REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410311155
Absolon Cabral da Silva Júnior¹; Camila Lorrany Batista Rocha²; Giovanna Silva Guedes Álvares³; Ana Luiza Guedes Lustosa⁴; Divinamar Pereira⁵; Patrícia Gomes Pereira Barbosa⁶; Marcos Haley Barbosa⁷; Marina Shinzato Camelo⁸; Walquíria Lene dos Santos⁹; Karen Karoline Gouveia Carneiro¹⁰.
Resumo:
Este estudo teve como objetivo geral analisar as barreiras que dificultam a implementação eficaz de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas, utilizando uma revisão bibliográfica. A metodologia adotada foi exploratória e descritiva, com foco na identificação das barreiras institucionais, culturais e relacionadas à capacitação profissional, a partir da análise de artigos científicos, teses, dissertações, e outras publicações relevantes dos últimos dez anos. Na discussão dos resultados, destacou-se que a formação inadequada dos profissionais de saúde, a falta de protocolos claros, e a resistência cultural à aceitação dos cuidados paliativos são barreiras significativas que comprometem a qualidade dos cuidados prestados. Além disso, sugeriu-se que uma abordagem integrada, que combine educação, mudança cultural e apoio institucional, pode ser eficaz para superar essas barreiras. A conclusão do estudo confirmou que a pergunta problema foi respondida, os objetivos específicos foram contemplados, e sugeriu-se a realização de trabalhos futuros que explorem a eficácia das estratégias propostas, bem como a perspectiva dos pacientes e suas famílias sobre os cuidados paliativos.
Palavras-chave: Cuidados paliativos; múltiplas doenças crônicas; barreiras institucionais; resistência cultural.
Abstract:
This study aimed to analyze the barriers hindering the effective implementation of palliative care protocols for patients with multiple chronic diseases through a literature review. The methodology was exploratory and descriptive, focusing on identifying institutional, cultural, and professional training-related barriers by analyzing scientific articles, theses, dissertations, and other relevant publications from the past ten years. The discussion of the results highlighted that inadequate professional training, the lack of clear protocols, and cultural resistance to accepting palliative care are significant barriers that compromise the quality of care provided. Furthermore, it was suggested that an integrated approach, combining education, cultural change, and institutional support, could effectively overcome these barriers. The study concluded that the research question was answered, the specific objectives were met, and future research was suggested to explore the effectiveness of the proposed strategies as well as the perspectives of patients and their families on palliative care.
Keywords: Palliative care; multiple chronic diseases; institutional barriers; cultural resistance.
1 INTRODUÇÃO
A implementação de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas enfrenta diversas barreiras que podem comprometer a eficácia e a acessibilidade desses serviços. Entre as principais dificuldades, destaca-se a falta de financiamento adequado e a ausência de cobertura por planos de saúde, que são frequentemente citadas como obstáculos significativos para o acesso a cuidados paliativos (Arisanti et al., 2019; Vargas-Escobar et al., 2022).
A pesquisa revela que a alocação insuficiente de recursos financeiros por parte das seguradoras de saúde e a falta de conhecimento sobre a importância dos cuidados paliativos na saúde dos usuários contribuem para a exclusão de pacientes que necessitam desse tipo de assistência (Vargas-Escobar et al., 2022). Além disso, a percepção negativa associada ao termo “cuidados paliativos” pode levar a um estigma que desencoraja tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes a buscar esses serviços (El‐Jawahri et al., 2018). Outro fator crítico é a falta de formação e educação continuada para os profissionais de saúde. Estudos indicam que a educação inadequada sobre cuidados paliativos entre enfermeiros e médicos é uma barreira significativa para a implementação eficaz desses cuidados (Cerratti et al., 2020; , Sharma et al., 2023).
A pesquisa destaca que a resistência à mudança cultural dentro das instituições de saúde, onde os princípios dos cuidados paliativos não são amplamente compreendidos ou aceitos, também representa um desafio importante (Nilsen et al., 2018). A implementação de programas educacionais focados em cuidados paliativos pode melhorar as atitudes dos profissionais de saúde e facilitar a integração desses cuidados na prática clínica diária (Cerratti et al., 2020; , Sharma et al., 2023). A falta de diretrizes claras e a variabilidade na prática clínica entre diferentes instituições podem dificultar a padronização dos cuidados paliativos. A pesquisa sugere que a referência tardia a serviços de cuidados paliativos, muitas vezes após o início da fase terminal da doença, limita a eficácia do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes (D’Angelo et al., 2020). A implementação de protocolos claros e a promoção de uma abordagem multidisciplinar são essenciais para superar essas barreiras e garantir que os pacientes recebam cuidados paliativos adequados desde o início do tratamento (Hui et al., 2018).
Por fim, a integração de cuidados paliativos em políticas de saúde mais amplas é fundamental para garantir que esses serviços sejam acessíveis a todos os pacientes que necessitam. A pesquisa enfatiza a importância de políticas que reconheçam e priorizem os cuidados paliativos como parte integrante do tratamento de doenças crônicas (Sharma, 2023).
Para o desenvolvimento do estudo, propõe-se investigar as principais barreiras enfrentadas na implementação de protocolos de cuidados paliativos para esses pacientes, buscando entender como essas barreiras impactam a qualidade dos cuidados oferecidos. Parte-se da hipótese de que a implementação desses protocolos é significativamente prejudicada por barreiras institucionais, culturais e de capacitação profissional, resultando em uma qualidade inconsistente dos cuidados oferecidos e na subutilização dos serviços de cuidados paliativos.
O objetivo geral do estudo é analisar as barreiras que dificultam a implementação eficaz de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas, utilizando uma revisão bibliográfica. Para isso, os objetivos específicos são: identificar e categorizar as principais barreiras institucionais, culturais e relacionadas à capacitação profissional que impactam a implementação desses cuidados; avaliar como essas barreiras influenciam a qualidade dos cuidados oferecidos; e propor estratégias, com base na literatura revisada, que possam ser adotadas para superar as barreiras identificadas.
A justificativa para a realização desta revisão bibliográfica reside na importância da implementação de cuidados paliativos para proporcionar alívio do sofrimento e melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas avançadas. A complexidade do manejo de múltiplas doenças crônicas apresenta desafios únicos tanto para os profissionais de saúde quanto para os sistemas de saúde, tornando essencial compreender melhor as barreiras que limitam a eficácia dos cuidados paliativos nesse contexto. Ao identificar e avaliar essas barreiras, este estudo pretende contribuir para o desenvolvimento de estratégias que facilitem a implementação desses protocolos, promovendo uma abordagem mais holística e humanizada no cuidado desses pacientes.
2 METODOLOGIA
O presente estudo, cujo objeto de investigação é a análise das barreiras na implementação de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas, será conduzido por meio de uma revisão bibliográfica. Esta pesquisa se caracteriza como exploratória e descritiva, focada na identificação e categorização das barreiras institucionais, culturais e de capacitação profissional que dificultam a aplicação eficaz desses cuidados (Gil, 2008).
A pergunta da pesquisa é: Quais são as barreiras na implementação de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas? A estratégia utilizada para orientar a revisão será a abordagem PICO (População, Intervenção, Comparação e Resultado), com os seguintes elementos: População – Pacientes com múltiplas doenças crônicas; Intervenção – Implementação de protocolos de cuidados paliativos; Comparação – Não aplicável neste contexto, já que o foco é nas barreiras; Resultado – Identificação das barreiras institucionais, culturais e de capacitação profissional.
Para a condução da revisão, a população-alvo consistirá de artigos científicos, teses, dissertações, livros e publicações relevantes que abordem o tema dos cuidados paliativos em pacientes com múltiplas doenças crônicas. A amostra será composta por estudos publicados entre 2014 e 2024, garantindo a atualidade e relevância das informações. As estratégias de pesquisa incluem a busca em bases de dados eletrônicas como PubMed, Scielo, LILACS e Google Scholar. Serão utilizadas palavras-chave combinadas com operadores booleanos, como AND, OR e NOT, para otimizar a busca. As combinações de palavras-chave incluirão: “cuidados paliativos” AND “múltiplas doenças crônicas” AND “barreiras” AND “implementação de protocolos” OR “saúde paliativa”. Serão incluídos estudos em português, inglês e espanhol. A coleta de dados será realizada através da análise dos títulos, resumos e, posteriormente, do texto completo dos artigos selecionados, aplicando critérios de inclusão e exclusão previamente definidos.
Os critérios de inclusão envolverão estudos que abordem diretamente as barreiras na implementação de cuidados paliativos, com foco em pacientes com múltiplas doenças crônicas, sejam de natureza qualitativa ou quantitativa, publicados entre 2014 e 2024. Os critérios de exclusão, por sua vez, excluirão estudos que não tratem especificamente de pacientes com múltiplas doenças crônicas ou que não apresentem uma relação clara com as barreiras na implementação dos cuidados paliativos. As variáveis definidas para este estudo incluem o tipo de barreira (institucional, cultural ou relacionada à capacitação), a qualidade dos cuidados paliativos oferecidos e a frequência de referência a cada tipo de barreira nos estudos analisados. O processamento dos dados será realizado por meio de uma análise temática, onde as informações serão agrupadas e categorizadas de acordo com as variáveis definidas. Os métodos e técnicas empregados na análise serão de caráter qualitativo, permitindo uma compreensão profunda das barreiras e de suas implicações na prática dos cuidados paliativos.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Principais Barreiras institucionais
A implementação de cuidados paliativos em instituições de saúde enfrenta diversas barreiras institucionais que dificultam sua efetividade e abrangência. Uma das principais barreiras identificadas é a falta de formação adequada dos profissionais de saúde. Estudos apontam que a escassez de docentes qualificados e a insuficiência da carga horária dedicada ao ensino de cuidados paliativos nos cursos de formação em saúde são fatores que limitam a capacitação dos futuros profissionais (Gomes et al., 2022). A ausência de uma abordagem sistemática e integrada nos currículos acadêmicos, que contemple a temática dos cuidados paliativos, contribui para a perpetuação de lacunas no conhecimento e na prática (Gomes et al., 2022; , Kurogi et al., 2022). Além disso, a falta de protocolos claros e de uma estrutura organizacional que suporte a implementação de cuidados paliativos é uma barreira significativa.
O estudo destaca que a percepção de oncologistas sobre a necessidade de cuidados paliativos muitas vezes não é acompanhada por um suporte institucional adequado, resultando em encaminhamentos tardios ou inexistentes para esses serviços (Freitas et al., 2022). A ausência de um modelo de cuidado que integre os cuidados paliativos de forma precoce e contínua ao longo da trajetória da doença é um desafio que deve ser enfrentado para melhorar a qualidade do atendimento (Pinto et al., 2021). Outro aspecto relevante é a resistência cultural e a falta de compreensão sobre o papel dos cuidados paliativos, tanto entre os profissionais de saúde quanto entre os pacientes e suas famílias. A associação dos cuidados paliativos à terminalidade e à morte pode gerar estigmas que dificultam a aceitação e a adesão a esses serviços (Santos, 2018; , Santana et al., 2022). A falta de comunicação eficaz entre a equipe de saúde e os pacientes, especialmente durante a transição para os cuidados paliativos, também é uma barreira que pode comprometer a continuidade do cuidado e a satisfação dos pacientes (Silva et al., 2021). Por fim, a pressão por resultados imediatos e a predominância de uma abordagem curativa em detrimento da paliativa nas instituições de saúde contribuem para a marginalização dos cuidados paliativos. A necessidade de uma mudança de paradigma que valorize a humanização do cuidado e a qualidade de vida dos pacientes é fundamental para superar essas barreiras institucionais (Sousa, 2023; , Kato & Rigo, 2022). A implementação de estratégias que promovam a educação continuada e a sensibilização dos profissionais de saúde sobre a importância dos cuidados paliativos é essencial para garantir que esses serviços sejam integrados de forma eficaz no sistema de saúde.
As barreiras culturais na implementação de cuidados paliativos são um fator crucial que pode limitar a eficácia e a aceitação desses serviços. Uma das principais barreiras é a percepção negativa associada aos cuidados paliativos, frequentemente vistos como sinônimo de morte iminente. Essa associação gera um estigma que pode levar tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes e suas famílias a evitarem a discussão sobre a necessidade de cuidados paliativos (Paiva et al., 2020).
O estudo aponta que a religiosidade dos médicos pode influenciar suas atitudes em relação a práticas paliativas, com médicos mais religiosos mostrando uma tendência a serem menos favoráveis a intervenções que envolvem a aceitação da morte (Paiva et al., 2020). Essa resistência cultural pode ser exacerbada pela falta de formação específica sobre o tema durante a graduação, resultando em profissionais que se sentem despreparados para lidar com questões relacionadas ao fim da vida. Além disso, a falta de diálogo sobre a morte e o sofrimento nas instituições de saúde contribui para a perpetuação de uma cultura que prioriza a cura em detrimento do cuidado. A construção de uma narrativa que valorize a experiência do paciente e da família, considerando suas crenças e valores, é fundamental para a aceitação dos cuidados paliativos (Bastos, 2022).
A pesquisa enfatiza a importância de abordar a morte sob perspectivas existenciais e sociais, promovendo uma compreensão mais ampla que permita aos profissionais de saúde oferecer um cuidado mais humanizado e respeitoso (Vieira et al., 2017). Outro aspecto importante é a resistência das famílias em aceitar a transição para cuidados paliativos, muitas vezes devido a uma falta de compreensão sobre o que esses cuidados envolvem. A pesquisa indica que muitos profissionais de saúde reconhecem a importância dos cuidados paliativos, mas enfrentam dificuldades em comunicar esses conceitos de forma eficaz para os pacientes e suas famílias (Bastos, 2022).
A falta de comunicação clara pode resultar em mal-entendidos e na recusa de cuidados que poderiam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Por fim, a cultura institucional também desempenha um papel significativo. Muitas instituições de saúde ainda operam sob um modelo curativista, que prioriza intervenções agressivas e prolongamento da vida, mesmo em situações onde a qualidade de vida poderia ser mais bem atendida por cuidados paliativos (Innis et al., 2017). Essa mentalidade pode ser difícil de mudar, exigindo um esforço conjunto para promover uma cultura que valorize a humanização do cuidado e a dignidade do paciente em todas as fases da doença.
A capacitação profissional é uma barreira crítica que impacta a implementação de cuidados paliativos, refletindo diretamente na qualidade do atendimento prestado a pacientes com doenças avançadas. A formação inadequada dos profissionais de saúde, que muitas vezes não inclui disciplinas específicas sobre cuidados paliativos, resulta em um baixo nível de conhecimento e habilidades necessárias para lidar com as complexidades do cuidado em situações de fim de vida (Bastos, 2022; Souza, 2023).
Estudos indicam que a maioria dos profissionais de saúde não recebeu treinamento formal em cuidados paliativos durante sua formação, o que limita sua capacidade de oferecer um atendimento adequado e humanizado (Bastos, 2022). Além disso, a falta de capacitação contínua é um fator que agrava essa situação. A pesquisa revela que muitos profissionais de saúde, especialmente aqueles que atuam em Unidades de Terapia Intensiva, relatam deficiências significativas em seu conhecimento sobre cuidados paliativos, o que se traduz em uma resistência a implementar esses cuidados de forma eficaz (Souza, 2023).
A ausência de programas de educação continuada que abordem as necessidades específicas dos pacientes em cuidados paliativos contribui para a perpetuação de práticas inadequadas e para a falta de confiança dos profissionais em suas habilidades (Paixão et al., 2020; , Ayala et al., 2021). Outro aspecto relevante é a resistência cultural à aceitação dos cuidados paliativos, que pode ser exacerbada pela falta de formação. Profissionais que não se sentem preparados para discutir questões relacionadas à morte e ao sofrimento podem evitar abordar esses temas com pacientes e familiares, resultando em uma comunicação deficiente e em um cuidado que não atende às necessidades dos pacientes (Innis et al., 2017).
A implementação de políticas públicas que priorizem a educação em cuidados paliativos é fundamental para superar as barreiras existentes nesse campo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a educação como um eixo central para o desenvolvimento de políticas de saúde eficazes em cuidados paliativos, afirmando que a formação de profissionais e cuidadores deve ser uma prioridade (Paixão et al., 2020).
A inclusão de cuidados paliativos nos currículos de formação em saúde é uma estratégia necessária para garantir que os futuros profissionais estejam equipados para enfrentar os desafios dessa área (Pereira et al., 2022; , Castro et al., 2021). Por fim, a falta de sistematização na assistência e a ausência de protocolos claros nas instituições de saúde também são barreiras que dificultam a implementação de cuidados paliativos. O estudo aponta que muitos profissionais sentem que a falta de diretrizes claras e de um modelo estruturado de atendimento impede a realização de ações práticas efetivas (Rezende et al., 2020). A criação de um ambiente institucional que valorize e integre os cuidados paliativos em todos os níveis de atenção à saúde é essencial para garantir que os profissionais se sintam apoiados e capacitados a oferecer um cuidado de qualidade.
3.2 Como esses desafios impactam a qualidade dos cuidados
Os cuidados paliativos enfrentam uma série de dificuldades que impactam diretamente a qualidade do atendimento prestado a pacientes com doenças avançadas. Uma das principais dificuldades é a falta de formação adequada dos profissionais de saúde. Muitos cursos de graduação em áreas da saúde não incluem disciplinas específicas sobre cuidados paliativos, resultando em profissionais que se sentem despreparados para lidar com as complexidades do cuidado no final da vida (Zack, 2023; , Gomes et al., 2022).
A pesquisa destaca que a equipe de cuidados paliativos frequentemente enfrenta desafios na comunicação com pacientes e familiares, o que pode levar a falhas na assistência e aumentar o sofrimento (Magalhães et al., 2019). Essa falta de clareza nas orientações pode ser atribuída à formação insuficiente e à falta de prática em situações que envolvem a morte e o luto (Mendes et al., 2022). Além disso, a resistência cultural à aceitação dos cuidados paliativos é uma barreira significativa. Muitos profissionais de saúde ainda veem a morte como um fracasso, o que pode levar à negação da necessidade de cuidados paliativos (Paulino et al., 2022).
Essa mentalidade é frequentemente reforçada pela formação médica, que prioriza a cura em detrimento do cuidado, dificultando a aceitação de que os cuidados paliativos são uma abordagem válida e necessária (Marcondes, 2023). O estudo aponta que a falta de discussão sobre o processo de morrer durante a formação dos profissionais contribui para essa resistência, dificultando a inserção de práticas de cuidados paliativos na rotina clínica (Mendes et al., 2022). Outro aspecto que complica a implementação de cuidados paliativos é a falta de suporte institucional e de políticas públicas que garantam a continuidade do cuidado. A análise aponta que, em muitos casos, os cuidados paliativos são tratados de forma isolada, sem uma rede de apoio que integre esses serviços ao sistema de saúde (Freitas et al., 2022).
Essa fragmentação pode resultar em descontinuidade no atendimento, dificultando o manejo adequado dos sintomas e a oferta de suporte emocional tanto para os pacientes quanto para suas famílias (Zack, 2023; , Freitas et al., 2022). A escassez de recursos, como a disponibilidade de medicamentos para controle da dor e outros sintomas, também representa uma dificuldade significativa. A falta de acesso a opioides e outros fármacos essenciais para o manejo da dor é uma realidade em muitos contextos, limitando a capacidade das equipes de cuidados paliativos de oferecer um alívio efetivo aos pacientes (Gomes et al., 2022).
O estudo enfatiza a importância de uma abordagem holística que considere não apenas os aspectos físicos, mas também os psicológicos e emocionais dos pacientes em cuidados paliativos (Marcondes, 2023). As dificuldades enfrentadas por cuidadores familiares também não podem ser ignoradas. Muitas vezes, esses cuidadores se sentem sobrecarregados e desamparados, o que pode impactar negativamente a qualidade do cuidado prestado (Delalibera et al., 2018). A falta de suporte e orientação adequada para os cuidadores é uma questão que precisa ser abordada para garantir que os cuidados paliativos sejam eficazes e sustentáveis ao longo do tempo (Nascimento et al., 2023). As dificuldades na implementação de cuidados paliativos são multifacetadas, envolvendo questões de formação profissional, resistência cultural, falta de suporte institucional e escassez de recursos. Para superar essas barreiras, é fundamental promover uma mudança na formação dos profissionais de saúde, integrar os cuidados paliativos ao sistema de saúde e garantir o acesso a recursos adequados que permitam um cuidado de qualidade.
As barreiras enfrentadas na implementação de cuidados paliativos têm um impacto significativo na qualidade dos serviços oferecidos a pacientes com doenças avançadas. A falta de formação adequada dos profissionais de saúde é uma das principais dificuldades que afetam a qualidade do cuidado. Estudos indicam que muitos profissionais não recebem treinamento específico em cuidados paliativos durante sua formação, resultando em uma compreensão limitada sobre como abordar questões relacionadas ao fim da vida e ao manejo da dor Kirmayer (2012). Essa lacuna na formação pode levar a uma abordagem inadequada, onde os profissionais se sentem inseguros em discutir a morte e a transição para cuidados paliativos, o que compromete a comunicação com os pacientes e suas famílias (Okoro et al., 2012).
A resistência cultural à aceitação dos cuidados paliativos também influencia a qualidade do atendimento. Muitos profissionais de saúde ainda veem a morte como um fracasso, o que pode levar à negação da necessidade de cuidados paliativos e à priorização de intervenções curativas, mesmo quando estas não são mais apropriadas (Abbott et al., 2014). Essa mentalidade é frequentemente reforçada por uma formação que enfatiza a cura em vez do cuidado, resultando em uma falta de empatia e compreensão das necessidades dos pacientes em situação de fim de vida (Shiferaw & Modiba, 2020).
A pesquisa de sugere que a falta de uma abordagem culturalmente competente pode levar a uma comunicação deficiente e a uma insatisfação dos pacientes com os cuidados recebidos (Dune et al., 2018). Outro fator que compromete a qualidade dos cuidados paliativos é a falta de suporte institucional e de políticas públicas que garantam a continuidade do cuidado. A fragmentação dos serviços de saúde e a ausência de uma rede de apoio integrada dificultam a implementação de cuidados paliativos de forma eficaz, resultando em descontinuidades no atendimento e em um manejo inadequado dos sintomas (Muijsenbergh et al., 2013).
A pesquisa de destaca que a falta de acesso a medicamentos essenciais, como opioides, devido a barreiras regulatórias e logísticas, também impacta negativamente a qualidade do cuidado (Ali et al., 2019). As dificuldades enfrentadas pelos cuidadores familiares, que muitas vezes se sentem sobrecarregados e desamparados, podem afetar a qualidade do cuidado prestado aos pacientes. A falta de suporte e orientação adequada para esses cuidadores é uma questão que precisa ser abordada para garantir que os cuidados paliativos sejam eficazes e sustentáveis ao longo do tempo (Panter‐Brick et al., 2014). A pesquisa de Gifford et al. sugere que a inclusão de programas de apoio para cuidadores pode melhorar significativamente a qualidade do cuidado oferecido aos pacientes em situação de fim de vida (Griffin et al., 2022).
3.3 Estratégias adotadas
Para superar as barreiras enfrentadas na implementação de cuidados paliativos, os profissionais de saúde têm adotado diversas estratégias que visam melhorar a qualidade do atendimento e a experiência dos pacientes e suas famílias. Uma das abordagens mais eficazes é a capacitação contínua dos profissionais. A formação adequada em cuidados paliativos é fundamental para que os profissionais se sintam confiantes e preparados para lidar com as complexidades do cuidado no final da vida. Estudos indicam que a inclusão de cursos e treinamentos específicos sobre cuidados paliativos nas instituições de saúde tem mostrado resultados positivos na prática clínica Ayala et al. (2021), Monteiro et al., 2020).
Essa capacitação não apenas melhora o conhecimento técnico, mas também promove uma mudança na atitude dos profissionais em relação à morte e ao cuidado paliativo, ajudando a desestigmatizar esses serviços (Santos, 2024). Outra estratégia importante é a implementação de protocolos claros e diretrizes que orientem a prática dos cuidados paliativos. A criação de um protocolo institucional, como mencionado por , pode ajudar a organizar o fluxo de atendimento e garantir que todos os profissionais sigam as mesmas diretrizes, promovendo uma abordagem mais integrada e eficaz (Ribeiro, 2017).
A formação de comissões interdisciplinares para planejar e implementar cuidados paliativos em hospitais tem se mostrado uma prática eficaz para garantir que as necessidades dos pacientes sejam atendidas de forma holística e coordenada (Kurogi et al., 2022). A comunicação eficaz entre a equipe de saúde, os pacientes e suas famílias é outra área que requer atenção. Profissionais têm buscado desenvolver habilidades de comunicação que permitam abordar temas delicados, como a morte e o processo de finitude, de maneira sensível e respeitosa. A pesquisa de destaca a importância da musicoterapia e outras abordagens terapêuticas que podem facilitar a comunicação e a expressão emocional durante os cuidados paliativos (Paulino et al., 2022).
Essas estratégias ajudam a criar um ambiente mais acolhedor e seguro para os pacientes e suas famílias, promovendo uma melhor compreensão das opções de cuidado disponíveis. Além disso, a integração da espiritualidade nos cuidados paliativos tem sido uma abordagem crescente. enfatiza que a espiritualidade pode ser um componente crucial na experiência de cuidado, proporcionando conforto e apoio tanto para os pacientes quanto para suas famílias (Santos, 2024). Profissionais têm buscado se familiarizar com as necessidades espirituais dos pacientes, o que pode melhorar a qualidade do cuidado e a satisfação geral com os serviços prestados.
A promoção de um ambiente de trabalho saudável e de suporte emocional para os profissionais de saúde é essencial. A sobrecarga emocional e física pode levar ao burnout e à diminuição da qualidade do cuidado oferecido. Portanto, iniciativas que promovam o bem-estar dos profissionais, como grupos de apoio e supervisão, são fundamentais para garantir que eles possam oferecer cuidados de alta qualidade (Moraes, 2024). Em resumo, as estratégias adotadas pelos profissionais de saúde para vencer as dificuldades na implementação de cuidados paliativos incluem a capacitação contínua, a criação de protocolos claros, o desenvolvimento de habilidades de comunicação, a integração da espiritualidade e o suporte emocional aos cuidadores. Essas abordagens visam não apenas melhorar a qualidade do atendimento, mas também proporcionar uma experiência mais digna e humanizada para os pacientes em situação de fim de vida.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Resumo dos artigos sobre cuidados paliativos, seus objetivos e principais resultados
Nome do Autor | Ano da Publicação | Título | Revista | Objetivo | Principais Resultados |
Ayala, A.; Santana, C.; Landmann, S. | 2021 | Cuidados paliativos: conhecimento da equipe de enfermagem | Semina Ciências Biológicas E Da Saúde | Avaliar o conhecimento da equipe de enfermagem sobre cuidados paliativos | Identificou lacunas no conhecimento da equipe e sugeriu a necessidade de capacitação contínua. |
Bastos, T. | 2022 | Percepção sobre cuidados paliativos oncológicos pelos profissionais que integram as equipes multiprofissionais | Brasília Médica | Analisar a percepção dos profissionais de saúde sobre os cuidados paliativos oncológicos | Demonstrou que muitos profissionais ainda possuem uma compreensão limitada sobre cuidados paliativos. |
Gomes, M.; Joaquim, R.; Bombarda, T. | 2022 | Ensino sobre cuidados paliativos nos cursos da saúde: percepção dos docentes de uma universidade federal | Research Society and Development | Investigar a percepção dos docentes sobre o ensino de cuidados paliativos nos cursos da área da saúde | Apontou a necessidade de uma abordagem mais sistemática no ensino dos cuidados paliativos. |
Innis, M.; Capelas, M.; Castro-Caldas, A. | 2017 | Capacidade dos profissionais de saúde de medicina e enfermagem dos cuidados de saúde primários em identificar doentes de cuidados paliativos | Gazeta Médica | Avaliar a capacidade de médicos e enfermeiros de cuidados primários em identificar pacientes de cuidados paliativos | Mostrou que muitos profissionais têm dificuldade em identificar esses pacientes precocemente. |
Kurogi, L.; Vieira, C.; Ramalho, R.; Silva, A. | 2022 | Implantação e implementação de serviços em cuidados paliativos | Revista Bioética | Examinar a implantação e implementação de serviços de cuidados paliativos | Constatou barreiras institucionais e a necessidade de recursos para a expansão dos serviços. |
Lima, C.; Machado, M. | 2018 | Cuidadores principais ante a experiência da morte: seus sentidos e significados | Psicologia Ciência E Profissão | Compreender os significados atribuídos pelos cuidadores principais à experiência da morte | Revelou a importância de suporte psicológico para cuidadores em situações de fim de vida. |
Paixão, S.; Aparício, G.; Maia, L. | 2020 | Cuidados paliativos pediátricos: necessidades formativas e estratégias de coping dos profissionais de saúde | Revista Portuguesa De Enfermagem De Saúde Mental | Identificar as necessidades formativas e estratégias de coping de profissionais que atuam com cuidados paliativos pediátricos | Evidenciou a necessidade de capacitação e estratégias de enfrentamento específicas para a área pediátrica. |
Ramos, E.; Garcia, R. | 2022 | Cuidados paliativos e conhecimento docente: diálogos possíveis na área da saúde | Research Society and Development | Explorar a relação entre cuidados paliativos e o conhecimento docente na área da saúde | Indicou uma lacuna na formação docente em cuidados paliativos. |
Santana, M.; Santos, T.; Jesus, A.; Oliveira, A.; Farre, A.; Rocha, H. | 2022 | Implantação precoce dos cuidados paliativos no pronto-socorro: revisão integrativa | Conjecturas | Avaliar a implantação precoce de cuidados paliativos em ambientes de pronto-socorro | Sugeriu benefícios no manejo de pacientes críticos, mas destacou desafios operacionais. |
Sousa, E. | 2023 | A importância da implementação dos cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva | Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences | Discutir a importância de implementar cuidados paliativos em UTIs | Concluiu que a implementação de cuidados paliativos melhora a qualidade de vida dos pacientes graves. |
Souza, N. | 2023 | Cuidados paliativos e covid-19: percepção dos profissionais de saúde de unidade de terapia intensiva | Revista Baiana De Enfermagem | Investigar a percepção dos profissionais de UTI sobre cuidados paliativos durante a pandemia de Covid-19 | Identificou desafios adicionais na prestação de cuidados paliativos durante a pandemia. |
Vieira, R.; Robortella, A.; Souza, A.; Kerr, G.; Oliveira, J. | 2017 | Vida e morte na atenção primária à saúde: reflexões sobre a vivência do médico de família e comunidade ante a finitude da vida | Revista Brasileira De Medicina De Família E Comunidade | Refletir sobre a vivência de médicos de família e comunidade em relação à finitude da vida | Mostrou que os médicos enfrentam desafios emocionais significativos ao lidar com a morte. |
A discussão dos resultados apresentados nesta revisão bibliográfica sobre as barreiras na implementação de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas revela uma complexidade multifacetada que influencia diretamente a eficácia desses cuidados. Os principais achados indicam que as barreiras institucionais, culturais e relacionadas à capacitação profissional são determinantes para a qualidade e abrangência dos cuidados paliativos. Essas descobertas corroboram e, em alguns casos, contrastam com a literatura existente, oferecendo uma visão ampla das dificuldades enfrentadas e das estratégias necessárias para superá-las (Bastos, 2022; Santana et al., 2022; Oliveira et al., 2023; Vieira et al., 2017; Souza, 2023).
Primeiramente, a barreira institucional relacionada à formação inadequada dos profissionais de saúde foi amplamente discutida nos estudos analisados. Gomes et al. (2022) e Ramos e Garcia (2022) destacam que a falta de docentes qualificados e a insuficiência de carga horária dedicada ao ensino de cuidados paliativos nos currículos acadêmicos perpetuam lacunas significativas no conhecimento e na prática. Essa visão é apoiada por Kurogi et al. (2022), que enfatizam a necessidade de uma abordagem sistemática e integrada nos currículos para superar essas deficiências. Por outro lado, Sousa (2023) argumenta que, embora a formação acadêmica seja crucial, a pressão institucional por resultados imediatos e a predominância de uma abordagem curativa em detrimento da paliativa são barreiras igualmente significativas. Esta perspectiva sugere que a formação profissional deve ser acompanhada por uma mudança cultural nas instituições de saúde, que valorize a humanização do cuidado e a qualidade de vida dos pacientes.
A resistência cultural à aceitação dos cuidados paliativos foi identificada como uma barreira crítica, tanto entre os profissionais de saúde quanto entre os pacientes e suas famílias. Santos (2018) e Santana et al. (2022) observam que a associação dos cuidados paliativos à terminalidade e à morte gera estigmas que dificultam a aceitação e a adesão a esses serviços. Vieira et al. (2017) também destacam a importância de abordar a morte sob perspectivas existenciais e sociais para promover uma compreensão mais ampla dos cuidados paliativos. Por outro lado, Bastos (2022) e Innis et al. (2017) apresentam uma visão crítica, sugerindo que a resistência cultural é reforçada pela falta de diálogo aberto e honesto sobre a morte nas instituições de saúde, perpetuando uma cultura que prioriza a cura em detrimento do cuidado paliativo.
A capacitação contínua dos profissionais de saúde emerge como uma estratégia essencial para superar as barreiras identificadas. Bastos (2022) e Souza (2023) ressaltam que a formação inadequada, tanto inicial quanto continuada, limita a capacidade dos profissionais de oferecer cuidados de qualidade. Paixão et al. (2020) e Ayala et al. (2021) concordam, acrescentando que a ausência de programas de educação continuada agrava essa situação, resultando em práticas inadequadas e na falta de confiança dos profissionais em suas habilidades. Lima e Machado (2018) reforçam essa necessidade, destacando a importância de discutir a morte e o processo de finitude durante a formação dos profissionais, a fim de construir uma prática mais sensível e eficaz.
Ao considerar essas descobertas no contexto das evidências relevantes, observa-se que a implementação de protocolos de cuidados paliativos enfrenta desafios significativos, mas não insuperáveis. A literatura sugere que, embora as barreiras institucionais, culturais e de capacitação profissional sejam profundas, elas podem ser mitigadas por meio de estratégias educacionais e institucionais bem planejadas (Bastani & Khatony, 2021; Gomes & Higginson, 2008). A integração dos cuidados paliativos nos currículos acadêmicos, o desenvolvimento de programas de educação continuada e a promoção de uma cultura institucional que valorize a humanização do cuidado são essenciais para melhorar a qualidade e a eficácia dos cuidados paliativos.
Em termos de inovação, este estudo contribui para a compreensão das barreiras específicas que afetam a implementação de cuidados paliativos em pacientes com múltiplas doenças crônicas, uma área que ainda carece de atenção suficiente na literatura. Além disso, ao destacar a necessidade de uma mudança cultural nas instituições de saúde, este estudo oferece novas perspectivas sobre como superar as barreiras institucionais e culturais que limitam a eficácia desses cuidados.
Em suma, pode-se reafirmar a complexidade das barreiras enfrentadas na implementação de protocolos de cuidados paliativos e sugerir que uma abordagem integrada, que combine educação, mudança cultural e apoio institucional, é fundamental para superar essas dificuldades. As descobertas deste estudo oferecem uma base sólida para futuras pesquisas e para o desenvolvimento de políticas e práticas que promovam a qualidade de vida dos pacientes com múltiplas doenças crônicas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão deste estudo sobre as barreiras na implementação de protocolos de cuidados paliativos para pacientes com múltiplas doenças crônicas destaca a complexidade e a multifatorialidade dos desafios enfrentados. A revisão bibliográfica realizada identificou e categorizou as principais barreiras institucionais, culturais e relacionadas à capacitação profissional que dificultam a aplicação eficaz desses cuidados. Os resultados revelam que a formação inadequada dos profissionais de saúde, a falta de protocolos claros e o suporte institucional insuficiente comprometem a qualidade dos cuidados paliativos. Ademais, a resistência cultural à aceitação desses cuidados, tanto por parte dos profissionais quanto dos pacientes e suas famílias, emerge como uma barreira crítica, intensificada pela associação dos cuidados paliativos à terminalidade e à morte.
É evidente a necessidade de uma mudança de paradigma que valorize a humanização do cuidado e promova a qualidade de vida. A formação contínua e a sensibilização dos profissionais de saúde sobre a importância dos cuidados paliativos são fundamentais para garantir sua integração eficaz no sistema de saúde. Criar uma cultura institucional que favoreça o diálogo aberto sobre a morte e o fim da vida é essencial para superar as barreiras culturais identificadas.
Embora as barreiras sejam significativas, elas são passíveis de serem superadas. Com uma abordagem integrada que combine educação, mudança cultural e apoio institucional, é possível melhorar a qualidade e a eficácia dos cuidados paliativos oferecidos a pacientes com múltiplas doenças crônicas. As descobertas deste estudo servem de base para o desenvolvimento de políticas e práticas que enfrentem efetivamente os desafios identificados, promovendo uma melhor qualidade de vida para esses pacientes.
A pergunta problema foi adequadamente respondida, e a análise ao longo da revisão bibliográfica permitiu identificar as principais barreiras enfrentadas na implementação de protocolos de cuidados paliativos e entender o impacto dessas barreiras na qualidade dos cuidados. Os objetivos específicos também foram atendidos, com a categorização das barreiras institucionais, culturais e relacionadas à capacitação profissional, analisando seu efeito na qualidade dos cuidados e propondo estratégias para superá-las.
O estudo ressaltou a importância de uma abordagem integrada que promova a capacitação contínua dos profissionais de saúde, o desenvolvimento de protocolos claros e a criação de uma cultura institucional que valorize a humanização do cuidado. Essas propostas contribuem para a compreensão dos desafios enfrentados na prática dos cuidados paliativos e sugerem caminhos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Para trabalhos futuros, seria pertinente aprofundar a investigação sobre a eficácia das estratégias educacionais e institucionais propostas, por meio de estudos empíricos que testem e validem essas abordagens. Além disso, futuras pesquisas poderiam explorar as experiências de pacientes e de suas famílias com os cuidados paliativos, oferecendo uma perspectiva centrada no paciente sobre as barreiras e desafios enfrentados. Também seria relevante examinar a aplicação das estratégias propostas em diferentes contextos culturais e institucionais, adaptando as melhores práticas às realidades locais.
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¹Graduando do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: absolonjunio@gmail.com
²Graduanda do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: camilalorrany@gmail.com.br
³Graduanda do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: giovanna.sga@gmail.com
⁴Graduanda do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: analuizaguedes6@gmail.com
⁵Docente nas Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central. Enfermeira na Secretaria de Saúde do DF. Especialista em Emergência e Urgência e em Qualidade Hospitalar e Segurança do Paciente. E-mail: divinamar.pereira@uniceplac.edu.br
⁶Mestre em Educação e Saúde pela EBWU-Emil Brunner Word University, EUA. Graduada em Enfermagem pelas Faculdades Juscelino Kubitschek. Preceptora em diversas áreas no HRG pela Uniceplac. E-mail: patricia.pereira@uniceplac.edu.br
⁷Mestre em Educação e Saúde pela EBWU-Emil Brunner Word University, EUA. Graduado em Enfermagem pelo Uniceplac. Docente na Faculdade Falog. E-mail: marcoshaleyb@gmail.com
⁸Doutoranda e Mestre em Enfermagem pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família pela UNINTER. Bacharel em Enfermagem pela UnB. E-mail: marina.camelo@uniceplac.edu.br
⁹Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Goiás. Graduada em Enfermagem pela Universidade Católica de Goiás. Docente e preceptora no Uniceplac e coordenadora do curso de Enfermagem da FACESA. E-mail: walquiria.santos@uniceplac.edu.br
¹⁰Mestre em Enfermagem. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Cardíaca da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Graduada em Enfermagem pela Universidade de Brasília. Docente no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. Brasília, Distrito Federal, Brasil. E-mail: karen.carneiro@uniceplac.edu.br