AVALIAÇÃO DE SINTOMAS DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE NOS GRADUANDOS DE ENFERMAGEM 

ASSESSMENT OF DEPRESSION AND ANXIETY SYMPTOMS IN NURSING STUDENTS EVALUACIÓN DE SÍNTOMAS DE DEPRESIÓN Y ANSIEDAD EN ESTUDIANTES DE ENFERMERÍA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10889993


Ana Paula Braga1;
Azenati da Silva Rodrigues1;
Janaína Ferreira de Lima2;
 Eliana Anunciato Franco de Camargo3;
 Gisele Acerra Biondo Pietrafesa2;
 Marli Gabriel de Melo Almeida2


RESUMO

Objetivo: Analisar a presença de depressão e/ou ansiedade entre os acadêmicos de enfermagem de nível superior. Métodos: Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa. Foi aplicado um questionário demográfico e a escala de Depressão e Ansiedade de Beck. A pesquisa foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2023 em uma universidade privada do interior de São Paulo, composta pelos acadêmicos de nível superior do curso de enfermagem. Resultados: A amostra foi composta por 104 graduandos de enfermagem, predominantemente do sexo feminino, brancas, jovens entre 20 a 30 anos, solteiras e com vínculo empregatício. Referente a ansiedade, detectamos que 37% das(os) graduandas(os) de enfermagem apresentam grau mínimo, 39% grau leve, 22% grau moderado e 2% grau grave. Em relação a depressão, 39% dos acadêmicos manifestaram grau mínimo, 43% grau leve, 17% grau moderado e 1% grau grave.  Considerações finais: Há a presença de sintomas de depressão e ansiedade nos acadêmicos e enfermagem, o que reforça a necessidade de uma estratégia para diminuição dos dados da saúde mental dos acadêmicos. Acredita-se que as instituições de ensino superior devem-se comprometer com o desenvolvimento integral dos estudantes, implementando estratégias para lidar com essa realidade. 

Palavras-chave: Estudantes, Saúde Mental, Enfermagem

ABSTRACT 

Objective: To analyze the presence of depression and/or anxiety among higher education nursing students. Methods: This is a quantitative research study. A demographic questionnaire and the Beck Depression and Anxiety scale were applied. The research was carried out in the months of August and September 2023 at a private university in the interior of São Paulo, composed of higher-level nursing students. Results: The sample was composed of 104 nursing students, predominantly female, white, young people between 20 and 30 years old, single and employed. Regarding anxiety, we detected that 37% of nursing students have a minimal degree, 39% a mild degree, 22% a moderate degree and 2% a severe degree. In relation to depression, 39% of students expressed a minimal degree, 43% a mild degree, 17% a moderate degree and 1% a severe degree. Conclusions: There is the presence of symptoms of depression and anxiety in students and nursing students, which reinforces the need for a strategy to reduce the mental health data of students. It is believed that higher education institutions must commit to the integral development of students, implementing strategies to deal with this reality.

Keywords: Students, Mental Health, Nursing

RESUMEN

Objetivo: Analizar la presencia de depresión y/o ansiedad entre estudiantes de enfermería de educación superior. Métodos: Se trata de un estudio de investigación cuantitativo. Se aplicó un cuestionario demográfico y la escala de Depresión y Ansiedad de Beck. La investigación se realizó en los meses de agosto y septiembre de 2023 en una universidad privada del interior de São Paulo, compuesta por estudiantes de nivel superior de enfermería. Resultados: La muestra estuvo compuesta por 104 estudiantes de enfermería, predominantemente mujeres, blancos, jóvenes entre 20 y 30 años, solteros y ocupados. Respecto a la ansiedad detectamos que el 37% de los estudiantes de enfermería tiene un grado mínimo, un 39% un grado leve, un 22% un grado moderado y un 2% un grado severo. En relación a la depresión, el 39% de los estudiantes expresó un grado mínimo, el 43% un grado leve, el 17% un grado moderado y el 1% un grado severo. Consideraciones finales: Existe la presencia de síntomas de depresión y ansiedad en estudiantes y estudiantes de enfermería, lo que refuerza la necesidad de una estrategia para reducir los datos de salud mental de los estudiantes. Se cree que las instituciones de educación superior deben comprometerse con el desarrollo integral de los estudiantes, implementando estrategias para enfrentar esta realidad.

Palabras clave: Estudiantes, Salud Mental, Enfermería

INTRODUÇÃO 

A depressão é uma condição de alteração que afeta principalmente o pensamento e o comportamento de uma pessoa. É caracterizada por falta de humor e incapacidade de sentir prazer. Os sintomas da depressão podem variar, mas comumente incluem problemas de sono, falta de apetite, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade, entre outros. Pode ser causada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais (SANTANA TS, et al., 2023).

Ela se apresenta entre os graduandos como um dos transtornos emocionais mais diagnosticados, sabendo que boa parte deles apresentam sentimentos intensos de inconformidade sobre si, baixa autoestima e autoconfiança mínima, o que traz malefícios à sua formação profissional, levando-os a ter uma diminuição do rendimento no estudo e em suas atividades rotineiras (MEISTER GS, et al., 2023).

Além de todas as mudanças ocorridas nessa fase, a vida universitária tem uma grande relevância. A literatura ressalta que 15 a 25% dos graduandos apresentam algum transtorno mental, entre elas depressão e ansiedade. Entende-se que no meio acadêmico o estudante, sendo jovem, depara-se com novas exigências, grades de ensino, culturas e hábitos que exigem uma mudança de comportamento que podem desencadear alguns transtornos (CASSOL M, et al., 2021).

Tanto a depressão quanto a ansiedade, têm sido cada vez mais comuns na atualidade. A pandemia da COVID-19 foi um fator que agravou esse quadro. O isolamento social, a perda de entes queridos, a incerteza econômica e a mudança na rotina cotidiana causaram estresse e ansiedade em muitas pessoas (MAIA BR e DIAS PC, 2020). 

A ansiedade também pode estar relacionada com um conjunto de fatores cognitivos, afetivos, fisiológicos e comportamentais. Esse transtorno pode ser caracterizado pelo alto grau de preocupação que o ser humano tem em relação a alguns eventos e atividades rotineiras, em que existe uma grande dificuldade de se controlar, o que acaba interferindo na funcionalidade da vida normal (OLIVEIRA TJ, et al., 2023).

Estudantes universitários, incluindo aqueles que cursam enfermagem, podem estar sujeitos a altos níveis de estresse, ansiedade e depressão. Cronograma de estudos, prazos de trabalho, responsabilidades acadêmicas e pressão para ter bom desempenho acadêmico, além de outros desafios em suas vidas pessoais, podem levar a problemas de saúde mental. Pode-se citar que a entrada nas instituições de ensino é um momento de transformações, a necessidade de se adaptar a uma nova forma de ensino e aprendizagem, entre outras mudanças. Os aumentos dessas novas responsabilidades podem trazer insegurança e conflitos que podem causar ansiedade e depressão (CRISTO F, 2023).

Para graduandos de enfermagem, especificamente em campo de estágio, os desafios também podem incluir o contato direto com pacientes em ambiente hospitalar, a lidar com doenças graves e morte, além de exigir uma grande carga horária de estudos. A falta de suporte emocional, de tempo suficiente para descanso e lazer, a pressão para ser bem-sucedido e a sensação de estar sozinho sem muita orientação pode aumentar os sintomas de depressão e ansiedade nos estudantes de enfermagem (LIMA MMP, et al, 2022). 

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a presença de depressão e/ou ansiedade entre os acadêmicos de enfermagem de nível superior no interior de São Paulo. 

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa quantitativa e descritiva. O estudo foi realizado em uma universidade privada no interior de São Paulo. A população foi composta por 167 acadêmicos de enfermagem. Como critério de exclusão foram os graduandos que estavam de licença saúde/maternidade ou que estavam ausentes nas cinco tentativas de contato. A pesquisa foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2023. 

Vale ressaltar que a presente investigação somente teve início após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº 6.556.900 cumprindo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Resolução 466/2012. Os graduandos de enfermagem foram abordados e convidados a participarem da pesquisa. Foram informados que sua participação não oferecia riscos ou prejuízos pessoais, a garantia do sigilo das informações obtidas e de seu anonimato, além do seu direito de desistir da participação em qualquer momento do estudo, sem prejuízo pessoal. 

No referido estabelecimento, as pesquisadoras dirigiram-se aos graduandos, solicitando-lhes a colaboração para realização da pesquisa após explicação sobre o conteúdo e objetivos desta. A participação dos graduandos foi voluntária, os questionários foram aplicados presencialmente em horários de aula. Posteriormente, mediante sua anuência na participação, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e somente após, a aplicação do questionário. 

Para a coleta de dados foi entregue um questionário demográfico e Inventário de Ansiedade de Beck (BAI – Beck Anxiety Iinventory) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II).

O Inventário de Ansiedade de Beck foi desenvolvido para avaliar o rigor dos sintomas de ansiedade em pacientes deprimidos. São 21 itens que refletem somaticamente, afetivamente e cognitivamente os sintomas característicos de ansiedade, mas não de depressão. Esta lista de verificação de ansiedade mostrou uma boa consistência interna e boa confiabilidade teste – reteste com intervalo de uma semana (BECK AT, STEER RA, BROWN G 1985). 

A escala de autoavaliação de Ansiedade de Beck mede a intensidade dos sintomas de ansiedade (fisiológicos e psicológicos) por meio de 21 itens numa escala de 4 pontos (0 a 3) que varia em “Absolutamente não”; “levemente: não me incomodou muito; moderadamente: foi muito desagradável, mas pude suportar” e gravemente: dificilmente pude suportar. O escore total permite a classificação em níveis de intensidade de ansiedade: mínima, leve, moderada e grave. A cotação máxima corresponde a 63 pontos e a mínima a zero, pois ainda que as alternativas de respostas oferecidas sejam de caráter qualitativo, na realidade constituem uma série escalar de 0 a 3 pontos (CUNHA JA, 2001). 

Os itens abordam: 1) dormência ou formigamento; 2) sensação de calor; 3) tremores nas pernas; 4) incapaz de relaxar; 5) medo de que aconteça o pior; 6) atordoado ou tonto; 7) palpitação ou aceleração do coração; 8) sem equilíbrio; 9) aterrorizado; 10) nervoso; 11) sensação de sufocação; 12) tremores nas mãos; 13) trêmulo; 14) Medo de perder o controle; 15) dificuldade para respirar; 16) medo de morrer; 17) assustado; 18) indigestão ou desconforto no abdômen; 19) sensação de desmaio; 20) rosto afogueado e 21) suor (não devido ao calor) (CUNHA JA, 2001).

O Inventário de Depressão de Beck (BDI-II) foi criado inicialmente para avaliar a intensidade de sintomas depressivos na população idosa (ARGIMON IIL, et al., 2016). Foi adaptado para o Brasil em 2011(GORENSTEIN C, et al., 2011).

É um instrumento composto por 21 itens que mede a intensidade da sintomatologia depressiva em pacientes diagnosticados e detecta casos prováveis de depressão em populações normais. Os itens são: (1) tristeza, (2) pessimismo, (3) fracasso passado, (4) perda de prazer, (5) sentimento de culpa, (6) sentimentos de punição, (7) autoestima, (8) autocritica, (9) pensamentos ou desejos suicidas, (10) choro, (11) agitação, (12) perda de interesse, (13) indecisão, (14) desvalorização, (15) falta de energia (16) alterações do padrão de sono, (17) irritabilidade (18) alterações apetite, (19) dificuldade de concentração, (20) cansaço ou fadiga e (21) perda do interesse por sexo. As respostas correspondem a quatro alternativas que variam quanto à intensidade (0 a 3), cabendo ao participante indicar qual das quatro afirmações melhor descreve os seus sintomas. Para interpretar, o escore total é obtido mediante o somatório dos 21 itens e permite classificar a depressão em níveis de intensidade: mínima, leve, moderada e severa (BECK AT, STEER RA, BROWN G 1985; GORENSTEIN C, et al., 2011). A cotação máxima corresponde a 63 pontos e a mínima a zero. 

A análise dos dados ocorreu através da codificação e digitação em uma planilhado Microsoft Excel®. A análise estatística iniciou-se com a realização do teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos dados. Posteriormente a análise dos dados constitui na exploração descritiva das variáveis estudadas(média e desvio-padrão) e no cálculo das prevalências (n e porcentagem). 

RESULTADOS 

A amostra foi composta por 104 graduandos de enfermagem. 21 graduandos (20,1%) se declararam homens cis gênero, 82 graduandas (79%) mulheres cis gênero e 1 mulher transexual (0,9). Importante destacar que o curso de enfermagem possui 167 matriculados. Houve perda significativa da amostra, na qual 27 acadêmicos entregaram o questionário em branco e 36 não estavam presentes nas cinco tentativas.

Das(os) 104 graduandas(os) de enfermagem, 69 alunas(os) se autodeclararam brancas(os), 24 pardas(os), 9 pretas(os) e apenas 2 amarelas(os). Relacionado à orientação sexual, 88 discentes relataram ser heterossexuais, 07 homossexuais, 07 bissexuais e 02 pansexuais. 51 trabalham na área da saúde. 100% das (os) graduandos de declararam como “trabalhando”.  A maioria das (os) participantes estão na faixa etária entre 20 e 30 anos (57%), solteiros (65%) e sem filhos (70%) e não faz uso de medicamentos contínuos (72%). Apenas 18% relatam fazer uso de psicofármacos e 14% graduandos relataram que são tabagistas. 

Relacionado ao nível cursado da graduação, 37,5% estão no primeiro ano de graduação sendo referentes aos níveis 1 e 2; 14% estão no segundo ano de graduação sendo referentes aos níveis 3 e 4; 24,5% terceiro ano de graduação referentes aos níveis 5 e 6 e 24% no quarto e último ano de graduação referente ao nível 8. A Tabela 1, apresenta uma síntese dos dados sócio-ocupacionais das (os) participantes do estudo.

Tabela 1- Caracterização Socioeconômicos dos graduandos de enfermagem

Para organização dos dados referentes ao Inventário de Depressão e Ansiedade de Beck, a tabela foi organizada por grau de manifestação de cada patologia, sendo, Grau Mínimo, Grau Leve, Grau Moderado e Grau Grave, seguido do ano cursado, conforme Tabela 2. 

Referente à ansiedade, detectamos que 37% das(os) graduandas(os) de enfermagem apresentam grau mínimo, 39% grau leve, 22% grau moderado e 2% grau grave. Em relação à depressão, 39% dos acadêmicos manifestaram grau mínimo, 43% grau leve, 17% grau moderado e 1% grau grave. 

Tabela 2 – Interpretação do inventário de Beck para os níveis de ansiedade e depressão

DISCUSSÃO 

Para iniciarmos a discussão dos resultados, é importante ressaltar que houve perda significativa da amostra. Acreditamos que ainda exista uma dificuldade para os jovens falarem sobre depressão e ansiedade. Tal fato pode ser reflexo do julgamento da sociedade e dos grupos nos quais os jovens convivem, resultando no medo de serem julgados como pessoas portadoras de transtornos mentais. Apesar de vivermos em um mundo informatizado, a sociedade continua mantendo um estigma em relação a transtornos mentais (NASCIMENTO LA, LEÃO A, 2018). 

Corroborando com a literatura, houve uma porcentagem significativa de acadêmicas que se identificaram como mulheres cis gênero, confirmando que a enfermagem continua sendo uma profissão composta pela prevalência do gênero feminino. Tal fato justifica-se pelo histórico da profissão, na qual umas das exigências para cursar enfermagem era ser o sexo feminino (ARAÚJO, et al., 2020).  

Importante ressaltar que no questionário as autoras optaram por identidade de gênero ao invés de “sexo”. A identidade de gênero pode ser compreendida pela forma como a pessoa se identifica com relação aos gêneros, podendo ser o feminino, masculino ou as identidades não binárias (ARAUJO WM, et al., 2023).

Os acadêmicos se declararam majoritariamente de cor branca. Segundo Zonta TM, et al. (2022), os alunos brancos possuem em média maior probabilidade de pretender cursar o Ensino Superior, um índice muito maior do que os alunos pretos e amarelos, um reflexo potencial da desigualdade de oportunidades entre raça e gênero.

Em se tratando de um estudo universitário na enfermagem e rompendo com paradigmas preconceituosos, as autoras abordaram a orientação sexual dos acadêmicos, uma vez que a população LGBT+ (sigla respaldada na própria Política Nacional de Saúde Integral LGBT) tendem a sofrer com o medo da divulgação da sua orientação sexual, rejeição familiar e bullying, constituindo fatores de risco à saúde mental das pessoas LGBT+ (PAIVA AT, et al., 2023). 

A idade predominante dos graduandos foi entre 17 a 30 anos. Os achados coincidem com o estudo de Maia BR e Dias PC (2020) no qual demonstra que os universitários brasileiros são relativamente jovens. A depressão pode iniciar quando as pessoas são jovens, interferindo no auge dos anos mais produtivos. Sintomas de depressão e ansiedade entre estudantes universitários são comuns causando impacto na qualidade de vida e no desempenho acadêmico, representando assim um motivo de preocupação (BARRETO S, 2020). 

O trabalho pode trazer benefícios para a saúde mental, como satisfação pessoal, resiliência, produtividade, participação social, motivação, concentração e prevenção de doenças mentais. De acordo com Callefi JS, Teixeira PMR e Santos FCA (2022) o trabalho é rico de sentido individual e social, é um meio de vida de cada prover sua subsistência, criar sentidos existenciais ou contribuir na estruturação da identidade e da subjetividade. O trabalho pode ser compreendido, de forma genérica, como uma capacidade de transformar a natureza para atender necessidades humanas. 

100% dos estudantes se declaram com vínculos empregatícios, destes, 49% relataram ser da área da saúde. Acreditamos que a escolha da graduação aconteça de acordo com o mercado de trabalho, onde as vagas sejam em setores aquecidos e que chamem mais a atenção de jovens com final do ensino médio e começo de graduação. A área da saúde foi um setor que esteve em grande destaque desde o início da pandemia da COVID-19. 

Auxiliares e técnicos de enfermagem buscam uma oportunidade de crescer profissionalmente. Segundo Ximenes FRGN, et al. (2023), setor saúde foi o que mais ampliou a oferta de emprego na última década, continuando a ser trabalho-intensivo.  

Outra característica relevante entre os jovens graduandos é possuírem o estado civil solteiro.  Mohebbi Z, et al. (2019) aponta o estado civil como um fator de risco para a ansiedade e depressão, demonstrando que ser/estar solteiro pode estar associado a maiores pontuações de sintomas de ansiedade e depressão, quando comparados aos estudantes casados. 

Neste estudo, 55% dos graduandos relataram apresentar algum problema de saúde. Os achados vão de acordo com Nunes LFOM et al. (2022), no qual constatam os impactos negativos gerados à saúde dos estudantes, como transtornos mentais. Observando esses aspectos, acabam surgindo sintomas que podem prejudicar tanto a saúde mental quanto física dos acadêmicos.

O estilo de vida pouco saudável dos acadêmicos de enfermagem pode alterar a sua saúde mental, pois colabora para a piora da saúde e o aparecimento de doenças, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil, cujas políticas de saúde mental ainda não atendem às necessidades populacionais (DIAZ-GODIÑO J, et al., 2019).

Os achados apontam para um baixo número de graduandos tabagistas, o que mostra a conscientização sobre os malefícios que a nicotina pode causar. O tabagismo ainda apresenta um índice alto na sociedade e constitui um problema de saúde pública (GRISANI A, et al., 2023). 

Ressaltamos que relacionado ao ano cursado e aos índices de Depressão e Ansiedade, observa-se que os acadêmicos de enfermagem do segundo e do terceiro ano apresentaram maiores índices de “Grau Mínimo” de Depressão e Ansiedade, e os acadêmicos do primeiro e quarto ano, apresentaram maiores índices no “Grau Leve”. 

Tal fato justifica-se devido a vida acadêmica ser um ambiente repleto de incertezas, e logo no primeiro e último ano, essas incertezas estão no seu ápice, gerando maiores preocupações emocionais (BERNARDELLI LV, et al., 2022).  Muitos universitários apresentam sintomas de ansiedade durante o curso, gerados a partir de inúmeros fatores, como a decepção entre as expectativas geradas no início do curso e a realidade ao se iniciar, e a expectativa com seu futuro após a formatura (FRAGELLI TB, FRAGELLI RR, 2021). 

O autocuidado desempenha um papel importante no manejo da depressão e da ansiedade, incluindo atividades como exercícios físicos regulares, alimentação saudável, sono adequado e práticas de relaxamento. É importante buscar ajuda profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Reforçamos que há presença de sintomas de depressão e ansiedade nos acadêmicos e enfermagem, o que evidencia a necessidade de uma estratégia para diminuição dos dados da saúde mental dos acadêmicos. Esses sintomas podem ser gerenciados com apoio e intervenções durante o curso. Acredita-se que as instituições de ensino superior devem comprometer-se com o desenvolvimento integral dos estudantes, implementando estratégias para lidar com essa realidade. Por fim, é importante que os serviços de apoio psicossocial aos estudantes ofereçam atendimento psicológico, contribuindo para um melhor desempenho acadêmico e uma qualidade da saúde mental.

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1Enfermeira. Graduada em enfermagem pelo Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (Uinpinhal). 
2Mestra em Enfermagem. Docente no curso de graduação em enfermagem no Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (Uinpinhal).
3Doutora em Biologia. Docente no curso de graduação em enfermagem no Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (Uinpinhal).