BENEFÍCIO DA FISIOTERAPIA PÉLVICA NA ASSISTÊNCIA A MULHERES DURANTE O PRÉ-PARTO E PÓS-PARTO

BENEFIT OF PELVIC PHYSIOTHERAPY IN THE CARE FOR WOMEN DURING PRE-PARTUM AND POST-PARTUM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10384472


Marina Rodrigues da Silva¹
Ruth Raquel Soares de Farias²


RESUMO

O objetivo desta revisão bibliográfica foi analisar a eficácia e os benefícios da fisioterapia pélvica na assistência a mulheres gestantes durante o pré-parto e no período pós-parto. A revisão bibliográfica baseou-se em uma ampla pesquisa em bases de dados científicas, incluindo PubMed, Scopus e Google Scholar, utilizando palavras-chave como “fisioterapia pélvica”, “pré-parto”, “pós-parto”, “mulheres” e “benefícios”. Foram selecionados artigos científicos, revisões sistemáticas e meta-análises publicados em periódicos especializados e reconhecidos, a fim de garantir a qualidade e relevância dos dados analisados. Os estudos incluídos na análise foram submetidos a uma avaliação crítica, considerando sua metodologia, tamanho da amostra, intervenções realizadas e resultados obtidos. A revisão bibliográfica revelou que a fisioterapia pélvica apresenta inúmeros benefícios na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto. Durante o pré-parto, a aplicação de exercícios específicos e técnicas de fortalecimento muscular contribui para uma melhor preparação da região pélvica e lombar, resultando em menor incidência de dores e desconfortos durante a gravidez. Globalmente, os resultados alcançados apontam que a fisioterapia pélvica é uma intervenção terapêutica efetiva na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto, proporcionando benefícios significativos para a saúde e bem-estar materno. No entanto, é fundamental que essa prática seja realizada por profissionais especializados e capacitados, garantindo assim a segurança e eficácia dos tratamentos personalizados.

Palavras-chave: Fisioterapia pélvica.Pré-parto. Fisioterapia obstétrica.

ABSTRACT

The objective of this bibliographic review was to analyze the effectiveness and benefits of pelvic physiotherapy in the care of pregnant women during the pre-delivery and post-delivery period. The literature review was based on an extensive search in scientific databases, including PubMed, Scopus and Google Scholar, using keywords such as “pelvic physiotherapy”, “pre-partum”, “post-partum”, “women” and “benefits”. Scientific articles, systematic reviews and meta-analyses published in specialized and recognized journals were selected in order to guarantee the quality and relevance of the analyzed data. The studies included in the analysis were submitted to a critical evaluation, considering their methodology, sample size, interventions carried out and results obtained. The bibliographic review revealed that pelvic physiotherapy has numerous benefits in assisting women during the prepartum and postpartum period. During pre-delivery, the application of specific exercises and muscle strengthening techniques contributes to better preparation of the pelvic and lumbar region, resulting in a lower incidence of pain and discomfort during pregnancy. Overall, the results achieved indicate that pelvic physiotherapy is an effective therapeutic intervention in assisting women during prepartum and postpartum, providing significant benefits for maternal health and well-being. However, it is essential that this practice is carried out by specialized and trained professionals, thus ensuring the safety and effectiveness of personalized treatments.

Keywords: Pelvic physiotherapy. Prepartum. Obstetric physiotherapy.

1. INTRODUÇÃO

A fisioterapia pélvica tem se mostrado uma intervenção terapêutica essencial e benéfica na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto. A gestação é um período de transformações fisiológicas e emocionais significativas, que podem desencadear desconfortos, dores e alterações no assoalho pélvico. Além disso, o parto e o período pós-parto podem acarretar desafios físicos que demandam uma abordagem especializada para garantir a saúde e bem-estar da mulher (EINSTEIN, 2022).

A fisioterapia pélvica surge como uma importante aliada, proporcionando benefícios significativos para gestantes e mulheres após o parto. A abordagem terapêutica busca não apenas prevenir e tratar disfunções pélvicas, mas também preparar o corpo da mulher para o momento do parto, promover uma recuperação mais rápida e suave após o nascimento do bebê, e melhorar a qualidade de vida materna (ANDRADE, 2021).

A escolha desse tema se fundamenta na relevância da fisioterapia pélvica como uma intervenção terapêutica essencial na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto. A gravidez é um período de grandes mudanças no corpo da mulher, e o fortalecimento e preparação adequada do assoalho pélvico podem contribuir para um parto mais suave e uma recuperação pós-parto mais eficiente.

Além disso, a fisioterapia pélvica tem o potencial de prevenir e tratar disfunções pélvicas, como incontinência urinária e fecal, que podem impactar significativamente a qualidade de vida das mulheres após o parto.

A relevância dessa pesquisa fundamenta-se na importância de compreender os benefícios e a eficácia da fisioterapia pélvica na assistência materna, uma vez que a saúde física e emocional da mulher durante a gestação e maternidade tem implicações diretas no bem-estar do bebê e na qualidade de vida familiar.

Espera-se que esta revisão contribua para o conhecimento científico sobre a fisioterapia pélvica, fornecendo informações valiosas para profissionais de saúde, gestantes e mulheres após o parto, destacando a relevância dessa abordagem terapêutica na promoção de uma gravidez saudável, parto seguro e uma recuperação pós-parto adequada e confortável.

O objetivo deste artigo é analisar os benefícios e a eficácia da fisioterapia pélvica na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto. Através de uma revisão bibliográfica e análise de estudos científicos, ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas, busca-se identificar os principais objetivos terapêuticos dessa abordagem, como o fortalecimento do assoalho pélvico, preparação para o parto, redução de dores e desconfortos, prevenção de disfunções pélvicas e reabilitação pós-parto.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.1. INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA PÉLVICA E SUA IMPORTÂNCIA NA ASSISTÊNCIA MATERNA

A Fisioterapia Pélvica é uma área especializada da fisioterapia que se concentra no tratamento e reabilitação dos distúrbios relacionados à região pélvica, incluindo os músculos do assoalho pélvico. Na assistência materna, a fisioterapia pélvica desempenha um papel fundamental na promoção da saúde da mulher durante a gestação, parto e pós-parto, contribuindo para o bem-estar físico e emocional da mãe (ALVES, 2021).

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas mudanças fisiológicas e biomecânicas, como o aumento do peso do útero e dos seios, o que pode gerar dores lombares, desconforto pélvico e problemas posturais. A fisioterapia pélvica auxilia no alívio desses sintomas por meio de técnicas específicas, exercícios e orientações posturais, ajudando a manter a gestante mais ativa e confortável ao longo da gravidez (NASCIMENTO, 2021).

Outro aspecto importante é a preparação para o parto. A fisioterapia pélvica pode ajudar a fortalecer os músculos do assoalho pélvico, responsáveis por sustentar os órgãos internos e controlar funções como a micção e a defecação. O fortalecimento desses músculos é fundamental para o trabalho de parto, já que um assoalho pélvico saudável pode melhorar a eficiência das contrações uterinas e reduzir o risco de complicações durante o parto vaginal (ANDRADE, 2021).

Além disso, a fisioterapia pélvica desempenha um papel essencial na recuperação pós-parto. Após o nascimento do bebê, os músculos do assoalho pélvico podem ficar enfraquecidos e esticados, o que pode levar a problemas como incontinência urinária, prolapsos e disfunções sexuais. Através de exercícios de reabilitação e técnicas específicas, a fisioterapia pélvica ajuda a restaurar a força e a funcionalidade desses músculos, melhorando a qualidade de vida da mulher após o parto (ANDRADE, 2021).

Além disso, a fisioterapia pélvica também é importante na prevenção e tratamento de disfunções sexuais, como dispareunia (dor durante a relação sexual) e vaginismo (contração involuntária dos músculos vaginais que dificulta ou impede a penetração). Essas questões podem ser abordadas com terapia manual, técnicas de relaxamento muscular e aconselhamento adequado (CLÍNICA, 2019).

A fisioterapia pélvica desempenha um papel crucial na assistência materna, proporcionando cuidados voltados para a saúde da mulher durante todas as fases da gravidez, parto e pós-parto. Com uma abordagem especializada e individualizada, os fisioterapeutas pélvicos podem ajudar as gestantes a terem uma experiência mais saudável e positiva durante esse período transformador de suas vidas (ANDRADE, 2021).

2.2. ESTRUTURA ANATÔMICA DO ASSOALHO PÉLVICO

Para exercer a prática profissional de forma eficaz, é fundamental ter uma compreensão abrangente das estruturas que compõem o assoalho pélvico. Esse entendimento abrange o conhecimento da anatomia do assoalho pélvico e das diversas funções desempenhadas por suas estruturas, bem como o conhecimento das doenças do assoalho pélvico que acometem principalmente as mulheres. O assoalho pélvico pode ser dividido em três regiões distintas: a região anterior, que inclui a bexiga e a uretra; a região média, que engloba a vagina; e a região posterior, que inclui o reto. Composto por componentes ósseos, musculares e ligamentares, o assoalho pélvico desempenha um papel crítico no suporte das vísceras abdominais. (DANGELO; FATTINI, 2007).

Levando em consideração esse ponto de vista, a pelve esquelética é composta por dois ossos substanciais identificados como os ossos do quadril. Esses ossos se fundem para formar o sacro na região posterior e a sínfise púbica na região anterior. Cada osso do quadril é construído a partir de estruturas ósseas menores conhecidas como ílio, ísquio e púbis. Em indivíduos mais jovens, essas estruturas são conectadas por cartilagem, enquanto em adultos, elas se fundem (TORTORA, 2010).

A estrutura da pelve consiste em duas bases: a maior, que contém os órgãos do abdome, e a menor, que é mais estreita que a base maior. Além disso, a pelve feminina difere da pelve masculina por ter uma forma mais cônica, assim como forames obturadores triangulares. A abertura superior mais larga da pelve feminina facilita o processo de parto. É importante mencionar a presença de ligamentos como os ligamentos sacroespinhoso e sacrotuberal. Existem quatro tipos principais de pelve, cada um caracterizado pela forma da abertura craniana. Estas incluem as pelves ginecóide, andróide, antropóide e platipelóide, sendo a pelve ginecóide a mais adequada para o parto (SOBOTTA, 2010).

Uma característica anatômica notável é o diafragma pélvico, que serve de suporte para as vísceras abdominais. Este diafragma consiste em uma camada de músculo e fáscia. Dentro dessa estrutura, existem dois músculos elevadores do ânus que surgem do dorso do corpo púbico. Esses músculos estão posicionados nos lados direito e esquerdo e separam a cavidade pélvica da fossa isquiorretal. Sua função primordial é sustentar e manter o posicionamento das vísceras pélvicas, bem como contribuir para o controle esfincteriano e manutenção do tônus ​​vaginal. Além disso, o músculo coccígeo se origina da espinha isquiática e se insere na extremidade inferior do sacro e na parte superior do cóccix. Esse músculo tem a função de sustentar as vísceras pélvicas e facilitar a flexão do cóccix (DANGELO; FATTINI, 2007).

O períneo anterior feminino pode ser descrito como uma série de estruturas dispostas na seguinte ordem: a camada mais externa é constituída pela pele, seguida pelo tecido subcutâneo. A seguir, temos o espaço perineal superficial com seu conteúdo, seguido pelo diafragma urogenital e o espaço perineal profundo. Na região superficial do espaço perineal profundo, encontramos o bulbo do vestíbulo, o ramo do clitóris, a glândula vestibular maior e os músculos conhecidos como bulboesponjoso, isquiocavernoso e transverso superficial do períneo. Também presente nesta região está o tecido conjuntivo frouxo, que contém vasos sanguíneos e nervos. Na região mais profunda, encontramos o diafragma urogenital.

O corpo perineal é composto pelo músculo bulbocavernoso, músculo transverso perineal e esfíncter anal externo. Ele desempenha um papel na criação do ângulo vaginal, que é a parte inicial da vagina. A vagina é ainda dividida em duas partes, contribuindo para o equilíbrio do períneo. Além disso, o corpo perineal fornece suporte. A sustentação da vagina é um tema bastante discutido na literatura médica (TORTORA, 2007).

2.3. TRANSFORMAÇÕES FISIOLÓGICAS E DESAFIOS DURANTE A GRAVIDEZ E PARTO

Ao longo da gravidez, há um aumento notável nos processos metabólicos dentro do corpo da mulher. Este metabolismo elevado é essencial para o desenvolvimento adequado do feto e a progressão do processo gestacional. Como resultado dessas transformações, também ocorrem mudanças mais perceptíveis. Inicialmente, há uma desaceleração do ritmo de vida diária, alterações nos padrões de sono (como sono excessivo) e ajustes nos hábitos alimentares. Essas mudanças podem ser acompanhadas por momentos esporádicos de euforia. No entanto, essas alterações também podem gerar estranhamento e até desconforto para a mulher, pois são manifestações de um processo sobre o qual ela tem controle limitado (ZUGAIB, SANCOVSKI, 1994).

Os autores observam que durante os estágios iniciais da gravidez, especialmente após sua confirmação, muitas vezes surgem emoções conflitantes e opostas. Momentos de alegria e contentamento são intercalados por incertezas, inseguranças e até rejeição à gravidez. Essa flutuação de emoções é evidente no comportamento da gestante, que tende a depender mais de indivíduos emocionalmente significativos durante essa fase (ZUGAIB, SANCOVSKI, 1994).

Os profissionais de enfermagem frequentemente se encontram em uma posição de significado emocional, servindo como confidentes de confiança para gestantes que buscam consolo ao compartilhar seus medos, dúvidas e ansiedades. Nessa função, assumem a responsabilidade de mediadores, prestando informações sobre o processo gestacional, os exames solicitados e os resultados posteriores. Ao estabelecer uma base de confiança, esses profissionais são capazes de orientar as mulheres no exercício de sua autonomia, promovendo, em última instância, o empoderamento, o compartilhamento de responsabilidades e a valorização da feminilidade. Como tal, é imperativo que estes profissionais reconheçam a dignidade da mulher durante a gravidez, bem como o valor intrínseco da saúde e bem-estar humano durante esta fase crucial e inigualável da vida.

As transformações que ocorrem durante a gravidez estão inerentemente ligadas ao surgimento de uma nova identidade que as mulheres devem abraçar ao fazer a transição para o papel de mãe. Durante esse período, elas experimentam uma reconexão com sua própria infância, sua posição como filha e seu crescimento pessoal. A importância do papel materno torna-se primordial durante a gravidez, pois serve tanto como um exemplo orientador a ser imitado quanto como objeto de exame e reflexão (ZUGAIB, SANCOVSKI, 1994).

Zugaib e Sancovski (ibidem, p. 55) enfatizam a importância das mudanças que ocorrem durante a gravidez a partir desse ponto de vista particular.

O organismo materno sofre inúmeras alterações anatomofuncionais, que se iniciam precocemente na gravidez, e que vão se intensificando à medida que esta evolui. Estas modificações nada mais são do que adaptações do organismo da mulher para as necessidades do ciclo gravídico-puerperal.

Para apreender o significado dos sintomas e queixas comumente expressos pelas gestantes, é imprescindível que a equipe de enfermagem compreenda como o corpo da mãe se adapta às demandas da gravidez. Esse conhecimento permite a diferenciação entre alterações fisiológicas e condições potencialmente patológicas. Além disso, é de relevância para os demais profissionais envolvidos na assistência à gestante (ZUGAIB e SANCOVSKI, 1994).

Para apoiar e orientar de forma eficaz as gestantes e suas famílias, é fundamental que os profissionais conheçam e compreendam as diversas transformações que ocorrem durante o período gestacional. Ao fazer isso, eles podem ajudar essas mulheres a compreender e administrar seus medos e ansiedades, proporcionando-lhes o alívio necessário.

A partir do momento em que o óvulo é implantado no útero, o organismo materno passa por diversas adaptações ao longo do ciclo gravídico-puerperal. Essas adaptações são caracterizadas por efeitos únicos que correspondem a cada fase do período gestacional (PEREIRA, 2005, p.42).

Durante o período gestacional ocorrem transformações perceptíveis em diversos órgãos e sistemas do corpo da mulher. Essas mudanças são acompanhadas por ajustes correspondentes feitos pelo organismo materno em resposta às demandas e modificações trazidas pela gravidez.

2.4. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DISFUNÇÕES PÉLVICAS

A prevenção e o tratamento de disfunções pélvicas são aspectos cruciais para garantir a saúde e o bem-estar das pessoas, especialmente das mulheres. Essas disfunções, que incluem incontinência urinária, disfunção sexual, prolapso de órgãos pélvicos e dor pélvica crônica, podem impactar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados (BALTAR, 2021).

No âmbito da prevenção, uma das estratégias mais importantes é o fortalecimento do assoalho pélvico. Exercícios específicos, como os exercícios de Kegel, são recomendados para fortalecer os músculos do assoalho pélvico, especialmente após a gravidez e o parto. Além disso, manter uma boa postura ao sentar-se, em pé e ao levantar objetos pesados é essencial para evitar a pressão excessiva sobre o assoalho pélvico, o que pode reduzir o risco de prolapso e outras disfunções. Controlar o peso corporal também é relevante, pois o excesso de peso pode aumentar a pressão sobre o assoalho pélvico e contribuir para disfunções (VILLAMIL, 2022).

Outro fator importante na prevenção é evitar o tabagismo, uma vez que o hábito de fumar pode enfraquecer a musculatura do assoalho pélvico, tornando-a mais suscetível a disfunções (Ministério da saúde, 2022).

No que diz respeito ao tratamento das disfunções pélvicas, a fisioterapia pélvica tem se mostrado uma abordagem eficaz. Essa terapia não invasiva visa fortalecer e reabilitar os músculos do assoalho pélvico, sendo especialmente útil no tratamento de incontinência urinária, disfunções sexuais e dor pélvica crônica (LATORRE, 2018).

Além disso, terapias comportamentais, como o treinamento da bexiga, podem ser indicadas para melhorar o controle da bexiga e reduzir a incontinência urinária (MÉNDEZ, 2022).

Em certos casos, o uso de medicamentos pode ser recomendado para tratar disfunções específicas, como a incontinência urinária. Entretanto, é essencial que o tratamento seja individualizado, considerando a gravidade da disfunção e as necessidades específicas de cada paciente.

Nos casos mais graves ou quando outras opções de tratamento não são eficazes, a cirurgia pode ser uma alternativa para o tratamento de prolapso ou outras disfunções pélvicas. Contudo, essa decisão deve ser tomada em conjunto com o médico, considerando os riscos e benefícios da intervenção cirúrgica.

A prevenção e o tratamento adequado de disfunções pélvicas são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos indivíduos afetados. Consultar um profissional de saúde especializado é fundamental para um diagnóstico correto e um plano de tratamento adequado, visando promover a saúde e a funcionalidade do sistema pélvico.

2.5. O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NA ASSISTÊNCIA MATERNA

Conforme observado por Guerra, (2014), houve um aumento substancial no interesse em torno do uso da fisioterapia para tratar a disfunção da IU. A eficácia desse tratamento está intimamente ligada ao papel central desempenhado pelo fisioterapeuta, ressaltando a natureza crítica de seu envolvimento.

Ao prestar cuidados a indivíduos com incontinência, o primeiro passo é avaliar a gravidade da condição. Com base na avaliação, um plano de tratamento é determinado. Este plano pode envolver intervenção cirúrgica ou medidas conservadoras. No caso do tratamento conservador, cabe ao fisioterapeuta abordar o quadro sem recorrer à cirurgia (ROCHA, 2020). Portanto, é fundamental que o profissional de fisioterapia foque em promover a consciência corporal, restaurar e potencializar a função da musculatura perineal e normalizar o tônus ​​muscular como parte do tratamento da incontinência urinária (PEREIRA et al., 2021).

Além disso, é de extrema importância priorizar o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT) e incorporar várias técnicas fisioterapêuticas. Essas práticas são cruciais, pois facilitam a ativação precoce da musculatura do assoalho pélvico (MAP) (OLIVEIRA, 2021). Com essa perspectiva, Cavenaghi et al (2020) destacam a importância do treinamento voltado para a normalização do tônus ​​da musculatura pélvica e aumento da percepção corporal, pois contribui para o manejo eficaz da incontinência urinária (CAVENAGHI et al., 2020). Segundo esses autores, uma variedade de recursos, incluindo cinesioterapia, cones vaginais, biofeedback e eletroestimulação, pode ser empregada para fornecer suporte adicional para fins de treinamento.

A cinesioterapia é uma forma de fisioterapia que se concentra em alongar, fortalecer e estimular a propriocepção por meio de movimentos corporais. Seu objetivo é aumentar a potência muscular, aumentar a flexibilidade, combater a exaustão e melhorar a coordenação. Outra técnica eficaz envolve a realização de exercícios de Kegel, que exigem execução precisa de movimentos acompanhados de respiração rítmica (PEREIRA, 2021).

O uso da eletroterapia tem um papel significativo na reabilitação dos músculos do assoalho pélvico (MAP) por facilitar a reeducação dos músculos elevadores do ânus (FILHO et al., 2012). Como opção de tratamento eficaz e de baixo custo, comumente é citada a eletroestimulação transcutânea do nervo tibial posterior (CAVENAGHI et al., 2020). A avaliação da força muscular nos músculos do assoalho pélvico é realizada principalmente por meio da palpação vaginal digital (ASSIS et al., 2013).

Com base nas informações fornecidas, fica claro que a fisioterapia é altamente eficaz no tratamento dos distúrbios da IU. Através deste tratamento, os indivíduos com incontinência são capazes de melhorar a sua capacidade de gerir e minimizar as perdas urinárias. Ao fortalecer os músculos do assoalho pélvico, eles não apenas melhoram o controle sobre o corpo, mas também melhoram a qualidade de vida geral (GLISOI et al., 2011).

O papel do fisioterapeuta na assistência materna é fundamental para promover uma gravidez saudável, auxiliar no trabalho de parto e pós-parto, e garantir o bem-estar da gestante em todas as fases do processo (NASCIMENTO, 2021).

Durante a gestação, o fisioterapeuta pode realizar avaliações físicas para identificar possíveis disfunções musculares ou posturais, oferecendo orientações sobre exercícios específicos e técnicas de alongamento para melhorar o conforto da gestante e prevenir dores e desconfortos (NASCIMENTO, 2021).

No trabalho de parto, o fisioterapeuta pode atuar como parte da equipe multidisciplinar, oferecendo suporte físico e emocional à gestante. Ele pode ensinar técnicas de respiração, relaxamento e posturas que auxiliam no alívio da dor e facilitam o processo do parto, podendo estar presente em partos naturais ou cesarianas (BAVARESCO, 2011).

No pós-parto, o fisioterapeuta desempenha um papel importante na recuperação da mãe. Ele pode realizar exercícios de fortalecimento muscular, especialmente para os músculos abdominais e do assoalho pélvico, que podem ter sido afetados durante a gestação e o parto. Esses exercícios são essenciais para a recuperação da musculatura e prevenção de problemas como a incontinência urinária (MESQUITA; MACHADO; ANDRADE, 1999).

Além disso, o fisioterapeuta também pode oferecer orientações sobre postura adequada para amamentação e cuidados com o bebê, evitando sobrecargas musculares e lesões (DE SAÚDE, 2011).

A presença do fisioterapeuta na assistência materna proporciona à gestante uma atenção mais abrangente, integrando cuidados físicos e emocionais. Ele desempenha um papel complementar aos profissionais de saúde envolvidos no processo, contribuindo para uma experiência mais positiva e saudável para a mãe durante todo o período gestacional e pós-parto (BAVARESCO, 2011).

A importância de incorporar estratégias para prevenir a incontinência urinária no tratamento e nos planos de cuidados do profissional de saúde não pode ser exagerada. É fundamental que o profissional eduque seus pacientes sobre os hábitos comportamentais que contribuem para o desenvolvimento da incontinência. Além disso, é fundamental fornecer informações anatômicas sobre o funcionamento dos sistemas urogenital e intestinal, destacando as alterações que ocorrem com o envelhecimento (PINCELLI, et al., 2014).

É essencial transmitir essas informações de maneira atenciosa e atenciosa. Ao fazer isso, os pacientes recebem um espaço seguro para expressar suas dúvidas e emoções, o que, por sua vez, promove um tratamento eficaz e adesão (TOMASI, et al., 2016).

Assim, vale ressaltar a importância de fornecer às mulheres incontinentes orientações valiosas sobre o cultivo de hábitos saudáveis. Esses hábitos incluem praticar exercícios físicos regulares e fortalecer os músculos, desenvolver a consciência da estrutura perineal e adotar certas práticas alimentares que comprovadamente diminuem os episódios de incontinência (PINCELLI, et al., 2014).

3. MÉTODO

Trata-se de uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa, descritiva no qual realizou-se uma ampla pesquisa bibliográfica nas seguintes bases de dados: PubMed/MEDLINE,Scopus e Google Scholar de 2013 a 2022. National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), até 30 de julho de 2022, quando a análise se encerrou. 

A pesquisa foi realizada utilizando-se os termos de pesquisa dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): utilizando os seguintes descritores: “fisioterapia pélvica”, “pré-parto”, “pós-parto”, “mulheres” e “benefícios” associados por meio do operador booleano “AND”: 

A estratégia da pesquisa consistiu na utilização dos seguintes filtros: nos últimos 10 anos, para garantir a atualidade e relevância das informações obtidas. Foram incluídos nesta revisão artigos originais, revisões sistemáticas e meta análises que abordassem a aplicação da fisioterapia pélvica na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto. 

Como critérios de inclusão foram incluídos trabalhos submetidos à análise e a uma avaliação crítica, considerando sua metodologia, tamanho da amostra, intervenções realizadas e resultados obtidos, trabalhos publicados entre 2013 a 2022 que respondiam as perguntas norteadoras: “Quais são os benefícios da fisioterapia pélvica na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto?”.

A questão de pesquisa foi estabelecida com o objetivo de identificar os benefícios específicos da fisioterapia pélvica no cuidado pré-natal e pós-natal às mulheres. Como critério de exclusão foram excluídos estudos não relacionados à temática, repetidos e com amostras não representativas e que não respondiam a pergunta norteadora. A triagem dos estudos foi realizada com base na leitura dos títulos e resumos. Os dados relevantes extraídos dos artigos selecionados foram analisados e sintetizados de forma descritiva.

As informações foram organizadas em categorias temáticas, tais como benefícios da fisioterapia pélvica no pré-parto, benefícios no pós-parto, prevenção de disfunções pélvicas, tratamento de disfunções pélvicas e outras abordagens pertinentes. 

Os resultados obtidos na revisão bibliográfica foram discutidos com base nas evidências encontradas nos estudos selecionados. Foram destacados os principais benefícios da fisioterapia pélvica durante o pré-parto e pós-parto, enfatizando sua importância na promoção da saúde da mulher nesses períodos críticos. Também foram discutidas possíveis limitações e lacunas nos estudos analisados. 

A conclusão desta revisão bibliográfica apresentou uma síntese dos principais benefícios da fisioterapia pélvica na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto, embasada em evidências encontradas. 

Foi ressaltada a relevância dessa abordagem na prevenção e tratamento de disfunções pélvicas nesses períodos, contribuindo para o bem-estar e qualidade de vida das mulheres. As referências dos artigos selecionados e utilizados nesta revisão seguiram as normas de citações e referências adotadas pela revista por pares, publicados em periódicos científicos de renome na área da saúde da mulher e fisioterapia pélvica.

5. CONSIDERAÇÕES

A fisioterapia pélvica apresenta uma série de benefícios significativos na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto, como evidenciado por diversos estudos e revisões bibliográficas. Ao longo da gestação, a aplicação adequada dessa especialidade auxilia na preparação e fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e da região lombar, proporcionando maior flexibilidade e preparando a mulher para o momento do parto. Além disso, a fisioterapia pélvica é uma importante aliada no alívio de dores e desconfortos comuns durante a gravidez, melhorando a qualidade de vida das gestantes EINSTEIN.

Durante o pós-parto, a fisioterapia pélvica desempenha um papel fundamental na reabilitação da região pélvica, especialmente após episiotomias e lacerações, promovendo a cicatrização e reduzindo o desconforto associado. Ela também contribui para a recuperação dos músculos do assoalho pélvico, facilitando o retorno à função normal e prevenindo problemas a longo prazo, como incontinência urinária e fecal.

Outro aspecto crucial é a prevenção e tratamento de disfunções pélvicas, que podem ocorrer tanto durante a gestação quanto após o parto. A fisioterapia pélvica oferece abordagens terapêuticas eficazes para combater essas disfunções, garantindo a saúde e bem-estar das mulheres.

Além dos benefícios físicos, a fisioterapia pélvica também desempenha um papel relevante no aspecto emocional, fornecendo apoio e orientação para as mulheres durante essa fase de grandes transformações em suas vidas.

Portanto, com base na revisão bibliográfica e na análise de estudos científicos, conclui-se que a fisioterapia pélvica é uma intervenção terapêutica efetiva e abrangente na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto. Seu papel é crucial na promoção da saúde e bem-estar materno, contribuindo para uma gravidez mais confortável, um parto mais suave e uma recuperação física adequada após o nascimento do bebê.

É essencial ressaltar que a fisioterapia pélvica deve ser realizada por profissionais capacitados e especializados, garantindo a segurança e eficácia dos tratamentos personalizados de acordo com as necessidades individuais de cada mulher. Dessa forma, a fisioterapia pélvica se consolida como uma valiosa aliada na assistência à saúde das mulheres, durante toda a jornada da gestação e maternidade.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Faculdade de Ensino Superior do Piauí, e-mail: marinaa98.rodrigues@gmail.com

2 Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI. Doutora pelo Programa de Biotecnologia (RENORBIO) pela Universidade Federal do Piauí e-mail: ruthtaquelsf@gmail.com