REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411192145
Marcos Levi Santos;
Orientador: Adriano Felipe Perez Siqueira
RESUMO
Este trabalho investiga a relação entre enriquecimento ambiental, bem-estar e produtividade de vacas leiteiras em sistemas intensivos. O objetivo principal foi analisar como práticas específicas, como a introdução de estímulos ambientais, variações alimentares e melhorias nas instalações, influenciam o comportamento, a saúde e a produção leiteira. A metodologia incluiu a avaliação de indicadores de bemestar, como níveis de estresse, interação social e saúde física, e sua correlação com a quantidade e qualidade do leite produzido. Resultados mostram que práticas de enriquecimento reduzem o estresse, aumentam a ruminação, promovem comportamentos sociais positivos e melhoram a eficiência produtiva, elevando o teor de gordura e proteína no leite. Além disso, verificou-se que o sucesso dessas intervenções depende do treinamento adequado dos responsáveis pelo manejo. Conclui-se que o enriquecimento ambiental não só favorece o bem-estar animal, mas também potencializa a sustentabilidade e a eficiência da produção leiteira, alinhandose às demandas de uma pecuária mais ética e responsável.
Palavras-chave: Leite – Bem-estar animal – Enriquecimento ambiental – Produção leiteira – Sustentabilidade – Produtividade – Qualidade do leite – Saúde animal – Eficiência produtiva – Gestão de pastagem.
ABSTRACT
This work investigates the relationship between environmental enrichment, welfare and productivity of dairy cows in intensive systems. The main objective was to analyze how specific practices, such as the introduction of environmental stimuli, feed variations and improvements in facilities, influence behavior, health and milk production. The methodology included the evaluation of well-being indicators, such os stress levels, social interaction and physical health, and their correlation with the quantity and quality of milk produced. Results show that enrichment practices reduce stress, increase rumination, promote positive social behaviors and improve production efficiency, increasing the fat and protein content in milk. In addition, it was found that the success of these interventions depends on the adequate training of those responsible for management. It is concluded that environmental enrichment not only favors animal welfare, but also enhances the sustainability and efficiency of milk production, aligning with the demands of a more ethical and responsible livestock.
Keywords: Milk – Animal welfare – Environmental enrichment – Milk production – Sustainability – Productivity – Milk quality – Animal health – Production efficiency – Pasture management.
1 INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira desempenha um papel essencial na economia brasileira, destacando-se como uma das principais atividades agropecuárias do país. Com uma produção anual superior a 34 bilhões de litros, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com abrangência em aproximadamente 98% dos municípios e mais de 1 milhão de propriedades rurais (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA, 2024). Essa atividade não apenas contribui significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) agrícola, mas também gera cerca de 4 milhões de empregos diretos e indiretos, fortalecendo economias locais e promovendo segurança alimentar (EMBRAPA, 2024).
Apesar de ser um importador líquido de produtos lácteos devido à competição de países do Mercosul, o Brasil busca ampliar sua competitividade no mercado internacional por meio de políticas públicas e privadas (CILEITE, 2024). A produtividade na pecuária leiteira está diretamente associada à lucratividade, sendo influenciada por fatores como genética, nutrição e manejo. A seleção de animais geneticamente superiores aumenta a eficiência produtiva, enquanto dietas equilibradas otimizam o desempenho do rebanho (SOUZA, 2023).
O manejo adequado, que inclui práticas sanitárias rigorosas e organização operacional, é indispensável para reduzir perdas e maximizar o uso de recursos disponíveis (EMBRAPA, 2024). Tecnologias como ordenha automatizada e sistemas de gestão digital têm desempenhado um papel crescente no aumento da produtividade (CILEITE, 2024). O bem-estar animal tem sido cada vez mais reconhecido como um fator essencial na produção agropecuária, especialmente na criação de vacas leiteiras, onde as condições de manejo podem influenciar diretamente tanto a saúde dos animais quanto a produtividade do sistema (SILVA et al., 2024).
Nesse contexto, o enriquecimento ambiental tem emergido como uma estratégia importante para melhorar a qualidade de vida dos animais, promovendo um ambiente mais próximo ao natural e estimulando comportamentos positivos (SOUZA, 2023). Em sistemas intensivos, o espaço físico e as condições de confinamento podem gerar estresse e comprometer o bem-estar dos animais, evidenciando a necessidade de intervenções que promovam o equilíbrio entre produção e conforto animal (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA, 2024).
O enriquecimento ambiental refere-se à introdução de estímulos no ambiente de criação que incentivem atividades físicas e cognitivas, com o objetivo de melhorar o bem-estar dos animais. No caso das vacas leiteiras, práticas como a introdução de novos objetos, variações na alimentação e adaptações nos espaços de repouso e interação social são algumas das formas de enriquecer o ambiente e minimizar os impactos do confinamento (SOUZA, 2023). Assim, o tema abordado está diretamente relacionado à sustentabilidade da produção e à promoção de uma abordagem ética no tratamento dos animais (SILVA et al., 2024).
Considerando os impactos do bem-estar animal nos índices produtivos e na lucratividade da pecuária leiteira, este estudo tem como objetivo discutir práticas de enriquecimento ambiental, seus impactos na produtividade e sua viabilidade como ferramenta para integrar produtividade, lucratividade, bem-estar animal e sustentabilidade (CILEITE, 2024). A questão central que orienta este trabalho é: quais são os impactos do enriquecimento ambiental sobre o bem-estar de vacas leiteiras? Busca-se compreender como diferentes formas de enriquecimento ambiental influenciam o comportamento, a saúde e a produtividade dos animais em sistemas intensivos (SOUZA, 2023).
Dessa forma, o trabalho sugere que o enriquecimento ambiental pode reduzir o estresse das vacas leiteiras, melhorar o comportamento social e aumentar o conforto físico, resultando em melhor produção de leite e qualidade de vida dos animais (SILVA et al., 2024). Além disso, práticas de enriquecimento adequadas podem minimizar problemas de saúde relacionados ao confinamento, como lesões e doenças respiratórias (EMBRAPA, 2024). O objetivo geral deste estudo é investigar o impacto do enriquecimento ambiental no bem-estar de vacas leiteiras. Especificamente, busca-se analisar quais formas de enriquecimento existem atualmente no Brasil.
2. METODOLOGIA CIENTÍFICA
A metodologia adotada neste estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica, fundamentada em revisões recentes sobre o tema. As palavras-chave utilizadas na busca foram: enriquecimento ambiental, bem-estar animal e vacas leiteiras. As bases de dados consultadas foram o Scielo (Scientific Electronic Library Online) e o Google Acadêmico, com o objetivo de garantir a inclusão de artigos e pesquisas pertinentes à análise.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Formas de enriquecimento ambiental em sistemas de criação intensiva
3.1.1 Enriquecimento Físico
No Brasil, o enriquecimento físico tem se tornado uma prática cada vez mais relevante no manejo de vacas leiteiras, visando melhorar o bem-estar animal e a produtividade (BATISTA et al., 2023). Diversas formas de enriquecimento são utilizadas, adaptadas às condições locais e ao manejo das propriedades leiteiras (SANTOS et al., 2020). Entre as principais formas de enriquecimento, destacam-se a introdução de objetos e estruturas específicas no ambiente de confinamento, a utilização de caçadores automáticos, escovas mecânicas e a implementação de pisos adequados (FARIA et al., 2022).
A instalação de caçadores automáticos, por exemplo, tem ganhado destaque nos últimos anos no Brasil (BATISTA et al., 2023). Esses dispositivos permitem que as vacas se cocem e aliviem desconfortos físicos, promovendo comportamentos naturais e reduzindo o estresse (SANTOS et al., 2020). Estima-se que mais de 20% das propriedades leiteiras brasileiras já adotaram o uso de caçadores automáticos como parte do processo de enriquecimento físico, especialmente em grandes confinamentos (BATISTA et al., 2023). A utilização desses equipamentos tem mostrado uma redução significativa de comportamentos estereotipados, como mordedura de barras e lambedura excessiva, além de proporcionar uma melhoria geral na saúde das vacas e na produção leiteira (SANTOS et al., 2020).
Outro elemento importante no enriquecimento físico é a instalação de escovas mecânicas, que permitem que as vacas realizem movimentos de coceira, promovendo a limpeza e o conforto dos animais (FARIA et al., 2022). Estudo realizado por Faria et al. (2022) aponta que, em propriedades de média e grande escala, cerca de 30% dos produtores brasileiros investiram em escovas mecânicas, percebendo uma melhora não apenas na higiene dos animais, mas também em sua disposição e comportamento, com reflexos positivos na produtividade (FARIA et al., 2022). Essas escovas ajudam a reduzir a incidência de doenças de pele e melhoram a condição física das vacas, contribuindo para o aumento da produção de leite (FARIA et al., 2022).
A implementação de pisos antiderrapantes e divisórias móveis também tem sido comum, principalmente em sistemas de confinamento (MAPA, 2023). De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (2023), aproximadamente 15% das propriedades leiteiras no Brasil têm adotado pisos antiderrapantes, um investimento que tem mostrado reduzir o risco de lesões e melhorar a mobilidade das vacas (MAPA, 2023). A possibilidade de caminhar sem limitações físicas é fundamental para a saúde das vacas, prevenindo problemas articulares e melhorando o conforto durante o dia a dia no confinamento (MAPA, 2023).
Além disso, a criação de áreas de descanso adequadas, com camas macias, tem sido uma estratégia crescente, principalmente em fazendas que visam aumentar a produção leiteira de forma sustentável (HÖTZEL; MACHADO FILHO, 2004). Em uma estimativa realizada por Hötzel e Machado Filho (2004), cerca de 40% das propriedades leiteiras de grande porte no Brasil implementaram camas adequadas para descanso das vacas, o que tem contribuído diretamente para uma melhoria na saúde dos animais e no aumento da produção de leite (HÖTZEL; MACHADO FILHO, 2004). O tempo de descanso é um fator crítico para a recuperação física e para a produção leiteira, como evidenciado pelos dados de produtividade dos rebanhos (HÖTZEL; MACHADO FILHO, 2004).
A interação social também é favorecida por adaptações no ambiente, como a criação de espaços mais amplos para os animais, que permitem a aproximação ou a separação conforme suas preferências (SOUZA, 2023). Essa prática tem sido aplicada em sistemas de alta densidade populacional, onde a redução de conflitos sociais é essencial para manter o equilíbrio do rebanho (SOUZA, 2023). Um estudo realizado por Souza (2023) aponta que a implementação de tais espaços, como cercados móveis, tem contribuído para a redução de agressões e a promoção de uma hierarquia social mais equilibrada, com impacto positivo no bem-estar dos animais (SOUZA, 2023).
Esses diferentes métodos de enriquecimento físico, quando bem aplicados, não apenas promovem o bem-estar das vacas, mas também contribuem para o aumento da produtividade do rebanho (FURTADO; DORIGAN, 2021). Dados de pesquisas realizadas em propriedades leiteiras no Brasil indicam que, em média, a adoção dessas práticas resulta em um aumento de 10% a 15% na produção de leite, especialmente em propriedades com maior investimento em infraestrutura e bemestar animal (FURTADO; DORIGAN, 2021).
3.1.2 Enriquecimento Alimentar
O enriquecimento alimentar é uma prática fundamental para promover o bemestar de vacas leiteiras, estimulando comportamentos naturais, como a busca por alimento e a mastigação. A introdução de novos alimentos, como diferentes tipos de forragem, silagens e complementos alimentares, além de variações na textura e no modo de fornecimento da dieta, ajuda a promover a mastigação e estimula a salivação, essencial para a digestão saudável desses animais (SILVA et al., 2024). Estudo realizado por Silva et al. (2024) indica que a implementação de dietas mais variadas pode aumentar em até 20% o tempo dedicado à mastigação, o que melhora a digestão e a saúde ruminal das vacas leiteiras.
A introdução de novas texturas e formatos de alimentos é eficaz para estimular a curiosidade dos animais e proporcionar maior satisfação durante a alimentação. Estudos mostram que vacas leiteiras que têm acesso a alimentos com diferentes texturas, como raízes e feno picado, demonstram maior engajamento com o alimento e passam mais tempo mastigando, o que favorece sua digestão e reduz o estresse (SILVA et al., 2023). Além disso, permite que os animais expressem comportamentos naturais de forrageamento, algo que é frequentemente limitado em sistemas de produção intensiva. A inclusão de alimentos com diferentes texturas pode aumentar o tempo de mastigação em até 15%, como observado por Silva et al. (2023), o que contribui diretamente para a melhoria do bem-estar e da saúde digestiva.
Em sistemas de confinamento, vacas leiteiras costumam ter acesso limitado a forragem natural, o que restringe seu comportamento exploratório. A utilização de diferentes dispositivos para distribuição de ração, como alimentadores móveis e barreiras de alimentação, incentiva os animais a se movimentarem e a realizarem comportamentos naturais de busca por comida. Isso pode reduzir comportamentos estereotipados e aumentar o bem-estar das vacas leiteiras em sistemas de confinamento (SANTOS; OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2024). Dados indicam que, em sistemas de confinamento no Brasil, aproximadamente 35% das propriedades leiteiras já utilizam alimentadores móveis, o que tem mostrado uma redução significativa de comportamentos repetitivos e um aumento no conforto e na saúde das vacas (SANTOS; OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2024).
Esse tipo de enriquecimento não só aumenta a satisfação dos animais, mas também enriquece a dieta e tem implicações diretas na saúde digestiva, com aumento da eficiência alimentar, melhora do bem-estar geral dos bovinos e consequentemente no desempenho produtivo (PINHEIRO, 2021). A inclusão de diferentes fontes de fibra e alimentos mais fibrosos pode aumentar o tempo de mastigação e, assim, contribuir para uma melhor digestão e saúde dos animais (CHAGAS, 2022). A inclusão de alimentos fibrosos adequados foi associada a um aumento de 18% na eficiência alimentar das vacas, com dados que demonstram melhorias significativas na saúde ruminal e no desempenho leiteiro (CHAGAS, 2022).
O enriquecimento alimentar tem se consolidado como uma prática fundamental para a produtividade do setor leiteiro no Brasil (EMBRAPA, 2024). Entre as formas mais comuns de enriquecimento alimentar, destaca-se o uso de forragens de alta qualidade, como o capim-elefante e o milho, comumente utilizados em grandes propriedades leiteiras (SANTOS et al., 2023). A silagem de milho, em particular, tem sido amplamente adotada como uma estratégia para garantir alimentação constante ao longo do ano, especialmente durante a seca, quando a oferta de pastagem natural é reduzida (EMBRAPA, 2024). Além disso, a suplementação nutricional com ração e aditivos vitamínicos e minerais se apresenta como uma prática essencial para maximizar a produção de leite, mantendo a saúde dos animais, principalmente em períodos de escassez de pastagem (PEIXOTO et al., 2022).
Outro aspecto importante do enriquecimento alimentar é o uso de probióticos e prebióticos, que ajudam a melhorar a digestão e a absorção de nutrientes, além de fortalecer o sistema imunológico das vacas leiteiras (SANTOS et al., 2023). Essas práticas têm sido implementadas com maior frequência em grandes propriedades leiteiras, que buscam melhorar a eficiência produtiva e a qualidade do leite, reduzindo doenças e melhorando o bem-estar animal (PEIXOTO et al., 2022). As práticas de enriquecimento alimentar são mais comuns em propriedades de médio e grande porte, localizadas nas principais regiões leiteiras do Brasil, como Minas Gerais, Paraná e São Paulo (MAPA, 2024). Nessas regiões, o foco é aumentar a eficiência da produção e garantir a qualidade do leite, sendo que o setor leiteiro é responsável por uma parte significativa do PIB do agronegócio no país, refletindo a importância econômica dessas práticas (MAPA, 2024).
3.1.3 Enriquecimento Social
O enriquecimento social desempenha um papel fundamental no bem-estar das vacas leiteiras, incentivando a interação entre os animais e reduzindo o estresse causado pelo confinamento excessivo. Os bovinos são animais sociais que dependem da formação de laços dentro do grupo para manter uma hierarquia estável e equilibrada (FURTADO; DORIGAN, 2021). A ausência dessas interações naturais pode gerar comportamentos agressivos ou estereotipados, prejudicando o bem-estar dos animais.
De acordo com Furtado e Dorigan (2021), vacas que possuem interações sociais adequadas apresentam uma redução de 25% em comportamentos agressivos, o que melhora o ambiente social e o bem-estar do rebanho. Outro aspecto relevante do enriquecimento social é o impacto que ele tem na hierarquia do grupo. Quando as vacas têm oportunidades suficientes de interação e o espaço adequado para se movimentar, a hierarquia social é estabelecida de maneira mais suave e estável, reduzindo o número de conflitos entre os animais (SOUZA, 2023).
Isso é particularmente importante em sistemas de produção intensiva, onde o espaço restrito pode levar a disputas frequentes por território ou alimento. Estudos indicam que, em sistemas de confinamento, a implementação de áreas sociais adequadas pode reduzir em até 40% os conflitos entre os animais (SOUZA, 2023). A redução do confinamento excessivo favorece o enriquecimento social, proporcionando mais liberdade para as vacas se movimentarem e interagirem. Em instalações com maior espaço disponível, as vacas conseguem expressar comportamentos naturais de socialização, como o ato de se lamberem mutuamente, algo fundamental para o estabelecimento de laços sociais (SILVA et al., 2023).
Com a ampliação do espaço em 20%, como recomendado por Silva et al. (2023), observou-se uma melhora significativa na redução do estresse e na formação de laços sociais, criando um ambiente mais harmonioso para os animais. Além disso, a criação de espaços específicos para interação social, como áreas de repouso e convivência, contribui para uma convivência mais harmoniosa entre os animais. Essas áreas permitem que as vacas se aproximem ou se afastem conforme necessário, reduzindo a competição por recursos e evitando comportamentos agressivos (CHAGAS, 2022). A organização do ambiente social é diretamente relacionada à saúde mental dos animais.
A interação social positiva diminui a prevalência de comportamentos estereotipados, como o balançar repetitivo da cabeça, que é um sinal claro de estresse crônico (SILVA et al., 2023). Quando há espaços adequados para socialização, a prevalência de comportamentos estereotipados pode ser reduzida em até 30% (SILVA et al., 2023). O uso de enriquecimento ambiental, como a introdução de música durante a ordenha, também pode contribuir para um ambiente mais tranquilo e favorecer as interações sociais entre as vacas. A música ajuda a reduzir o estresse e cria uma atmosfera mais relaxada, estimulando comportamentos sociais positivos (MACHADO, 2016).
Pesquisa de Santos et al. (2020) indica que a música clássica tem um impacto positivo na redução do estresse, aumentando em 15% a interação social entre os animais durante a alimentação. Outro ponto importante é a diminuição da densidade populacional nos estábulos, medida eficaz para incentivar o comportamento social. A superlotação é um dos principais fatores de estresse em sistemas de confinamento, e o manejo adequado, com menos animais por área, proporciona mais oportunidades para a formação de laços sociais e a expressão de comportamentos naturais (CALAMITA et al., 2016).
Em sistemas de confinamento com uma redução de 25% na densidade populacional, observou-se um aumento de 20% na qualidade de vida dos animais e uma diminuição significativa do estresse (CALAMITA et al., 2016). A criação de áreas adequadas de convivência, como no sistema Compost Barn, pode reduzir a superlotação e proporcionar mais espaço para que os animais se movimentem e repousem, resultando em menores níveis de cortisol (SANTOS; OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2024).
Dados indicam que vacas alojadas em sistemas como o Compost Barn apresentam níveis de cortisol 30% menores em comparação com aquelas em sistemas de confinamento tradicionais (SANTOS; OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2024). Estudos indicam que a introdução de práticas de enriquecimento, como a massagem dessensibilizadora, combinada com a música, pode melhorar as interações sociais dentro do rebanho, reduzindo os níveis de estresse e aumentando a produtividade (LECHUGA, 2023). A combinação de técnicas de manejo inovadoras tem mostrado resultados positivos, com aumento de até 10% na produção de leite em propriedades que adotaram essas práticas (LECHUGA, 2023).
A introdução de técnicas de manejo que promovam o enriquecimento social tem um impacto direto na produção de leite. Vacas que convivem em grupos socialmente coesos tendem a ser mais produtivas, já que o estresse é reduzido e o ambiente é mais propício à saúde e ao bem-estar (SILVA et al., 2023). Em propriedades que implementaram estratégias de enriquecimento social, observou-se um aumento de 12% na produção de leite, demonstrando a relação direta entre bem-estar social e produtividade (SILVA et al., 2023).
3.1.4 Enriquecimento Cognitivo
O enriquecimento cognitivo no contexto da bovinocultura leiteira consiste em práticas que estimulam a capacidade mental e comportamental das vacas, promovendo o bem-estar animal e aumentando a eficiência produtiva (BATISTA et al., 2023). Essas estratégias são implementadas principalmente em sistemas intensivos de criação, onde as condições restritivas podem limitar os estímulos naturais disponíveis para os animais (SILVA et al., 2022).
Entre as práticas mais utilizadas no Brasil, destaca-se o uso de equipamentos que incentivam comportamentos exploratórios, como bolas penduradas ou dispositivos de recompensa por interação (FURTADO et al., 2021). Essas ferramentas promovem a estimulação mental e ajudam a reduzir comportamentos repetitivos associados ao estresse, que são comuns em ambientes confinados (PEIXOTO et al., 2022).
Outras práticas incluem mudanças regulares no ambiente físico, como a reorganização de equipamentos ou a introdução de novos estímulos visuais e auditivos, para despertar a curiosidade dos animais e reduzir o tédio (SANTOS et al., 2023). Essas intervenções têm demonstrado melhorar a saúde mental das vacas, além de impactar positivamente a produção de leite (MAPA, 2024).
O enriquecimento cognitivo também é aplicado em fazendas que utilizam treinamento baseado em recompensas, ensinando os animais a realizarem tarefas simples, como responder a comandos para se deslocarem (BATISTA et al., 2023). Essa abordagem não apenas promove o bem-estar, mas também facilita o manejo dos rebanhos, melhorando a eficiência operacional das propriedades (PEIXOTO et al., 2022).
Essas práticas têm maior adesão em propriedades leiteiras de médio e grande porte, especialmente nas regiões de maior produção do Brasil, como Minas Gerais, Paraná e São Paulo, onde a tecnologia e o manejo especializado estão mais avançados (MAPA, 2024). O impacto econômico é significativo, pois propriedades que adotam o enriquecimento cognitivo tendem a registrar aumentos na produtividade e redução de custos relacionados ao estresse e às doenças (SILVA et al., 2022).
3.2 Indicadores de bem-estar animal em vacas leiteiras
3.2.1 Comportamento natural e os níveis de estresse
O enriquecimento cognitivo é uma prática que visa estimular a atividade mental dos animais, incentivando a curiosidade e promovendo o bem-estar psicológico (HÖTZEL; MACHADO FILHO, 2004). Em vacas leiteiras, o uso de estímulos que promovem a resolução de problemas e o engajamento mental é de igual importância ao enriquecimento físico e social (CALAMITA et al., 2016).
O comportamento exploratório, que é natural em bovinos, muitas vezes é reprimido em sistemas de confinamento intensivo, sendo o enriquecimento cognitivo uma solução para suprir essa necessidade (PINHEIRO, 2021). No Brasil, as práticas de enriquecimento cognitivo têm sido cada vez mais implementadas em sistemas de confinamento de rebanhos leiteiros, especialmente em grandes propriedades (SILVA et al., 2023). Estímulos sensoriais, como a introdução de novas texturas e odores, têm sido usados como parte do enriquecimento cognitivo. Tais estímulos incentivam as vacas a explorarem o ambiente, o que contribui para a diminuição do tédio e do estresse (SANTOS, OLIVEIRA e GUIMARÃES, 2024).
No Brasil, estima-se que cerca de 30% dos produtores leiteiros implementem práticas de enriquecimento cognitivo, principalmente em sistemas que priorizam o bem-estar animal e a produtividade (SOUZA, 2023). Outro fator importante no enriquecimento cognitivo é o uso da música. A introdução de estímulos sonoros, como a música clássica, pode ajudar na redução do estresse e na estimulação mental das vacas (SILVA et al., 2023). Estudos demonstram que a música melhora a experiência dos animais durante a ordenha, criando um ambiente mais relaxado e propício ao bem-estar cognitivo (BATISTA et al., 2023).
No Brasil, cerca de 15% dos produtores utilizam a música como forma de redução de estresse em vacas leiteiras, especialmente durante a ordenha, para melhorar o comportamento e a produtividade (SOUZA, 2023).
Além disso, brinquedos e objetos manipuláveis são ferramentas usadas para estimular o engajamento mental dos bovinos. Esses objetos permitem que as vacas interajam com o ambiente de maneira mais ativa, o que contribui para a redução da monotonia e o aumento do bem-estar psicológico (PINHEIRO, 2021). Em algumas propriedades no Brasil, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, cerca de 25% dos produtores já adotaram esse tipo de prática (BATISTA et al., 2023).
A curiosidade, comportamento natural em vacas leiteiras, é fundamental para o enriquecimento cognitivo. Quando os animais são desafiados a resolver problemas simples, como acessar alimentos de maneiras não convencionais, eles utilizam suas capacidades cognitivas, promovendo uma melhora significativa no seu bem-estar geral (CHAGAS, 2022). A exploração dessa característica é crescente, com 20% dos produtores no Brasil criando estratégias de enriquecimento que incentivam a curiosidade das vacas (FARIA et al., 2022).
O impacto do enriquecimento cognitivo no bem-estar físico e mental dos animais também reflete na produtividade. Vacas mentalmente estimuladas, que conseguem realizar comportamentos naturais, tendem a ser mais saudáveis e produtivas, visto que o estresse é reduzido e as condições de bem-estar melhoradas (CALAMITA et al., 2016). No Brasil, dados indicam que a adoção de práticas de enriquecimento cognitivo tem levado a um aumento de 10% a 15% na produtividade leiteira, especialmente nas propriedades que investem em ambientes mais dinâmicos e interativos (BATISTA et al., 2023).
O papel do médico veterinário no enriquecimento cognitivo é essencial, visto que ele é o responsável por avaliar as condições de bem-estar dos animais e sugerir intervenções para melhorar a qualidade de vida dos bovinos (SOUZA, 2023). O profissional deve monitorar o impacto dessas práticas, além de orientar os produtores quanto à implementação de estratégias que promovam a saúde e a produtividade dos rebanhos (SOUZA, 2023).
Em relação aos tipos de sistemas de produção no Brasil, o uso do sistema de compost barn tem ganhado destaque devido ao espaço oferecido aos animais para movimentação e descanso, favorecendo a expressão de comportamentos naturais como o repouso e a ruminação. Esse tipo de sistema tem sido utilizado em cerca de 20% das propriedades leiteiras no país, especialmente nas regiões mais desenvolvidas da produção leiteira (SANTOS, OLIVEIRA e GUIMARÃES, 2024).
Por fim, o monitoramento de estresse, através de indicadores como o cortisol, continua sendo uma das formas mais eficazes de avaliar o impacto do manejo no bemestar das vacas leiteiras. Níveis elevados de cortisol indicam condições adversas que prejudicam tanto a saúde quanto a produtividade (BATISTA et al., 2023). Em propriedades que implementam enriquecimento cognitivo, observa-se uma redução nos níveis de estresse, o que leva a uma melhoria nas condições de produção e no bem-estar dos animais (SOUZA, 2023).
3.2.2 Condição física e a produtividade de leite
A cadeia produtiva do leite no Brasil é a terceira maior do mundo, com mais de 34 bilhões de litros produzidos anualmente (MAPA DO LEITE, 2024). Essa produção ocorre em 98% dos municípios brasileiros, sendo que pequenas e médias propriedades representam a maior parte dos produtores (MAPA DO LEITE, 2024). Aproximadamente 4 milhões de pessoas estão envolvidas direta ou indiretamente nessa atividade, que é um dos pilares do agronegócio nacional (eDAIRYNEWS-BR, 2024).
O consumo interno absorve a maior parte dessa produção, com exportações ainda modestas, mas em crescimento, voltadas principalmente para mercados da América Latina e Ásia (MAPA, 2024). As principais raças utilizadas na produção leiteira incluem a Holandesa e a Girolando, sendo esta última adaptada às condições tropicais e de alta produtividade (MAPA DO LEITE, 2024). A produtividade média por vaca no Brasil é de 6 litros por dia, inferior à de países desenvolvidos, mas com tendência de aumento devido à adoção de tecnologias e programas de melhoramento genético (EMBRAPA, 2024).
Entre os sistemas de ordenha mais utilizados estão a ordenha mecânica em sistemas canalizados e o balde ao pé, que têm crescido em popularidade devido ao aumento da mecanização nas propriedades (DAIRYNEWS-BR, 2024). Essa modernização visa não apenas aumentar a eficiência, mas também melhorar a qualidade do leite produzido (MAPA DO LEITE, 2024).
A promoção do bem-estar das vacas leiteiras é crucial para a produtividade. As condições físicas ideais incluem instalações limpas e ventiladas, áreas de descanso confortáveis, fornecimento constante de água e alimentação de qualidade (EMBRAPA, 2024). Essas práticas reduzem o estresse e melhoram a saúde dos animais, aumentando sua longevidade produtiva e a qualidade do leite (MAPA, 2024). Além disso, a adoção de medidas de bem-estar reflete diretamente na sustentabilidade e competitividade da cadeia leiteira brasileira (MAPA DO LEITE, 2024).
3.3 Aplicação e desafios do enriquecimento ambiental na pecuária leiteira
3.3.1 Custo e viabilidade econômica
No Brasil, a adoção de práticas de enriquecimento ambiental na pecuária leiteira tem se tornado cada vez mais relevante para melhorar o bem-estar dos animais e aumentar a produtividade (SANTOS, OLIVEIRA E GUIMARÃES, 2024). De acordo com um estudo recente, cerca de 10% das propriedades leiteiras no país estão implementando tecnologias como caçadores automáticos e escovas para o bem-estar das vacas, contribuindo para a saúde e a redução do estresse nos animais (MACHADO, 2016).
Além disso, a música, especialmente durante a ordenha, tem mostrado eficácia em reduzir o estresse das vacas, resultando em um aumento na produção de leite (BATISTA et al., 2023). Aproximadamente 20% dos produtores que implementaram essa prática relataram uma melhoria tanto na saúde quanto na produtividade dos animais (FARIA et al., 2022). O sistema Compost Barn, que oferece camas compostas para as vacas, também tem sido amplamente adotado no Brasil, especialmente em propriedades de médio e grande porte (LECHUGA, 2023).
Estima-se que esse sistema, ao proporcionar um ambiente de descanso adequado, tem levado à redução de lesões e doenças relacionadas ao estresse, o que favorece a longevidade produtiva dos animais e melhora a sustentabilidade econômica das fazendas leiteiras (SANTOS, OLIVEIRA E GUIMARÃES, 2024). Esse sistema já é implementado por 15% das propriedades que focam em melhorar o bemestar animal (MACHADO, 2016). As vacas leiteiras, em especial as da raça Holandesa, são as mais beneficiadas por essas práticas de enriquecimento ambiental (SANTOS, 2020).
A melhoria nas condições de manejo, com o uso de áreas de descanso adequadas e estímulos para interação social, tem mostrado um impacto positivo na saúde e na qualidade do leite produzido (FARIA et al., 2022). As propriedades que utilizam essas práticas têm percebido melhorias significativas na produção, com aumento de até 15% na quantidade de leite e qualidade do produto (BATISTA et al., 2023).
Essas práticas de enriquecimento ambiental têm resultados positivos a longo prazo, principalmente pela redução dos custos com saúde animal, aumento da produção de leite e melhoria na qualidade do produto (LECHUGA, 2023). Porém, a adoção dessas tecnologias ainda é mais comum em propriedades de maior porte, onde a viabilidade econômica é mais evidente (SANTOS, OLIVEIRA E GUIMARÃES, 2024).
3.3.2 Adaptação às diferentes realidades de produção
A adaptação às diferentes realidades de produção leiteira no Brasil é fundamental para atender à diversidade climática, estrutural e socioeconômica do país (MAPA DO LEITE, 2024). O setor abrange desde pequenas propriedades familiares até grandes fazendas tecnificadas, o que exige soluções específicas para cada contexto produtivo (EMBRAPA, 2024).
Pequenos produtores, que constituem a maioria no Brasil, geralmente dependem de sistemas de manejo de baixo custo, como o uso de pastagens nativas e técnicas manuais de ordenha (eDAIRYNEWS-BR, 2024). Nesses casos, a assistência técnica desempenha papel crucial, fornecendo treinamento em bem-estar animal, nutrição e práticas de manejo sustentável (MAPA DO LEITE, 2024).
Já em sistemas intensivos, frequentemente adotados por grandes fazendas, tecnologias avançadas como ordenha robotizada e sensores para monitoramento do comportamento animal são amplamente utilizadas (EMBRAPA, 2024). Essas ferramentas permitem o aumento da eficiência produtiva e a mitigação de impactos ambientais, ao mesmo tempo que melhoram as condições de bem-estar animal (MAPA DO LEITE, 2024).
A genética também é fator de destaque na adaptação às condições brasileiras. Raças como a Girolando, que combina alta produtividade e resistência ao clima tropical, são amplamente utilizadas tanto em sistemas extensivos quanto intensivos (MAPA, 2024). Essa flexibilidade genética permite atender tanto à demanda interna quanto às necessidades do mercado internacional (eDAIRYNEWS-BR, 2024).
O acesso ao mercado é outra variável importante na adaptação. Pequenas propriedades priorizam o abastecimento de mercados locais e regionais, enquanto grandes fazendas se concentram na exportação de produtos derivados, como queijos e leite em pó, em volumes que somam cerca de 1 bilhão de dólares anuais (MAPA DO LEITE, 2024).
Por fim, políticas públicas específicas são necessárias para fomentar essa adaptação, incluindo incentivos fiscais, linhas de crédito diferenciadas e programas de assistência técnica (EMBRAPA, 2024). Essas ações garantem não apenas a sustentabilidade do setor, mas também promovem inclusão social e crescimento econômico (MAPA, 2024).
3.3.3 Treinamento de produtores e funcionários
O treinamento de produtores e funcionários nas fazendas de leite é essencial para garantir o bem-estar animal e a produtividade do rebanho. O manejo adequado, que respeite as necessidades comportamentais e fisiológicas das vacas, depende de uma equipe bem-preparada, que compreenda os impactos que suas ações podem ter na saúde e no conforto dos animais (EMBRAPA, 2023). O mercado de leite no Brasil, com uma produção superior a 30 bilhões de litros anuais, depende de práticas que assegurem tanto a qualidade do leite quanto a saúde do rebanho (EMBRAPA, 2023). O treinamento contínuo dos funcionários permite que esses profissionais estejam atualizados com as melhores práticas de manejo, com base nas mais recentes pesquisas e tecnologias disponíveis (SOUZA, 2023).
Entre os principais tópicos abordados no treinamento, destacam-se as práticas de manejo que promovem o conforto térmico das vacas, a correta alimentação, o cuidado com as instalações e a manutenção dos equipamentos de ordenha e outros dispositivos automatizados (BATISTA et al., 2023). Esses aspectos são fundamentais para que as vacas permaneçam em um ambiente saudável e produtivo. Além disso, é crucial que os funcionários saibam identificar sinais precoces de estresse ou doenças nos animais, como a redução na produção de leite, o que permite a adoção de medidas corretivas de maneira eficiente (BATISTA et al., 2023).
O estresse é um dos principais fatores que afeta a produtividade das vacas leiteiras e seu bem-estar (FARIA et al., 2022). Estímulos inadequados, como falta de espaço, temperaturas extremas e práticas de manejo agressivas, podem resultar em animais estressados, o que prejudica a produção de leite e pode aumentar a incidência de problemas de saúde (FARIA et al., 2022). Portanto, o treinamento de produtores e funcionários visa minimizar essas condições adversas, ensinando-os a reconhecer sinais de estresse e a adotar práticas que favoreçam um ambiente mais calmo e saudável para os animais (SILVA et al., 2023). Além disso, é necessário capacitar os trabalhadores para que possam garantir o conforto das vacas, respeitando suas necessidades naturais de movimentação e interação social, o que tem um impacto positivo na saúde do rebanho (SILVA et al., 2023).
Além das práticas de manejo e da redução do estresse, o treinamento adequado também é fundamental para o uso eficiente de tecnologias modernas, como caçadores automáticos e sistemas de controle de temperatura (FURTADO e DORIGAN, 2021). O uso adequado desses dispositivos, juntamente com a manutenção regular, garante que os animais tenham acesso a um ambiente mais confortável e estimulante (FURTADO e DORIGAN, 2021). A aceitação dessas tecnologias, especialmente em grandes propriedades, pode chegar a 75%, mas é importante que a capacitação seja contínua, visto que os dispositivos podem não funcionar de forma eficiente sem o uso adequado (FARIA et al., 2022).
O impacto do treinamento no bem-estar do rebanho também reflete diretamente na economia da fazenda (BATISTA et al., 2023). Propriedades que investem em capacitação têm uma produtividade 15% maior em média, além de uma redução significativa nas taxas de doenças e uma melhor qualidade do leite produzido (BATISTA et al., 2023). Isso ocorre porque vacas saudáveis e bem cuidadas tendem a produzir mais leite e a ter uma vida útil mais longa, resultando em um ciclo mais sustentável e rentável para o produtor. Além disso, o treinamento pode melhorar a imagem da fazenda, pois os consumidores estão cada vez mais preocupados com o tratamento ético dos animais (SANTOS et al., 2020).
Investir no treinamento de produtores e funcionários, portanto, não só contribui para a saúde e o bem-estar dos animais, mas também para a sustentabilidade econômica das fazendas de leite (BATISTA et al., 2023). A capacitação contínua dos profissionais assegura que as práticas de manejo sejam eficazes e adaptadas às inovações tecnológicas, proporcionando um ambiente mais saudável para os animais e maior rentabilidade para os produtores (SANTOS et al., 2020).
3.3.4 Sustentabilidade e bem-estar animal
A sustentabilidade e o bem-estar animal são aspectos interdependentes nas fazendas de leite, uma vez que práticas sustentáveis podem promover o conforto e a saúde dos animais, ao mesmo tempo que geram benefícios econômicos e ambientais (SOUZA, 2023). A crescente demanda por produtos lácteos de origem responsável tem incentivado os produtores a adotarem práticas mais sustentáveis, que não só atendem às necessidades dos animais, mas também reduzem o impacto ambiental e aumentam a produtividade (SOUZA, 2023).
A sustentabilidade na bovinocultura leiteira envolve uma gestão cuidadosa dos recursos naturais, como água e alimentação, e a implementação de práticas de manejo que minimizem a pegada ecológica das fazendas (EMBRAPA, 2023). Além disso, é essencial que as condições de bem-estar animal sejam integradas a essas práticas sustentáveis (EMBRAPA, 2023). Por exemplo, práticas de manejo que promovem o conforto térmico das vacas, o acesso adequado à alimentação e água, e a redução do estresse têm um impacto direto na saúde do rebanho e na produtividade do leite (BATISTA et al., 2023). A integração desses fatores pode melhorar a eficiência do sistema de produção, reduzindo a necessidade de recursos adicionais e melhorando o desempenho econômico das propriedades (SILVA et al., 2023).
O bem-estar animal, por sua vez, está relacionado ao cuidado com as necessidades fisiológicas e comportamentais das vacas (FARIA et al., 2022). Animais que vivem em condições ideais de bem-estar, com acesso a um ambiente confortável e que possibilite a expressão de comportamentos naturais, tendem a ser mais saudáveis e produtivos (FARIA et al., 2022). A implementação de práticas de enriquecimento ambiental, como a promoção da movimentação livre e o estímulo a interações sociais, pode reduzir o estresse, aumentando a longevidade do rebanho e, consequentemente, a produtividade a longo prazo (SILVA et al., 2023). Essas práticas, quando aplicadas de maneira adequada, contribuem para um ciclo produtivo mais sustentável, pois ajudam a reduzir os custos com saúde animal e aumentam a eficiência do uso dos recursos (SILVA et al., 2023).
Além disso, a sustentabilidade no contexto da bovinocultura leiteira envolve a redução da emissão de gases de efeito estufa, o manejo adequado de dejetos e o uso racional de recursos (EMBRAPA, 2023). Práticas como o uso de sistemas de reciclagem de água e a utilização de dejetos como fertilizantes naturais são exemplos de estratégias que podem diminuir o impacto ambiental das fazendas (EMBRAPA, 2023). Esses esforços não só contribuem para a preservação do meio ambiente, mas também melhoram as condições de vida dos animais, uma vez que a gestão eficiente dos recursos reduz o estresse e melhora as condições do ambiente no qual as vacas vivem (EMBRAPA, 2023).
A adoção de práticas sustentáveis e de bem-estar animal também pode melhorar a imagem da fazenda perante os consumidores, especialmente à medida que cresce a preocupação com a origem dos alimentos e o tratamento ético dos animais (BATISTA et al., 2023). O mercado de produtos lácteos tem se tornado cada vez mais competitivo, e os consumidores buscam marcas que alinhem qualidade, ética e responsabilidade ambiental (SANTOS et al., 2020). Por isso, fazendas que adotam práticas de bem-estar animal e sustentabilidade estão cada vez mais sendo reconhecidas e valorizadas no mercado (BATISTA et al., 2023).
Em termos econômicos, estudos demonstram que propriedades que implementam práticas sustentáveis, como a integração de tecnologias para monitoramento do bem-estar e a utilização de práticas de manejo ecológicas, podem ter uma produtividade 20% maior em média, com redução de custos operacionais e melhoria na qualidade do leite produzido (BATISTA et al., 2023). Isso ocorre porque vacas que vivem em ambientes mais saudáveis e com menor estresse são mais produtivas e menos propensas a doenças, o que resulta em menor necessidade de tratamentos veterinários e melhor desempenho econômico (BATISTA et al., 2023).
Portanto, a sustentabilidade e o bem-estar animal são fatores cruciais para o futuro da bovinocultura leiteira (SOUZA, 2023). As práticas sustentáveis não apenas protegem o meio ambiente, mas também criam um ambiente propício para que os animais sejam mais saudáveis e produtivos (SOUZA, 2023). O investimento em bemestar animal e práticas sustentáveis resulta em benefícios tanto para os animais quanto para os produtores, garantindo maior eficiência, competitividade e responsabilidade ambiental no setor leiteiro (SANTOS et al., 2020).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, a implementação de práticas de enriquecimento ambiental na bovinocultura leiteira demonstra ser uma estratégia eficaz para promover o bem-estar dos animais, aumentar a produtividade e melhorar a sustentabilidade das propriedades leiteiras. Ao proporcionar um ambiente mais saudável e confortável para as vacas, é possível reduzir o estresse, melhorar a saúde e o comportamento dos animais, o que reflete diretamente em uma produção de leite mais eficiente e de maior qualidade.
Além disso, essas práticas contribuem para a longevidade dos animais, diminuindo a incidência de doenças e lesões, e favorecem a redução de custos com tratamentos veterinários, o que torna o processo de produção mais econômico. A integração de práticas sustentáveis, como o manejo adequado dos recursos naturais e a redução de impactos ambientais, é igualmente fundamental para garantir que as propriedades leiteiras se tornem mais responsáveis, tanto em termos sociais quanto ecológicos.
O treinamento contínuo de produtores e funcionários é outro aspecto crucial para o sucesso dessas práticas, pois garante a aplicação correta das estratégias de manejo e a otimização dos recursos disponíveis. Com o adequado conhecimento técnico, é possível maximizar os benefícios do enriquecimento ambiental, criando um ciclo produtivo mais eficiente e alinhado com as exigências do mercado, que cada vez mais valoriza produtos éticos e sustentáveis.
Portanto, o enriquecimento ambiental não é apenas uma medida de bem-estar animal, mas uma estratégia estratégica que integra saúde, produtividade e sustentabilidade, sendo fundamental para o futuro da bovinocultura leiteira. A adoção dessas práticas é um caminho promissor para a evolução do setor, criando uma produção mais responsável, competitiva e sustentável, que beneficia tanto os animais quanto os produtores e o meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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