AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO POR MEIO DO TESTE BALANCE ERROR SCORING SYSTEM EM ATLETAS: REVISÃO DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7629606


Wilinghton Sardinha Souza Lopes1
Gisele Coutinho Souza Lopes2


RESUMO 

A avaliação de atletas, além de facilitar a estruturação de treinos específicos e  individualizados, contribui para a prevenção e identificação das alterações tratáveis que possam prejudicar o rendimento do atleta durante as competições. O objetivo deste estudo foi analisar através de revisão da literatura o uso do teste Balance Error Scoring System (BESS) na avaliação do equilíbrio estático em praticantes de atividades físicas. Foram pesquisadas as bases de dados: PEDro e PubMed, no período de 2013 a 2023, sendo selecionados 5 estudos para análise, dentro do método de revisão e posterior produção deste estudo. As evidências do presente estudo demonstraram que a maioria dos estudos incluídos apresentaram diferenças significativas entre atletas lesionados de membro inferiores e não lesionados, além de indicarem a utilização do teste BESS em conjunto com outros testes de avaliação do equilíbrio estático, por ser de baixo custo e fácil aplicação, além de diagnosticar e prevenir fatores de risco de lesões musculoesqueléticas melhorando o rendimento dos atletas nos esportes.

Palavras-chaves: equilíbrio postural. balance error scoring system. esporte.

ABSTRACT

The evaluation of athletes, in addition to facilitating the structuring of specific and individualized training, contributes to the prevention and identification of treatable alterations that may impair the athlete’s performance during competitions. The objective of this study was to analyze, through a literature review, the use of the Balance Error Scoring System (BESS) test in the evaluation of static balance in practitioners of physical activities. The following databases were searched: PEDro and PubMed, from 2013 to 2023, and 5 studies were selected for analysis, within the review method and subsequent production of this study. The evidence from the present study showed that most of the included studies showed significant differences between injured and non-injured lower limb athletes, in addition to indicating the use of the BESS test in conjunction with other static balance assessment tests, due to its low cost and easy to apply, in addition to diagnosing and preventing risk factors for musculoskeletal injuries, improving the performance of athletes in sports.

Keywords: postural balance. balance error scoring system. sport. 

1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento da busca de hábitos de vida saudável, houve simultaneamente um crescimento da prática de atividades físicas o que acarretou um grande número de lesões musculoesqueléticas, seja por mecanismo direto ou indireto. Tanto atletas iniciantes quanto experientes estão sujeitos a tais lesões, este fato interrompe a evolução e adaptação imposta pelo treinamento e consequentemente perda de performance dos atletas, demandando assim medidas preventivas e tratativas (COHEN et al. 2007; VERHAGEN et al. 2005)

Antes do início dos protocolos de prevenção e tratamento de lesões, é necessário a realização de forma minuciosa da avaliação física e funcional do atleta, dentre os testes realizados temos o BESS que tem como objetivo avaliar a estabilidade estática postural (ROCHA 2019, BELL et al. 2011).

Para realização do teste é necessário a marcação de um quadrado medindo 60×60 cm em dois tipos de superfícies (firme e espuma), posteriormente o atleta deve ficar com o membro não dominante ou não lesionado dentro dos limites de cada marcação por vinte segundos, nas posições membro duplo, membro único e tandem. O indivíduo tem três tentativas para familiarização do teste, sendo que na quarta tentativa é registrado o número de erros em cada posição (BELL et al. 2011). Ao longo do teste são computados como erro de execução as mãos saindo da crista ilíaca, abertura de olhos, pisar, tropeçar ou cair, mover o quadril em mais de trinta  graus de abdução, levantar o antepé ou calcanhar e permanecer fora da posição de teste por mais de cinco segundos. A cada erro é marcado um ponto, quanto maior a pontuação do indivíduo maior déficit de equilíbrio estático (RAHN et al. 2015). 

A avaliação de atletas, além de facilitar a estruturação de treinos específicos e  individualizados, contribui para a prevenção e identificação das alterações tratáveis que possam prejudicar o rendimento do atleta durante as competições. Por ser um teste com baixo custo e fácil execução ele pode ser aplicado na população de atletas. O objetivo deste estudo foi analisar através de revisão da literatura a utilização do teste BESS na avaliação do equilíbrio estático em praticantes de atividade física. 

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram pesquisadas as bases de dados PubMed e Physiotherapy Evidence Database (PEDro), utilizando as seguintes palavras-chave: postural balance, balance error, scoring system  e sport. Esses termos foram distribuídos de forma heterogênea para seleção dos estudos.

Para inclusão dos artigos foram considerados os seguintes critérios:  artigos disponíveis na íntegra, publicados nos idiomas inglês e português  envolvendo o teste BESS na população de atletas, com período de publicação entre 2013 a 2023.

Inicialmente, a seleção dos estudos foi realizada com uso dos descritores nas bases de dados, seguida da leitura dos títulos dos artigos selecionados. Após essa etapa, os estudos que se enquadraram nos critérios de elegibilidade e no escopo da presente revisão foram selecionados para leitura na íntegra que embasou a seleção da amostra final desta revisão. 

3. RESULTADOS 

Foram encontrados 15 estudos e a partir dos critérios de exclusão, 5 referências foram utilizadas. Os tipos de estudos, procedimentos realizados e principais resultados apresentados nos estudos estão apresentados na tabela 1. 

 Tabela 1 – Descrição dos estudos, sujeito, idade, esporte praticado, lesão musculoesquelética e resultado do BESS após avaliação dos sujeitos.

4. DISCUSSÃO 

Todos os artigos aplicaram o BESS com o intuito de avaliar o equilíbrio estático, correlacionando com outros testes de equilíbrio, não relatados nesta revisão. Assim pode-se considerar que o teste BESS é o mais utilizado com essa finalidade na população de atletas. 

Hahn et al. relata que como o teste tem um período de adaptação pelo indivíduo testado, o mesmo pode apresentar não conseguir assimilar o comando da atividade, ter maior gasto energético e apresentar fadiga, o que gera uma limitação importante ao uso do BESS na prática clínica.

Halabchi et al. demonstram um índice de erros com um valor médio (13,5+- 9,42) que foi significativo ao nível de (p+o,oo3) comparado ao grupo que não possuía lesões, afirmando que a superfície de espuma gera maior atividade muscular e torque, alterando o padrão de movimento.

O estudo de Howell et al. comparou a estabilidade da articulação do tornozelo entre homens e mulheres, no entanto não houve significância em relação a postura de apoio unipodal e tandem, porém na postura de perna dupla, mulheres demonstraram uma melhor estabilidade (p=0,003). Isso indica que ginastas têm maiores níveis de controle postural quando comparadas a atletas de outras modalidades desportivas.

Azad et al. avaliou a diferença nas pontuações do teste BESS em atetas de futebol do sexo masculino e feminino, os resultados mostraram que mulheres  contaram com pontuações menores comparadas aos homens no mesmo cenário , de apoio unipodal, que foi signidicativo ao nível de (p=0,001).

Um estudo analisou a recuperação de atletas após concussão, Buckley et al. comparou as repercussões imediatas e o curso natural da melhora relacionada aos sintomas desta lesão no esporte, demonstrando que os atletas apresentaram menos erros na fase de reabilitação comparados com a fase aguda de concussão, devido a este fato o autor recomenda o BESS na avaliação de equilíbrio estático pós concussão.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As evidências do presente estudo demonstraram que a maioria dos estudos incluídos obtiveram diferenças significativas entre atletas lesionados de membro inferiores e não lesionados, além de indicarem a utilização do teste BESS em conjunto com outros testes de avaliação do equilíbrio estático, por ser de baixo custo, fácil aplicação, rápido de administrar, além de diagnosticar e prevenir fatores de risco de lesões musculoesqueléticas e melhorar o rendimento dos atletas no esporte. 

REFERÊNCIAS

COHEN, M.; ABDALLA, R.J Lesões no esporte, diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Reinter, 2005. 8. COSTA, C. Futsal: Aprenda a ensinar. Florianópolis, SC. Visual Books, 2007.

VERHAGEN, L et al. Epidemiological study of foot and ankle injuries in recreatioal sports. Brazilia Orthopedic Act, v. 20, n. 6, p. 339-342, 2005.

ROCHA, P.B. Fisioterapia: a importância preventiva para os atletas de futsal. Saúde e Desenolvimento, v. 13, n. 7, 2019.

BELL, D.R. et al. Systematic review of the balance error scoring system. Sports health, v. 3, n.3, p. 287-295. 2011.

RAHN, C.; MUNkASY, B. A; JOYNER, A. B. Sideline Performance of the Balance Error Scoring System during a Live Sporting Event. Clin J Sport Med, 25(3) 248-253, 2015.

HALABCHI, F. et al. Comparasion of static and dynamic balance in male foorball and basketball players. Foot & ankle specialist, v13, n 3, p 228-235, 2020.

HOWELL, D. et al. Assessment of the postural stabilit of female and male athletles. Clinical Journal of sport medicie. v 27, n 5, p. 444-449, 2017.

AZAD, A. M. et al. Modified Balance Error Scoring System (M.BESS) test scores on athletes wearning protectivo gear and cieats. BMJ Open sport & exercises Medicine. Clinical Jornal of Sport Medicine, 2016.

BUCKLEY, T. A. et al. Sensitivity and specificity of the modified balance error scoring system in concussed collegiate student athletes. Clinical journal os sport medicine. v 28,  n 2, p. 174-178, 2018.


1Mestrando em Fisioterapia pela Logos University International. Pós graduado em Fisioterapia Traumato-ortopédica pela Universidade Gama Filho, Pós graduado em gestão de Assistência Domiciliar pela Faculdade Unyleya. Preceptor da Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e Tutor EAD da Faculdade Anhanguera. Membro da Thera-Band Academy e Associação brasileira de Crochetagem. wilinghton@gmail.com
2Pós graduada em Fisioterapia Traumato-ortopédica pela Faculdade de Reabilitação da ASCE. giselefisioterapeuta11@gmail.com