EVALUATION OF THE IMPACTS OF TREATING VARICOSE VEINS WITH POLIDOCANOL FOAM IN SUS PATIENTS AT A TERTIARY HOSPITAL IN CEARÁ.
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10616171
Petrônio Fonteles de Andrade¹, Francisca Jovita de Oliveira Veras Albuquerque ², Frederico Augusto de Carvalho Linhares Filho3 , João Edison de Andrade Filho4
Resumo
A insuficiência venosa crônica (IVC) se caracteriza por ser uma patologia das veias dos membros inferiores com potencial de morbidade importante no Brasil. Este estudo objetiva discutir sobre uma série de casos de pacientes com IVC tratados de forma minimamente invasiva, guiada por Ultrassonografia, ambulatorial e gratuita pelo SUS no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Realizada revisão dos prontuários e registros do serviço de Ecografia Vascular com Doppler do HUWC no período de março de 2022 a Outubro de 2023, selecionando pacientes tratados com espuma de polidocanol guiada por ultrassonografia. Foram encontrados 68 pacientes submetidos ao procedimento, sendo os estágios clínicos mais graves do que o encontrado na população em geral, metade dos pacientes eram idosos e, com exceção de 03 doentes, todos apresentaram melhora com apenas uma aplicação. Não houveram eventos adversos. Observou-se maior gravidade clínica, maior prevalência de comorbidades e maior faixa etária média, quando comparado à literatura geral. Neste contexto o método de escleroterapia com espuma de polidocanol guiada por ultrassonografia se mostrou eficiente, seguro e de execução mais rápida quando comparada às técnicas cirúrgicas tradicionais.
Palavras-chave (Decs): Insuficiência Venosa. Varizes. Polidocanol.
Abstract
Chronic venous insufficiency (CVI) is characterized by being a pathology of the veins of the lower limbs with significant morbidity potential in Brazil. This study aims to discuss a series of cases of patients with CVI treated in a minimally invasive way, guided by Ultrasound, outpatient and free of charge by the SUS at the Walter Cantídio University Hospital (HUWC). A review of the medical records and records of the Vascular Ultrasound service with Doppler at HUWC was carried out from March 2022 to October 2023, selecting patients treated with polidocanol foam guided by ultrasound. Sixty eight patients were found to have undergone the procedure, with clinical stages being more severe than those found in the general population, half of the patients were elderly and, with the exception of 03 patients, all showed improvement with just one application. There were no adverse events. Greater clinical severity, higher prevalence of comorbidities and higher average age range were observed when compared to general literature. In this context, the method of sclerotherapy with polidocanol foam guided by ultrasound proved to be efficient, safe and faster to perform when compared to traditional surgical techniques.
Keywords: Venous Insufficiency. Varicose veins. Polidocanol.
Introdução
A insuficiência venosa crônica (IVC) é uma doença do sistema venoso dos membros inferiores que pode se apresentar em uma gama de manifestações clínicas, sendo mais frequente, na população em geral, nos estágios C1 e C2 da classificação CEAP (Tabela 1). No Brasil esta condição é responsável por um grande número de indivíduos portadores de sintomas crônicos, agregadores de morbidade com difícil acesso ao tratamento minimamente invasivo pelo SUS.
Objetivos
Objetiva-se descrever e discutir sobre uma série de casos de pacientes com IVC tratados de forma minimamente invasiva, ambulatorial e gratuita pelo SUS no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Considerando a inserção do HUWC na rede de hospitais terciários de assistência vascular e um dos poucos em que há atenção especializada em doenças veno-linfáticas, torna-se ainda mais necessário obtenção de um retrato situacional desta patologia, avaliando as dificuldades, desafios e formas de evolução para melhoria da assistência neste grupo de doentes.
Metodologia
Foi realizada revisão dos prontuários e registros do serviço de Ecografia Vascular com Doppler do HUWC no período de março de 2022 a Outubro de 2023, selecionando pacientes tratados com espuma de polidocanol (Figura 1) guiada por ultrassonografia, sendo resgatadas suas histórias clínicas e demais informações no prontuário eletrônico do hospital, além dos desfechos clínicos relacionados ao tratamento.
Figura 1: Espuma Densa por técnica de Tessar
Fonte: Próprio Pesquisador
Resultados
Foram encontrados 68 pacientes submetidos ao procedimento de escleroterapia ecoguiada com espuma de polidocanol, totalizando 73 aplicações no período de 19 meses.
Destes pacientes, 34 (50%) tinham acima dos 60 anos, sendo o restante abaixo desta idade. No aspecto de comorbidades, havia presença de pelo menos uma em 45 pacientes (66,2%) e ausência nos 23 (33,8%) restantes (Gráfico 1).
Quanto a categorização de doença pela escala de CEAP, encontramos uma divisão atípica, predominando as classificações mais avançadas desta doença na população estudada. Não havendo casos CEAP C1, havendo 05 (7%) casos CEAP C2, 22 casos (32,4%) CEAP C3, 22 casos (32,4%) CEAP C4, 10 casos (14,8%) CEAP C5 e 9 casos CEAP C6 (13,3%), conforme ilustrado no Gráfico 02.
Houve relato em prontuário de melhora clínica, como diminuição da sensação de peso nas pernas, diminuição de edema, menor taxa de dores intermitentes e cicatrização de ferida prévia, em 62 pacientes (95,6%), sendo os três pacientes restantes (4,4%) sido submetidos a mais de uma intervenção e classificados como falha terapêutica a este método, devendo ser submetido a tratamento cirúrgico convencional. Conforme dados compilados no Gráfico 3.
Com exceção destes pacientes categorizados como falha terapêutica após repetição dos procedimentos, todos os demais foram submetidos a apenas uma intervenção. Como subgrupo dos pacientes que apresentaram melhora clínica, pôde ser observado que todos os pacientes CEAP C6 (13,2% do Total) tiveram cicatrização de suas feridas com apenas uma aplicação.
No período e na população estudada não houveram relatos de efeitos adversos graves, tais como Trombose Venosa Profunda (TVP), Anafilaxia ou sintomas neurológicos sejam transitórios, sejam permanentes.
Conclusões
A insuficiência venosa crônica é importante causa de morbidade, sendo bastante prevalente na população em geral, porém com uma seleção de viés mais grave nos pacientes estudados. Este fator pode estar relacionado com o início insidioso, sintomas brandos ao início da doença, bem como seu diagnóstico tardios, falta de acesso ao especialista e pequena quantidade de serviços especializados no manejo a longo prazo destes pacientes.
Considerando ainda se tratar de doença sem causa de mortalidade importante, tem arsenal terapêutico restrito no contexto do SUS, limitando-se na maioria das vezes à cirurgia tradicional de safenectomia e flebectomias na maioria dos serviços, sem acesso às medicações flebotônicas ou métodos compressivos diversos que são de grande importância para o manejo.
No período e na população estudada pôde-se notar maior gravidade clínica, maior prevalência de comorbidades e maior faixa etária média, quando comparado à literatura geral, o que pode limitar ou até impossibilitar a terapia invasiva tradicional. Neste contexto o método de escleroterapia com espuma de polidocanol guiada por ultrassonografia se mostrou eficiente, seguro e de execução mais rápida quando comparada às técnicas cirúrgicas tradicionais. Havendo ainda melhora clínica na maioria dos pacientes e cicatrização de ferida crônica em todos os pacientes tratados com esta lesão.
O conhecimento do padrão de seleção atípico destes doentes no HUWC deve servir como balizador para futuras estratégias de tratamento, inclusão do método minimamente invasivo de forma mais abrangente, reconhecimento da doença por parte das equipes assistentes, bem como melhora do grau de interdisciplinaridade e discussão dos casos entre estas equipes para melhor decisão terapêutica individualizada para cada paciente.
Referências Bibliográficas
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1Autor. Médico residente do Programa de Ecografia Vascular com Doppler pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Médico do Cirurgião Vascular Hospital Geral de Fortaleza. E-mail: petroniofilho1@gmail.com
2Orientadora. Médica preceptora do Programa de Cirurgia/Doppler Vascular. Médica do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC. E-mail: drajovitaveras@gmail.com
3Autor. Médico preceptor e coordenador do Programa de Cirurgia Vascular e Ecografia vascular com Doppler do Hospital Universitário Walter Cantídio. Médico do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC. E-mail: drfredlinhares@gmail.com
4Autor. Médico preceptor do Programa de Cirurgia Vascular e Ecografia vascular com Doppler do Hospital Universitário Walter Cantídio. Médico do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC. E-mail: joaoedison@gmail.com