Entrevista com Dr. Mariel Patrício
Dr. Mariel, como tudo isto começou, o que motivou os estudos e a atuação nesta área?
Olha tudo isso começou, há pelo menos 7 anos e de forma inusitada, Eu e o professor Gabriel Maia estávamos em um almoço com o professor Leandro Azeredo há época presidente da Associação de Fisioterapeutas do Estado do Rio de Janeiro, quando o mesmo nos convidou para criar o departamento de Fisioterapia em Urgências e Emergências, e à partir desse momento, nos empenhamos em realizar ações em educação permanente, formulação de eventos científicos e desenvolvimento de pesquisa na área.
Dr. Mariel como vocês vem atuando ao longo desses anos?
Estou dentro da Terapia Intensiva há pelo menos doze anos, minha história com as salas de emergência começou lá por 2013 onde eu e o colega Fisioterapeuta Dr. Gabriel Maia passamos a integrar a equipe de atuação em emergências no centro de trauma no Hospital Estadual Alberto Torres em São Gonçalo no Estado do Rio de Janeiro e à partir dali começamos a enxergar esta necessidade por parte da profissão.
Existem aspectos legais para atuação do Fisioterapeuta nesta área?
Sim. O trabalho do fisioterapeuta nas urgências e emergências é regulado pela portaria 2048/2002, do Ministério da Saúde. No documento, são destacadas as possibilidades de emprego da fisioterapia em âmbito de suporte, acompanhamento clínico e reabilitação. O profissional atua prevenindo e tratando complicações cardiorrespiratórias, neurológicas e musculoesqueléticas.
Quando se fala de atuação nas emergências hospitalares, como se apresenta a autonomia do Fisioterapeuta?
É necessário que se haja a presença em um período de 24 horas com atuação na ventilação mecânica, melhora de patência das vias aéreas, ventilação mecânica não invasiva, oxigenoterapia, entre outras atuações que poderemos contribuir para uma assistência de qualidade, segurança, contribuindo assim para redução de custos hospitalares.
Fora do Brasil o Fisioterapeuta, tem atuação em emergências e urgências?
Sim. Assim como no Brasil, as equipes de emergência em diversos locais no mundo têm passado por mudanças nos últimos anos. Países como Inglaterra e Austrália já contam com o profissional de fisioterapia integrado às equipes de média e alta complexidade. Com esse movimento, formam-se grupos (ainda mais) multidisciplinares e aptos a atuar em níveis elevados.
As unidades de pronto atendimento (UPAS) poderão ser contempladas com a presença do Fisioterapeuta?
Certamente, inclusive no estado do Rio de Janeiro algumas cidades já são contempladas, como Volta Redonda, Maricá e Itaperuna, porém o grande objetivo do nosso trabalho é que este alcance seja vivenciado por todo país e por fisioterapeutas gestores no ambiente público de saúde, que possam contemplar a nossa atuação também na participação ativa no processo legislativo, contando com o apoio e conscientização dos demais profissionais da saúde.
Recentemente foi publicado a resolução 509/2019 pelo COFFITO que reconhece a atuação do Fisioterapeuta nas urgências e emergências no país, quais são os principais pontos em destaque deste documento?
Além de reconhecer a atuação profissional, a resolução também preconiza que os fisioterapeutas que atuem nessa área sejam capacitados em Suporte Básico de Vida ou Suporte Avançado de Vida Cardiovascular em Adultos o (ACLS). Esta formação irá desenvolver conhecimentos específicos que contribuem para a atuação resolutiva em cenários especiais.
Sobre a formação em ACLS. Qual seria o motivo da inclusão deste na resolução?
A ideia de ter o ACLS é interessante por vários motivos, como por exemplo o Fisioterapeuta já é parte integrante dos times de resposta rápida, a última atualização do guideline da American Heart Association (2015) nos respalda e nos recomenda quanto a esta inclusão , e dentro dos Hospitais também participamos de paradas cardíacas. Além do mais o ACLS é um conhecimento a mais para os profissionais e isso não significa que o Fisioterapeuta vai conduzir uma parada e prescrever medicação.
Quando será criada a Associação Brasileira de Fisioterapia em Urgências e Emergências? Qual seria o motivo?
Será criada no XXIII COBRAF no Rio de Janeiro, mais precisamente no dia 14 de novembro ao final do 1º Congresso de Fisioterapia de Urgências e Emergências, o COBRASFE. Este será o primeiro ano do nosso congresso, em uma ação pioneira, que baseado nos últimos avanços nos respaldam em criar este grande evento no Brasil. A associação vem para criar oportunidade científica e desenvolver alicerce para o desenvolvimento e capacitação dos Fisioterapeutas nesta área de atuação, objetivando a criação da especialidade em um breve futuro.
Dr. Mariel Patricio de Oliveira Junior
CREFITO 2 : 121561F
Mestrando em Saúde e Tecnologia no Espaço Hospitalar ( UNIRIO)
(Pós-graduado em Fisioterapia Respiratória e UTI pela UNISUAM,
Fisioterapeuta da UTI e Emergência do HEGV (RJ)
Professor da pós-graduação de fisioterapia em UTI da FABA, Berkeley (RJ)
UNIG Itaperuna, Universidade de Vassouras.
Professor do curso de Graduação em Fisioterapia da FABA,
Coordenador do Dept de Urgências e Emergências da AFERJ
Membro da Câmara Técnica de Fisioterapia em Urgências e Emergências
do CREFITO2
Consultor ah doc para Fisioterapia em Urgência e Emergências do
COFFITO