recursos da União destinados à limpeza  urbana e ao manejo de resíduos sólidos, e  incentivos para financiar tais atividades.  Aponta dificuldades para atuar em  conformidade com a lei, como a falta de  recursos por parte de municípios menores, a  burocracia da tramitação e a falta de  consciência ambiental por parte de setores  expressivos da comunidade. Reforça a  importância da atuação do poder público  para coordenar a atividade nacional e evitar  o fracasso de iniciativas de gestão de  resíduos. 
Environmental, Social and  Governance (Traduzindo  para o português:  Ambiental, Social e  Governança) – ESG ONU 2004 Surgimento do termo ESG como padrão de  comportamento empresarial que ajuda a  definir se uma empresa é sustentável e bem  gerenciada 
Environmental, Social and  Governance (Traduzindo  para o português:  Ambiental, Social e  Governança) – ESG Cam et al. 2021 ESG é considerado juntamente com fatores  financeiros na tomada de decisão de  inves mento 
Environmental, Social and  Governance (Traduzindo  para o português:  Ambiental, Social e  Governança) – ESG CALDERAN et al. 2021 Abordam a integração das estratégias  voltadas para o mercado financeiro e  relaciona diretamente os riscos  organizacionais às questões socioambientais  e as questões ambientais, sociais e de  governança relacionadas ao ESG podem  gerar valor para o investidor. 
Objetivos de  Desenvolvimento  Sustentável – ODS Pacto Global Rede Brasil s.d.a Estabelecimento do Pacto Global das Nações  Unidas em 2000 com diretrizes e metas para  resistir aos desafios da globalização,  desenvolvimento da agenda mundial com 17  Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ( ODS) em 2015 
Objetivos de Desenvolvimento  Sustentável – ODS ONU 2015 Estabelecimento de um novo desafio em 2015 envolvendo os países membros, a  sociedade civil, empresas e instituições, com  o objetivo de buscar um desenvolvimento  sustentável; proposta de 17 ODS para 2030  com 169 metas complementares 
Crédito de carbono e  créditos de logística  reversa Calsing 1997 Estabelecimento do protocolo de Quioto em 1997 ; Definição de metas individuais e  penalidades para países desenvolvidos que  não cumpram as normas estabelecidas;  Estabelecimento de medidas de  flexibilização, incluindo o Mecanismo de  Desenvolvimento Limpo (MDL), a  Implementação Conjunta (IC) e o Comércio  de Emissões (CE). 
Crédito de carbono e  créditos de logís ca  reversa Maciel 2009 Descrição detalhada das medidas de  flexibilização estabelecidas pelo protocolo de  Quioto: MDL, IC e CE. 
Crédito de carbono e  créditos de logística  reversa Locatelli 2016 Os créditos de logís ca reversa são baseados  no princípio poluidor-pagador 
Crédito de carbono e  créditos de logística  reversa Perônico 2021 Descrição dos créditos de logística reversa ( CLR) e sua finalidade de compensar  impactos nega vos ambientais e ajudar as  empresas a cumprir a legislação; Lista de  programas de compra e venda de CLR,  incluindo Abihpec, Abinpet, Abiove, Ancat,  Avante Recicla (Danone), BvRio, Eu Reciclo,  Glass Is Good, Pólen, Pragma e Prolata. 
Crédito de carbono e  créditos de logística  reversa Athias 2022 Descrição do mercado brasileiro de crédito  de carbono, incluindo a implementação do  Mercado Brasileiro de Redução de Emissões ( MBRE) e o Decreto Federal 11.075/22 que  regulamenta as transações do mercado;  Diferenças entre o mercado regulado e o  mercado voluntário de crédito de carbono,  incluindo a existência de órgão  regulamentador no primeiro e a falta dele no  segundo. 
Certificado de Crédito de Reciclagem (CCR) –  Programa Recicla + Brasil 2022 Implementação do decreto Nº 11.044, que  prevê investimentos no setor de reciclagem  de cerca de 14 bilhões de reais ao ano, para  evitar perda de receita por não conseguir  reciclar materiais recicláveis. O Programa  Recicla + incentiva o recolhimento de  resíduos de baixo valor agregado como  matéria-prima, ampliando o impacto do  programa favorecendo a destinação  adequada para esses itens. Estima-se que  mais de 1 milhão de agentes serão  beneficiados, incluindo catadores e  cooperativas, com um acréscimo de 20 a 25%  na renda dos catadores e uma alternativa  para empresas atingirem suas metas de  logística reversa de maneira simples e  desburocratizada. 

 A  partir desse levantamento, foi  possível correlacionar e analisar as temáticas em direção ao objetivos gerais e específicos.

4. Resultados  e Discussão 

4.1 Logística reversa entre indústrias (B2B) 

 Quando  se  fala  de  logística  reversa  no  Brasil  é  possível  observar  muitos  esforços  direcionados  para  os  resíduos  pós  consumo,  principalmente  devido  a  instauração  da  lei  12.305/2010  que  regulamenta  a  responsabilidade  compartilhada  sobre  os  resíduos  sólidos,  no  entanto  para  obter  efetividade  a  indústria  precisa  dedicar  esforços  para  a  conscientizar  a  separação  correta  pelo  consumidor  final,  além  de  arcar  com  os  custos  de  operação,  no  entanto  gerando  um  impacto  baixo,  conforme  corroboram  os  dados  apresentados  pela  Associação  Brasileira  de  Empresas  de  Limpeza  Pública  e  Resíduos  Especiais  (Abrelpe,  2022)  onde  relatam  que  somente  4%  dos  resíduos com potencial reciclado são realmente reciclados atualmente. 

 A  partir  das  relações  comerciais  Business  to  Business  entre  o  fornecedor  e  indústria,  é  possível  visualizar  oportunidades  para  aumento  da  recuperação  e  reutilização  de  insumos,  com  redução  de  esforços  e  custos  operacionais,  uma  vez  que  se  pode  atuar  com  a  otimização  de  fretes  de  envio  e  de  retorno,  além  de  garantir  melhores  condições  de  armazenamento  e  qualidade  do  insumo  para  posterior reuso ou reciclagem. 

 No  fluxo  apresentado  abaixo  (anexo  1)  temos  a  representação  das  principais  etapas  da  cadeia  de  abastecimento,  analisando  cada  uma  delas  é  possível  notar  que  as  etapas  de  fabricação  de  matéria  prima  e  insumos  (fornecedor)  e  a  fabricação  do  produto  final  (Indústria),  possuem  oportunidades  nas  etapas  de  descarte  de  desperdícios  e  resíduos,  muitas  vezes  podendo  gerar  a  partir  desses  descartes  as  matérias  primas  e  insumos  necessários  para  o  processo  industrial.  Na  tabela  em  sequência  (anexo  2)  é  possível  visualizar  alguns  dos  tipos  de  materiais  com  capacidade  para reciclagem  e  produtos que são fabricados a partir deles.

Anexo 1 – Fonte: Autor (2023)

 Anexo 2 – Fonte: Autor (2023) 

Assim  é  possível  identificar  alguns  exemplos  de  insumos  que  dentro  do  processo  de  cada  um  dos  participantes  da  cadeia  de  abastecimento  podem  ser  reutilizados  ou  reciclados,  é  válido  ressaltar  que  é  possível  incluir  terceiros  como  cooperativas  ou  empresas  que  ajudem  a  viabilizar  os  manejos  com  higienização,  fretamento,  e  reprocessamento  a  partir  da  reciclagem.  Também  é  válido  considerar  que  após  um  processo  de  reciclagem  é  possível  transformar  o  material  em  novos  e  diferentes  insumos  dos  que  originaram  o  resíduo,  sendo  então  possível  pensar  na  inserção  do  mesmo  para  suprir  outra  demanda  de  processo  na  cadeia  de  abastecimento  ou  então  tem-se a oportunidade de gerar um novo negócio comercial após um estudo de mercado. 

 Para  garantir  a  efetividade  do  processo  de  logística  reversa,  é  preciso  levar  em  consideração  os  apontamentos  levantados  por  Krikke  (1998),  Manzini  (2005)  e  Lacerda  (2002),  voltados  para  preocupações  com:  dimensionamento  de  oferta  e  demanda,  controle  de  estoques,  roteirização  de  fretes  de  envio  e  retorno,  organização  e  cooperação  das  partes  envolvidas,  controle  de  custos,  controle  de  qualidade  do  insumo  e  o  mapeamento  adequado  do  processo,  por  isso  faz  se  necessário  reforçar  as  funções  para  uma  logística  reversa  apresentadas  por  Shibao,  Moori  e  Santos  (2010):  I)  planejamento,  implantação  e  controle  do  fluxo  de  informações  e  materiais  do  ponto  de  origem  ao  ponto  de  consumo;  II)  movimentação  de  produtos  do  consumidor  para  o  produtor;  III)  eficiência  na  utilização  de  recursos  com  o  reaproveitamento,  reciclagem  ou  reuso  dos  resíduos;  IV)  recuperação  de  valor;  V)  destinação  final  segura.  Além  das  preocupações  e  orientações  trazidas  pelos  autores,  é  possível  incluir  também  as  preocupações  fiscais  para  regularizar  a  operação  junto  ao  governo,  também  é  importante  entender  as  limitações  do  processo  produtivo  de  cada  empresa,  uma  vez  que  podem  ter  limitações  devido  a  normas  regulamentadoras  ou  certificações  como  por  exemplo  a  British  Retail  Consortium  Global  Standard ( BRCGS)  no  ramo  alimentício  que  visa  garantir  a  segurança  de  alimentos,  sendo  assim  para  que  o  processo  de  logística  reversa  não  entre  em  conflito  com  a  certificação,  é  preciso  estabelecer  sistemáticas de manuseio anti contaminação e um controle de rastreabilidade sobre os insumos. 

4.2 Ganhos identificados 

 Os  ganhos  atrelados  a  implementação  de  logísticas  reversas  na  relação  B2B  podem  ser  mensurados por meio de indicadores econômicos, sociais e ambientais detalhados abaixo. 

 Indicadores econômicos, podem ser medidos a partir da seguinte equação de viabilidade: 

Equação para análise de viabilidade da operação: 
 Ganho  financeiro  = ( Redução  de  custo  com  o  insumo  recuperado ( quantidade  de  insumo  recuperado  *  preço  de  compra)  – ( Custo  com  o  insumo  novo ( demanda  *  preço  de  compra)  +  Custo com frete para retorno (se houver)  + Custo com higienização ou reprocessamento)  se o ganho financeiro for > que 0 a reversa traz ganhos financeiros; 

se  o  ganho financeiro  for  <  ou  =  a  0  a  reversa  traz  ganhos  em  créditos  de  reversa  ou  certificados  de  créditos  de  reciclagem,  e  em  casos  onde  o  resultado  é  negativo  é  importante  avaliar  se  os  ganhos  envolvendo  créditos  de  reversa  e  certificados  de  reciclagem  são  maiores  ou  iguais  ao  custo da operação 

 Os  indicadores  sociais,  podem  ser  medidos  pelo  número  de  pessoas  impactadas  por  meio  de  conscientização  e  educação  ambiental  utilizadas  para  padronizar  e  garantir  o  engajamento  e  funcionamento da operação. 

 Já  os  indicadores  ambientais,  estão  voltados  para  a  preservação  de  recursos  naturais  e  variam  de  acordo  com  o  insumo,  mas  os  principais  ganhos  estão  atrelados  a  redução  de  emissões  de  CO2  equivalente,  redução  de  consumo  de  energia  e  água  para  extração  e  fabricação  de  um  insumo  novo,  preservação  de  vida  útil  de  aterro  sanitário  (m3)  pelo  volume  de  resíduo  que  deixou  de  ser  enviado para o local. 

 Além  dos  ganhos  evidenciados  a  partir  dos  indicadores  citados,  também  é  possível  contribuir  para  o  atingimento  dos  objetivos  estabelecidos  pela  ONU,  com  inovação,  geração  de  empregos  decentes  incentivando  o  empreendedorismo,  crescimento  de  micro  e  pequenas  empresas  a  partir  da  gestão,  higienização  e  redistribuição  dos  resíduos  convertidos  em  insumos  novamente,  melhorias  na  eficiência  dos  recursos  por  meio  de  reutilização  e  reciclagem,  promoção  de  uma  industrialização  inclusiva  e  sustentável,  além  de  processos  limpos  e  ambientalmente  corretos,  redução  do  impacto  ambiental  negativo  per  capita  das  cidades,  auxiliando  na  gestão  de  resíduos  do  município,  apoiando  as  relações  ambientalmente  positivas  reforçando  o  planejamento  nacional  pelo  seguimento  da  política  nacional  de  resíduos  sólidos  (PNRS),  estabelece  o  uso  eficiente  dos  recursos  naturais,  e  quando  falamos  da  implementação  de  logísticas  reversas  entre  indústrias,  atua  no  incentivo  da  adoção  de  práticas  sustentáveis  pelas  empresas  envolvidas,  e  através  dos  benefícios  da  atuação  conforme  a  lei  12.305/2010  que  estabelece  a  política  nacional  de  resíduos  sólidos,  promove  uma  parceria  público  privada  que  mobiliza  recursos  para  a  promoção  e  a  execução da atividade de logística reversa. 

 Por  fim  é  possível  utilizar-se  de  todos  os  ganhos  acima,  para  evidenciar  um  compromisso  ESG  para  a  promoção  de  relatórios  e  estratégias  de  marketing  que  atuem  na  geração  de  valor  para  a  imagem  da  empresa  e  de  seus  produtos,  uma  vez  que  segundo  a  IBM  apresenta  em  sua  pesquisa  de  mercado  realizado  pelo  Institute  for  Business  Value,  84%  dos  consumidores  concordam  que  a  sustentabilidade  ambiental  é  moderadamente  importante  na  hora  de  decidir  o  que  comprar,  o  que  pode  gerar  diferencial  na  captação  de  novos  clientes  e  atuar  na  fidelização  dos  antigos,  podendo  não  só  aumentar  a  margem  de  lucro  de  venda  como  também  pode  atuar  na  manutenção  dos  custos  operacionais  dos  processos  de  logística  reversa,  e  também  pode  abrir  caminhos  para  facilitar  as  tratativas  de  pós  consumo  uma  vez  que  evidencia  para  o  consumidor  a  importância  das  ações para o meio ambiente. 

5. Considerações Finais/Conclusões 

 É  possível  constatar  que  a  implementação  de  sistemas  de  logísticas  reversas  em  indústrias  intermediárias  traz  oportunidades  para  a  obtenção  de  ganhos,  financeiros,  sociais  e  ambientais.  Além  disso  atuam  em  conformidade  com  as  tendências  mundiais  de  demandas  de  consumo  e  legislação,  onde  os  resíduos  serão  cada  vez  mais  valorizados  devido  a  escassez  de  matérias  primas e o déficit de decomposição dos materiais após o descarte final. 

 Favorável  à  mudança  é  possível  se  beneficiar  de  incentivos  fiscais  oferecidos  pelo  governo  brasileiro,  por  meio  da  política  nacional  de  resíduos  sólidos,  como  a  oferta  de  crédito  com  condições  especiais  para  financiar  projetos  relacionados  à  limpeza  urbana  e  ao  manejo  de  resíduos sólidos. 

 Além  disso  o  programa  Recicla  +  que  atua  por  meio  da  emissão  de  certificados  de  crédito  de  reciclagem  e  créditos  de  logística  reversa  podem  ser  úteis  no  futuro,  uma  vez  que  a  tendência  de  regulamentações  é  ser  ainda  mais  exigentes,  podendo  ser  uma  espécie  de  moeda  com  alto  valor  agregado  devido  ao  aumento  da  demanda  de  compensações  pelos  envolvidos  na  cadeia  de  abastecimento. 

 Compactuando  ao  atingimento  das  metas  de  objetivo  sustentável  estabelecidas  pela  ONU  ao  atuar  no  desenvolvimento  de  sistemas  de  logísticas  reversas  entre  indústria  e  fornecedor  é  possível  colaborar  para  atingir  a  meta  de 2030 ,  tangenciando  os  seguintes  objetivos: 8 º  Promover  o  crescimento  econômico  sustentado,  inclusivo  e  sustentável,  emprego  pleno  e  produtivo  e  trabalho  decente  para  todas  e  todos,  9º  Construir  infraestruturas  resilientes,  promover  a  industrialização  inclusiva  e  sustentável  e  fomentar  a  inovação,  11º  Tornar  as  cidades  e  os  assentamentos  humanos  inclusivos,  seguros,  resilientes  e  sustentáveis,  12º  Assegurar  padrões  de  produção  e  de  consumo  sustentáveis  e 17 º  Fortalecer  os  meios  de  implementação  e  revitalizar  a  parceria global para o desenvolvimento sustentável. 

 Nota-se  também  que  ao  atuar  na  emissão  de  relatórios  de  compromisso  com  a  sustentabilidade  evidenciando  os  ganhos  de  sustentabilidade  ambiental  e  social,  as  empresas  podem  agregar  valor  à  sua  imagem  e  a  de  seus  produtos,  o  que  é  positivo  uma  vez  que  o  consumidor  está  disposto  a  pagar  mais  por  produtos  e  marcas  ambientalmente  sustentável  segundo  a  IBM  (IBM,  2021)  podendo ser utilizado como diferencial na tomada de decisão de compra pelo consumidor. 

 Contudo  conclui  se  que  a  implementação  de  logística  reversas  na  relação  B2B  agrega  valor  ao  negócio,  e  possibilita  a  implementação  da  mesma  como  uma  estratégia  de  sobrevivência  em  um  mercado cada vez mais competitivo e preocupado com o futuro. 

6. Referências Bibliográficas 

 Lei nº 12.305/2010 Disponível em: < https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=12305&ano=2010&ato=e3d  gXUq1keVpWT0f1>. Acesso em: 01 nov. 2022. 

 Índice  de  reciclagem  no  Brasil  é  de  apenas 4 %,  diz  Abrelpe.  Disponível  em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-06/indice-de-reciclagem-no-brasil-e-d  e-4-diz-abrelpe>.Acesso em: 30 abr. 2023. 

 O consumidor  está  mais  preocupado  com  sustentabilidade,  mostra  estudo  da  IBM.  Disponível  em:<https://veja.abril.com.br/agenda-verde/consumidor-esta-mais-preocupado-com-suste  ntabilidade-mostra-estudo-da-ibm/>. Acesso em: 01 nov. 2022. 

 CALLEFI,  M.  H.  B.  M.;  BARBOSA,  W.  P.;  RAMOS,  D.  V.  O  papel  da  logística  reversa  para  as empresas: fundamentos e importância. Revista Gestão Industrial, v. 13, n. 4, 2018. 

 COELHO,  Artur  Silva.  A  CONTRIBUIÇÃO  DA  LOGÍSTICA  REVERSA  PARA  A  SUSTENTABILIDADE  NO  MERCADO  ATUAL.  Revista  Livre  de  Sustentabilidade  e  Empreendedorismo, Curitiba, ano 2018, p. 5-22, 20 jan. 2018. Bimestral. 

 ROLANDO,  Berríos  Godoy,  Manuel.  Dificuldades  para  aplicar  a  Lei  da  Política  Nacional  de  Resíduos  Sólidos  no  Brasil.  Caderno  de  Geografia,  Belo  Horizonte :   Pontifícia  Universidade Católica de Minas Gerais, ed. 23, ano 2013, p. 1-12, 

 CALDERAN,  Andre  Mafra  et  al.  ESG:  uma  análise  inicial  sobre  a  natureza  do  conceito  e  a  sua difusão. EIGEDIN, Online, p. 1-5, 1 out. 2021. 

 GIL,  Lucas  Almeida.  ANÁLISE  DA  CONJUNTURA  DE  INCORPORADORAS  E 

 CONSTRUTORAS  FRENTE  AO  MOVIMENTO  ENVIRONMENTAL,  SOCIAL  AND  GOVERNANCE  –  ESG  NO  BRASIL.  COMISSÃO  DE  GRADUAÇÃO  DO  CURSO  DE  ENGENHARIA  CIVIL,  Rio  Grande  do  Sul:  UNIVERSIDADE  FEDERAL  DO  RIO  GRANDE  DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA, p. 1-35, 1 mai. 2021. 

 VALLE  JÚNIOR,  Antonio  Bento  R.;  KOVALESKI,  João  Luiz;  FRANCISCO,  Antonio  Carlos  de.  O  aumento  no  interesse  pela  cultura  ESG  e  sua  disseminação  nas  economias  mundiais. CONBREPRO, Paraná: Universidade Federal do Paraná, p. 1-12, 30 dez. 2022. 

 Objetivos  de  Desenvolvimento  Sustentável |   As  Nações  Unidas  no  Brasil.  Disponível  em:  <https://brasil.un.org/pt-br/sdg s> . Acesso em: 30  abr. 2023. 

 DE  SOUZA  BALIEIRO,  G.  (ED.).  LOGÍSTICA  REVERSA  DE  EMBALAGENS:  UMA  REVISÃO  ACERCA  DOS  RESULTADOS  OBTIDOS  APÓS  SUA  IMPLEMENTAÇÃO.  TCC—UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO: [s.n.]. 

 Governo  Federal  lança  Certificado  de  Crédito  de  Reciclagem  –  Recicla+.  Disponível  em: < https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/governo-federal-lanca-certificado-de-credito-de-rec  iclagem-2013-recicla>. Acesso em: 1 maio. 2023. 

 Decreto  cria  Certificado  de  Crédito  de  Reciclagem  –  Recicla+.  Disponível  em: < https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2022/abril/decreto-cria-certificado-de-cre  dito-de-reciclagem-2013-recicla>. Acesso em: 1 maio. 2023. 

 SANTOS,  D.  G.  DOS.  Gestão  de  resíduos  na  construção  civil  visando  a  reciclagem  e  créditos de carbono. repositorio.animaeducacao.com.br, 15 dez. 2022.