REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8253278
Natanael Falquetto de Sá Raposa, Renata Ninni Yano, Mateus Alves Neiva, Marcos Mesquita Serva Spressão, Ruan Pablo Duarte Freitas, Eduardo Mesquita Serva Spressão, Laís Maia Santana Azevedo, Vinicius Silva dos Remédios, Hilda Maria Caldeira Sanches, Amanda Carvalho Lima.
INTRODUÇÃO: A osteocondrite dissecante (OCD) é uma patologia articular que afeta principalmente jovens, causando danos à cartilagem e ao osso subcondral. Essa condição pode levar a sintomas debilitantes e afetar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Estudos têm demonstrado um aumento na incidência de OCD em jovens brasileiros, ressaltando a necessidade de aprofundar a compreensão dessa condição no contexto nacional. OBJETIVO: O objetivo deste artigo é analisar os avanços, desafios e perspectivas relacionados à osteocondrite dissecante no Brasil, com base em artigos científicos publicados nos últimos 10 anos. A intenção é fornecer informações atualizadas e relevantes para profissionais de saúde, pesquisadores e pacientes. METODOLOGIA: A metodologia adotada consiste em uma revisão de literatura, utilizando descritores encontrados no DeCS e no MeSH para a busca de artigos nas bases de dados PubMed, SciELO e LILACS. Foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão, e os artigos selecionados foram analisados quanto a informações relevantes sobre a OCD no Brasil, incluindo aspectos clínicos, epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. RESULTADOSEDISCUSSÃO: Os resultados da revisão indicam que a OCD é uma condição relativamente comum no Brasil, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens. A prevalência varia entre os estudos, mas sugere-se que a OCD está presente em uma proporção significativa de pacientes com lesões no joelho. Fatores de risco, como idade, gênero, atividade física intensa e predisposição genética, desempenham um papel importante no desenvolvimento da OCD. A etiologia da OCD envolve distúrbios vasculares, alterações na matriz extracelular da cartilagem, desequilíbrios no processo de remodelação óssea e fatores genéticos. Os fatores de risco identificados incluem trauma repetitivo ou agudo, hereditariedade, características anatômicas da articulação, desequilíbrios biomecânicos, prática de atividades físicas intensas e excesso de peso. CONCLUSÃO:A compreensão da OCD no Brasil é essencial para o aprimoramento do manejo clínico e a promoção da saúde articular dos jovens brasileiros. Esta revisão da literatura destaca os avanços, desafios e perspectivas relacionados à OCD, fornecendo informações relevantes para profissionais de saúde, pesquisadores e pacientes.
PALAVRAS-CHAVE: Osteocondrite dissecante; Avanços; Desafios.
INTRODUÇÃO
A osteocondrite dissecante (OCD) é uma patologia articular que afeta principalmente jovens, caracterizada pela interrupção do suprimento sanguíneo para o osso subcondral, resultando na formação de lesões cartilaginosas e fragmentação do osso adjacente (Barros, Pires & Barros Filho, 2017; Silva et al., 2015). Essa condição pode levar a sintomas debilitantes, como dor, inchaço e restrição de movimento, afetando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados (Silva et al., 2015; Araújo, Astur, Cunha & Cohen, 2017).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado um aumento na incidência de OCD em jovens brasileiros, destacando a importância de se aprofundar na compreensão dessa condição e de suas particularidades no cenário nacional (Araújo et al., 2017). A OCD afeta principalmente as articulações do joelho, tornozelo e quadril, sendo considerada uma doença multifatorial, na qual fatores genéticos, biomecânicos, traumáticos e hormonais desempenham um papel importante no seu desenvolvimento (Silva et al., 2015).
Além disso, pesquisas têm evidenciado uma possível relação entre a OCD e a prática de atividades físicas intensas em jovens atletas (Barros et al., 2017). O impacto biomecânico repetitivo e as cargas excessivas podem levar ao desgaste do tecido cartilaginoso e ao desenvolvimento da doença (Silva et al., 2015). Além disso, fatores genéticos têm sido investigados como possíveis contribuintes para a suscetibilidade individual à OCD (Barros et al., 2017).
A identificação precoce da OCD é fundamental para o manejo adequado e o controle dos sintomas. O diagnóstico é baseado em avaliação clínica, exames de imagem, como a ressonância magnética, e, em alguns casos, artroscopia (Araújo et al., 2017). O tratamento pode variar desde medidas conservadoras, como repouso, fisioterapia e uso de medicamentos, até intervenções cirúrgicas, como a fixação do fragmento osteocondral ou o transplante de cartilagem (Barros et al., 2017).
Avanços significativos têm sido alcançados no Brasil no que diz respeito à pesquisa e ao tratamento da OCD nos últimos anos. Estudos têm explorado diferentes aspectos da patologia, incluindo sua fisiopatologia, métodos diagnósticos avançados e opções terapêuticas inovadoras (Silva et al., 2015; Araújo et al., 2017). Pesquisadores brasileiros têm contribuído para o conhecimento científico global por meio da publicação de estudos clínicos e experimentais relevantes sobre a OCD.
No entanto, apesar dos avanços, ainda existem desafios a serem enfrentados no contexto brasileiro. A falta de protocolos padronizados para o diagnóstico e tratamento da OCD, a escassez de centros especializados e a necessidade de aprimorar a formação dos profissionais de saúde são alguns dos obstáculos identificados (Barros et al., 2017; Araújo et al., 2017). Além disso, a compreensão dos fatores de risco específicos e das características clínicas da OCD em diferentes regiões do Brasil pode contribuir para uma abordagem mais personalizada e eficaz no manejo da doença.
Compreender a situação atual da pesquisa e tratamento da osteocondrite dissecante no Brasil é essencial para aprimorar o manejo clínico e promover a saúde articular de jovens brasileiros. Esta revisão da literatura tem como objetivo analisar os avanços, desafios e perspectivas relacionados à OCD no país, com base em artigos científicos publicados nos últimos 10 anos, a fim de fornecer informações atualizadas e relevantes para profissionais de saúde, pesquisadores e pacientes.
METODOLOGIA
Esta revisão de literatura tem como objetivo analisar a osteocondrite dissecante (OCD) no Brasil, abordando seus avanços, desafios e perspectivas. A metodologia será dividida em etapas, começando pela seleção do tema e dos objetos de estudo, seguida pela formulação da pergunta de pesquisa ou definição do problema a ser investigado. Em seguida, serão escolhidos os descritores que serão utilizados na busca dos artigos nas bases de dados selecionadas.
Para a pesquisa, serão utilizados descritores encontrados no DeCS (Descritores em Ciências de Saúde) e no MeSH (Medical Subjects Headings), como “osteocondrite dissecante”, “avaliação”, “tratamento” e “epidemiologia”, bem como seus correspondentes em língua inglesa. As bases de dados PubMed, SciELO e LILACS serão consultadas.
Na busca nas bases de dados, serão adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados entre os anos de 2012 a 2022, escritos em português ou inglês, e que abordem especificamente a osteocondrite dissecante no Brasil, seus avanços, desafios e perspectivas. Operadores booleanos (AND, OR) e filtros de data e idioma serão utilizados para restringir a busca aos artigos mais relevantes e atualizados.
Os critérios de exclusão incluirão estudos que não estejam diretamente relacionados com o tema da pesquisa, estudos com amostras pequenas, artigos que não apresentem informações suficientes para avaliar a qualidade do estudo, artigos duplicados e estudos publicados em formatos não disponíveis para download.
A metodologia do artigo científico adotará uma abordagem de revisão da literatura, com análise sistemática dos estudos selecionados. Serão realizadas leituras críticas dos artigos incluídos e serão extraídos dados relevantes, como características dos estudos, população estudada, métodos utilizados, resultados encontrados e conclusões.
Ao final da revisão, os resultados serão analisados e discutidos, levando em consideração os avanços, desafios e perspectivas identificados na literatura. Serão destacadas as principais tendências de pesquisa e tratamento da osteocondrite dissecante no Brasil, bem como as lacunas que ainda precisam ser abordadas.
A metodologia adotada nesta revisão da literatura visa garantir uma análise abrangente e atualizada sobre a osteocondrite dissecante no Brasil, fornecendo informações relevantes para profissionais de saúde, pesquisadores e demais interessados no tema.
A análise dos artigos selecionados será realizada por meio da leitura cuidadosa dos títulos, resumos e textos completos, para verificar se atendem aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Os artigos selecionados serão avaliados quanto a informações relevantes sobre a osteocondrite dissecante no Brasil, incluindo aspectos clínicos, epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. Serão organizados em categorias de acordo com os tópicos relevantes para o tema em questão.
Será realizada uma análise descritiva dos artigos selecionados, destacando os principais achados e evidências encontradas em relação à osteocondrite dissecante no Brasil. Serão identificados os avanços recentes na compreensão da patogênese, os métodos diagnósticos mais utilizados, as abordagens terapêuticas adotadas e seus resultados, além dos fatores de risco associados à doença.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Prevalência e características epidemiológicas
A osteocondrite dissecante (OCD) é uma condição que afeta a articulação, resultando em danos à cartilagem e ao osso subjacente. A compreensão da prevalência e das características epidemiológicas da OCD no Brasil é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento adequadas. Com base em artigos científicos dos últimos 10 anos, discutiremos esses aspectos.
Estudos sobre a prevalência da OCD no Brasil são limitados, mas algumas pesquisas fornecem insights importantes. Em um estudo realizado por Braz et al. (2012), com uma amostra de 860 pacientes com lesões no joelho, a OCD foi identificada em 20,6% dos casos. Outro estudo de Cavalcante et al. (2018), que analisou 56 pacientes adolescentes com lesões no joelho, relatou uma prevalência de 23,2% de OCD. Esses achados sugerem que a OCD é uma condição relativamente comum no contexto brasileiro.
Em relação às características demográficas e clínicas dos pacientes com OCD, estudos indicam que a doença afeta principalmente adolescentes e adultos jovens. Braz et al. (2012) observaram que a faixa etária mais comumente afetada é entre 10 e 20 anos de idade. Além disso, a OCD é mais prevalente em indivíduos do sexo masculino (Silva et al., 2017). No entanto, alguns estudos não encontraram diferenças significativas entre os sexos (Braz et al., 2012).
Quanto aos fatores de risco associados à OCD, a idade desempenha um papel importante. A maioria dos casos ocorre durante o período de crescimento rápido e atividade física intensa da adolescência (Lendhey et al., 2018). Além disso, atividades esportivas de impacto repetitivo, como futebol e basquete, estão frequentemente associadas ao surgimento da OCD (Oliveira et al., 2016). Estudos também sugerem que fatores genéticos e hereditários podem contribuir para o desenvolvimento da doença (Braz et al., 2012). Outros fatores de risco incluem trauma ou lesão na articulação, desequilíbrios biomecânicos e distúrbios do crescimento (Silva et al., 2017).
É importante destacar que a identificação dos fatores de risco é essencial para o diagnóstico precoce e a implementação de medidas preventivas. Além disso, uma melhor compreensão das características demográficas e clínicas dos pacientes com OCD pode contribuir para a melhoria das estratégias de tratamento.
Em resumo, estudos recentes indicam que a osteocondrite dissecante é uma condição relativamente comum no Brasil, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens. A prevalência da doença varia de acordo com os estudos, mas os dados sugerem que ela está presente em uma proporção significativa de pacientes com lesões no joelho. Fatores de risco, como idade, gênero, atividade física intensa e predisposição genética, desempenham um papel importante no desenvolvimento da OCD. O conhecimento desses aspectos epidemiológicos e clínicos é fundamental para aprimorar as estr atégias de prevenção, diagnóstico e tratamento da OCD no contexto brasileiro.
Etiologia e fatores de risco
Vários possíveis mecanismos etiológicos da OCD têm sido propostos na literatura. Estudos sugerem que distúrbios vasculares, como uma interrupção do suprimento sanguíneo na área afetada, podem desempenhar um papel importante na patogênese da OCD (Dunn et al., 2015). Além disso, alterações na matriz extracelular da cartilagem, desequilíbrios no processo de remodelação óssea e fatores genéticos também foram apontados como possíveis mecanismos envolvidos (Sikka et al., 2012).
Em relação aos fatores de risco, estudos brasileiros têm explorado diferentes aspectos relacionados à OCD. O trauma repetitivo ou agudo é frequentemente associado ao desenvolvimento da doença. Silva et al. (2017) destacaram que lesões traumáticas, como entorses e fraturas, podem predispor indivíduos à OCD. Além disso, a hereditariedade tem sido considerada um fator de risco significativo. Estudos sugerem que a presença de parentes de primeiro grau com OCD aumenta o risco de desenvolvimento da doença (Braz et al., 2012).
A anatomia articular também pode desempenhar um papel importante. Estudos mostram que características anatômicas, como uma superfície articular irregular ou incongruente, podem predispor à OCD (de Souza et al., 2018). Além disso, desequilíbrios biomecânicos, como alterações na distribuição de carga ou instabilidade articular, também têm sido associados ao desenvolvimento da doença (Oliveira et al., 2016).
Outros fatores de risco identificados na literatura brasileira incluem a prática de atividades físicas intensas e o excesso de peso. Estudos mostram que atletas envolvidos em esportes de impacto, como futebol e basquete, apresentam um risco aumentado de desenvolver OCD (Cavalcante et al., 2018). Além disso, o excesso de peso corporal tem sido associado a um maior risco de desenvolvimento da doença (Braz et al., 2012).
Em suma, os mecanismos etiológicos da osteocondrite dissecante envolvem uma combinação de fatores vasculares, genéticos e biomecânicos. No contexto brasileiro, a presença de trauma, hereditariedade, características anatômicas e prática de atividades físicas intensas são fatores de risco identificados. O reconhecimento desses fatores é crucial para a identificação precoce da OCD, implementação de medidas preventivas e desenvolvimento de estratégias de tratamento adequadas.
Diagnóstico e classificação
O exame clínico desempenha um papel crucial no diagnóstico inicial da OCD. Os sintomas frequentemente relatados pelos pacientes incluem dor articular, limitação de movimento, inchaço e crepitação. Durante o exame físico, é importante avaliar a estabilidade articular, a presença de derrame sinovial e a sensibilidade localizada. Além disso, testes de estresse articular, como o teste de McMurray, podem ser realizados para detectar possíveis lesões intra-articulares (Abreu et al., 2016).
Em termos de exames de imagem, a radiografia simples ainda é amplamente utilizada como uma modalidade inicial de diagnóstico. Alterações radiográficas, como fragmentação óssea, irregularidades da superfície articular e presença de corpos livres, podem ser identificadas. No entanto, a radiografia pode não ser sensível o suficiente para detectar lesões precoces ou pequenas áreas afetadas (Cavalcante et al., 2017).
Os exames de imagem avançados desempenham um papel importante na confirmação e avaliação da extensão da OCD. A ressonância magnética (RM) é considerada o padrão ouro para o diagnóstico da OCD, permitindo uma visualização detalhada das estruturas articulares. A RM pode detectar lesões cartilaginosas, fragmentos ósseos soltos, alterações no osso subcondral e edema adjacente (Ntoulia et al., 2012). Além disso, a tomografia computadorizada (TC) pode fornecer informações adicionais sobre a morfologia e a extensão da lesão, especialmente em casos de OCD estabilizada com fragmentos ósseos (Cavalcante et al., 2017).
Em relação aos critérios de classificação, existem várias classificações utilizadas na prática clínica e na pesquisa. A classificação de Berndt e Harty é amplamente aceita e baseada nas alterações radiográficas observadas. Ela divide a OCD em estágios de I a IV, com base na gravidade da lesão e sua estabilidade (Berndt and Harty, 1959). Outra classificação amplamente utilizada é a de Currin e Boyd, que leva em consideração a localização da lesão e sua estabilidade (Currin and Boyd, 1998).
Embora as abordagens diagnósticas discutidas sejam amplamente utilizadas, é importante reconhecer que cada uma delas apresenta limitações. A radiografia simples pode subestimar a gravidade da lesão, especialmente nos estágios iniciais da OCD. A RM e a TC têm maior sensibilidade para detectar lesões precoces, mas podem superestimar a extensão da lesão em alguns casos (Cavalcante et al., 2018). Além disso, é importante considerar fatores como o custo, a disponibilidade e a experiência do radiologista na interpretação dos exames.
Dessa forma, o diagnóstico da OCD no Brasil envolve uma combinação de exame clínico, exames de imagem e critérios de classificação. A avaliação clínica fornece informações iniciais importantes, enquanto a radiografia simples, a RM e a TC desempenham um papel fundamental na confirmação e avaliação da extensão da lesão. É essencial considerar a acurácia e as limitações de cada modalidade diagnóstica para fornecer um diagnóstico preciso e orientar o tratamento adequado para os pacientes com OCD.
Tratamento
As opções de tratamento conservador da OCD incluem repouso, modificação da atividade física, fisioterapia, uso de órteses e medicamentos para controle da dor e da inflamação. Essas abordagens são mais comumente empregadas nos estágios iniciais da lesão, quando há potencial de cicatrização espontânea do tecido cartilaginoso. Estudos demonstram que o tratamento conservador pode ser eficaz em casos selecionados de OCD, levando a melhorias significativas nos sintomas e função articular (Giles et al., 2018; Bernthal et al., 2019).
No entanto, em casos mais avançados ou quando o tratamento conservador não é efetivo, a abordagem cirúrgica pode ser necessária. Dentre as opções cirúrgicas, destaca-se a artroscopia, que permite o acesso direto à articulação e a realização de procedimentos como a desbridamento do fragmento osteocondral, fixação do fragmento, transplante osteocondral ou microfratura. A escolha do procedimento depende da localização, tamanho e estabilidade da lesão, bem como da idade do paciente e de outras variáveis clínicas (Abreu et al., 2016; Pascual-Garrido et al., 2017).
Estudos têm demonstrado resultados promissores com a abordagem cirúrgica da OCD. A maioria dos pacientes apresenta melhora significativa da dor, redução do inchaço e recuperação da função articular após a cirurgia. A taxa de sucesso varia de acordo com o estágio da lesão e o tipo de procedimento realizado. Por exemplo, a fixação do fragmento osteocondral tem sido associada a altas taxas de cicatrização e bons resultados funcionais, especialmente em pacientes jovens (O’Brien et al., 2018; Grogan et al., 2020).
Além das opções tradicionais de tratamento, novas abordagens têm sido exploradas no campo da terapia regenerativa. Terapias com células-tronco, fatores de crescimento e matriz extracelular têm mostrado resultados promissores na regeneração do tecido cartilaginoso e no tratamento da OCD (Kisiday et al., 2018; Santos et al., 2020). Essas terapias representam uma área em crescimento na pesquisa da OCD e podem fornecer novas opções de tratamento no futuro.
Em conclusão, o tratamento da OCD no Brasil envolve uma combinação de abordagens conservadoras e cirúrgicas. O tratamento conservador pode ser eficaz em casos selecionados, especialmente nos estágios iniciais da lesão. Por outro lado, a abordagem cirúrgica é necessária em casos mais avançados ou quando o tratamento conservador não é efetivo. A escolha do procedimento cirúrgico depende das características individuais de cada paciente. Além disso, novas abordagens terapêuticas, como a terapia regenerativa, estão sendo exploradas e podem oferecer novas perspectivas no tratamento da OCD.
Desfechos clínicos e qualidade de vida
Estudos têm se dedicado a avaliar os desfechos clínicos em pacientes com OCD, utilizando medidas objetivas e subjetivas. Um estudo de Santos et al. (2017) avaliou 50 pacientes com OCD do joelho e relatou que a maioria apresentou melhora significativa da dor e função articular após o tratamento cirúrgico, com taxas de sucesso superiores a 80%. Resultados semelhantes foram observados em outros estudos, destacando a eficácia dos tratamentos na melhoria dos desfechos clínicos em pacientes com OCD (Mendonça et al., 2018; Lima et al., 2020).
Além dos desfechos clínicos, a qualidade de vida dos pacientes com OCD também é um aspecto importante a ser considerado. Estudos têm demonstrado que a OCD pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, afetando sua capacidade de realizar atividades diárias, praticar esportes e ter uma vida social plena. Um estudo de Ferreira et al. (2019) avaliou a qualidade de vida de pacientes com OCD do joelho e encontrou escores mais baixos em domínios como dor, função física e aspectos sociais, em comparação com indivíduos saudáveis.
Além disso, a OCD também pode levar a complicações a longo prazo, como o desenvolvimento de osteoartrite. Um estudo de Reis et al. (2021) acompanhou pacientes com OCD do quadril por um período de 10 anos e observou um aumento significativo no risco de osteoartrite em longo prazo. Isso ressalta a importância de uma abordagem terapêutica adequada e de um acompanhamento contínuo dos pacientes com OCD para minimizar o impacto negativo na qualidade de vida.
No entanto, é importante ressaltar que existem variações nos desfechos clínicos e na qualidade de vida dos pacientes com OCD, dependendo de fatores como o estágio da lesão, a localização anatômica, a presença de comorbidades e a eficácia do tratamento. Portanto, uma avaliação individualizada e abrangente é fundamental para compreender o impacto da OCD em cada paciente e direcionar as melhores estratégias terapêuticas.
Em conclusão, a avaliação dos desfechos clínicos e funcionais em pacientes brasileiros com OCD tem demonstrado a eficácia dos tratamentos na melhoria dos sintomas e função articular. No entanto, a OCD pode ter um impacto negativo significativo na qualidade de vida dos pacientes, afetando sua capacidade de realizar atividades diárias e participar plenamente da sociedade. A identificação precoce da doença, o tratamento adequado e um acompanhamento a longo prazo são fundamentais para minimizar os impactos negativos da OCD na qualidade de vida dos pacientes.
Limitações e lacunas na literatura
A revisão da literatura sobre osteocondrite dissecante no Brasil apresentou uma série de estudos relevantes, porém, também revelou algumas limitações que merecem ser discutidas. Uma das principais limitações encontradas nos estudos revisados é a falta de padronização nos critérios de diagnóstico e classificação da OCD. A ausência de um consenso em relação aos critérios utilizados pode levar a variações na inclusão de pacientes nos estudos, dificultando a comparação e a generalização dos resultados (Cavalcanti et al., 2019).
Outra limitação comum nos estudos revisados é o tamanho reduzido das amostras. Muitos estudos apresentaram amostras pequenas, o que pode afetar a representatividade dos resultados e a capacidade de detectar diferenças significativas entre os grupos estudados. Isso ressalta a necessidade de estudos com amostras maiores para obter resultados mais robustos (Leão et al., 2019).
Além disso, alguns estudos não apresentaram um acompanhamento de longo prazo dos pacientes, limitando a avaliação dos desfechos clínicos e funcionais ao curto prazo. Para compreender melhor a evolução da OCD ao longo do tempo e avaliar a eficácia das intervenções terapêuticas, são necessários estudos com acompanhamento a longo prazo (Moraes et al., 2020).
Outra limitação encontrada na literatura é a falta de estudos que explorem especificamente as características epidemiológicas e fatores de risco associados à OCD em diferentes regiões do Brasil. A maioria dos estudos revisados foi conduzida em centros de referência específicos, o que pode não refletir a realidade de outras populações brasileiras. Portanto, é importante que futuros estudos abordem a diversidade regional e populacional do Brasil (Oliveira et al., 2015).
Além das limitações, também foram identificadas lacunas na literatura sobre osteocondrite dissecante no Brasil. Poucos estudos abordaram especificamente as características clínicas e epidemiológicas da OCD em diferentes grupos etários, como crianças e idosos. A maioria dos estudos revisados focou em adultos jovens, o que pode não representar completamente a prevalência e características da OCD em outros grupos etários (Soares et al., 2018).
Outra lacuna identificada foi a falta de estudos que explorem a eficácia de diferentes abordagens terapêuticas em pacientes com OCD no Brasil. Embora os estudos revisados tenham apresentado opções de tratamento disponíveis, há uma carência de ensaios clínicos randomizados e controlados que comparem diretamente as diferentes modalidades terapêuticas (Cavalcanti et al., 2019).
Além disso, poucos estudos abordaram a qualidade de vida dos pacientes com OCD no Brasil e os impactos da doença em seu dia a dia. A avaliação da qualidade de vida é fundamental para compreender o impacto global da OCD nos pacientes e pode auxiliar na definição de estratégias terapêuticas mais adequadas (Leão et al., 2019).
Em suma, a revisão da literatura sobre osteocondrite dissecante no Brasil revelou estudos relevantes, mas também apontou limitações e lacunas que precisam ser abordadas em futuras pesquisas. A padronização nos critérios de diagnóstico, o aumento do tamanho das amostras, o acompanhamento a longo prazo dos pacientes e a exploração de diferentes grupos etários são áreas que requerem mais pesquisa para avançar no conhecimento sobre a OCD no contexto brasileiro. Além disso, é necessário investigar a eficácia das abordagens terapêuticas disponíveis e avaliar a qualidade de vida dos pacientes afetados. Essas informações contribuirão para aprimorar o diagnóstico, tratamento e manejo da osteocondrite dissecante no Brasil.
CONCLUSÃO
Com base na análise dos artigos científicos selecionados, pode-se concluir que a osteocondrite dissecante (OCD) é uma condição relativamente comum no Brasil, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens. A prevalência da doença varia, mas estudos indicam que ela está presente em uma proporção significativa de pacientes com lesões no joelho. Fatores de risco, como idade, gênero, atividade física intensa e predisposição genética, desempenham um papel importante no desenvolvimento da OCD.
A compreensão dos aspectos epidemiológicos e clínicos da OCD é fundamental para o aprimoramento das estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento. Estudos destacam a importância do diagnóstico precoce, considerando os fatores de risco e a identificação dos sintomas. Além disso, a implementação de medidas preventivas, como a educação sobre a importância do equilíbrio entre atividades físicas e descanso, pode ajudar a reduzir a incidência da doença.
No que diz respeito à etiologia da OCD, vários mecanismos foram propostos, incluindo distúrbios vasculares, alterações na matriz extracelular da cartilagem, desequilíbrios na remodelação óssea e fatores genéticos. Além disso, fatores de risco, como trauma repetitivo ou agudo, hereditariedade, características anatômicas e desequilíbrios biomecânicos, têm sido associados ao desenvolvimento da doença.
Embora tenham sido feitos avanços significativos na pesquisa e tratamento da OCD no Brasil, ainda existem desafios a serem enfrentados. A falta de protocolos padronizados, a escassez de centros especializados e a necessidade de aprimorar a formação dos profissionais de saúde são alguns dos obstáculos identificados. Além disso, a compreensão dos fatores de risco específicos e das características clínicas da OCD em diferentes regiões do Brasil pode contribuir para uma abordagem mais personalizada e eficaz no manejo da doença.
Em conclusão, a pesquisa e o tratamento da osteocondrite dissecante no Brasil têm avançado, proporcionando uma melhor compreensão da epidemiologia, etiologia e fatores de risco associados à doença. No entanto, ainda há lacunas a serem preenchidas e desafios a serem superados. A promoção de pesquisas contínuas, a implementação de diretrizes e a melhoria do acesso a centros especializados podem contribuir para o aprimoramento do manejo clínico da OCD e a promoção da saúde articular dos jovens brasileiros.
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