BEAUTY OR HEALTH: THE USE OF WEIGHT LOSS MEDICATIONS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202507310551
Marcos Fellipe de Oliveira Leão
Orientadora: Profa. Dra. Magda Rogéria Pereira Viana
RESUMO
No Brasil e no mundo, a obesidade traz consigo muitos riscos à saúde do indivíduo. De acordo com o Ministério da Saúde, 52,3% da população brasileira apresenta excesso de peso, sendo isso um dado preocupante. O objetivo principal do trabalho é analisar, nas publicações, os motivos que levam ao uso de medicamentos para emagrecimento, e seus impactos na saúde física e mental dos indivíduos, assim como o papel da pressão estética na decisão pelo seu uso. E ainda como específicos: caracterizar os estudos que serão elencados para análise e verificar nas publicações, os medicamentos mais utilizados para o processo de emagrecimento. A busca dos artigos será realizada em sites oficiais como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e em bancos de dados como a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), a Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline), a Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Base de Dados de Enfermagem (BDEnf), utilizando-se os seguintes descritores: “Medicamentos”, “emagrecimento”; “Inibidores de apetite”; “perda de peso”; “Padrões estéticos” e “Saúde mental”, utilizando-se busca avançada com auxílio do operador booleano “AND” para combinar os descritores entre si. Os resultados deste estudo foram estruturados em duas etapas. A primeira etapa consiste na caracterização dos estudos empregados, enquanto a segunda parte aborda os objetivos da pesquisa, direcionadas à análise de produções científicas capazes de elucidar a questão central investigada. Essa abordagem metodológica permite uma organização sistemática e rigorosa dos achados facilitando a compreensão e interpretação dos resultados obtidos. Analisar essa temática é relevante para entender os impactos na saúde física e mental dos indivíduos, além de discutir os reais motivos que levam os indivíduos a utilizarem esses medicamentos, e que este estudo possa servir de base para a realização de outros que aprofundem uma temática considerada proeminente, uma vez que tem relação com a saúde da população que precisa de esclarecimentos sobre o assunto.
Palavras Chave: Saúde. Estética. Obesidade. Medicina.
ABSTRACT
In Brazil and worldwide, obesity poses many health risks to individuals. According to the Ministry of Health, 52.3% of the Brazilian population is overweight, which is a worrying fact. The main objective of this study is to analyze, in publications, the reasons that lead to the use of weight-loss medications and their impact on the physical and mental health of individuals, as well as the role of aesthetic pressure in the decision to use them. And also as specific objectives: to characterize the studies that will be listed for analysis and to verify in the publications the medications most used for the weight-loss process. The search for articles will be carried out on official websites such as the Virtual Health Library (BVS) and in databases such as the Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), the Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (Medline), the Scientific Electronic Library Online (SCIELO), and the Nursing Database (BDEnf), using the following descriptors: “Medications”, “weight loss”; “Appetite suppressants”; “weight loss”; “aesthetic standards” and “mental health”, using advanced search with the help of the Boolean operator “AND” to combine the descriptors. The results of this study were structured in two stages. The first stage consists of characterizing the studies used, while the second part addresses the objectives of the research, aimed at analyzing scientific productions capable of elucidating the central question investigated. This methodological approach allows a systematic and rigorous organization of the findings, facilitating the understanding and interpretation of the results obtained. Analyzing this theme is relevant to understand the impacts on the physical and mental health of individuals, in addition to discussing the real reasons that lead individuals to use these medications, and this study can serve as a basis for conducting others that delve deeper into a theme considered prominent, since it is related to the health of the population that needs clarification on the subject.
Keywords: Health. Aesthetics. Obesity. Medicine.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade hodierna valoriza intensamente a aparência física, especialmente em relação ao corpo magro, de modo que muitas pessoas buscam soluções rápidas para emagrecimento, como o uso de medicamentos, sejam fármacos ou fitoterápicos. Atrelado a isso, a obesidade e o sobrepeso são problemas de saúde pública, associados a diversas comorbidades, como doenças cardiovasculares e diabetes. Nesse contexto, surge uma tensão entre o uso de medicamentos para fins estéticos e sua utilização por razões de saúde (Lando; Martins; Clementino, 2018).
Quando se idealiza um corpo perfeito e tem-se o desejo constante de perder peso, em um período de tempo mínimo, o indivíduo busca as mais diversas formas para isso. Essa busca é motivada por fatores que se relacionam desde o extremo culto ao corpo, até a pressão promovida pela sociedade para que o indivíduo se emoldure nos padrões de beleza instituídos por ela, principalmente para as pessoas que convivem com a obesidade (Ribeiro; Camargo; Ravazzani, 2016).
No Brasil e no mundo, a obesidade traz consigo muitos riscos à saúde do indivíduo. De acordo com o Ministério da Saúde, 52,3% da população brasileira apresenta excesso de peso, sendo isso um dado preocupante (Brasil, 2022). O tratamento com medicamentos apenas não proporciona a cura da obesidade, fazendo-se necessário e imprescindível uma reeducação alimentar juntamente com uma prática de atividade física e, sobretudo, modificações em hábitos e no estilo de vida (Lando; Martins; Clementino, 2018).
Nessa modernidade midiática, a comunicação audiovisual atua diretamente na mente das pessoas e, com isso, constroem-se concepções muitas vezes irracionais acerca do culto à estética em prol de um corpo esbelto, sendo este considerado sinônimo de beleza (Lando; Martins; Clementino, 2018).
Assim, o foco do indivíduo é atingir esse padrão e, para tanto, utiliza-se de medicamentos os mais diversos que são apresentados como solução para emagrecer. Todavia, alguns dos produtos, vendidos para esse fim, contêm substâncias químicas que podem produzir dependência naqueles que os consomem de forma abusiva e também podem desencadear outros problemas de saúde (Alencar; Medeiros; Britto, 2020).
Vale ressaltar que há uma estreita relação entre os problemas de saúde gerados pela obesidade e a busca pelo corpo ideal. Uma vez que quando o indivíduo se encontra com um peso acima daquilo que se considera adequado para o seu porte físico, ele foge aos padrões e é taxado de “obeso”. Para resolver esse problema ele faz o uso de medicamentos diversos, os quais podem sobrecarregar o organismo trazendo prejuízos a sua saúde (Souza; Silva; Carvalho, 2010).
As pessoas usam medicamentos anoréxicos e outros tipos de medicamentos, tanto farmacológicos quanto fitoterápicos, que as façam perder peso, com a diminuição de apetite ou mesmo queima de calorias, para terem resultados rápidos, porém não atentam para os efeitos advindos desse uso. Acredita-se que o uso dessas medicações se deve aos problemas gerados pela obesidade bem como a questões de cunho estético relacionadas a um padrão de beleza a ser alcançado (Alencar; Medeiros e Britto, 2020).
Vale enfatizar que muitos dos medicamentos para emagrecer têm ação extremamente delicada no organismo, atuando no sistema nervoso central, no núcleo cerebral responsável pela fome, o hipotálamo, e seu uso indiscriminado pode colocar em risco a saúde e a qualidade de vida do paciente (Souza; Silva; Carvalho, 2010).
Diante desse contexto, este estudo tem como objeto, o uso de medicamentos para emagrecimento, contribuição para a beleza ou saúde. E como questão norteadora: Quais são os motivos que levam os indivíduos a utilizarem medicamentos para emagrecimento e como os fatores de saúde, estética e pressões sociais podem influenciar nessa decisão evidenciadas nas publicações científicas?
O objetivo principal do trabalho é analisar, nas publicações, os motivos que levam ao uso de medicamentos para emagrecimento, e seus impactos na saúde física e mental dos indivíduos, assim como o papel da pressão estética na decisão pelo seu uso. E ainda como específicos: caracterizar os estudos que serão elencados para análise e verificar nas publicações, os medicamentos mais utilizados para o processo de emagrecimento.
2 MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, que para Souza, Silva e Carvalho (2010), é considerada uma abordagem metodológica mais abrangente entre as revisões, com a inclusão de estudos tanto experimentais quanto não-experimentais, oportunizando a compreensão mais completa do fenômeno em análise. Dessa forma combina informações da literatura teórica e empírica, abrangendo diversos objetivos, como a definição de conceitos, a revisão de teorias e evidências, além da análise de questões metodológicas relacionadas a um tópico específico.
A busca dos artigos será realizada em sites oficiais como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e em bancos de dados como a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), a Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline), a Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Base de Dados de Enfermagem (BDEnf), utilizando-se os seguintes descritores: “Medicamentos”, “emagrecimento”; “Inibidores de apetite”; “perda de peso”; “Padrões estéticos” e “Saúde mental”, utilizando-se busca avançada com auxílio do operador booleano “AND” para combinar os descritores entre si.
Serão considerados os seguintes critérios para inclusão: artigos originais publicados em revistas científicas, nos últimos 5 anos, em língua portuguesa, inglesa e espanhola, que tenham relação com a temática proposta.
Serão considerados os seguintes critérios para exclusão: publicações não científicas, como artigos de opinião, notícias de jornais, postagens de blogs ou materiais sem revisão por pares; artigos de revisão; e estudos com informações redundantes em relação a outros trabalhos já incluídos ou que não possuam dados significativos ao tema.
Após a análise dos estudos selecionados, será realizada uma síntese dos principais achados. Em seguida, as informações serão organizadas para análise, que será realizada com a categorização dos dados, a partir da similaridade semântica dos estudos resultantes após os critérios de inclusão e exclusão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo foram estruturados em duas etapas. A primeira etapa consiste na caracterização dos estudos empregados, enquanto a segunda parte aborda os objetivos da pesquisa, direcionadas à análise de produções científicas capazes de elucidar a questão central investigada. Essa abordagem metodológica permite uma organização sistemática e rigorosa dos achados facilitando a compreensão e interpretação dos resultados obtidos.
3.1 Caracterização Dos Estudos Abordados
A caracterização dos estudos incluídos (N=22) revelou que na maioria, consistia em pesquisa quantitativa. A análise dos estudos obtidos caracterizou-se em bases de dados online, mostrou predominância de forma homogenia a base de dados BVS. Quanto ao tempo, o arranjo apontou a crescente publicação de estudos ao ano 2023. Houve predominância de estudos com a procedência da língua portuguesa (21). Logo, a análise descritiva das produções científicas abordadas, estão descritos na tabela 1.
Tabela 1 – Representação dos dados analisados.

Em sua maioria os estudos avaliaram a influência da exposição ao uso da semaglutida. Onde relataram as melhores formas de prevenção, métodos mais utilizados, mesmo dentro de outros títulos sempre abordando a forma preventiva, dentre outros temas semelhantes, como mostra o quadro abaixo.
Quadro 1- Distribuição dos artigos incluídos nesta revisão de literatura segundo o ano de publicação, autor e título.
ANO | AUTOR | TÍTULO |
2023 | ANDRADE, Bianca Sheila Conceição et al., | Vantagens e desvantagens da utilização do semaglutida no tratamento da obesidade: |
2023 | CADETE, Ana Carolina. | Atenção farmacêutica no uso indiscriminado de medicamentos antidiabéticos injetáveis para emagrecer |
2022 | CASTRO, Bruna Ribeiro et al., | Segurança e eficácia da semaglutida, liraglutida e sibutramina no auxílio do tratamento da obesidade. |
2023 | CONCEIÇÃO, Dalila et al., | Os riscos do uso indiscriminado de Ozempic para emagrecer: Com ênfase na sua comercialização. |
2023 | DIAS, A. K. M. N. et al. | O uso indiscriminado do medicamento Ozempic visando o emagrecimento |
2023 | FERREIRA, Sokoloski et al., | Farmacoterapia do emagrecimento: efeito rebote do uso off label da semaglutida. |
2021 | GONÇALVES, Larissa Souza dos Reis. | O uso off label de medicamentos para o tratamento da obesidade no Brasil. |
2021 | MEDEIROS, Cátia da Silva, | Uso de semaglutida como agente emagrecedor: uma revisão de literatura. |
2022 | MOTA, B. M.; ZANI, G. P.; SANTOS, R. S.; SIMÕES, T. I.; PAINEIRAS-DOMINGOS, L. L. | Obesidade e diabetes mellitus: uma revisão narrativa e o uso de ferramentas e tecnologias de informação em saúde. |
2021 | NASCIMENTO, Júlia Carrilho; LIMA, Wilkson Melquiades Glória; TREVISAN, Márcio. | A atuação do farmacêutico no uso da semaglutida (Ozempic) |
2023 | PAES, J.F.B.; FREITAS, D.; BRUM, H.C.C | Riscos da automedicação: avaliação da prática entre estudantes de um centro universitário do município de Pindamonhangaba-SP. |
2023 | PIMENTEL, Dayane Camilo et. al. | Eficácia e segurança da semaglutida (OZEMPIC®) no tratamento da Obesidade: |
2023 | PIRES, Sávio Pessoa et al. | Uso da semaglutida com fins emagrecedores por indivíduos não diabéticos. |
2022 | SABBÁ, Hanna Benayon Oliveira et al. | Ozempic (semaglutida) para tratamento da obesidade |
2022 | SENA, Gabriel Silva; FERREIRA, Juliana Barros. | Análise do perfil dos estudantes que consomem medicamentos antiobesidade |
2023 | SOUZA, Adriéllen da Silva et al. | A eficácia dos medicamentos semaglutida e liraglutida no tratamento da Obesidade |
2023 | TRABULSI, Rhamid Kalil et al. | As consequências clínicas do uso de Ozempic para tratamento da obesidade |
2023 | FANTAUS, Stephani Silva | Uso irracional de medicamentos: análise do conteúdo veiculado no TikTok sobre medicamentos e suplementos emagrecedores |
2022 | UNIOR, Vanilson Silva Costa; DE OLIVEIRA, Ana Lívia Rodrigues; AMORIM, Aline Teixeira. | Automedicação influenciada pela mídia no Brasil. |
2022 | TIMO, Ana Marcela Teodoro et al. | Uso de semaglutida no tratamento da obesidade/Use of semaglutide in the treatment of obesity. |
2023 | SAGRATZKI, Rebecka Marques Gomes et al. | O Risco De Intoxicação Pelo Uso Do Ozempic (Semaglutida) Em Pacientes Não Diabéticos. |
2023 | SCHEIBE, Bruna Eduarda Sprandel. | Avaliação Do Uso Off Label De Semaglutida Em Uma Farmácia No Interior Do Rio Grande Do Sul. |
Após análise das bibliografias estudadas, observou-se predomínio e semelhança de conteúdo em determinados temas, sendo os estudos agrupados nas seguintes categorias temáticas: corresponderam à categoria 1. Uso De Medicamentos Para Emagrecimento E Seus Impactos Na Saúde Física E Mental Dos Indivíduos 40% (dez artigos); Categoria 2. Medicamentos Mais Utilizados Para O Processo De Emagrecimento 30% (seis artigos) e a Categoria 3. O Papel Da Pressão Estética Na Decisão Pelo Uso De Medicamentos Para Emagrecimento, com 30% (seis artigos).
3.1 Uso De Medicamentos Para Emagrecimento E Seus Impactos Na Saúde Física E Mental Dos Indivíduos
A busca pelo corpo ideal tem sido cada vez mais influenciada por padrões estéticos impostos pela mídia e pela sociedade contemporânea. Esse ideal de magreza, muitas vezes inalcançável por métodos naturais, leva milhares de pessoas a adotarem práticas arriscadas em nome da aparência física. Uma das mais comuns é o uso de medicamentos para emagrecimento, que prometem perda de peso rápida e sem esforço. No entanto, essa alternativa pode trazer consequências sérias para a saúde física e mental (TIMO, 2022).
Embora existam casos em que o uso desses medicamentos seja indicado por médicos, principalmente em situações de obesidade com riscos clínicos, o uso recreativo ou estético vem se tornando mais frequente. Muitas vezes, os remédios são adquiridos sem prescrição, por meio da internet ou de indicações de conhecidos. Isso cria um cenário perigoso, no qual a automedicação é normalizada e os riscos são ignorados. A ilusão de resultados rápidos acaba mascarando os efeitos colaterais prejudiciais (SCHEIBE, 2023).
Entre os principais tipos de medicamentos usados para emagrecer estão os anorexígenos (que inibem o apetite), os termogênicos (que aceleram o metabolismo) e os laxantes ou diuréticos (que promovem a eliminação de líquidos e resíduos). Embora possam proporcionar uma perda de peso inicial, seu uso contínuo sem supervisão pode afetar gravemente órgãos como o coração, o fígado e os rins. Além disso, o emagrecimento obtido por esses meios é, na maioria das vezes, temporário e insustentável (SAGRATZK et al., 2022).
Fisicamente, o uso prolongado desses medicamentos pode causar taquicardia, hipertensão, insônia, dores de cabeça, problemas gastrointestinais, entre outros efeitos colaterais. Em casos mais graves, o abuso dessas substâncias pode levar a arritmias cardíacas, convulsões e até morte. O organismo passa a funcionar de forma sobrecarregada, o que compromete o equilíbrio fisiológico e favorece o aparecimento de doenças. Portanto, o corpo sofre um desgaste que, com o tempo, pode ser irreversível (TRABULSI, 2023).
Além dos efeitos físicos, os impactos psicológicos do uso de medicamentos para emagrecimento são igualmente preocupantes. O uso contínuo dessas substâncias pode desencadear transtornos como ansiedade, depressão, irritabilidade e alterações de humor. A dependência química também é um risco real, especialmente quando o usuário associa a substância à sua autoestima ou bem-estar. O estado emocional torna-se instável, afetando a qualidade de vida e as relações pessoais (PAES, 2023).
Outro fator agravante é o surgimento de distúrbios alimentares associados ao uso dessas substâncias. Muitas pessoas desenvolvem comportamentos obsessivos com o corpo e a alimentação, o que pode resultar em transtornos como anorexia, bulimia e compulsão alimentar. Ao invés de promover uma relação saudável com o corpo, esses medicamentos reforçam a insatisfação corporal e perpetuam ciclos destrutivos de emagrecimento e ganho de peso. A saúde mental, nesse processo, é profundamente comprometida (GONÇALVES, 2021).
A pressão estética também desempenha um papel determinante nessa questão. Redes sociais, celebridades e influenciadores contribuem para a disseminação de padrões corporais irreais e, muitas vezes, inalcançáveis sem intervenções artificiais. Esse ambiente digital cria um sentimento constante de inadequação, levando muitas pessoas a buscar alternativas rápidas como os remédios para emagrecer. O culto à magreza se transforma, assim, em um fator de risco à saúde pública (ANDRADE et al., 2023).
É importante destacar que, embora o emagrecimento seja necessário em alguns casos de obesidade, o caminho mais seguro e eficaz envolve mudanças no estilo de vida, alimentação balanceada e acompanhamento profissional. A medicalização do emagrecimento deve ser vista como uma medida extrema e pontual, não como solução padrão para problemas estéticos. A saúde deve ser o foco principal, e não apenas a aparência física (FANTAUS, 2023).
Médicos, nutricionistas e psicólogos têm um papel fundamental nesse processo. O trabalho em equipe entre esses profissionais permite que o indivíduo compreenda melhor suas necessidades e enfrente o processo de emagrecimento de forma saudável e equilibrada. Além disso, campanhas de conscientização e educação em saúde são essenciais para combater a desinformação e os perigos da automedicação (CADETE, 2023).
É preciso promover o autoconhecimento e a aceitação corporal.
Portanto, os impactos do uso de medicamentos para emagrecimento vão muito além da balança. Eles atingem profundamente o funcionamento do corpo e da mente, criando riscos que muitas vezes não são percebidos imediatamente. A busca pelo corpo ideal não pode se sobrepor à integridade física e emocional. O emagrecimento saudável deve respeitar os limites de cada indivíduo e ser construído com base na saúde, e não na estética (CONCEIÇÃO et al., 2023).
Diante desse contexto, este trabalho propõe uma reflexão crítica sobre o uso de medicamentos para emagrecimento e seus efeitos na saúde física e mental. É fundamental questionar até que ponto vale a pena arriscar o bem-estar em troca de um padrão corporal imposto. O debate deve envolver não apenas o campo da medicina, mas também aspectos sociais, culturais e psicológicos, visando a construção de uma abordagem mais humana e responsável sobre o emagrecimento (DIAS et al., 2023).
3.2 Medicamentos Mais Utilizados Para O Processo De Emagrecimento
O processo de emagrecimento tem sido, ao longo dos anos, acompanhado pelo uso de diferentes tipos de medicamentos, muitos deles prescritos com o objetivo de auxiliar pacientes obesos ou com sobrepeso a controlar o apetite e acelerar o metabolismo. Embora o uso desses remédios possa ser indicado em casos específicos, sua popularização como “solução rápida” gerou um mercado amplo e, muitas vezes, perigoso. Diversos medicamentos se destacam nesse cenário, com ações e efeitos variados (UNIOR et al., 2022).
Entre os mais conhecidos está a sibutramina, uma substância que age como inibidor da recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina. Ela promove sensação de saciedade, fazendo com que o paciente sinta menos fome e, consequentemente, consuma menos calorias. Apesar da sua eficácia em certos casos, a sibutramina pode provocar efeitos colaterais como insônia, aumento da pressão arterial, dores de cabeça e, em casos mais graves, problemas cardiovasculares (SOUZA et al., 2023).
Outro medicamento amplamente utilizado é o orlistate, que atua de maneira diferente da sibutramina. Em vez de agir sobre o sistema nervoso central, ele inibe a ação de enzimas responsáveis pela digestão e absorção de gorduras no intestino. Como resultado, parte da gordura ingerida é eliminada nas fezes. No entanto, o orlistate pode causar efeitos gastrointestinais desagradáveis, como diarreia, flatulência e dor abdominal, principalmente quando o consumo de gordura é elevado (SENA et al., 2022).
Os anorexígenos derivados de anfetaminas, como femproporex e dietilpropiona, também foram amplamente utilizados por muito tempo no Brasil. Esses medicamentos atuam diretamente no sistema nervoso central, suprimindo o apetite. Entretanto, devido ao seu alto potencial de causar dependência e efeitos psiquiátricos, muitos deles foram proibidos ou tiveram seu uso severamente controlado pela Anvisa. Seu uso sem acompanhamento médico é extremamente perigoso (PIRES et al., 2023).
Os chamados termogênicos, sejam em forma de medicamentos ou suplementos, também são populares entre pessoas que desejam perder peso rapidamente. Esses produtos aumentam a termogênese — o processo de geração de calor no corpo — elevando o gasto calórico. Muitas dessas substâncias contêm altas doses de cafeína, sinefrina ou outros estimulantes. Seu uso pode causar insônia, taquicardia, ansiedade e, em casos extremos, arritmias cardíacas. Outro tipo de medicamento que vem ganhando espaço no processo de emagrecimento são os análogos de GLP-1, como a liraglutida (comercializada como Saxenda). Originalmente criada para o tratamento do diabetes tipo 2, essa classe de medicamentos também se mostrou eficaz na redução do apetite e no controle do peso (SABBÁ et al., 2022).
A aplicação é feita por injeção subcutânea diária, e seus efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, vômitos e constipação.
Nos últimos anos, o uso da semaglutida (Ozempic), também da classe dos análogos de GLP-1, se tornou muito popular para fins estéticos. Embora tenha sido desenvolvida para controle do diabetes, seu efeito redutor do apetite levou muitas pessoas a utilizá-la exclusivamente para emagrecimento. Isso gerou debates sobre o uso ético desses medicamentos e a escassez para pacientes diabéticos, além dos riscos associados ao uso sem prescrição médica (PIMENTEL et al., 2023).
Além dos medicamentos legalmente comercializados, muitos indivíduos recorrem a fórmulas manipuladas ou a produtos vendidos ilegalmente como “emagrecedores naturais”, que muitas vezes contêm substâncias não informadas no rótulo. Esses produtos podem incluir diuréticos potentes, laxantes, estimulantes ou até anfetaminas ilegais, oferecendo sérios riscos à saúde. A falta de fiscalização adequada favorece o consumo desenfreado e perigoso desses compostos (ANDRADE et al., 2023).
É importante destacar que, apesar dos diferentes mecanismos de ação, nenhum medicamento para emagrecimento deve ser utilizado de forma isolada ou sem acompanhamento médico. Esses remédios, quando indicados, devem fazer parte de um tratamento multidisciplinar, incluindo acompanhamento nutricional, psicológico e a prática regular de atividades físicas. O foco deve estar na saúde e no bem-estar, e não apenas na perda de peso (PAES, 2023).
O uso de medicamentos para emagrecer envolve uma série de considerações clínicas, éticas e sociais. Embora alguns medicamentos ofereçam benefícios reais quando utilizados corretamente, o risco de automedicação e uso abusivo é alto. Cabe aos profissionais da saúde orientar adequadamente os pacientes e promover a conscientização sobre os perigos do uso indiscriminado desses produtos. O emagrecimento saudável deve ser sempre baseado em mudanças sustentáveis no estilo de vida (SCHEIBE, 2023).
3.3 O Papel Da Pressão Estética Na Decisão Pelo Uso De Medicamentos Para Emagrecimento
A sociedade contemporânea é fortemente influenciada por padrões estéticos que exaltam a magreza como sinônimo de beleza, sucesso e autocontrole. Essa visão limitada e muitas vezes irreal do corpo ideal afeta diretamente a autoestima das pessoas, especialmente de mulheres, que são o principal alvo dessas cobranças. Diante disso, muitas recorrem a soluções imediatas para perder peso, mesmo que isso envolva riscos à saúde (NASCIMENTO et al., 2021).
A pressão estética não se manifesta apenas por meio da mídia tradicional, como revistas e programas de TV, mas também ganhou força com as redes sociais. Plataformas como Instagram, TikTok e Facebook popularizaram imagens altamente editadas, corpos malhados e estilos de vida irreais. Influenciadores digitais muitas vezes promovem produtos emagrecedores sem respaldo científico, estimulando a crença de que a felicidade está diretamente ligada à forma física (MOTA et al., 2022).
Esse ambiente digital cria uma comparação constante, onde o indivíduo passa a se enxergar de maneira crítica e insatisfeita. A valorização de corpos magros e definidos gera sentimentos de inadequação, alimentando a ansiedade e a necessidade de mudanças imediatas. Assim, medicamentos para emagrecimento surgem como uma alternativa “rápida” para atender a esse ideal estético, mesmo quando não há uma real necessidade clínica (MEDEIROS et al., 2021).
A cultura do “corpo perfeito” também reforça a ideia de que o emagrecimento é uma questão de força de vontade, ignorando fatores biológicos, genéticos e emocionais que influenciam o peso corporal. Como resultado, quem não consegue emagrecer por meio de dieta e exercícios muitas vezes se sente fracassado e pressionado a buscar ajuda farmacológica. A pressão estética, portanto, atua como um gatilho psicológico para o uso de medicamentos (FERREIRA et al., 2023).
Outro aspecto preocupante é a romantização do uso de medicamentos como solução milagrosa. Celebridades e personalidades da internet relatam o uso de fármacos como a semaglutida ou sibutramina sem mencionar os efeitos colaterais, reforçando a ideia de que esses produtos são seguros e eficazes para todos. Isso leva muitas pessoas a usá-los por conta própria, sem prescrição ou acompanhamento profissional (CASTRO, et al., 2022).
Essa realidade afeta, inclusive, adolescentes e jovens adultos, que estão em fases de desenvolvimento físico e emocional. A insatisfação com o corpo desde cedo pode provocar transtornos alimentares, uso precoce de remédios para emagrecer e problemas de saúde mental como ansiedade, depressão e baixa autoestima. A pressão estética, nesse contexto, ultrapassa o campo estético e se torna um problema de saúde pública (PIMENTEL et al., 2023).
A indústria farmacêutica e o mercado estético também contribuem para essa lógica, ao promover soluções rápidas e lucrativas. Há um estímulo ao consumo de produtos que prometem emagrecimento sem esforço, o que enfraquece a busca por alternativas saudáveis e sustentáveis. O indivíduo é convencido de que precisa mudar seu corpo, mesmo que isso signifique colocar sua saúde em risco (UNIOR et al., 2022).
Combater a pressão estética envolve repensar os discursos sobre corpo e beleza que são perpetuados na sociedade. É necessário valorizar a diversidade corporal e promover a aceitação, entendendo que a saúde não está limitada a um padrão visual. Além disso, campanhas educativas e políticas públicas são essenciais para combater a automedicação e incentivar o acompanhamento profissional adequado (TRABULSI, 2023).
A pressão estética exerce um papel central na decisão pelo uso de medicamentos para emagrecimento. Alimentada por ideais inalcançáveis e reforçada por mídias e influenciadores, ela leva muitos indivíduos a recorrerem a soluções perigosas na tentativa de alcançar aceitação e pertencimento. Entender essa dinâmica é o primeiro passo para promover uma relação mais saudável com o próprio corpo e com a saúde em geral (PIRES et al., 2023).
4 CONCLUSÃO
Considerado que a utilização de medicamentos para emagrecimento, como inibidores de apetite, fármacos e fitoterápicos, vem crescendo significativamente nos últimos anos, estimulada tanto pela busca por padrões estéticos de beleza bem como por preocupações voltadas à saúde é que surgiu o desejo de abordar esse problema de saúde pública mundial, por ser considerado por entender a importância de se apoderar de conhecimentos científicos que versam sobre o uso de medicamentos para promover o emagrecimento, sendo este uma realidade vivenciada pelo pesquisador em suas relações familiares e fraternas.
Analisar essa temática é relevante para entender os impactos na saúde física e mental dos indivíduos, além de discutir os reais motivos que levam os indivíduos a utilizarem esses medicamentos, e que este estudo possa servir de base para a realização de outros que aprofundem uma temática considerada proeminente, uma vez que tem relação com a saúde da população que precisa de esclarecimentos sobre o assunto.
REFERÊNCIAS
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ANDRADE, Bianca Sheila Conceição et al., 2023. Vantagens e desvantagens da utilização do semaglutida no tratamento da obesidade: uma revisão da literatura. Peer Review, Vol. 5, Nº 23, 2023.
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CASTRO, Bruna Ribeiro et al., 2022. Segurança e eficácia da semaglutida, liraglutida e sibutramina no auxílio do tratamento da obesidade. Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação– REASE 2022.
CONCEIÇÃO, Dalila et al., 2023. Os riscos do uso indiscriminado de Ozempic para emagrecer: Com ênfase na sua comercialização. Ânima educação Jun-2023.
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1Graduando de Medicina da Faculdade CET.
2Professor, Doutor da Faculdade CET