REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10076823
Lissandra Matos Brol1*
Ariana Centa2
Gislaine F. da Silva3
Resumo – A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dor generalizada no corpo, frequentemente considerada um exemplo de dor crônica nociplástica. Sendo assim, dada a relevância da fibromialgia como uma dor crônica com alta prevalência e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, este estudo teve como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o uso da quetamina intravenosa no tratamento da fibromialgia, devido à sua ação como antagonista do receptor NMDA no sistema nervoso central, que pode modular a percepção da dor. Foi realizado um levantamento bibliográfico na base de estudos eletrônicos PubMed, sendo utilizados os artigos na íntegra, independente do ano em que foram publicados. A busca foi realizada utilizando os descritores “fibromyalgia”, “nociplastic pain”, “ketamine”, “chronic pain”. Os resultados sugerem que a quetamina pode ser uma ferramenta útil para o alívio da dor em pacientes com fibromialgia, particularmente aqueles que não respondem bem aos tratamentos convencionais, como antidepressivos, relaxantes musculares e analgésicos. No entanto, há desafios a considerar como colaterais psicomiméticos, requer administração supervisionada em ambiente clínico ou hospitalar, sendo isso um fator limitante. Além disso, a eficácia a longo prazo ainda não é totalmente esclarecida, e são necessários estudos de acompanhamento. Em suma, a quetamina intravenosa pode ser benéfica no tratamento da fibromialgia, mas deve ser considerada cuidadosamente, pesando os benefícios e riscos individuais. A pesquisa continua a explorar essa opção, aprimorando nosso entendimento sobre seu papel no manejo da dor crônica, especialmente em condições como a fibromialgia.
Palavras-chave: Fibromialgia. Dor nociplástica. Quetamine. Dor crônica
Abstract – Fibromyalgia is a chronic condition characterized by widespread body pain, often considered an example of chronic nociplastic pain. Therefore, given the relevance of fibromyalgia as a chronic pain with high prevalence and significant impact on patients’ quality of life, the aim of this paper to carry out an integrative review on the use of intravenous ketamine in the treatment of fibromyalgia, due to its action as NMDA receptor antagonist in the central nervous system, which can modulate pain perception. A bibliographical survey was carried out in the electronic studies database PubMed, using the full articles, regardless of the year in which they were published. The search was carried out using the descriptors “fibromyalgia”, “nociplastic pain”, “ketamine”, “chronic pain”. The results suggest that ketamine may be a useful tool for relieving pain in patients with fibromyalgia, particularly those who do not respond well to conventional treatments such as antidepressants, muscle relaxants and painkillers. However, there are challenges to consider as psychomimetic collaterals require supervised administration in a clinical or hospital setting, which is a limiting factor. Furthermore, long-term efficacy is not yet fully understood, and follow-up studies are needed. In summary, intravenous ketamine may be beneficial in treating fibromyalgia, but it must be considered carefully, weighing individual benefits and risks. Research continues to explore this option, improving our understanding of its role in managing chronic pain, especially in conditions like fibromyalgia.
Keywords: Fibromyalgia. Nociplastic pain. Ketamine. Chronic pain.
INTRODUÇÃO
A Associação Internacional para o estudo da dor (IASP) conceitua a dor como uma experiência desagradável que combina sensações físicas e respostas emocionais, e está associada, ou se assemelha, a lesões teciduais reais ou potenciais, sendo uma resposta do corpo que pode variar de pessoa para pessoa em termos de intensidade e componentes emocionais (RAJA et al., 2020).
Do ponto de vista clínico, a dor pode ser classificada como dor aguda e dor crônica. A dor aguda é ocasionada por lesão tecidual, traumas, queimaduras, infecções e processos inflamatórios, cirurgias entre outras, tendo a função de alerta e defesa, sendo autolimitada. Por outro lado, a dor crônica é caracterizada por uma duração mais prolongada, normalmente além de três meses ou maior que seis meses, ultrapassando o período normal de recuperação da lesão causadora da dor, tendo impacto negativo na vida das pessoas (CELICH; GALON, 2009).
A dor crônica é um processo dinâmico que pode envolver um aumento nos mecanismos internos que amplificam a dor ou uma diminuição nos sistemas que a inibem. A cronicidade refere-se à persistência dessa sensibilização periférica, levando a uma sensibilização central, mesmo após a cessação do estímulo nociceptivo periférico ou a ocorrência de uma amplificação exagerada na percepção da dor, resultando em hiperalgesia e alodinia (SOUZA, 2009).
Em consonância com os mecanismos biológicos oficialmente reconhecidos pela IASP, a dor crônica pode ser sistematicamente classificada em três categorias distintas: nociceptiva, nociplástica e neuropática (CHIMENTI, 2018).
A dor crônica nociplástica, que é definida como a dor que surge da nocicepção alterada, apesar de nenhuma evidência clara de dano tecidual aparente, causando ativação de nociceptores periféricos ou sensação de doença ou lesão do sistema somatossensorial responsáveis pela dor. Uma das doenças que envolve a presença de dor nociplástica e que vem se tornando muito comum no mundo é a fibromialgia (KOSEK et al., 2016; TREEDE et al., 2019).
Recentemente, a fibromialgia tem sido reconhecida como uma condição crônica sem cura, caracterizada por sintomas como dores musculares, fadiga e distúrbios do sono, causando danos físicos e emocionais. O diagnóstico, geralmente, depende da avaliação clínica, uma vez que não existem exames laboratoriais específicos. A dor, o sintoma predominante, é explicada principalmente por disfunções no sistema nervoso central, com uma contribuição relativamente menor de problemas periféricos. (TORQUATO et al., 2019; BITTENCOURT et al., 2022). A fibromialgia é mais frequente no sexo feminino, abrangendo aproximadamente 95% das incidências, e a média de idade no momento do diagnóstico é estabelecida em torno dos 53 anos, com uma variação que compreende o intervalo de 45 a 61 anos (SAUCH, 2022). Diversas teorias buscam explicar os mecanismos subjacentes da fibromialgia. Destacam-se alterações no processamento da dor, disfunções nos sistemas neuroendócrinos, mudanças imunológicas e causas psicoemocionais. Contudo, acredita-se que esses fatores, isoladamente, não explicam todos os sintomas da fibromialgia, sugerindo uma interação entre eles (PERNAMBUCO, 2014; COSTA; FERREIRA, 2023).
O tratamento farmacológico da fibromialgia atualmente envolve medicamentos que atuam no sistema nervoso central, como antidepressivos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes. No entanto, apenas uma pequena parcela dos pacientes experimenta uma redução significativa da dor. Esses medicamentos têm eficácia limitada, com resultados temporários, sendo apenas ligeiramente melhores do que placebos. O uso de analgésicos comuns também é restrito devido à sua baixa eficácia (LOUREIRO; AZEVEDO, 2022).
Atualmente, o tratamento da fibromialgia é complexo, requerendo abordagens multidisciplinares que envolvem tanto terapias medicamentosas quanto não medicamentosas. O foco é reduzir a dor de maneira personalizada, o que é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. (SIRACUSA et al., 2021; KANEMATSU et al., 2022).
De acordo com Silva et al. (2022), a quetamina é vista como um tratamento promissor para a dor crônica e a depressão, proporcionando alívio temporário com doses subanestésicas. No entanto, mais estudos clínicos são necessários para definir a melhor abordagem terapêutica na fibromialgia, estabelecer doses seguras e entender e controlar os efeitos colaterais.
Sendo assim, dada a relevância da fibromialgia como uma dor crônica com alta prevalência e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o uso de quetamina intravenosa para o alívio da dor em pacientes com fibromialgia.
DELIMITAÇÕES METODOLÓGICAS
Trata-se de um estudo do tipo revisão de literatura integrativa, a partir de levantamento bibliográfico na base de estudos eletrônicos PubMed, sendo utilizados os artigos na íntegra, independente do ano em que foram publicados. A busca foi realizada utilizando os descritores “fibromyalgia”, “nociplastic pain”, “ketamine”, “chronic pain”, todos verificados no DECs (Descritores em Ciências da Saúde).
Para a seleção dos estudos, inicialmente os títulos e resumos dos artigos foram revisados, sendo excluídos os que não condizem com o tema em questão. Em seguida, artigos remanescentes foram analisados na íntegra, em busca de estudos que atendessem aos critérios de inclusão, sendo estudos relevantes e relacionados ao tema, publicações em inglês, português ou espanhol, independente do ano de publicação. Foram excluídos estudos que não possuíam versão completa, assim como protocolos, capítulos de livros, monografias, dissertações e teses.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
A busca dos artigos foi realizada em agosto de 2023, resultando em aproximadamente 19 estudos selecionados que abordavam a temática de interesse. Após a análise de títulos e resumos, 6 artigos foram descartados por inadequação ao tema ou porque se tratava de assuntos mais amplos, restando 13 trabalhos. Destes, após a leitura completa dos trabalhos, foram selecionados 10 estudos científicos para compor a revisão integrativa, conforme descrito no fluxograma abaixo (Fluxograma 1)
Fluxograma 1
Fonte: Autor, 2023.
Os dez artigos selecionados para esta revisão foram publicados entre os anos 2003 e 2022, sendo que as principais características de cada estudo estão apresentados no Quadro 1.
Quadro 1. Informações gerais sobre os estudos selecionados.
Estudo | Referência | Título | Objetivos | Metodologia | Resultados |
#1 | Hocking, Cousins 2003. | Quetamina no tratamento da dor crônica: uma revisão baseada em evidências. “Ketamine in chronic pain management: an evidence-based review.” | A realização de uma revisão para avaliar os dados clínicos disponíveis com o objetivo de estabelecer o potencial uso da cetamina no tratamento da dor crônica. | Pesquisa informatizada nas bases de dados EMBASE© e MEDLINE©, de 1966 a agosto de 2002. Foram utilizadas diversas estratégias de pesquisa diferentes, sem restrição de idioma. Os termos de pesquisa incluíram “cetamina”, “ketalar”, “dor”, “doloroso”, “analgésico” e “analgesia”. | A evidência em relação à eficácia da quetamina no tratamento da dor crônica é em grande parte moderada a fraca. No entanto, em casos em que as abordagens de alívio da dor convencionais se mostraram ineficazes, a quetamina pode ser considerada como uma opção razoável de tratamento em um estágio posterior. |
#2 | Kosharskyy et al., 2013. | Infusões intravenosas no tratamento da dor crônica. “Intravenous infusions in chronic pain management.” | Fornecer uma visão geral sobre o uso de infusões intravenosas no manejo da doença crônica, sendo quetamina e lidocaína. | Realizaram as seguintes infusões intravenosas usadas para tratar as condições de dor crônica: lidocaína, cetamina, fentolamina, dexmedetomidina e bifosfonatos. | A lidocaína e a quetamina são os agentes mais abordados nesta revisão, com ampla pesquisa em relação à sua terapêutica e aos efeitos colaterais. O estudo concluiu que a hiperalgesia muscular e a dor muscular em repouso foram diminuídas através da infusão de quetamina. |
#3 | Schug, Goddard 2014. | Avanços recentes no manejo farmacológico da dor aguda e crônica. “Recent advances in the pharmacological management of acute and chronic pain.” | Enfatizar os avanços recentes no campo da terapia farmacológica da dor. Além disso, abordar os medicamentos mais recentes e as inovações nos métodos de administração. Também explorar as diretrizes recentes e as novas aplicações para medicamentos analgésicos tradicionais. | Uma revisão sobre o uso de analgésicos, incluindo o acetaminofeno, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) não seletivos e agentes seletivos para COX-2 em relação ao tratamento da dor. | A quetamina está sendo cada vez mais empregada no tratamento da dor crônica. No entanto, as orientações atuais recomendam seu uso apenas em casos de dor crônica em pacientes que sofrem de dor intensa e não respondem a outras terapias. É fundamental ter em mente que a quetamina é uma substância com potencial de abuso, o que requer uma abordagem cuidadosa ao seu uso. |
#4 | Schwenk et al., 2018. | Quetamina para dor de cabeça refratária: uma análise retrospectiva. “Ketamine for Refractory Headache: A Retrospective Analysis.” | Realizar um estudo retrospectivo com 61 pacientes hospitalizados devido a cefaléia crônica que receberam terapia intravenosa contínua de quetamina, com o objetivo de avaliar a taxa de redução da dor. | Análise retrospectiva com pacientes internados | A quetamina demonstrou estar relacionada à redução da dor a curto prazo em muitos pacientes com cefaleias refratárias, e os eventos adversos foram geralmente bem tolerados. |
#5 | Zhou, 2018. | A quetamina reduz a aversão em modelos de dor em roedores, suprimindo a hiperatividade do córtex cingulado anterior. “Ketamine reduces aversion in rodent pain models by suppressing hyperactivity of the anterior cingulate cortex.” | Observar a efetividade de infusão de doses baixas de quetamina em em modelos de dor crônica em ratos. | Ensaio em modelos animais | O estudo demonstrou que uma única dose de quetamina pode reduzir a sensibilidade à dor crônica em roedores, mesmo após o efeito dos analgésicos. Isso sugere que a quetamina pode ser uma nova abordagem para aliviar os aspectos emocionais da dor crônica. |
#6 | Israel et al., 2021. | Quetamina para o tratamento da dor crônica: uma revisão abrangente. “Ketamine for the Treatment of Chronic Pain: A Comprehensive Review.” | Esta revisão teve como objetivo oferecer uma revisão abrangente do uso da quetamina como alternativa terapêutica para condições específicas de dor crônica. | Artigo de revisão | O estudo evidenciou melhorias nos sintomas de dor, na qualidade de vida e em diversas condições, incluindo dor neuropática, fibromialgia, síndrome de dor regional complexa, dor de membro fantasma, dor oncológica e síndrome de dor pós-toracotomia. |
#7 | Javorcikova, 2021. | O lugar da S-cetamina no tratamento da fibromialgia (ESKEFIB): protocolo de estudo para um ensaio prospectivo, unicêntrico, duplo-cego, randomizado, de grupos paralelos, controlado por escalonamento de dose. “The place of S-ketamine in fibromyalgia treatment (ESKEFIB): study protocol for a prospective, single-center, double-blind, randomized, parallel-group, dose-escalation controlled trial.” | O estudo visa determinar se a utilização da S-quetamina como parte do tratamento da dor crônica contribuirá para um melhor controle da dor e/ou uma melhoria na funcionalidade em pacientes que sofrem de fibromialgia. | Estudo prospectivo, randomizado, unicêntrico, duplo-cego | O tratamento resultou em reparo da dor e melhora funcional. Alguns pacientes tiveram menos dor, enquanto outros experimentaram uma funcionalidade maior. Para muitos pacientes, a melhoria na funcionalidade é tão importante quanto o problema da dor. Além disso, o tratamento tem a vantagem de causar menos efeitos psicotrópicos, fadiga e comprometimento cognitivo temporário em comparação com a quetamina. |
#8 | Pastrak et al, 2021 | Revisão sistemática do uso de quetamina intravenosa para fibromialgia. “Systematic Review of the Use of Intravenous Ketamine for Fibromyalgia.” | O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da administração intravenosa de quetamina na redução da dor, identificar efeitos colaterais e ressaltar a importância da realização de estudos clínicos para investigar protocolos de tratamento com infusão de cetamina em pacientes que sofrem de fibromialgia. | Revisão sistemática | Foi observada uma redução a curto prazo na intensidade da dor após infusões únicas de quetamina em dose baixa, provavelmente devido ao bloqueio dos receptores NMDA na sensibilização central associada à fibromialgia. Além disso, a revisão sugere uma possível relação dose-resposta, indicando potencial eficácia da cetamina intravenosa no tratamento da fibromialgia. |
#9 | Correger et al., 2022. | Quetamina para dor crônica refratária: um estudo de acompanhamento de um ano. “Ketamine for refractory chronic pain: a 1-year follow-up study.” | O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto a longo prazo da quetamina na dor e em diversas variáveis relacionadas à saúde em pacientes que sofrem de dor crônica resistente a tratamentos convencionais. Este estudo, conduzido como uma pesquisa observacional prospectiva, envolveu múltiplos centros e acompanhamento ao longo de um ano. | Estudo observacional prospectivo, multicêntrico e de acompanhamento de 1 ano | A intensidade da dor diminuiu significativamente. A dor neuropática e a fibromialgia apresentaram resultados opostos, sendo a intensidade da dor associada à ansiedade, depressão e pior qualidade de vida. Eventos adversos ocorreram no período de uma semana em metade dos pacientes, e essa taxa diminuiu gradualmente ao longo do acompanhamento |
#10 | Volte et al., 2022. | Quetamina na dor crônica: uma pesquisa Delphi. “Ketamine in chronic pain: A Delphi survey.” | Esta pesquisa Delphi teve como objetivo alcançar um consenso nacional sobre o uso de quetamina na dor crônica em clínicas de dor. | Método Delphi, utilizado um questionário colaborativo de quatro rodadas baseado na Internet. | Especialistas em dor chegaram a um consenso sobre o uso da quetamina, em dor neuropática sendo a principal indicação, seguida de outras condições, incluindo fibromialgia, síndrome doloroso regional complexa e abstinência de opioides. Raros eventos adversos foram observados. |
A quetamina é uma substância derivada da fenciclidina, com propriedades anestésicas, analgésicas e antipsicóticas. Ela é considerada segura devido ao seu potencial anestésico, ação rápida e sedação estável, mas possui limitações quando administrada por via oral devido à baixa biodisponibilidade e efeitos colaterais. Portanto, a administração intravenosa é a preferência (HOCKING; COUSINS. 2003; ANDRADE, 2019).
A neurofarmacologia da quetamina é complexa, pois ela interage com diversos tipos de receptores em vários sítios de ligação. Isso inclui os receptores de glutamato, abrangendo tanto os NMDA (N-metil-D-aspartato) quanto os não-NMDA, receptores opióides, gabaérgicos e serotonérgicos. Além disso, a quetamina atua de forma direta ou indireta sobre as monoaminas, como acetilcolina, noradrenalina e dopamina (ZHOU; CHEN e PAN, 2011).
A quetamina existe em duas formas estereoisoméricas: R-cetamina e S-cetamina. A S-cetamina é de duas a quatro vezes mais potente que a mistura racêmica, o que permite o uso de doses mais baixas para obter o mesmo efeito analgésico. A principal vantagem da S-cetamina é a redução dos efeitos psicotrópicos, da fadiga e do comprometimento cognitivo temporário em comparação com o uso da mistura racêmica. Essas características são particularmente úteis para administração em ambiente ambulatorial (BRANCO et al., 1985; PFENNINGER; DURIEUX; HIMMELSEHER, 2002).
Outro aspecto a ser considerado é o benefício do uso da quetamina e sua forma S-quetamina no tratamento da dor crônica, especialmente em pacientes com fibromialgia e apresenta uma vantagem notável em comparação com a quetamina convencional em relação aos efeitos psicotrópicos adversos, sendo eficaz no tratamento da dor crônica e resultando em menos efeitos psicomiméticos, como disforia e alucinações, que são frequentemente associados à quetamina convencional. Isso é um achado significativo, uma vez que a minimização dos efeitos psicotrópicos é crucial para tornar o tratamento acessível e seguro para os pacientes, em comparação com a forma convencional (JAVORCIKOVA, 2021).
Os estudos realizados por Littlejohn e Guymer (2017) destacam que a ativação do receptor NMDA está associada ao aumento da sensibilização da dor em pacientes com fibromialgia. Portanto, o uso de medicamentos antagonistas do receptor, como a quetamina intravenosa em doses baixas, demonstra benefícios clínicos no controle dessa condição. Os autores também enfatizam a importância de avaliar fatores como custos e efeitos colaterais a longo prazo, bem como a necessidade de realizar pesquisas adicionais para entender o efeito de outras moléculas nesse receptor NMDA.
Entretanto, foi observado que eventos adversos ocorrem em média no período de uma semana e diminuem gradualmente ao longo do tratamento com quetamina intravenosa (CORREGER et al., 2022; VOLTE et al., 2022).
A dor crônica, comum em condições como a fibromialgia, resulta em respostas exageradas a estímulos dolorosos periféricos. A fibromialgia é caracterizada por dor difusa, fadiga, distúrbios do sono e hipersensibilidade à pressão. Os mecanismos neurais subjacentes a essa amplificação da dor e aversão são complexos e ainda não foram totalmente desvendados, mas as pesquisas estão em andamento para compreendê-los melhor (TORQUATO et al., 2019; BITTENCOURT et al., 2022).
Os estudos iniciais com uso de quetamina intravenosa para a dor da fibromialgia geralmente envolviam doses mais baixas, menor tempo de duração e menor frequência que nos estudos mais atuais. Por exemplo, foi proposto um esquema escalonado de doses: a dose pode começar com 200 mg durante 4 h no primeiro dia, 600 mg durante 4 h no segundo dia e 800 mg durante 4 h no terceiro, quarto e quinto dias, e após duas duas semanas do início do tratamento, realizar uma dose de reforço de 800 mg durante 4 h a cada dois dias, (HANNA; SMITH 2016). Este escalonamento da dose é moderado com objetivo de evitar possíveis efeitos colaterais. Existe a orientação do uso concomitante de um ansiolítico e cloridrato de ondansetrona, administrados no momento da infusão minimizando os efeitos colaterais, sendo agitação e náusea bem comuns. Os efeitos psicomiméticos foram reduzidos neste esquema posológico.
É relevante enfatizar que Kosharskyy et al. (2013), mostram que a quetamina é eficaz no tratamento de várias formas de dor crônica, independentemente de sua origem. Além disso, entre os artigos analisados, oito estudos (#1, #2, #3, #4, #5, #6, #8, #9) demonstraram que o uso de infusões intravenosas de quetamina foram eficazes no manejo da doença crônica.
A quetamina está sendo cada vez mais empregada no tratamento da dor crônica. No entanto, as orientações atuais recomendam seu uso apenas em casos de dor crônica em pacientes que sofrem de dor intensa e não respondem a outras terapias. É fundamental ter em mente que a quetamina é uma substância com potencial de abuso, o que requer uma abordagem cuidadosa ao seu uso (SCHUG; GODDARD, 2014; COHEN et al., 2018).
Salienta-se a necessidade de alcançar um consenso nacional sobre o uso de quetamina na dor crônica em clínicas de dor e certamente, é importante destacar a inclusão de outros tipos de dor ao analisar artigos relacionados a esse tema. A dor é um sintoma complexo e pode ser categorizada de várias maneiras, incluindo dor aguda, dor crônica, dor neuropática, dor nociceptiva, entre outras. Cada tipo de dor pode ter causas, mecanismos e abordagens de tratamento diferentes. Especialistas em dor chegaram a um consenso sobre o uso da quetamina, em dor neuropática sendo a principal indicação, seguida de outras condições, incluindo fibromialgia, síndrome dolorosa regional complexa e abstinência de opióides (VOLTE et al., 2022).
Ademais, devido ao seu alto poder analgésico, esse medicamento tem sido amplamente explorado no tratamento da dor crônica, sendo uma alternativa para o tratamento de doenças como a fibromialgia, principalmente devido ao crescimento do uso abusivo de opioides (LIMA et al., 2023).
Em um estudo de Israel et al. (2021) evidenciaram melhorias nos sintomas de dor, na qualidade de vida e em diversas condições, incluindo dor neuropática, fibromialgia, síndrome de dor regional complexa, dor de membro fantasma, dor oncológica e síndrome de dor pós-toracotomia.
Schwenk et al. (2018), realizaram um estudo retrospectivo envolvendo 61 pacientes hospitalizados devido a cefaleia crônica, submetidos à terapia intravenosa contínua de quetamina, o objetivo era avaliar a taxa de redução da dor. Os resultados do estudo revelaram que a quetamina foi associada à redução da dor a curto prazo em muitos pacientes que sofriam de cefaleias refratárias, portanto demonstrando efetividade no tratamento de dores crônicas estando de acordo com Culp et al. (2021), que descreve o potencial benefício da utilização da quetamina não só na diminuição da intensidade da dor crônica, mas também impedindo sua progressão.
Em um estudo recente sobre a quetamina em pacientes com dor crônica resistente a tratamentos convencionais, demonstrou redução da intensidade da dor no início. Três classificações do tipo dor foram identificadas: “dor leve” (16,0%) relacionada à dor neuropática, “dor moderada” (35,3%), e “dor intensa” (45,7%) sendo dor neuropática associada à fibromialgia. A dor neuropática e a fibromialgia tiveram resultados opostos em relação a intensidade da dor, como observado nos pacientes somente com dor neuropática, a intensidade da dor como leve e moderada. Quando observados os pacientes com dor neuropática e fibromialgia, a intensidade da dor foi “intensa”, portanto associada à ansiedade, depressão e redução na qualidade de vida (CORREGER et al., 2022).
Sendo assim, num estudo em modelos de dor crônica em ratos (#5) já tinha sido observado a efetividade de infusão de doses baixas de quetamina, evidenciando que uma única dose de quetamina pode gerar uma diminuição duradoura na resposta aversiva a estímulos dolorosos, persistindo muito tempo após o término dos efeitos analgésicos da substância. Além disso, os resultados sugerem que a quetamina pode representar uma nova abordagem terapêutica para seletivamente atenuar os aspectos emocionais associados à dor crônica (ZHOU, 2018).
Em relação aos efeitos colaterais, Pastrak et al. (2021) numa revisão sistemática, avaliaram o impacto da administração intravenosa de quetamina na redução da dor, identificando efeitos colaterais e observaram uma redução a curto prazo na intensidade da dor após infusões únicas de quetamina em dose baixa, provavelmente devido ao bloqueio dos receptores NMDAR na sensibilização central associada à fibromialgia. A revisão também sugere uma possível relação dose-resposta, indicando que a cetamina intravenosa pode ser eficaz no tratamento da fibromialgia. No entanto, podem ocorrer efeitos colaterais psicomiméticos transitórios, como disforia e sedação, independentemente da duração da infusão ou da dose total administrada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas análises dos artigos anteriormente mencionados e discutidos, evidencia-se que a quetamina pode ser uma ferramenta valiosa, especialmente para pacientes que sofrem de dor crônica nociplástica, como a fibromiagia e que possuem difícil controle com tratamento medicamentoso convencionais com antidepressivos (inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina e agentes tricíclicos), relaxantes musculares, anticonvulsivantes e analgésicos, sendo estes tratamentos longos e difíceis, portanto sua administração intravenosa pode ser bem adaptada para situações clínicas específicas, oferecendo um potencial benéfico na gestão da dor crônica.
O manejo de pacientes com condições de dor crônica é, de fato, um desafio constante e está em constante evolução à medida que novas modalidades de tratamento são exploradas e testadas. A compreensão em constante crescimento dos mecanismos subjacentes à dor crônica e o desenvolvimento de terapias mais eficazes são cruciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com essas condições debilitantes.
No caso de pacientes com fibromialgia, o tratamento não se limita apenas à redução da dor, mas também aborda questões como depressão e distúrbios do sono. Isso é feito em combinação com a reabilitação, abordagem multidisciplinar e o acompanhamento contínuo são fundamentais para ajudar os pacientes a recuperarem a qualidade de vida e a funcionalidade.
O crescente número de estudos apontam que as infusões de quetamina têm impacto em vários aspectos da patologia da dor na fibromialgia. No entanto, para estabelecer com clareza a eficácia, a resposta à dose e a segurança da infusão de cetamina como modalidade terapêutica para a fibromialgia, são necessários grandes ensaios clínicos prospectivos, controlados por placebo, que adotem diferentes protocolos de infusão e períodos de acompanhamento de longo prazo. Esses estudos rigorosos são cruciais para determinar as previsões dessa abordagem terapêutica e aprofundar nosso entendimento sobre seu impacto potencial no tratamento da fibromialgia.
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1*Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP) – Curso de Medicina – *Autor correspondente.
E-mail: lissandrameister@hotmail.com
2Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP) – Curso de Medicina.
E-mail: ariana.centa@uniarp.edu.br
3Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP) – Curso de Medicina.
E-mail: gislaine.francieli@uniarp.edu.br