AVALIAÇÃO DA QUALIDADE VISUAL EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA DE CATARATA COM IMPLANTE DE LENTE INTRAOCULAR TÓRICA

EVALUATION OF VISUAL QUALITY IN PATIENTS UNDERGOING CATARACT SURGERY WITH TORIC INTRAOCULAR LENS IMPLANTATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411011549


Arthur Mendonça de Novaes1
Alexandre Salomão de Braz Oliveira2
Ana Carolina Matiotti Mendonça3
Ecliê Santos Ferreira Filho4
Gustavo Fonseca Medina Pereira5
Lucas Motta Franco6
Rebecca Schuster Dorea Leite7
Cristiano de Queiroz Mendonça8


Resumo

A catarata é a principal causa de cegueira reversível, e sua cirurgia visa não apenas remover o cristalino opacificado, mas também corrigir o grau remanescente com lentes intraoculares. A lente tórica é utilizada para corrigir o astigmatismo. Avaliar a acuidade visual não corrigida, para visão de longe e de perto, e a qualidade visual no pós- operatório de pacientes submetidos à cirurgia de catarata com implante da lente intraocular tórica Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric. Este estudo descritivo e observacional foi realizado em 2024 com 23 pacientes em um centro oftalmológico em Aracaju, SE. Foram coletados dados demográficos e oftalmológicos, e a função visual foi avaliada utilizando o questionário Visual Function Index (VF-14). A média de idade dos pacientes foi de 68,09 anos. A acuidade visual sem correção (AV S/C) no olho direito revelou que 56,52% dos pacientes apresentaram visão de 20/20. O escore médio do VF-14 foi de 81,69, com 40% dos pacientes com escore ≤75. Para a visão de perto, o VF-14-Perto teve média de 57,63, com 70% apresentando escore ≤75. Os resultados indicam que a implementação da lente intraocular tórica melhora a qualidade visual em muitos pacientes, embora a correção para visão de perto ainda apresente limitações. A correção do astigmatismo é significativa para a acuidade visual, ressaltando a importância de escolhas adequadas de lentes no tratamento da catarata.

Palavras-chave: catarata; implante de lente intraocular; acuidade visual; saúde ocular

Abstract

Cataracts are the main cause of reversible blindness, and cataract surgery aims not only to remove the opacified lens, but also to correct the remaining degree with intraocular lenses. The toric lens is used to correct astigmatism. To evaluate uncorrected visual acuity, for distance and near vision, and visual quality in the postoperative period of patients undergoing cataract surgery with implantation of the Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric toric intraocular lens. This descriptive and observational study was carried out in 2024 with 23 patients at an ophthalmological center in Aracaju, SE. Demographic and ophthalmological data were collected, and visual function was assessed using the Visual Function Index (VF-14) questionnaire. The average age of the patients was 68.09 years. Uncorrected visual acuity (VA S/C) in the right eye revealed that 56.52% of patients had 20/20 vision. The average VF-14 score was 81.69, with 40% of patients having a score ≤75. For near vision, the VF-14- Near had an average of 57.63, with 70% presenting a score ≤75. The results indicate that the implementation of the toric intraocular lens improves visual quality in many patients, although correction for near vision still has limitations. Astigmatism correction is significant for visual acuity, highlighting the importance of appropriate lens choices in the treatment of cataracts.

Keywords: cataract; intraocular lens implantation; visual acuity; eye health

1 INTRODUÇÃO

A catarata é uma doença que se caracteriza pela turvação ou opacificação do cristalino, impedindo que a luz percorra o seu trajeto até a retina. (Lopes et al., 2021). O envelhecimento populacional vem corroborando com o aumento do número de patologias oculares e consequentemente com a piora da qualidade de vida. Estima-se que, em 2050, 22% da população mundial será composta por pessoas com mais de 60 anos, faixa etária acometida em 13-50% pela catarata senil (Xiang et al., 2022).

Quanto aos fatores causais, a catarata pode ser classificada em catarata senil, forma mais comum e considerada como um processo intrínseco da senilidade, catarata congênita, relacionada a fatores genéticos ou infecções congênitas, e catarata secundária, podendo estar correlacionada a outras afecções oculares, a fatores sistêmicos ou a causas tóxicas (Borges, 2021).

Não existe nenhuma forma de prevenção eficaz ou até mesmo terapia medicamentosa que possa ser utilizada para tratar a catarata. Atualmente, a forma mais eficaz para restaurar a visão em pacientes com catarata é a remoção cirúrgica do cristalino opaco em combinação com a implantação de uma lente intraocular (Chen et al., 2021).

As lentes intraoculares podem ser classificadas quanto à quantidade de pontos focais. Lentes monofocais são lentes que possuem um único foco, utilizadas geralmente para melhorar a visão à distância, o que consequentemente pode gerar a necessidade do uso de correção visual para visões próximas ou intermediárias (Haldipurkar et al., 2021). Dentre as lentes monofocais, pode-se encontrar um tipo específico denominado lente tórica. Esta lente pode ser implantada para a correção do astigmatismo de pacientes que irão ser submetidos à cirurgia de catarata (Keshav and Henderson 2021).

Poucos trabalhos científicos associam a medida de acuidade visual de longe e perto a uma avaliação qualitativa da visão. O objetivo primordial deste estudo é o de avaliar a acuidade visual não corrigida, para visão de longe e de perto, associando a aplicação de questionário à qualidade visual de pacientes no pós-operatório de cirurgia de catarata em pacientes implantados com lente intraocular tórica Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric

2  METODOLOGIA

O presente estudo pode ser caracterizado como descritivo, observacional e quali- quantitativo, realizado em 2024, visando avaliar a satisfação pessoal e verificar a eficácia da implantação de lente intraocular tórica Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric de pacientes submetidos previamente à cirurgia de catarata.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição Universidade Tiradentes, em 20 de julho de 2020, com CAAE 29901320.1.000.5371. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo e assinaram o termo de consentimento informado, garantindo a confidencialidade e o anonimato dos dados coletados. A amostragem foi não probabilística de conveniência.

Os participantes deste presente estudo eram pacientes que possuíam catarata e se submeteram à cirurgia para a retirada da catarata com implante não complicado de lentes intraoculares tóricas. As cirurgias foram realizadas em um centro oftalmológico PARTICULAR especializado em Aracaju-Sergipe-Brasil, por um médico oftalmologista especialista em cirurgia de catarata, C.Q.M, dentro do período de 1 ano (abril de 2023 a abril de 2024). Foram incluídos no estudo pacientes com pelo menos 60 dias de pós- operatório, pacientes no pós-operatório com equivalente esférico de -0,75 a +0,75 dioptrias, pacientes com ausência de cirurgia ocular prévia à catarata, pacientes com diagnóstico prévio de catarata, pacientes que não possuíam contraindicações à implantação de lente intraocular e pacientes que concordaram em participar do estudo com assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Foram excluídos pacientes afetados por outras doenças oculares como glaucoma, ambliopia em qualquer olho, estrabismo, distrofia de córnea, irregularidades da córnea, doença da retina, atrofia do nervo óptico ou outras comorbidades visuais degenerativas. Através do banco de dados, foi realizado um levantamento acerca dos pacientes operados de catarata para a obtenção da amostra. Após contato inicial, os pacientes foram entrevistados também por via telefone, utilizando como instrumento de coleta o questionário Visual Function Index (VF-14) de Pereira et al. (2017) adaptado para o português. O presente questionário enumera 14 situações onde o paciente deve responder sobre a dificuldade visual que possui, sem uso de correção visual. Existe uma pontuação específica para cada resposta acerca das situações apresentadas, sendo classificadas como: “Não consigo realizar” (0 pontos), “Muita dificuldade” (1 ponto), “Moderada dificuldade” (2 pontos), “Pouca dificuldade” (3 pontos) e “Nenhuma dificuldade” (4 pontos). Para chegar ao resultado de cada item, é necessário multiplicar a quantidade de pontos por 25, e então é obtido um score variando de 0 a 100. Quanto maior o escore, melhor o desempenho visual para determinada atividade.

O escore geral é calculado através da equação: E=s/n x 25 em que E corresponde ao escore final, o “s” ao somatório dos pontos de todas as questões respondidas, e o “n” o número de questões respondidas pelo paciente. Se o paciente não realiza alguma atividade do questionário, a questão referente a essa atividade não fará parte da pontuação final.

Para que os resultados fossem configurados, realizaram-se medidas de acuidade sem correção de longe e de perto através da tabela de Snellen a 6 metros em situação fotópica e com tabela Jaeger a 33 centímetros de distância, realizado refração objetiva e subjetiva para cálculo de equivalente esférico, que consiste na soma do valor esférico encontrado acrescido da metade do potencial do cilindro e aplicado o questionário previamente citado com posterior análise da pontuação final.

Além do questionário Visual Function Index (VF-14), foi utilizada outra adaptação do questionário com o intuito de avaliar a função visual dos pacientes exclusivamente para a visão de perto. Nesta adaptação, foram utilizadas perguntas presentes no questionário original e foram mantidas as mesmas pontuações para classificação em escores. As perguntas aqui utilizadas foram: “1- ler letras pequenas, como bula de remédio ou lista telefônica?”, “2- Ler jornal ou livro?”, “3- Ler título de um livro ou letras grandes no jornal ou os números do telefone?”, “7- Fazer trabalhos manuais como bordar, costurar, cortar com tesoura?”, “8- Preencher cheques ou formulários?”, “9- Jogar jogos como bingo, dama, dominó, jogo de cartas?”.

A análise estatística realizada neste estudo foi baseada em uma variedade de métodos estatísticos, incluindo medidas descritivas e testes de hipóteses. As medidas descritivas, tais como média, mediana, desvio padrão, intervalo interquartil, frequência absoluta e percentuais, foram utilizadas para descrever as características das variáveis e fornecer informações resumidas sobre os dados coletados. O teste Qui-quadrado foi utilizado para investigar a associação entre diferentes variáveis categóricas. Esse teste permitiu avaliar se as frequências observadas diferiam das frequências esperadas, indicando possíveis associações estatisticamente significativas entre as variáveis (TURHAN, 2020). O teste de Wilcoxon-Mann-Whitney foi empregado para comparar as medianas de duas amostras em situações em que os dados não atendiam aos pressupostos da distribuição normal e da homogeneidade de variâncias (OTI; OLUSOLA; ESEMOKUMO, 2021). No presente estudo, todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o ambiente de programação R (versão 4.3.2) (R CORE TEAM, 2023) e o nível de significância adotado foi de 5%.

3  RESULTADOS

A tabela apresenta dados de 23 pacientes, com uma idade média de 68,09 anos e desvio padrão de 5,90, sendo a mediana de 67 anos. A distribuição entre os sexos mostra uma leve predominância de pacientes do sexo feminino, representando 56,52% da amostra, enquanto 43,48% são do sexo masculino. No que diz respeito às características oftalmológicas do olho direito, a média do erro esférico é de -0,04, com uma mediana de 0,00, enquanto o cilindro apresenta uma média de -0,23, e a mediana

também é 0,00. O eixo do olho direito tem uma média de 33,26, com grande variabilidade, como indicado pelo desvio padrão de 46,77. Quanto à acuidade visual sem correção (AV S/C) no olho direito, 56,52% dos pacientes têm visão de 20/20, e 39,13% possuem 20/25, enquanto apenas 4,35% apresentam acuidade de 20/30. O LogMAR para o olho direito tem uma média de 0,05, com a mediana em 0,00. O erro esférico (EE) do olho direito é, em média, -0,14, e 39,13% dos pacientes apresentam erro esférico negativo. No olho esquerdo, o erro esférico médio é de -0,02, também com uma mediana de 0,00. O cilindro do olho esquerdo apresenta uma média de -0,25, com a mediana em 0,00, enquanto o eixo tem uma média de 29,35, também com uma grande variabilidade. A acuidade visual sem correção (AV S/C) no olho esquerdo mostra que 52,17% dos pacientes têm visão de 20/20, 30,43% possuem 20/25, e 13,04% têm 20/30. Apenas 4,35% dos pacientes apresentam acuidade de 20/40 no olho esquerdo. O LogMAR médio para o olho esquerdo é de 0,07, com mediana em 0,00. O erro esférico do olho esquerdo tem uma média de -0,15, com 47,83% dos pacientes apresentando erro esférico negativo. Em termos gerais, 52,17% dos pacientes apresentam erro esférico negativo em pelo menos um dos olhos. A tabela também mostra a distribuição dos pacientes nas categorias J, que indicam diferentes níveis de desempenho visual: 17,39% estão na categoria J1, 26,09% em J2, 30,43% em J3, e 17,39% em J4, com as categorias J5 e J6 apresentando apenas 4,35% cada. No presente estudo foram avaliados 23 pacientes submetidos a cirurgia de catarata, todos eles sendo submetidos à implantação de lente intraocular monofocal tórica. Entre esses 23 pacientes selecionados, três deles não se foi possível realizar o questionário de função visual (VF-14) devido dificuldade na comunicação, logo, apenas 20 pacientes corroboram para a estatística do questionário VF-14. A avaliação da função visual (VF- 14) apresenta uma média de 81,69, com desvio padrão de 14,11, e mediana de 82,43. Aproximadamente 40% dos pacientes têm um escore de VF-14 menor ou igual a 75, enquanto 60% possuem escores acima de 75. Para a visão de perto, o VF-14-Perto apresenta uma média de 57,63, com uma mediana de 67,50. Em termos de corte, 25% dos pacientes têm VF-14-Perto menor ou igual a 25, enquanto 45% têm VF-14-Perto menor ou igual a 50, e 70% apresentam VF-14-Perto menor ou igual a 75.

Tabela 1: Características Demográficas, Oftalmológicas de Pacientes, Avaliação de Função Visual (VF-14) e Visão de Perto

A tabela compara dois grupos de pacientes com escores de função visual (VF-14) diferentes: aqueles com escores menores ou iguais a 75 (N = 8) e aqueles com escores superiores a 75 (N = 12). A idade média dos dois grupos é muito semelhante, com 68,6 anos no grupo de VF-14 ≤75 e 67,3 anos no grupo de VF-14 >75, e essa diferença não é estatisticamente significativa (valor-p = 0,727). A distribuição por sexo também não mostra diferenças relevantes, com proporções próximas entre homens e mulheres em ambos os grupos (50% masculino e 50% feminino no grupo VF-14 ≤75, e 42% masculino e 58% feminino no grupo VF-14 >75). As características oftalmológicas do olho direito (OD) revelam que as médias do erro esférico são idênticas nos dois grupos (-0,06), e as medições do cilindro também são bastante similares, com medianas iguais a 0,00, indicando pouca variação entre os grupos. O eixo do olho direito não mostra diferenças estatisticamente significativas, e os valores de acuidade visual sem correção (AV S/C OD) mostram uma leve superioridade no grupo VF-14 ≤75, com 63% dos pacientes apresentando acuidade de 20/20, em comparação com 50% no grupo de VF- 14 >75. No entanto, essas diferenças não são significativas. O valor médio de LogMAR no olho direito é ligeiramente inferior no grupo VF-14 ≤75 (0,04) em comparação com o grupo VF-14 >75 (0,06), mas essa diferença também não é estatisticamente significativa (valor-p = 0,539). O erro esférico do olho direito (EE OD) é similar em ambos os grupos, com ç;cerca de 38% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 e 42% no grupo VF-14 >75 apresentando erro esférico negativo. Em relação ao olho esquerdo (OE), os resultados seguem um padrão semelhante. O erro esférico e o cilindro do olho esquerdo apresentam valores médios e medianas muito próximos entre os grupos, e a acuidade visual sem correção (AV S/C OE) mostra que 50% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 têm visão de 20/20, comparado a 58% no grupo VF-14 >75, sem uma diferença estatística significativa (valor-p = 0,690). O valor de LogMAR no olho esquerdo também é muito semelhante entre os grupos, com uma média de 0,07 no grupo VF-14 ≤75 e 0,05 no grupo VF-14 >75. O erro esférico do olho esquerdo (EE OE) mostra que 50% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 têm erro esférico negativo, enquanto 42% no grupo VF-14 >75 apresentam essa condição, mas essa diferença não é estatisticamente relevante.

Tabela 2: Comparação das Características Demográficas e Oftalmológicas entre Pacientes com VF-14 ≤75 e VF-14 >75

A tabela compara as características demográficas e oftalmológicas de dois grupos de pacientes com base nos escores de VF-14 para visão de perto: aqueles com escores menores ou iguais a 50 (N = 9) e aqueles com escores maiores que 50 (N = 11). A idade média dos dois grupos é semelhante, com 67,1 anos no grupo VF-14 Perto ≤50 e 68,4 anos no grupo VF-14 Perto >50, sem diferença estatisticamente significativa (valor-p = 0,516). Em termos de distribuição por sexo, 67% dos pacientes no grupo VF-14 Perto ≤50 são do sexo feminino, enquanto 45% no grupo VF-14 Perto

>50 também são mulheres, mas essa diferença não foi significativa (valor-p = 0,401). As características oftalmológicas do olho direito (OD) revelam que as médias do erro esférico são praticamente idênticas em ambos os grupos, com -0,06 no grupo VF-14 Perto ≤50 e -0,07 no grupo VF-14 Perto >50, sem diferença significativa (valor-p > 0,999). O cilindro e o eixo do olho direito também não apresentam diferenças estatisticamente relevantes, com valores médios muito próximos entre os dois grupos. Em relação à acuidade visual sem correção (AV S/C OD), 67% dos pacientes no grupo VF-14 Perto ≤50 têm visão de 20/20, em comparação com 45% no grupo VF-14 Perto >50, mas essa diferença também não é significativa (valor-p = 0,802). Os valores de LogMAR do olho direito são ligeiramente maiores no grupo com VF-14 Perto >50 (0,06) do que no grupo VF-14 Perto ≤50 (0,03), sem diferença significativa (valor-p = 0,3201). O erro esférico negativo no olho direito (EE OD Negativo) foi encontrado em 33% dos pacientes no grupo VF-14 Perto ≤50 e em 45% no grupo VF-14 Perto >50, mas sem significância estatística. No olho esquerdo (OE), o erro esférico médio é de -0,08 no grupo VF-14 Perto ≤50 e -0,02 no grupo VF-14 Perto >50, sem uma diferença estatisticamente significativa (valor-p = 0,328). O cilindro e o eixo do olho esquerdo também são semelhantes entre os grupos. A acuidade visual sem correção (AV S/C OE) mostra que 56% dos pacientes no grupo VF-14 Perto ≤50 têm acuidade de 20/20, em comparação com 55% no grupo VF-14 Perto >50, sem diferença significativa (valor- p = 0,8232). Os valores de LogMAR para o olho esquerdo também são próximos, com uma média de 0,06 no grupo VF-14 Perto ≤50 e 0,05 no grupo VF-14 Perto >50, sem diferença significativa (valor-p = 0,866). O erro esférico do olho esquerdo (EE OE) mostra valores médios ligeiramente mais negativos no grupo VF-14 Perto ≤50 (-0,21) do que no grupo VF-14 Perto >50 (-0,11), mas sem relevância estatística (valor-p = 0,597). A proporção de pacientes com erro esférico negativo no olho esquerdo é praticamente idêntica entre os dois grupos (44% e 45%, respectivamente).

Tabela 4: Comparação das Características Demográficas e Oftalmológicas entre Pacientes com VF-14 Perto ≤50 e VF-14 Perto >50

A tabela compara as características demográficas e oftalmológicas de dois grupos de pacientes com base nos escores de VF-14 para visão de perto: aqueles com escores menores ou iguais a 75 (N = 14) e aqueles com escores maiores que 75 (N = 6). A idade média no grupo com VF-14 ≤75 é de 67,3 anos, enquanto no grupo com VF-14 >75 é de 69,0 anos, sem uma diferença estatisticamente significativa (valor-p = 0,648). A distribuição por sexo é semelhante entre os dois grupos, com 57% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 sendo do sexo feminino, em comparação com 50% no grupo VF-14 >75, sem significância estatística (valor-p > 0,999). As características oftalmológicas do olho direito (OD) mostram que as médias do erro esférico são muito próximas entre os grupos, com -0,07 no grupo VF-14 ≤75 e -0,04 no grupo VF-14 >75, sem diferença significativa (valor-p = 0,594). O cilindro e o eixo do olho direito também são bastante similares, sem diferenças estatisticamente significativas. Em relação à acuidade visual sem correção (AV S/C OD), 50% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 têm acuidade de 20/20, em comparação com 67% no grupo VF-14 >75, mas essa diferença não é estatisticamente significativa (valor-p = 0,134). O valor médio de LogMAR para o olho direito é idêntico em ambos os grupos (0,05), sem significância estatística (valor-p = 0,778). O erro esférico negativo no olho direito foi observado em 43% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 e em 33% no grupo VF-14 >75, sem diferença significativa. No olho esquerdo (OE), o erro esférico médio é ligeiramente mais negativo no grupo VF-14 ≤75 (-0,09) do que no grupo VF-14 >75 (0,04), mas essa diferença não alcançou significância estatística (valor-p = 0,098). O cilindro e o eixo do olho esquerdo também são similares entre os grupos, sem diferenças estatisticamente significativas. A acuidade visual sem correção no olho esquerdo mostra que 50% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 têm acuidade de 20/20, em comparação com 67% no grupo VF-14

>75, mas essa diferença não é estatisticamente relevante (valor-p = 0,667). O valor médio de LogMAR no olho esquerdo é ligeiramente maior no grupo VF-14 ≤75 (0,07) em comparação com o grupo VF-14 >75 (0,03), mas sem diferença significativa (valor-p = 0,383). O erro esférico negativo no olho esquerdo foi encontrado em 50% dos pacientes no grupo VF-14 ≤75 e em 33% no grupo VF-14 >75, sem significância estatística.

Tabela 5: Comparação das Características Demográficas e Oftalmológicas entre Pacientes com VF-14 Perto ≤75 e VF-14 Perto >75

4  DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou a função visual objetiva e subjetiva dos pacientes após a cirurgia de catarata com implante de lente intraocular tórica Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric . As características sociodemográficas obtidas dos participantes do presente estudo, em especial as relacionadas à idade e ao sexo, estão consoantes com os resultados de outros estudos presentes na literatura. Tratando-se de uma doença mais comum em idosos, a média de idade encontrada foi de 68,09 anos e desvio padrão de 5,90, possuindo equivalência com o estudo observacional de Miyake et al. (2014)que mediante estudo com 378 olhos de 302 pacientes encontrou uma média de idade de 63,4 anos com desvio padrão de 16,9.

No referente ao sexo, neste estudo houve uma leve predominância de pacientes do sexo feminino, representando 56,52% da amostra, enquanto 43,48% são do sexo masculino. Seth et al. (2018), através de estudo prospectivo randomizado com delineamento paralelo, dividiu os 42 pacientes do estudo em dois grupos distintos com a mesma quantidade de pacientes entre eles e implantaram duas diferentes lentes intraoculares entre os grupos. Acabaram encontrando que no grupo 1 52,38% eram do sexo feminino enquanto 47,61% eram do sexo masculino, e no grupo 2 encontraram a mesma porcentagem.

Quanto ao erro esférico e cilíndrico, os valores médios encontrados em ambos os olhos indicam que a correção da visão com a lente intraocular tórica foi eficaz, com a grande maioria dos pacientes apresentando valores próximos a zero após a cirurgia, o que era esperado. A ausência de erros esféricos corrobora com a eficácia da lente intraocular na correção óptica dos pacientes. McAlinden e Janicek (2021) fizeram um estudo com 44 pacientes que possuíam astigmatismo e catarata e foram submetidos à implantação de lente intraocular tórica modelo Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric, e conseguiram relatar que a média do componente esférico geral, de ambos os olhos, foi de 0,09 com desvio padrão de 0,56, componente cilíndrico de -0,78 com desvio padrão de 0,69. Ng et al. (2017) realizou um estudo observacional retrospectivo com 69 pacientes que também foram submetidos à cirurgia de catarata com implante de lente tórica SN6AT e evidenciou um astigmatismo residual médio de 0,81 com desvio padrão de 0,4. Estes estudos demonstraram uma correlação de dados bem semelhante ao apresentado nesse estudo.

O equivalente esférico no olho direito em média foi de -0,14 e o do olho esquerdo, – 0,15. No ensaio clínico randomizado de Scialdone et al. 2013, entre o grupo de pacientes submetidos à implantação de lente SN6AT, obteve-se uma média de 0,05 com desvio padrão de 0,44. Esse resultado demonstra que o encontrado neste estudo está conforme o apresentado na literatura, ambos equivalentes esféricos próximos de zero e consequentemente mais próximos da emetropia.

Quanto à acuidade visual sem correção, em ambos os olhos, mais de 50% dos pacientes possuem a visão máxima de 20/20. Essa alta taxa de pacientes com visão de 20/20 sugere que o implante das lentes intraoculares tóricas foi bem-sucedido em restaurar a visão sem a necessidade de correção adicional. Esse resultado é extremamente positivo e está alinhado com o objetivo da cirurgia de catarata, que visa proporcionar ao paciente uma visão clara e funcional, proporcionando ao máximo a independência de óculos. A correção do astigmatismo pré-existente parece ter sido eficaz, visto que a lente tórica é projetada especificamente para esse fim, além da correção da opacidade causada pela catarata. O LogMar médio de ambos os olhos foram próximos de zero, sem muitas variações. Outros estudos também conseguiram chegar a valores próximos do apresentado aqui, como o Ng et al. (2017), mencionado anteriormente, que encontrou valores de acuidade visual não corrigida LogMar médio geral de ambos os olhos de 0,29 (0,16) e também outros estudos como o Xiao et al. (2015), estudo prospectivo com 100 pacientes, porém a lente SN6AT foi implantada em 50 pacientes, e acabaram evidenciando uma acuidade visual não corrigida de LogMar 0,19 (0,11) e Al-Mohtaseb et al. (2024) que por meio de uma revisão de literatura pela academia americana de oftalmologia avaliou resultados visuais e outros fatores após implantação de algumas lentes intraoculares tóricas, e dentre os estudos revisados sobre a lente Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric, encontraram uma acuidade visual não corrigida média de 0,28 (0,02-0,34).

A distribuição dos pacientes nas categorias J1 a J6 reflete uma ampla variabilidade no desempenho visual para perto. A predominância nas categorias classificadas (J2 e J3) pode ser interpretada como um equilíbrio entre a correção bem-sucedida da visão de longe e as limitações na visão de perto. Uma menor proporção de pacientes nas categorias J5 e J6 (apenas 4,35% cada) sugere que apenas uma pequena parte da amostra apresentou limitações visuais após a cirurgia. O objetivo visual deste tipo de lente é a correção visual para longe, o que foi amplamente alcançado.

A média do escore VF-14 de 81,69 e o desvio padrão de 14,11 indicam que, de modo geral, os pacientes relatam alta satisfação com a qualidade visual após a cirurgia. No entanto, é importante discutir que aproximadamente 40% dos pacientes possuem uma pontuação inferior ou igual a 75, o que pode indicar uma percepção de limitações funcionais em atividades cotidianas. A literatura sugere que, em pacientes com astigmatismo, mesmo uma correção cirúrgica eficaz pode deixar algumas queixas relacionadas à visão de perto, tratando-se principalmente de correção mediante lente intraocular monofocal tórica (Haldipurkar et al., 2021).

A função visual para perto (média de 57,63 e mediana de 67,50) apresenta valores mais baixos que o VF-14 geral, o que é esperado em cirurgias com lentes intraoculares monofocais, que não corrigem a visão para perto. 45% dos pacientes têm VF-14-Perto menor ou igual a 50, ou seja, praticamente metade dos pacientes possui um escore para perto que não passa de metade do escore geral. Uma satisfação moderada com a visão de perto pode ser discutida em função da necessidade de óculos para leitura na maioria dos pacientes. A literatura menciona que pacientes submetidos à lente intraocular monofocal costumam relatar uma boa visão, mas permanecem dependentes de óculos para tarefas de perto, o que corrobora com a piora do nível de satisfação.

Wu et al. (2021) realizaram um estudo com o intuito avaliar a acuidade visual, aberrações de alta ordem e satisfação em pacientes com catarata com o implante de diferentes tipos de lente intraocular. Utilizaram um questionário para mensurar a satisfação pessoal dos pacientes e dentre as perguntas do questionário estavam “você usa óculos para longe?”, “você usa óculos para perto?”, “Quão satisfeito você ficou com esta cirurgia de catarata?”. Ficou evidenciado no estudo que houve diferença significativa na retirada dos óculos para visão de perto entre os grupos. Os grupos com lentes multifocais foram melhores do que o grupo de foco único e o grupo astigmatismo (lente Alcon® SN6ATX AcrySof IQ Toric) na retirada dos óculos para visão de perto, porém, não houve diferença significativa no grau de satisfação entre os quatro grupos.

Logo, apesar de existirem alguns trabalhos publicados na literatura acerca da relação entre a satisfação pessoal e função visual dos pacientes com a função visual objetiva após o implante de lentes intraoculares na cirurgia de catarata, ainda são poucos os que exploram de forma qualitativa a perspectiva do paciente acerca da sua própria visão. São necessários mais estudos, com amostragem maior e com características subjetivas mais elaboradas para poder elucidar melhor conclusões sobre o tema.

5  CONCLUSÃO

O alto escore encontrado no questionário VF-14 pode ser atribuído ao equivalente esférico obtido de ambos os olhos, que foram próximos de zero, denotando a importância da correção visual para o astigmatismo. O escore obtido através do questionário VF-14 modificado para perto foi menor do que o escore VF-14 devido à lente intraocular utilizada nos pacientes não ter como objetivo corrigir a visão para perto.

Referências:

XIAO, X.; TIAN, F.; ZHANG, H. [Clinical study of optical quality after of aspheric toric intraocular lens in cataract surgery]. [Zhonghua Yan Ke Za Zhi] Chinese Journal of Ophthalmology, v. 51, n. 4, p. 263–269, abr. 2015.

AL-MOHTASEB, Z. et al. Toric Monofocal Intraocular Lenses for the Correction of Astigmatism during Cataract Surgery. Ophthalmology, v. 131, n. 3, p. 383–392, mar. 2024.

ASSI, L. et al. A Global Assessment of Eye Health and Quality of Life: A Systematic Review of Systematic Reviews. JAMA ophthalmology, v. 139, n. 5, p. 526–541, 1 maio 2021.

CHEN, X. et al. Cataract: Advances in surgery and whether surgery remains the only treatment in future. Advances in Ophthalmology Practice and Research, v. 1, n. 1, p. 100008, nov. 2021.

GOGGIN, M. Toric intraocular lenses: Evidence based use. Clinical & Experimental Ophthalmology, v. 50, n. 5, p. 481–489, jul. 2022.

HALDIPURKAR, S. S. et al. Comparison of Post-Cataract Surgery Visual Outcomes and Quality of Life in Patients Bilaterally Implanted with Multifocal Intraocular Lenses. Ophthalmology and Therapy, v. 10, n. 1, p. 101–113, mar. 2021.

HOVANESIAN, J. A.; JONES, M.; ALLEN, Q. The Vivity Extended Range of Vision IOL vs the PanOptix Trifocal, ReStor 2.5 Active Focus and ReStor 3.0 Multifocal Lenses: A Comparison of Patient Satisfaction, Visual Disturbances, and Spectacle Independence. Clinical Ophthalmology, v. Volume 16, p. 145–152, jan. 2022.

KESHAV, V.; HENDERSON, B. A. Astigmatism Management with Intraocular Lens Surgery. Ophthalmology, v. 128, n. 11, p. e153–e163, nov. 2021.

LOPES, A. B. et al. Aspectos gerais sobre catarata: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 9, p. e8807, 30 set. 2021.

MCALINDEN, C.; JANICEK, D. Toric Intraocular Lenses for the Management of Corneal Astigmatism at the Time of Cataract Surgery. Journal of Ophthalmology, v. 2021, p. 1–6, 18 dez. 2021.

MENCUCCI, R. et al. Beyond vision:Cataract and health status in old age, a narrative review. Frontiers in Medicine, v. 10, p. 1110383, 16 mar. 2023.

MIYAKE, T. et al. Long-term clinical outcomes of toric intraocular lens implantation in cataract cases with preexisting astigmatism. Journal of Cataract and Refractive Surgery, v. 40, n. 10, p. 1654–1660, out. 2014.

NG, H. R. et al. Evaluation of visual outcomes after toric intraocular lens implantation. The Medical Journal of Malaysia, v. 72, n. 6, p. 356–359, dez. 2017.

SCIALDONE, A.; DE GAETANO, F.; MONACO, G. Visual performance of 2 aspheric toric intraocular lenses: Comparative study. Journal of Cataract and Refractive Surgery, v. 39, n. 6, p. 906–914, jun. 2013.

SETH, S. et al. Comparative evaluation of two toric intraocular lenses for correcting astigmatism in patients undergoing phacoemulsification. Indian Journal of Ophthalmology, v. 66, n. 10, p. 1423, 2018.

SINGH, V. et al. Toric intraocular lenses: Expanding indications and preoperative and surgical considerations to improve outcomes. Indian Journal of Ophthalmology, v. 70, n. 1, p. 10, 2022.

WU, T. et al. Comparison of dynamic defocus curve on cataract patients implanting extended depth of focus and monofocal intraocular lens. Eye and Vision, v. 10, n. 1, p. 5, 1 fev. 2023.

WU, W.; YU, S.; MA, S. Effect of High-Order Aberrations and Satisfaction on Cataract Patients Implanted with Four Types of AcrySof Blue Light Filtering Intraocular Lens. International Journal of Clinical Medicine, v. 12, n. 08, p. 307–315, 2021.

XIANG, Y. et al. Delays in Seeking Medical Services in Elderly Patients With Senile Cataract. Frontiers in Psychology, v. 13, p. 930726, 12 jul. 2022.

BORGES, Géssica Fernandes da Silva. Avaliar o impacto na qualidade de vida dos pacientes submetidos a cirurgia de catarata em uma amostra da população brasileira do Estado de São Paulo. 2021. 1 recurso online (84 p.) Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1641059. Acesso em: 25 jun. 2024.

Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Catarata: diagnóstico e tratamento. São Paulo: CBO; 2003. [Projeto Diretrizes].

TELES, Lucas Pinheiro Machado et al. Análise da qualidade de vida antes e após cirurgia de catarata com implante de lente intraocular. 79. ed. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Oftalmologia, 2020. 242-247 p. v. 4. ISBN 1137968.

OTI, Eric U; OLUSOLA, Michael O; ESEMOKUMO, Perewarebo A. Statistical analysis of the median test and the mann-whitney u test. International Journal of Advanced Academic Research, vol. 7, no. 9, p. 44–51, 2021.

R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. Vienna, Austria: R Foundation for Statistical Computing, 2023. Available at: https://www.R- project.org/.

SOUZA, Rafael Rodrigues de; TOEBE, Marcos; MELLO, Anderson Chuquel; BITTENCOURT, Karina Chertok. Sample size and shapiro-wilk test: An analysis for soybean grain yield. European Journal of Agronomy, vol. 142, p. 126666, 2023.

TURHAN, Nihan Sölpük. Karl pearson’s chi-square tests. Educational Research and Reviews, vol. 16, no. 9, p. 575–580, 2020.


1 ORCID: https://orcid.org/0009-0008-4558-1132
Universidade Tiradentes, Brasil
E-mail: arthur.mendonca@souunit.com.br

2 ORCID: https://orcid.org/0009-0000-4722-339X
Universidade Tiradentes, Brasil E-mail: alexandre.salomao@souunit.com.br

3 ORCID: https://orcid.org/0009-0006-7441-3862
Universidade Tiradentes, Brasil E-mail: anacarolinamatiotti@gmail.com

4 ORCID: https://orcid.org/0009-0001-1138-5490
Universidade Tiradentes, Brasil
E-mail: eclie.santos@souunit.com.br

5 ORCID: https://orcid.org/0009-0008-1755-8488
Universidade Tiradentes, Brasil E-mail: gustavo.fonseca@souunit.com.br

6 ORCID: https://orcid.org/0009-0002-1164-8622
Universidade Tiradentes, Brasil E-mail: lucas.motta@souunit.com.br

7 ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3456-6593
Universidade Tiradentes, Brasil E-mail: rebecca.schuster@souunit.com.br

8 ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9519-0577
Universidade Tiradentes, Brasil
E-mail: cristiano@iocm.com.br