AVANÇOS RECENTES NO DIAGNÓSTICO PRECOCE E TRATAMENTO DO HIV: UMA REVISÃO DE LITERATURA

RECENT ADVANCES IN EARLY DIAGNOSIS AND TREATMENT OF HIV: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10811218


Eduardo Alves Tivanello1
Enzo Bach Pellizzon2
Paulo Henrique Almendra Andrade3
Antonio Cezar Cordeiro da Silva4
Dr. Stênio Alves Leite de Andrade5


Resumo

Este estudo investiga os avanços recentes no diagnóstico precoce e tratamento do HIV, sublinhando a transformação da infecção por HIV de uma fatalidade para uma condição gerenciável devido ao progresso nas terapias antirretrovirais (ARVs). Desde a identificação do HIV na década de 1980, a pesquisa contínua resultou em melhorias significativas, especialmente em diagnóstico e tratamento, apesar dos desafios apresentados por novas cepas virais e resistência a medicamentos. A pesquisa justifica-se pela necessidade de aperfeiçoar continuamente as estratégias de diagnóstico e tratamento para não apenas melhorar a qualidade de vida dos indivíduos infectados, mas também para reduzir a incidência global de HIV. Utilizando uma abordagem sistemática para revisar literatura entre 2020 e 2024, este trabalho enfoca inovações em testes diagnósticos, como testes de quarta geração e auto testes de HIV, que promovem um diagnóstico mais rápido e o início do tratamento. Além disso, examina o progresso em regimes ARVs, incluindo terapias de ação prolongada que melhoram a adesão ao tratamento. O estudo enfatiza a importância da personalização do tratamento, guiada pela monitorização da carga viral e perfis de resistência, para otimizar os cuidados com o HIV. Contudo, ressalta os desafios persistentes como a resistência aos medicamentos e a necessidade de terapias acessíveis. A conclusão aponta para avanços significativos na gestão do HIV/AIDS, mas reconhece a importância da inovação contínua e da cooperação internacional para superar os desafios remanescentes, visando a erradicação futura da epidemia.

Palavras-chave: HIV. Diagnóstico Precoce. Terapia Antirretroviral. Resistência a Medicamentos. Inovação.

1   INTRODUÇÃO

A epidemia de HIV/AIDS representa um dos mais desafiadores problemas de saúde pública globalmente, desencadeando esforços incessantes em pesquisa e desenvolvimento para seu enfrentamento. Desde a sua identificação na década de 1980, a doença tem sido objeto de extensas investigações, resultando em avanços significativos tanto no diagnóstico quanto no tratamento. No entanto, apesar dos progressos alcançados, o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz do HIV continuam sendo áreas críticas que necessitam de atenção contínua, especialmente diante do surgimento de novas cepas virais e do desafio contínuo da resistência aos medicamentos (Lousada, 1976).

A importância do diagnóstico precoce reside na sua capacidade de reduzir a transmissão do vírus e melhorar significativamente o prognóstico dos indivíduos infectados. Nesse contexto, o desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico avançadas e sua implementação em larga escala têm sido focos de pesquisa intensiva (Nogueira & Ramos, 1987). Paralelamente, o tratamento do HIV tem evoluído drasticamente com a introdução de regimes terapêuticos antirretrovirais (ARV) que transformaram a infecção por HIV de uma sentença de morte em uma condição gerenciável cronicamente (Araújo, Nogueira & Ramos, 1997). Apesar desses avanços, questões como a adesão ao tratamento, os efeitos colaterais a longo prazo e a necessidade de terapias mais acessíveis e menos tóxicas permanecem como desafios significativos (Carvalho et al., 2010).

O presente estudo visa explorar os avanços recentes no diagnóstico precoce e tratamento do HIV, com o objetivo de identificar as principais inovações e avaliar seu impacto na gestão da epidemia. Essa pesquisa justifica-se pela necessidade contínua de aprimorar as estratégias de diagnóstico e tratamento, visando não apenas melhorar a qualidade de vida dos indivíduos infectados, mas também reduzir a incidência global do HIV. Além disso, considerando a rápida evolução do vírus e o surgimento de novos desafios, é fundamental que a pesquisa na área continue avançando, de modo a antecipar e responder eficazmente às necessidades emergentes.

Os objetivos específicos deste estudo incluem: (1) analisar os desenvolvimentos recentes em testes diagnósticos para a detecção precoce do HIV, (2) examinar os avanços nos regimes terapêuticos antirretrovirais e sua eficácia na supressão viral e na melhoria dos resultados clínicos, e (3) identificar os principais desafios e oportunidades para futuras pesquisas na área.

Portanto, este trabalho busca contribuir para o corpo de conhecimento existente, fornecendo uma visão abrangente dos progressos recentes e dos desafios persistentes no campo do diagnóstico e tratamento do HIV. Através desta pesquisa, espera-se não apenas avançar na compreensão científica, mas também oferecer insights que possam orientar políticas públicas e práticas clínicas na luta contínua contra a epidemia de HIV/AIDS.

2   FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1  Avanços em tecnologias de diagnósco precoce de HIV 

O diagnóstico precoce do HIV é fundamental para melhorar os resultados clínicos dos pacientes e reduzir a transmissão do vírus. Com os avanços tecnológicos recentes, as metodologias de diagnóstico têm visto melhorias significativas em sensibilidade, especificidade e acessibilidade. Um dos avanços mais notáveis é o desenvolvimento de testes de quarta geração, que são capazes de detectar simultaneamente anticorpos contra o HIV e o antígeno p24. Esses testes reduzem a janela diagnóstica para aproximadamente duas a três semanas após a exposição, permitindo uma identificação mais rápida da infecção e, consequentemente, um início mais precoce do tratamento.

Além dos testes de quarta geração, os testes rápidos e os autotestes de HIV representam outro marco significativo. Eles oferecem a vantagem de serem fáceis de usar e proporcionarem resultados quase imediatos, o que é especialmente importante em áreas com recursos limitados ou para indivíduos que podem enfrentar barreiras ao acesso ao sistema de saúde convencional. A implementação desses testes tem potencial para aumentar significativamente as taxas de diagnóstico precoce, ao tornar o teste mais acessível e menos estigmatizante.

A inovação tecnológica na detecção do HIV também inclui o uso de plataformas de sequenciamento de próxima geração (NGS) e diagnósticos baseados em biomarcadores. Essas tecnologias avançadas permitem não apenas a detecção precoce do HIV, mas também a identificação de subtipos virais e perfis de resistência aos medicamentos, facilitando a personalização do tratamento. Embora ainda em estágios relativamente iniciais de implementação clínica, essas abordagens prometem transformar o diagnóstico do HIV, tornando-o mais preciso e informativo.

Contudo, apesar desses avanços, ainda existem desafios significativos que precisam ser abordados. Questões como a integração dessas novas tecnologias nos sistemas de saúde existentes, a garantia de sua acessibilidade financeira e a necessidade de treinamento adequado para profissionais de saúde são cruciais para a eficácia dessas inovações. Além disso, a sensibilização e educação da população sobre a importância do diagnóstico precoce e a utilização desses novos métodos de teste são fundamentais para maximizar seu impacto.

2.2   Evolução dos Regimes Terapêuticos Antirretrovirais 

A trajetória dos regimes terapêuticos antirretrovirais (ARVs) representa uma das histórias de sucesso mais notáveis na medicina moderna, transformando o HIV/AIDS em uma sentença de morte em uma condição gerenciável a longo prazo. Inicialmente, a terapia antirretroviral de alta eficácia (HAART) revolucionou o tratamento do HIV, combinando múltiplos ARVs para suprimir o vírus, melhorar a função imunológica dos pacientes e reduzir a mortalidade e morbidade associadas ao HIV/AIDS. Esses regimes baseiam-se na utilização estratégica de diferentes classes de medicamentos para atacar o vírus em várias etapas de seu ciclo de vida, maximizando a eficácia do tratamento e minimizando as chances de resistência viral.

Nos últimos anos, testemunhamos o desenvolvimento e a aprovação de tratamentos de ação prolongada, uma inovação significativa para pessoas vivendo com HIV. Esses novos regimes terapêuticos, administrados por injeções mensais ou bimestrais, prometem melhorar a adesão ao tratamento ao reduzir a necessidade de ingestão diária de comprimidos. Esta evolução é particularmente relevante para pacientes que enfrentam dificuldades com regimes complexos ou que desejam maior discrição em seu tratamento, potencializando uma melhora na qualidade de vida e na gestão da condição a longo prazo.

Além disso, a personalização do tratamento, guiada pela monitorização da carga viral e pelo perfil de resistência aos medicamentos, tem se mostrado um componente crítico na otimização dos cuidados com o HIV. Esta abordagem permite aos médicos ajustar os regimes terapêuticos de acordo com as necessidades individuais dos pacientes, melhorando a eficácia do tratamento e minimizando os efeitos colaterais. A capacidade de adaptar o tratamento não apenas melhora os resultados clínicos, mas também aborda as preocupações dos pacientes, tornando a gestão do HIV mais centrada no paciente.

No entanto, apesar dos avanços, existem desafios contínuos. A resistência aos medicamentos permanece uma preocupação significativa, exigindo o desenvolvimento contínuo de novos ARVs e a vigilância constante dos padrões de resistência. Além disso, a acessibilidade e a distribuição equitativa desses tratamentos avançados são críticas, especialmente em países de baixa e média renda, onde o fardo do HIV é mais pesado. A necessidade de superar barreiras econômicas e infraestruturais para garantir que todos os indivíduos vivendo com HIV tenham acesso a tratamentos eficazes é fundamental para o sucesso global da resposta à epidemia.

2.3   Desafios e Perspectivas Futuras no Combate ao HIV 

À medida que a luta contra o HIV/AIDS avança, enfrentamos um panorama complexo de desafios e oportunidades. A resistência aos antirretrovirais (ARVs) surge como um dos obstáculos mais significativos, ameaçando minar os progressos alcançados no tratamento do HIV. A resistência desenvolve-se quando o vírus muta, reduzindo a eficácia dos medicamentos. Este fenômeno não só compromete a saúde do indivíduo afetado, mas também aumenta o risco de transmissão de cepas resistentes, exigindo uma constante evolução dos regimes terapêuticos e uma vigilância epidemiológica rigorosa.

Neste contexto, a pesquisa por vacinas e abordagens de cura para o HIV representa um campo de esperança e intensa atividade científica. Embora a busca por uma vacina eficaz tenha enfrentado numerosos desafios, avanços recentes em técnicas de bioengenharia e imunologia oferecem novas perspectivas. Simultaneamente, estratégias inovadoras, como a terapia genética e o uso de agentes de latência-reversão, estão sendo exploradas como caminhos potenciais para uma cura funcional ou esterilizante. Estes avanços não só têm o potencial de transformar o manejo do HIV, mas também de oferecer uma esperança tangível para o fim da epidemia.

Além dos avanços científicos e médicos, os aspectos sociais e econômicos do combate ao HIV exigem atenção igualmente crítica. O estigma associado ao HIV/AIDS continua sendo uma barreira significativa para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz, limitando o acesso aos cuidados de saúde e diminuindo a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Além disso, a desigualdade no acesso aos tratamentos avançados permanece uma questão premente, especialmente em regiões de baixa e média renda, onde a prevalência do HIV é mais alta. Abordar esses desafios sociais e econômicos é essencial para uma resposta global eficaz à epidemia.

Diante desses desafios, a necessidade de inovação contínua e cooperação internacional é clara. O desenvolvimento de políticas de saúde pública que promovam a equidade no acesso ao diagnóstico e tratamento, juntamente com a implementação de programas de educação e sensibilização, são fundamentais para superar o estigma e as disparidades. Além disso, o fortalecimento da pesquisa e desenvolvimento de novas terapias, vacinas e estratégias de cura, sustentadas por uma colaboração global robusta, é crucial para avançar na luta contra o HIV/AIDS.

3   METODOLOGIA 

A metodologia adotada para esta revisão de literatura exploratória e descritiva segue uma abordagem sistemática, visando identificar, avaliar e sintetizar os avanços recentes no diagnóstico precoce e tratamento do HIV. O estudo abrange uma análise de publicações entre 2020 e 2024, selecionadas com base na sua relevância para o tema em questão, considerando textos em inglês, português e espanhol. As bases de dados consultadas para a coleta de dados incluem SCIELO, PubMed, EBSCO e UpToDate, escolhidas por sua ampla cobertura de literatura científica nas áreas de ciências da saúde, biomedicina e ciências da vida.

Para a inclusão na revisão, foram selecionados estudos de revisão sistemática, meta-análises e estudos clínicos randomizados controlados, com exclusão de artigos publicados fora do período estipulado, trabalhos que não se enquadram nos tipos de estudo definidos como critérios de inclusão, e documentos em idiomas diferentes dos especificados. A estratégia de busca empregou uma combinação de palavras-chave relevantes, como “HIV”, “AIDS”, “diagnóstico precoce”, “tratamento antirretroviral”, “avanços”,  com o objetivo de filtrar estudos pertinentes disponíveis em texto completo.

O processo de seleção dos estudos seguiu duas etapas principais: inicialmente, uma revisão dos títulos e resumos para descartar os estudos não elegíveis, seguida pela leitura completa dos textos selecionados para uma avaliação detalhada, de acordo com os critérios de inclusão estabelecidos. As principais informações extraídas de cada estudo incluíram os nomes dos autores, o ano de publicação, a metodologia empregada, a população estudada, os principais achados e as conclusões.

A análise dos dados coletados foi conduzida de forma qualitativa, sintetizando as informações para destacar os desenvolvimentos significativos, as tendências atuais e as lacunas existentes na pesquisa sobre diagnóstico precoce e tratamento do HIV. Esta abordagem metodológica assegura uma compreensão abrangente dos avanços no campo, além de facilitar a identificação de áreas que necessitam de investigação futura.

Considerações éticas pertinentes à revisão de literatura baseada em fontes secundárias foram respeitadas, priorizando a correta atribuição de créditos e referências conforme os padrões acadêmicos estabelecidos. Esta metodologia detalhada visa não apenas elucidar os procedimentos adotados para a realização deste estudo, mas também possibilitar a replicação da pesquisa, contribuindo assim para a continuidade do avanço científico na área do HIV/AIDS.

4   ANÁLISE DOS DADOS

TítuloAutor (es)AnoObjevo (o)Resultado (s)
Fatores associados à adesão à Terapia Antirretroviral em adultos: revisão integrativa de literatura (CARVALHO et al., 2019)2019Avaliar os fatores associados à adesão à Terapia Antirretroviral(TARV) em adultos com HIV/AIDS, utilizando uma revisão integrativa da literatura e a estratégia PICO.Identificação de uma ampla variação nas definições e medidas de adesão à TARV, além de diversos fatores associados à adesão, categorizados em variáveis individuais, características do tratamento, da infecção, relação com o serviço de saúde e apoio social. Destaca-se a necessidade de caracterização do perfil dos usuários, sistematização das medidas de adesão e avaliação regional dos fatores associados para aprimorar a detecção precoce da não adesão e desenvolver planos de intervenção efetivos.
Nova medida de desfecho relatada pelo paciente para avaliar barreiras percebidas à adesão à terapia antirretroviral: a escala PEDIA (ALMEIDA-BRASIL et al., 2019)2019Desenvolver e avaliar a escala Perceived Barriers to Antiretroviral Therapy Adherence (PEDIA) como uma nova medida de desfecho relatada pelo paciente para identificar barreiras percebidas à adesão à terapia antirretroviral (TARV).A versão final do PEDIA, com 18 itens e três dimensões (problemas cognitivos e de rotina, medicação e preocupações com a saúde, medos e sentimentos do paciente), demonstrou consistência interna, estabilidade temporal e capacidade preditiva de não adesão. Indica-se que o PEDIA é um instrumento psicometricamente adequado para a avaliação de barreiras percebidas à adesão à TARV, útil tanto em pesquisa quanto na prática clínica para identificar pacientes em risco de não adesão e barreiras modificáveis.
Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecção pelo HIV em adolescentes e adultos. (PINTO NETO etal., 2021)2021Divulgar as diretrizes do “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis” de 2020 pelo Ministério da Saúde do Brasil, focando na importância do conhecimento dos sinais e sintomas da infecção pelo HIV, diagnóstico, tratamento adequado, manejo de comorbidades e prevenção de complicações.A infecção pelo HIV é tratada como uma doença crônica, com a recomendação de iniciar o tratamento em todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente de critérios clínicos ou imunológicos. A simplificação do tratamento com medicamentos de primeira linha mais toleráveis facilita sua implementação, inclusive na Atenção Primária à Saúde, enfatizando a abordagem de comorbidades e a prevenção de neoplasias e outras complicações.
Tratamento antirretroviral: adesão e a influência da depressão em usuários com HIV/Aids atendidos na atenção primária (COUTINHO; O’DWYER;FROSSARD,2018)2018Investigar a interferência da depressão na adesão ao tratamento antirretroviral em pacientes com HIV, utilizando uma multi abordagem que inclui entrevista aberta e o Inventário de Depressão de Beck.Não se confirmou a relação direta entre depressão e não adesão ao tratamento ,apesar de uma prevalência de depressão de 22,24% na amostra estudada. Identificaram-se o medo do estigma social e os efeitos adversos dos medicamentos como fatores que influenciam na dificuldade de adesão ao tratamento. Destacou-se a importância de uma rede social de proteção e a necessidade de estabelecer uma rede de cuidados para os pacientes.
Aspectos epidemiológicos e clínicos de pacientes infectados por HIV(LOPES et al., 2020)2020Atualizar informações sobre o HIV/AIDS, focando no agente etiológico, epidemiologia, fisiopatologia, perfil hemograma do paciente e tratamento, através de um estudo descritivo-retrospectivo e qualitativo baseado em dados de artigos em português das plataformas Medline e SciELO, de janeiro de 2016 a abril de 2018.O estudo destaca um aumento nos diagnósticos de HIV de 2012 a 2016 e na quantidade de pessoas em tratamento, especialmente no Nordeste do Brasil, onde se observou o maior número de novos casos. A AIDS é a quinta causa de morte entre adultos, principalmente mulheres de 15 a 49 anos. Este trabalho busca contribuir com a com preensão ampliada do HIV/AIDS, abrangendo desde a sua causa até as opções de tratamento disponíveis.
O “segredo” sobre o diagnóstico de HIV/Aids na Atenção Primária à Saúde (SCIAROTTA et al., 2021)2021Investigar a descentralização do cuidado de pessoas vivendo com HIV/Aids(PVHA) na cidade do Rio de Janeiro, com foco na manutenção do sigilo, por meio de entrevistas, grupos focais e observação participante em unidades de Atenção Primária à Saúde(APS), adotando uma abordagem socio antropológica.O estudo destacou os desafios do sigilo para as PVHA, incluindo a gestão desse sigilo por profissionais de saúde da APS e suas repercussões nas práticas de cuidado. Os agentes comunitários de saúde foram identificados como tendo uma posição única nesse contexto. A pesquisa revelou as implicações da estrutura territorial da APS brasileira no cuidado às PVHA, indicando que, embora possa ampliar o acesso ao tratamento, também aumenta o risco de violação do sigilo. Isso sublinha a importância do manejo adequado do sigilo para combater o estigma e melhorar o cuidado prestado às PVHA.
O diagnóstico do HIV/aids em homens heterossexuais: a surpresa permanece mesmo após mais de 30 anos de epidemia (KNAUTH et al., 2020)2020Objetivo: Analisar as circunstâncias e estratégias através das quais homens heterossexuais no Brasil descobrem o diagnóstico de HIV, destacando os caminhos percorridos e os atores sociais envolvidos no processo de diagnóstico, baseando-se em um a pesquisa qualitativa com 36 homens vivendo com HIV/aids que não se identificam como homossexuais ou bissexuais.Os homens heterossexuais, representando 49% dos casos de HIV, muitas vezes se veem como imunes ao vírus, com o diagnóstico sendo um evento inesperado. Mulheres, tanto parceiras quanto ex-parceiras, desempenham um papel crucial no diagnóstico masculino, frequentemente através do pré-natal ou ao revelarem sua própria condição de HIV positivo. Alguns homens descobrem ser soropositivos devido a doenças associadas, como tuberculose, ou após múltiplas visitas a serviços de saúde. A testagem espontânea é rara e geralmente motivada pela identificação de possíveis sinais de contaminação. A pesquisa destaca a falta de oportunidades de diagnóstico específicas para homens heterossexuais e a vulnerabilidade programática que transcende as questões de gênero.
Sobre o presente e o futuro da epidemia HIV/Aids: a prevenção combinada em questão (LUCAS;BÖSCHEMEIER;SOUZA, 2023)2023Analisar o estágio atual da epidemia de HIV/Aids no Brasil, confrontando dados oficiais de estabilização com perspectivas de emergência apontadas por pesquisadores e organismos internacionais, e avaliar a eficácia das estratégias de prevenção adotadas, utilizando entrevistas e pesquisa documental, com base nos conceitos da sociologia das emergências e ecologia de saberes.O estudo identificou a prevenção como o aspecto mais negligenciado no cuidado com HIV/Aids, destacando divergências entre expectativas de instituições e atores locais quanto à erradicação da epidemia. Concluiu-se pela insuficiência do modelo de Prevenção Combinada do Ministério da Saúde, propondo uma alternativa gráfica baseada nas possibilidades surgidas do diálogo entre narrativas oficiais, globais e locais, visando aprimorar a resposta à epidemia.
Novas estratégias terapêuticas antirretrovirais para o HIV (CUNHA et al., 2021)2021Revisar os avanços no tratamento da infecção pelo HIV desde a sua identificação na década de1980, destacando os desafios associados à resistência viral e aos reservatórios do vírus, bem como as inovações recentes em terapias antirretrovirais, incluindo estudos clínicos defase III, sistemas avançados de nanoliberação de fármacos, e o desenvolvimento de novos medicamentos e estratégias de administração.Embora a terapia antirretroviral combinada tenha se mostrado eficaz em reduzir a carga viral a níveis indetectáveis, enfrenta-se desafios como efeitos colaterais, alta frequência de administração e resistência aos medicamentos. Inovações como a alteração da via de administração de antirretrovirais e a aplicação da nanotecnologia para melhorar a solubilidade, bio distribuição e liberação de fármacos estão superando alguns desses obstáculos, indicando progressos significativos no tratamento da HIV/AIDS.
Eficácia e segurança comparativas da terapia antirretroviral de primeira linha para o tratamento da infecção pelo HIV: uma revisão sistemática e metanálise em rede (KANTERS et al., 2016)2016Comparara a segurança e eficácia da terapia antirretroviral de primeira linha para tratamento da infecção pelo HIV Em uma grande análise de rede envolvendo 5865 citações e 126 artigos sobre 71 ensaios com 34.032 pacientes, foi encontrada maior eficácia dodolutegravir e raltegravir em comparação ao efavirenz para a supressão viral em 48 semanas. Efavirenz em baixas doses mostrou eficácia semelhante aos outros tratamentos, mas com menor risco de interrupções devido a eventos adversos. Dolutegravir se destacou como o mais protetor contra interrupções, seguido por efavirenz em baixas doses. A análise foi limitada por dados insuficientes sobre eventos adversos graves e por baixas taxas de mortalidade e doenças definidoras de AIDS.
Uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas vivendo com HIV/AIDS e adesão ao Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (BROJAN et al., 2020)2020Descrever os esquemas de tratamento antirretroviral prescritos e sua conformidade com o Protocolo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde para o manejo da infecção pelo HIV.Descrever os esquemas de tratamento antirretroviral prescritos e sua conformidade com o Protocolo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde para o manejo da infecção pelo HIV.
Atualização e últimos avanços na terapia antirretroviral (MENÉNDEZARIAS;DELGADO,2022)2022Apresentar uma visão geral dos medicamentos anti-HIV disponíveis, destacando os avanços nas terapias antirretrovirais, incluindo novos agentes que atuam em alvos conhecidos e inexplorados, terapias de prevenção, e pesquisa em terapias de ação prolongada, com ênfase em candidatos como lenacapavir e islatravir.As terapias combinadas transformaram a infecção pelo HIV-1 em uma doença crônica controlável, mas enfrentam desafios de toxicidade e resistência. A revisão destaca os progressos na área, apontando para o desenvolvimento de novos medicamentos antirretrovirais e terapias inovadoras, visando melhorar a eficácia, reduzir a toxicidade e combater a resistência.
Medicamentos Antirretrovirais para Tratamento e Prevenção da Infecção pelo HIV em Adultos: Recomendações 2020 do Painel da Sociedade Internacional de Antivirais-EUA (SAAG et al., 2020)2020Avaliar novos dados e incorporá-los às recomendações atuais para iniciar a terapia contra o HIV, monitorar indivíduos que iniciam a terapia, mudar regimes, prevenir a infecção pelo HIV para aqueles em risco e considerações especiais para pessoas idosas com HIV.Os avanços na prevenção e manejo do HIV com medicamentos antirretrovirais continuam a melhorar o cuidado clínico e os resultados entre indivíduos em risco para e com HIV.

5   CONCLUSÃO

A análise detalhada dos estudos sobre HIV/AIDS e suas terapias revela progressos significativos na compreensão e manejo da doença. As pesquisas destacam a importância da adesão à Terapia Antirretroviral (TARV), revelando uma variação nas definições e medidas de adesão, além de identificar fatores críticos que influenciam essa adesão. O desenvolvimento e avaliação de novas ferramentas, como a escala PEDIA, contribuem para uma melhor identificação das barreiras à adesão, permitindo intervenções mais eficazes. As diretrizes atualizadas enfatizam a abordagem de comorbidades e a simplificação do tratamento, facilitando sua implementação e melhorando o cuidado integral às pessoas vivendo com HIV/AIDS.

 Além disso, os estudos apontam para o desafio contínuo da toxicidade, da resistência adquirida e transmitida, e a necessidade de novas estratégias terapêuticas, incluindo terapias de ação prolongada e o uso da nanotecnologia para superar obstáculos de design de formulações. As conclusões indicam que, embora tenha havido avanços significativos no tratamento e na gestão da HIV/AIDS, ainda existem desafios importantes a serem superados, como a necessidade de melhorar a adesão à TARV, desenvolver terapias inovadoras e enfrentar as barreiras socioeconômicas e culturais ao cuidado.

 Estes estudos contribuem para a base de conhecimento necessária para orientar futuras pesquisas, políticas públicas e práticas clínicas, visando a erradicação da epidemia de HIV/AIDS.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA-BRASIL, C. C. et al. New patient-reported outcome measure to assess perceived barriers to antiretroviral therapy adherence: the PEDIA scale. Cadernos de saúde pública, v. 35, n. 5, 2019.

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CARVALHO, P. P. et al. Fatores associados à adesão à Terapia Antirretroviral em adultos: revisão integrativa de literatura. Ciência & saúde coletiva, v. 24, n. 7, p. 2543–2555, 2019.

COUTINHO, M. F. C.; O’DWYER, G.; FROSSARD, V. Tratamento antirretroviral: adesão e a influência da depressão em usuários com HIV/Aids atendidos na atenção primária. Saúde em Debate, v. 42, n. 116, p. 148–161, 2018.

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SCIAROTTA, D. et al. O “segredo” sobre o diagnóstico de HIV/Aids na Atenção Primária à Saúde. Interface, v. 25, 2021.


1Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas e-mail: edutivanello@gmail.com
2Discente do Curso Superior Medicina do Centro Universitário São Lucas e-mail: pellizzonenzo@gmail.com
3Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas e-mail: Ph09833@outlook.com
4Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas e-mail: Tonicordeiro15@gmail.com
5Docente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas e-mail: dr.stenioandrade@gmail.com