EVALUATION OF PATHOLOGIES IN THE MACRODRAINAGE OF KM 5.9 OF THE EXPRESSO PORTO ROAD IN THE MUNICIPALITY OF PORTO VELHO/RO
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.7942057
Daniel Monteiro Amorim1
Joana Frade da Silva2
Vitória Conceição Souza3
Claudio Roberto O. Pereira4
RESUMO
O estudo relacionado às patologias na macrodrenagem é necessário para garantir a segurança do tráfego de veículos, o desempenho hidráulico do bueiro e conservação do corpo estradal, pois o sistema de macrodrenagem bem construído e conservado assegura o direcionamento das águas ao seu curso natural, garantindo a vida útil prolongada da via. O presente artigo avalia as principais patologias identificadas no bueiro do km 5,9 localizado na Rodovia Expresso Porto no município de Porto Velho/RO e busca ligar as causas mais comum do ocorrido, através do estudo dos fundamentos teóricos sobre as manifestações patológicas nos sistemas de macrodrenagem, assim como sua importância, seus componentes e controles construtivos. O desenvolvimento se deu por inspeção em campo, coleta de dados e pesquisa bibliográfica. Os resultados mostraram que a situação atual do ponto em estudo põe em risco o corpo estradal e os usuários que utilizam a via.
Palavras-chave: Macrodrenagem. Patologia. Drenagem Rodoviária.
ABSTRACT
The study related to macrodrainage pathologies is necessary to ensure the safety of vehicle traffic, the hydraulic performance of the culvert and conservation of the road body, as the well constructed and maintained macrodrainage system ensures the direction of water to its natural course, guaranteeing the longer lifespan of the track. This article evaluates the main pathologies identified in the culvert at km 5.9 located on the Expresso Porto Highway in the municipality of Porto Velho/RO and seeks to link the most common causes of what happened, through the study of the theoretical foundations on the pathological manifestations in the systems of macrodrainage, as well as its importance, its components and constructive controls. The development took place through field inspection, data collection and bibliographical research. The results showed that the current situation of the point under study puts the road body and users who use the road at risk.
Keywords: Macrodrainage. Pathology. Road Drainage.
1. INTRODUÇÃO
Sendo a água considerada a principal causa da maioria dos problemas nas estradas, relacionados com recalques, erosão, imperfeições do pavimento, a escolha de um método de drenagem garante que a água chegue ao local certo. O sistema de drenagem direciona a água que chega à via para um ambiente seguro, evitando que ocorra o processo de infiltração nas diversas camadas do revestimento e pavimento asfáltico. A engenharia civil usa sistemas de drenagem para distribuir adequadamente a água que flui pelas ruas, instalando bocas de lobo, bueiros, saídas, calhas, sarjetas.
O ciclo hidrológico é fundamental para a manutenção da vida do planeta, pois garante a distribuição e a renovação da água nos diferentes ecossistemas. O ciclo é um processo natural que envolve a evaporação da água da superfície terrestre e dos corpos d’água, a condensação do vapor de água na atmosfera formando nuvens, a precipitação da água em forma de chuva ou neve, a infiltração da água no solo e nos aquíferos, o escoamento superficial da água nas superfícies terrestres e o escoamento fluvial nos rios e lagos (RIGHETTO, 1998). Por mais que o ciclo hidrológico possa aparentar como um ciclo contínuo, com a água se movendo de forma permanente e constante, na realidade, é diferente, pelo fato de o movimento que a água faz em cada uma das fases do ciclo, ocorrer de forma aleatória, variando tanto no espaço quanto no tempo.
Há casos que a natureza trabalha com os excessos. Uma vez provocando impetuosas precipitações atingindo a capacidade máxima de suporte dos cursos d’água, ocasionando em inundações, outra vez parece que todo o ciclo hidrológico parou completamente. Em razão disso, esses extremos que permeiam entre as enchentes e as secas, para os profissionais da Engenharia, interessam na finalidade de proteção contra estes mesmos extremos.
A questão da drenagem parte do princípio que envolve diretamente no manejo do escoamento das águas, tendendo a diminuir danos à sociedade e ao ambiente. Tratando-se de rodovias, a priori, conhecer os tipos de sistemas de drenagem, podendo ser microdrenagem ou macrodrenagem, e suas especificidades, torna-se a etapa primordial para, assim, a elaboração de projetos executivos, como também execução de obras deste porte. Em razão da contextualização do tema abordado, a importância da macrodrenagem em rodovias, dá-se ao fato de que esses dispositivos correspondem à drenagem natural, estabelecido por rios e córregos, por meio de obras que direcionam e complementam através de canalizações, barragens, diques, bueiros, bacias de dissipação, entre outros, uma vez que essa etapa está relacionada ao direcionamento adequado das águas pluviais, evitando acidentes e inundações. Esse tipo de sistema deve ser pensado e projetado no intuito de acomodar precipitações superiores às da microdrenagem, trazendo em seu objetivo o aumento da vida útil das estradas, sem comprometer o curso natural das águas.
Ocorre que, o desgaste do tempo, a má qualidade dos materiais de construção e as condições ambientais, além de outros fatores imprevistos e não percebidos nas definições de projetos e dimensionamentos, podem gerar patologias nos dispositivos de micro ou macrodrenagem, prejudicando seu desempenho hidráulico, encurtando seu tempo de vida útil.
A avaliação de patologias de sistemas de macrodrenagem de rodovias se torna, portanto, um tema de grande importância, a fim de identificar os problemas e propor soluções para garantir o bom funcionamento das redes. Através da análise desses sistemas, é possível determinar a capacidade hidráulica, seu desempenho hidráulico e identificar as patologias mais comuns, suas causas e efeitos, bem como definir as técnicas mais adequadas para a manutenção e recuperação desses sistemas.
Em Rondônia, a economia se baseia, prioritariamente, na agropecuária e com aumento significativo dos campos de produção de grãos, tornando uma das principais atividades realizadas no Estado, dando-se ao fato da quantidade de chuvas que a região propicia, além do tipo do solo. Esse fortalecimento da economia vem acontecendo ao longo dos últimos anos com um crescimento considerável da produção em várias partes do Estado e do escoamento de grãos por meio do Porto Graneleiro na capital rondoniense, sendo esse o principal acesso para a utilização das hidrovias.
Com o crescimento acelerado da região, na década de 80, surge a pavimentação da BR-364, a fim de facilitar o movimento migratório, bem como o escoamento da produção agrícola, com isso, surgindo uma maior movimentação de veículos de carga pesada nas estradas, causando transtorno nas principais vias de circulação na cidade de Porto Velho, capital de Rondônia.
A cidade de Porto Velho está situada ao extremo noroeste do Estado de Rondônia. A capital tem localização favorecida, onde margeia-se entre trecho do Rio Madeira de encontro ao entroncamento de duas importantes rodovias da Região Norte, sendo elas a BR-364 (sentido Cuiabá) e BR-329 (sentido Amazonas).
A Rodovia Expresso Porto se apresenta como solução para o problema do tráfego nos trechos de rodovia que assoalham as áreas urbanas na cidade de Porto Velho/RO. Atualmente, a construção da pavimentação encontra-se paralisada. Dessa forma, o aumento da frota veicular no perímetro urbano da capital tem gerado dificuldades e problemas para a população, comprometendo o conforto e segurança, afetando na qualidade de vida.
Calha que, para que uma obra deste porte possa retornar ao andamento da execução, será observada as condições do sistema de drenagem, o que impede o bom funcionamento do bueiro localizado no km 5,9, a fim de não prejudicar a vida útil do corpo estradal.
Neste contexto, esse artigo pretende apresentar como objetivo a avaliação das condições do bueiro localizado no km 5,9 presente no conjunto do sistema de macrodrenagem na Rodovia Expresso Porto no município de Porto Velho/RO, elencando as patologias e suas causas, bem como as consequências e fatores acarretados pelo desempenho desse dispositivo aplicando esse conhecimento no estudo de caso escolhido da rodovia Expresso Porto, na cidade de Porto Velho/RO. A partir dessa análise, pretende-se propor soluções para a recuperação e manutenção desse dispositivo, visando garantir sua funcionalidade e sustentabilidade.
Logo, o desenvolvimento desse artigo é de relevância socioambiental em virtude da realidade de que os problemas ocasionados por um sistema de drenagem ineficiente ou sem a devida manutenção, causam adversidades a todo o ambiente e população, tendo em vista que as águas pluviais sem o direcionamento adequado tendem a destruir e a alterar negativamente um ambiente influenciando na vida das pessoas, independente de nível social, na valorização local, juntamente na preservação da natureza.
Posto isto, por todos esses fatores a análise de uma fração de drenagem justifica-se importante para o conhecimento da forma adequada de construção, bem como dos fatores que conduzem a patologias indesejáveis.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste estudo foi definida a temática de patologias da macrodrenagem. A metodologia se refere a necessidade de uma proposta aplicada e se deu através de levantamentos e registros in loco, além da pesquisa bibliográfica em literatura pertinente, bem como da aplicação dos conhecimentos adquiridos na graduação de Engenharia Civil.
O presente artigo por ser de natureza aplicada busca que, ao final do levantamento de dados, resulte em uma proposta de solução adequada para o bueiro localizado no km 5,9 da Rodovia Expresso Porto no município de Porto Velho/RO.
Para a coleta de dados foi realizado um levantamento bibliográfico a partir dos repositórios como artigos, dissertações, manuais, apostilas e portais de Governo para obter informações técnicas sobre os estudos necessários que foram utilizados para a elaboração deste trabalho, utilizando-se os seguintes descritores: macrodrenagem, macrodrenagem em rodovias, patologias e suas causas em macrodrenagem em rodovias de fluxo intenso.
Diante disso, a abordagem é considerada qualitativa, a partir dos artigos elencados na pesquisa com os descritores, bem como o levantamento fotográfico realizado em campo, principalmente nos períodos das chuvas para identificar o volume de precipitação entre outros elementos que acaba afetando a durabilidade deste bueiro.
O objetivo dos autores da pesquisa tem por finalidade conduzi-la de forma exploratória e explicativa. Na fase exploratória foi feito um aprofundamento de conhecimento do tema com o intuito de recortar o objeto de pesquisa, bem como formular o problema de tal tema que será o elemento norteador do artigo.
Na etapa explicativa foram levantadas as condições deste bueiro, as causas das patologias e as consequências para se propor uma solução deste bueiro.
O levantamento de campo foi guiado conforme figura 5 sendo este, uma ficha de inspeção elaborada conforme informações necessárias para a realização deste estudo. A escolha do local foi realizada mediante a identificação da caracterização da área de estudo, tendo em vista o porquê da escolha do ponto crítico. Em seguida, foi identificado a forma de uso e ocupação do local, através da visita in loco e da ferramenta de sistema de informação geográfica, como o Google Earth, câmera fotográfica, classificando como estão as condições atuais do corpo estradal, vegetação, solo exposto, curso d’água, entre outros. O levantamento de campo, foi realizada por meio de registro fotográfico e análise visual identificando seu diâmetro, tipo de solo, vegetação, bacia, topografia, e demais informações pertinentes. Foi realizado também, elaboração de croquis para auxílio na identificação do problema.
Partindo deste princípio, o artigo se direcionou para as ações e soluções escolhidas, como forma de conduta para prevenção ou até mesmo controle das patologias.
3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E SUAS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS
A Rodovia Expresso Porto está localizada no município de Porto Velho/RO, com o intuito de solucionar parte do problema ocasionado pelo tráfego de carretas no perímetro urbano. Esta rodovia, também é conhecida pela sociedade como anel viário, e, atualmente consta com aproximadamente 17 km de extensão, sendo 1 km pavimentado e 16 km de estrada de chão, com trecho inicial ligando pontos partindo da BR-364 na proximidade dos hospitais: Santa Marcelina e o Hospital do Amor da Amazônia, seguindo até o Porto Graneleiro, na extensão de 17 km.
Conforme Nascimento (2015), a nova Rodovia Expresso Porto será implementada em Porto Velho para remover o tráfego diário de mais de 200 carretas que circulam pelas movimentadas avenidas Jorge Teixeira e Guaporé, tendo como destino os portos ao longo da Estrada da Penal, atualmente localizados no perímetro urbano da cidade.
O bueiro em estudo está situado a 5,9 km partindo da BR-364 e sua escolha se dá em razão por representar a condição mais crítica percebida para esse tipo de elemento da Rodovia. Ver figura 1.
Figura 1 Localização do bueiro em estudo
Para classificar o clima da região pode-se dizer que o clima é influenciado por diversos fatores. Dessa forma, dependendo da localização, terão características diferentes. Segundo Rocha (2022, p. 2), “uma das classificações mais utilizadas é a do geógrafo alemão Wladimir Petter Koppen, proposta em 1900 e aperfeiçoada por outros geógrafos a partir de então.” Ainda segundo Rocha (2022), o método de classificação climática de Köppen, são definidas através do clima de acordo com seus principais agentes climáticos, sendo eles: radiação, temperatura, pressão atmosférica e umidade.
Wladimir Köppen desenvolveu o sistema climático de Köppen, baseando nas pesquisas que já existiam sobre biomas, apresentava que o tipo de vegetação está interligado com o clima, e esse sistema é muito utilizado até hoje.
Segundo Rocha (2022, p. 1)
“É de fundamental importância que se tenha uma noção clara de que, para o desenvolvimento de um projeto de drenagem, tanto é necessário que o respectivo estudo hidrológico esteja concluído, bem como que seu conteúdo seja o mais consistente possível, de tal modo que o sucesso do projeto em si depende do cuidado e primor que se aplicam durante a elaboração do estudo.”
Em Rondônia o clima é classificado, de acordo com o método de Koppen-Geiger, como um clima do tipo Am (Clima de Monção) ou Clima Equatorial Úmido, que envolve praticamente toda a faixa da Amazônia do país. Ocorre que devido a grande quantidade de umidade emitida pela floresta amazônica através do processo de evapotranspiração, faz variar as médias pluviométricas permanecendo com valores elevados, variando de 1500 mm a 2500 mm por ano. Ver figura 2.
Figura 2 Mapa de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger.
4. RESULTADOS
As visitas in loco foram realizadas no dia 11 de março de 2023 e no dia 2 de abril de 2023. Dessa forma, foi aproveitado o período da manhã de domingo devido ao menor tráfego no local. No primeiro dia, o clima estava chuvoso, o que beneficiou a vistoria, pela importância que a avaliação seja efetuada em um período chuvoso para avaliação do nível da água e seu comportamento no local, porém dificultou o acesso ao bueiro. Na segunda visita in loco, houve dias de sol, sendo assim, possível acessar e fazer a análise do bueiro escolhido e coleta das medidas necessárias. Ao todo foram produzidas e catalogadas diversas fotografias digitais de alta resolução. Após criteriosa análise visual, tendo como referência a ficha de inspeção adaptada do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) (2004), apresentam-se as manifestações patológicas encontradas no bueiro do km 5,9, nos dois sentidos da transposição do talvegue, sendo eles: montante e jusante.
A localização do bueiro encontra-se no trecho da via não-pavimentada. De acordo com a análise visual, ver figuras 3 e 4, o bueiro segue as principais classificações indicadas abaixo. Ver tabela 1:
Tabela 1 Informações do bueiro em estudo
Figura 3 Diâmetro do bueiro localizado no km 5,9
Conforme apresentado na figura 4A é possível observar as características do local no lado montante, bem como na figura 4B, a largura da pista, assim como na figura 4C apresenta o lado jusante do bueiro localizado no km 5,9. Ver figura 4.
Figura 4 Identificação do ponto
O levantamento de campo foi realizado seguindo os seguintes passos: análise visual junto com registro fotográfico; identificação das patologias e elaboração de croquis para melhor entendimento e a identificação das manifestações patológicas fora apresentada com o preenchimento da Ficha de Inspeção no dia da vistoria, conforme figura 5, no qual foi identificado presença de erosão, assoreamento, necessidade de valeta, falta/defeito das peças, desalinhamento, danos por sobrecarga e acúmulo de material orgânico. Ver figura 5.
Figura 5 Ficha de inspeção
Ao ser deparado com a dificuldade de acesso ao fundo do bueiro a montante, foi feito um croqui em que exemplifica a transposição do bueiro, juntamente com medidas da pista e altura dos taludes. A pista de rolamento foi medida com a ferramenta de trena de fibra de vidro, encontrando uma largura de 12,0 m. Já do início do talude a jusante até a boca do bueiro, a altura encontrada foi de aproximadamente 5,0 m. Devido à dificuldade de acesso ao lado montante, em razão da alta vegetação, não foi possível a determinação da medida da altura do talude. Dessa forma, entende-se que os dois lados possuem altura proporcional. Ver figura 6.
Figura 6 Croqui dos dimensionamentos
Devido à dificuldade do acesso, não foi possível a observação da boca de entrada do bueiro, curso de água e a lâmina d’água. Entretanto, pelo fato de a água estar escorrendo no lado jusante, constatou-se que o bueiro não se encontra entupido e nem afogado. Ou seja, o bueiro ao lado montante, está atendendo a vazão sem comprometer sua função. Essa observação é de suma importância devido ao fato de que se a boca do bueiro neste lado não estivesse atendendo, a região estaria alagada prejudicando o talude, além disso concluiu-se que a montante encontra-se sem a devida composição da boca do bueiro. Ver figura 7.
Figura 7 Lado montante do bueiro do km 5,9
Todavia, devido ao fato de não haver drenagem superficial, como canaletas, valetas, ou até sarjetas de aterro, com a água de escoamento pluvial do ponto mais alto do corpo estradal, iniciou uma pequena erosão no início do talude. Esse material carreado da erosão tem a possibilidade de ser depositado no curso d’água fazendo, assim, com que ocorra o assoreamento que resulta na vedação parcial da boca do bueiro. Além disso, esse material indesejado que vem sendo carregado, também compromete a estrutura do talude, como também a segurança da via.
Da mesma forma, o talude a jusante encontra-se com a mesma patologia citada anteriormente, pois a falta da adequada drenagem também ocasionou erosão no talude. Tendo em vista que o acesso ao lado jusante estava mais possibilitado para análise, foi possível a constatação que a erosão estava em uma situação crítica e arriscada, no qual já apresenta um desmoronamento que resultou em porção significativa do aterro que apresenta talude negativo estimado em aproximadamente 2,50 m de comprimento rompido, considerando-se como referência os limites originais de “saia” de aterro. Ver figura 8.
Figura 8 Talude do lado Jusante
Devido a gravidade da erosão, a mesma situação não se dá somente pela falta de drenagem superficial, mas também, pela falta de proteção do talude, a ausência da construção da ala na boca de saída para a contenção do aterro, falta de escada dissipadora para a correta descida d’água proveniente do escoamento das águas de precipitação em destino ao curso d’água, assim como a carga elevada e a alta velocidade provocada pelas carretas que transitam no trecho, causando vibração e, consequentemente, desagregação do aterro compactado no local, muito em razão da falta de critérios adequados na configuração da geometria do talude e da falta de proteção superficial.
A erosão provocou o assoreamento no corpo do bueiro, provocando seu rompimento e desmonte do escoamento instalado. Como pode se observar na figura 8B o desmoronamento do talude poderá evoluir com o decorrer do tempo, atingindo a via de passagem de veículos, caso não seja efetuada uma contenção deste aterro. Ver figura 9.
Figura 9 Falta de proteção do talude
O processo erosivo depende de diversos fatores e entre eles está a precipitação no qual considera-se sua intensidade e duração. A falta de proteção do talude, possibilitou um maior impacto das precipitações no talude reduzindo significantemente sua resistência, causando a erosão, assim como seu progresso. Ver figura 10.
Figura 10 Resultado do assoreamento de rompimento do talude
Outro fator que contribui para o caso é a sobrecarga transmitida pelos caminhões, por se tratar de um ponto localizado entre duas ladeiras bem inclinadas e sem pavimento o que torna a pista escorregadia em dia de chuva, os caminhões carregados necessitam aumentar a velocidade para subir a ladeira, mesmo no domingo o fluxo se manteve moderado e essa carga somada a alta velocidade contribui para a desagregação do solo em estado de muita umidade progredindo mais a erosão. Ver figura 11.
Figura 11 Resultado do assoreamento de rompimento do talude
Devido a erosão é perceptível a alteração na inclinação do maciço afetando a estabilidade do bueiro. Apesar do comprometimento do corpo do bueiro a água continua escoando, porém, a maior preocupação encontra-se com o corpo estradal tendo em vista o fluxo diário dos caminhões e a progressão da erosão caso não seja efetuado a contenção. É imprescindível a limpeza do lado jusante para não prejudicar o fluxo da água que continua escoando. Ver figura 12.
Figura 12 Assoreamento que comprometeu o corpo do bueiro
O estudo hidrológico é uma ferramenta importante para a análise da disponibilidade e do comportamento da água em determinada área geográfica. Esses estudos são fundamentais para a tomada de decisões em diversos setores, tais como: projeto e implantação de dispositivos de drenagem, estudos de planejamento e assoreamento, previsão de cheias e inundações, entre outros. Deve levar em consideração uma série de fatores, tais como o regime pluviométrico da região, topografia, cobertura vegetal, capacidade de armazenamento do solo e dos corpos d’água.
Segundo DNIT (2005, p. 19),
Com os danos decorrentes da insuficiência de vazão dependem da importância da obra para o sistema, são diferentes os valores a serem adotados para o período de recorrência, variando conforme o tipo de obra. Assim, um bueiro de rodovia com capacidade de vazão insuficiente pode causar a erosão dos taludes junto à boca de jusante, ruptura do aterro por transbordamento das águas, ou inundação de áreas a montante.
Elucida-se que as patologias analisadas não foram ocasionadas por uma máxima precipitação, pois mesmo após uma precipitação elevada o bueiro permanece com uma lâmina d’água adequada e não se encontrou afogado e nem a montante alagada. E sim, a água que escorre na pista não ter a descida adequada, sendo essa água de uma precipitação máxima ou de mínimas precipitações regulares, principalmente no atual período do inverno amazônico.
Para que se constata a abordagem anterior foi elaborado o estudo hidrológico de modo que comprove que a patologia analisada não foi causada pela ineficiência do dimensionamento do bueiro do km 5,9.
Para efetuar o estudo hidrológico, foi utilizado o Posto Pluviométrico Santo Antônio BR-364, por obter a maior quantidade de dados pluviométricos em relação aos demais postos encontrados na região. Ver figura 13.
Figura 13 Posto Pluviométrico
Para o estudo hidrológico, os dados coletados no Posto Pluviométrico citado foram as máximas precipitações conforme tabela. Ver figura 14.
Figura 14 Dados de máxima precipitação
A partir dos dados coletados, foi feito o histograma de máxima mensal. Ver figura 15.
Figura 15 Histograma de máxima mensal
Os dados coletados foram processados através do método estatístico de Gumbel, orientado pelo DNIT (2005), e para um tempo de retorno de 25 anos, conforme é orientado pelo Jabor (2023), no qual foram adquiridos os resultados a seguir. Ver tabela 2.
Tabela 2 Resultado do método de estatística de Gumbel
Para o tempo de retorno de 25 anos, foi feito a desagregação da chuva em relação ao tempo de duração para obter a precipitação, assim como efetuar o cálculo da intensidade. Ver figura 16.
Figura 16 Desagregação das precipitações
A partir dos dados obtidos foi elaborado o gráfico pluviográfico referente à Altura de Chuva pelo Tempo de Duração. Ver figura 17.
Figura 17 Gráfico Altura de Chuva x Tempo de Duração
Sendo assim, também foi obtido o gráfico referente a Curva de Intensidade x Frequência. Ver figura 18.
Figura 18 Curva de Intensidade – Duração de Precipitação – Frequência
Após esta etapa de coleta e processamento de dados hidrológicos foi realizada a delimitação da bacia hidrográfica através do software QGis onde foi obtido uma bacia com área A=1,097 km² e comprimento do talvegue principal de L=1,43 km, conforme ilustra o mapa da figura a seguir. Ver figura 19.
Figura 19 Microbacia – Bueiro km 5,9 – Rodovia Expresso Porto
De acordo com o DNIT (2006, p. 461), determina que “as bacias com áreas inferiores a 10 km² devem ter a descarga determinada pelo método racional”. Através deste método, foi obtido a vazão de 2,03 m³/s que corresponde ao BSTC 1,20m de diâmetro, o mesmo que já se encontra implantado no local, ou seja, a patologia existente não corresponde à ineficiência do dimensionamento do bueiro. Ver figuras 20 e 21.
Figura 20 Vazão pelo Método Racional
Figura 10 Vazão, velocidade e declividade crítica de bueiros tubulares de concreto
5. DISCUSSÃO
Entende-se que a construção de elementos de drenagem passa por metodologias e regras previamente definidas e estabelecidas em normas técnicas e padrões de engenharia. Porém, cada obra tem sua particularidade e em cada situação devem ser consideradas as variáveis que interferem e que podem prejudicar uma estrutura construída. Com essa diretriz, entende-se que uma boa obra de engenharia, um sistema bem projetado serve como instrumento de sustentabilidade, pois favorece a recomposição da camada vegetal no entorno da rodovia, criando uma proteção contra desmoronamentos (GOULART et al, 2017).
Outro ponto relevante, é a consideração de tráfego majoritariamente pesado caracterizado por trânsito de carretas de grande porte carregadas com cargas que variam em torno de 30 toneladas, requerendo um pavimento adequado com compactação controlada, tendo em vista que será submetido a cargas e esforços solicitantes elevados. Assim sendo, ao detectar falhas na construção de taludes, bem como ausência de proteção superficial com o uso de enrocamento ou qualquer outra opção de proteção indicadas pelos padrões de engenharia, percebe-se que houve falhas nos critérios de construção e na adequabilidade do construído com o uso a que se propõe o corpo estradal em estudo.
5.1. Controles e dados necessários para a garantia de uma construção eficiente
5.1.1. Normas técnicas e especificações
A observação dos padrões de construção adequados deve, sobretudo, respeitar o que orienta as normas técnicas aplicáveis. Ademais, devem-se considerar as especificações técnicas definidas para determinadas obras. Pois são nelas onde serão definidos padrões que se destinam especificamente aquela obra que apresenta particularidades específicas em razão de seu local de construção, sua condição topográfica, geográfica e de uso previsto. Tratando de normas e especificações técnicas para a construção civil, o site Business Integrator (2023) tem como definição,
As NBRs (Normas Técnicas Brasileiras) têm importância fundamental para diversos setores da economia brasileira, inclusive para a construção civil. Desenvolvidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), as NBRs para construção são uma forma de organizar e permitir monitoramento e controle em todo processo da obra, além de atestar conformidades dos materiais utilizados na construção, com padrões de qualidade. As NBRs também contribuem para o aumento da produtividade, para a segurança e para a redução de custos.
Tendo em vista o mencionado, é necessário evidenciar que o responsável técnico encontra dificuldades para seguir as NBR’s devido à falta de atualização, no qual são encontradas falhas que prejudicam o andamento de alguns métodos construtivos. Relativo às NBR’s voltadas para a área de drenagem, existem normas com mais de 15 anos sem atualização e que não condiz com a realidade de execução atual. Dessa forma, é necessário que as normas técnicas sejam revisadas com mais frequência para a segurança do responsável técnico, bem como na garantia de melhores obras.
5.1.2. Projeto e controle de qualidade
Elemento fundamental e indispensável em uma construção, é o projeto executivo capaz de proporcionar condição para uma construção que atenda às exigências a que será submetido. Porém, um bom projeto pode ser prejudicado em virtude de uma construção realizada sem o devido controle de qualidade. Uma fiscalização adequada é capaz de garantir que os elementos construídos estejam de acordo com o projetado, além de garantir que sejam observadas todas as normas aplicáveis e especificações técnicas definidas para aquela construção, em conjunto com os métodos construtivos ideais.
Nesse caso, a verificação de escavações, escoramentos, armaduras, formas, traços de concreto, diâmetro de agregados, entre tantos outros controles necessários, são fundamentais para a garantia da qualidade do construído. Por vezes um ótimo projeto com materiais bons de construção pode resultar em uma obra de vida útil curta, em razão de patologias causadas por erros construtivos. Segundo Goldman (2004) o controle da qualidade é mais eficaz quando a obra é bem planejada e acompanhada de perto, tanto em termos físicos quanto em financeiro.
Isso aumenta a precisão gerencial e facilita o bom controle e evitando possíveis prejuízos antes de acontecer.
Após a finalização da obra, o serviço da fiscalização continua conforme explica Jabor (2023, p. 191),
Após o recebimento da obra de implantação e pavimentação da rodovia pelo órgão contratante, deverá ser feito uma vistoria antes e outra após o período de chuva, para identificar, diagnosticar e consequentemente priorizar/ planejar futuras intervenções de correção ou eliminação de possíveis problemas que possam a vir comprometer a integridade da rodovia.
Portanto, a fiscalização e controle de qualidade também é fator fundamental para a saúde de uma obra construída. Dessa maneira, torna-se de suma importância o trabalho de engenharia no que tange a projeto e controle de qualidade nas execuções de obras, por compreender que esta disciplina minimiza os efeitos negativos que porventura venham a ocorrer durante seu desenvolvimento e problemas decorrentes da má qualidade do material utilizado. Portanto, é imprescindível que haja um controle rigoroso de todos os custos orçados no projeto através da gestão estratégica e controle de qualidade (MACÊDO et al., 2018).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado no bueiro localizado no km 5,9 da rodovia Expresso Porto no município de Porto Velho/RO, se configura esclarecedor quanto as patologias a que se expõe um típico elemento de drenagem necessário instalado em rodovia de tráfego pesado. Verificou se que as patologias existentes decorrem em sua maioria pela falta de observação de critérios conhecidos da prática da engenharia de construção, além disso, a falta de manutenção, que é fator necessário para a preservação desse tipo de estrutura construída.
O desmoronamento dos taludes ocasionando o rompimento de parte da tubulação de drenagem, sobretudo o assoreamento à jusante do corpo estradal, poderiam ser evitados desde que fossem observados padrões de construção e previsibilidade das ocorrências possíveis de patologias em razão da destinação da rodovia e dos volumes de precipitação da região. Ou seja, verificou-se que bastando a aplicação de melhores padrões de construção e de manutenção, minimizaria consideravelmente as patologias identificadas.
Fica evidente a necessidade da cultura de estudo mais aprofundado de cada situação de drenagem instalada ponto a ponto em qualquer rodovia que seja. Desde um estudo aprofundado da bacia de contribuição a aquele elemento de drenagem instalado, até os volumes de precipitação que determina volumes de água que precisam ser direcionados para não danificar taludes expostos, sem proteção superficial.
O estudo realizado nos leva ao entendimento que a construção de uma estrada dessas características e especificamente, essa estrada estudada, foi tratado como padrão de construção genérico, sem o tratamento especifico e individualizado de cada ponto de drenagem especificamente e que caso isso ocorresse, o elemento em estudo localizado no km 5,9 teria padrão de construção diferente, principalmente no que se refere a drenagem das águas da pista de rolamento e no mínimo a proteção do talude com elementos como, enrocamento, rip-rap ou outro qualquer, o que ocasionaria a proteção dos elementos de concreto construídos direcionados a realizar a drenagem adequada e pretendida.
Fica evidente a importância da aplicação de métodos e estudos multidisciplinares que envolvem levantamento dos mais diversos, além de bom projeto e bom controle de construção, resultando em uma obra de engenharia adequada na qual são aplicados os conhecimentos obtidos nos estudos realizados, bem como as melhores práticas de construção com controle e fiscalização levando-se em consideração as especificações técnicas e normas aplicáveis.
REFERÊNCIAS
BUSINESS INTEGRATOR. Por que as NBRs são importantes para a construção civil? Disponível em: https://businessintegrator.com.br/2019/04/08/utilizacao-nbr/#:~:text=As%20NBRs%20tamb%C3%A9m%20determinam%20crit%C3%A9rios,constr utivo%20e%20valoriza%C3%A7%C3%A3o%20do%20empreendimento. Acesso em: 24 abr. 2023.
DNIT. Departamento Nacional De Infraestrutura De Transportes. Manual de Hidrologia Básica para Estruturas de Drenagem – Publicação IPR – 715. 2.ed. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea de-manuais/vigentes/715_manual_de_hidrologia_basica.pdf. Acesso em: 06 maio de 2023.
__________. Diretrizes básicas para elaboração de estudos e projetos rodoviários: Escopos básicos / Instruções de serviço – Publicação IPR – 726. 3.ed. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de manuais/vigentes/ipr_726_3aedicao_2006.pdf. Acesso em: 6 maio de 2023.
GOLDMAN, P. Introdução ao planejamento e controle de custos na construção civil brasileira. 3ª ed. São Paulo: Pini 2004.
GOULART, V. M.; LIMA, R. A.; NUNES, M. M. Pavimentação de Rodovias – materiais, projeto e manutenção. São Paulo: Ed. Oficina de Textos, 2017.
JABÔR. M. A. Apostila de Drenagem de Rodovias. ed. 2023. Disponível em https://www.marcosjabor.com.br/apostila/2023b.pdf. Acesso em: 06 maio de 2023.
MACÊDO, W. R. et al. Pulmão financeiro em projetos da construção civil estratégias de gestão e controle. Revista FENEC, v. 2, n. 2, 2018, p. 345-353.
NASCIMENTO, N. Obra de construção da rodovia Expresso Porto, na capital, entra em fase de conclusão. Disponível em: https://rondonia.ro.gov.br/obra-de-construcao-da-rodovia expresso-porto-na-capital-entra-em-fase-de-conclusao/. Acesso em: 25 abr. 2023.
NATIONAL GEOGRAPHIC SOCIETY. Köppen Climate Classification System. Disponivel em: Köppen Climate Classification System (nationalgeographic.org). Acesso em: 25 abr. 2023.
RIGHETTO, A. M. Hidrologia e Recursos Hídricos. 2.ed. São Carlos: EESCC/USP. 1998, p. 840.
ROCHA, E. G. A. Conceitos Básicos de Hidrologia e Drenagem para Projetos Rodoviários. Brasília. 2022, p. 1-2.
1Acadêmico de Engenharia Civil. Artigo apresentado a Uniron/Sapiens, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, Porto Velho/RO, 2023
2Acadêmica de Engenharia Civil. Artigo apresentado a Uniron/Sapiens, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, Porto Velho/RO, 2023.
3Acadêmica de Engenharia Civil. Artigo apresentado a Uniron/Sapiens, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, Porto Velho/RO, 2023.
4Professor Orientador. Professor do curso de Engenharia Civil.