REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202410311801
Débora De Moura Muniz1; Larissa Andrade Noia1; Millena Rayssa De Andrade Silva1; Guilherme de Souza Silva1; Gustavo Ferraz Pereira1; Luis Henrique Remigio de Azevedo Filho1; Paulo Henrique Alves Melo2; Renan Ramos de Oliveira2; Rodrigo Arthur Macedo Rizzardi1; Vitoria De Ataide Caliari1
RESUMO
A sonolência diurna advinda de uma qualidade do sono prejudicada associada a redução das horas de sono, possivelmente devido a Síndrome do Sono Insuficiente (SSI), é um distúrbio de alta prevalência entre estudantes de medicina. As consequências dessa doença pouco estudada são tanto imediatas, com irritabilidade, déficits de concentração e atenção (podendo gerar erros médicos), até a longo prazo com impactos na mortalidade por todas as causas. Este trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade do sono entre estudantes de medicina de uma universidade pública do Nordeste brasileiro. Ademais, averiguar os conhecimentos sobre a Síndrome do Sono Insuficiente e a frequência do uso de medicamentos controlados para dormir. O estudo é observacional, transversal, de abordagem quali-quantitativa. A amostragem se deu por conveniência entre os estudantes de medicina do Campus Santo Amaro da Universidade de Pernambuco. Os dados foram coletados através de um questionário anônimo no Google Forms, composto por 4 sessões: perfil social e demográfico, investigação sobre o conhecimento da síndrome, Índice da qualidade do sono de Pittsburgh adaptado em português e autoavaliação do sono (antes e depois de explicação acerca da síndrome). No tocante aos resultados, 235 respostas, dezessete (7%) foram excluídas devido a referência a doenças do sono ou por resposta em duplicidade averiguada pelo CPF. Temos 172 (78,9%) estudantes com qualidade do sono ruim pelo índice de Pittsburgh, distribuídos em 86%, 85% e 68%, ao longo dos ciclos básico, clínico e internato. Observamos que a qualidade do sono era melhor nos estudantes dos últimos anos do curso (teste do Qui-quadrado, p < 0,01). A mediana de tempo de sono foi de 6 (3-9) horas em dias úteis e de 8 (6-11) horas em fins de semana. Sobre a síndrome do sono insuficiente, 174 (79,8%) alunos não a conheciam, mas 114 (52,3%) acreditaram ter a condição após explicação breve do tema. Trinta e nove (17,8%) alunos fizeram uso de medicamentos controlados para dormir. Portanto, a prevalência de qualidade do sono prejudicada mostrou-se elevada ao longo de todo o curso médico, com quantidade de horas de sono diárias de grande parte do corpo discente abaixo do preconizado. Estudantes e corpo docente devem compreender os efeitos negativos desse padrão para que seja possível a construção de um ambiente acadêmico mais saudável.
PALAVRAS-CHAVE: Sono, Síndrome do Sono Insuficiente, Estudantes de medicina
1. INTRODUÇÃO
O sono tem importante papel nas funções cognitivas, manutenção da concentração e processamento da memória (KUMARI et al, 2020)(MAHESWARI et al 2019). A American Academy of Sleep Medicine (AASM) e a National Foundation of Sleep (NFS) recomendam um mínimo de 7-8 horas de sono para adultos, sendo o sono de 7-9 horas associado com menores riscos de mortalidade por todas as causas (CHATTU et al, 2018).
O Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-PT) é o questionário padrão-ouro na avaliação subjetiva da qualidade do sono (BUYSSE et al, 1989)(BACKHAUS et al, 2002). Avalia a latência, duração, eficiência habitual e distúrbios do sono, além do uso de medicamentos para dormir e disfunção diurna; tem uma pontuação máxima de 21, sendo um número maior que 5 indicativo de sono prejudicado, mas com alguns estudos considerando 6-7 um intervalo de qualidade limítrofe (COX et al, 2021)(LUND et al, 2009).
Uma duração de sono insuficiente é associada a cinco das quinze maiores causas de morte, incluindo doenças cardio e cerebrovasculares, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e acidentes, sendo também relacionada a depressão e piores resultados acadêmicos (CHATTU et al, 2018). No âmbito médico, erros de conduta estão relacionados a distúrbios do sono, fadiga e hipersonolência (KARAHAN et al, 2020).
A Síndrome do Sono Insuficiente (SSI), de acordo com a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD-3), é caracterizada pela dificuldade persistente em atingir uma quantidade apropriada de horas de sono para a manutenção de níveis normais de alerta e vigília, com os portadores tornando-se cronicamente privados de sono. Contudo, diferentemente de outras patologias do sono, isso não se deve a uma inabilidade de iniciar ou manter o sono, mas devido ao encurtamento da duração por fatores comportamentais, tais como demandas do trabalho e da vida social (CHATTU et al, 2018)(AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE, 2014)(KOHYAMA et al, 2018).
Os critérios diagnósticos para a SSI incluem hipersonolência ou lapsos de sono diurnos; tempo de sono reduzido em relação ao esperado para a idade; padrão presente há pelo menos 3 meses; necessidade de despertadores ou uma outra pessoa para acordar o paciente, além de dormir por um maior período de tempo durante férias ou feriados; estender a duração do sono soluciona os sintomas de sonolência; e os sintomas não são melhor explicados por outro distúrbio de sono, efeitos de drogas e medicamentos ou outras doenças (AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE, 2014).
Ao ingressar na faculdade, os jovens passam por diversas mudanças em suas vidas, como maiores demandas acadêmicas e atividades sociais, trazendo impactos na obtenção de duração adequada de sono (OGINSKA et al, 2006). Constatou-se em um estudo que 35-60% dos estudantes universitários relataram sonolência diurna, comparados com 3-18% da população geral (WHITTIER et al, 2014)(GREESON et al, 2015). Entre profissionais e estudantes de saúde, o sono prejudicado foi relacionado à queda na produtividade, pior habilidade na tomada de decisões, erros médicos e esgotamento (WOLKOW et al, 2014)(XU et al, 2016)(KOMADA et al, 2007).
Nos últimos 40 a 50 anos, observou-se uma queda de pelo menos uma hora de sono na população geral (CHATTU et al, 2018)(KOHYAMA et al, 2018). O sono de duração e qualidade adequados tem um papel positivo nas funções cognitivas, além de diminuir os riscos de uma grande variedade de doenças. No entanto, a importância do sono e o estudo de suas desordens são subestimados e pouco reconhecidos pela população e profissionais.
Desse modo, é de suma importância os conhecimentos sobre a Síndrome do Sono Insuficiente e suas consequências. Em uma meta-análise, incluindo estudos observacionais sobre a qualidade do sono em estudantes de medicina de quatro continentes, foi encontrada uma prevalência de sono prejudicada de 52,7% utilizando o PSQI (RAO et al, 2020). Apesar disso, pesquisas relacionadas a esse tópico são escassas, principalmente no Brasil e, ainda mais parcas, no Nordeste.
Assim, o atual estudo se propõe a avaliar a qualidade do sono, buscando a frequência de qualidade do sono prejudicada em estudantes de medicina de uma universidade pública no Nordeste brasileiro.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo primário
Avaliar a qualidade do sono entre estudantes de medicina de uma universidade pública no nordeste brasileiro.
2.2 Objetivos secundários
i. Estudar o perfil sócio-demográfico de um grupo de estudantes de medicina de uma universidade pública no Nordeste brasileiro;
ii. Estudar a média de horas de sono desses estudantes;
iii. Avaliar as principais dificuldades relacionadas ao sono utilizando o PSQI-PT;
iv.Verificar o conhecimento dentre os estudantes da Síndrome do Sono Insuficiente;
v. Mensurar a frequência de uso de medicamentos de uso controlado para dormir;
vi. Verificar se há mudança na qualidade do sono ao longo dos períodos do curso médico;
3. METODOLOGIA
3.1 Tipo, local e período de pesquisa
A pesquisa é do tipo observacional, transversal, de abordagem quali-quantitativa, de natureza aplicada e de objetivo descritivo, realizado entre os estudantes regularmente matriculados no curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco na Universidade de Pernambuco.
A amostragem foi feita por conveniência, na qual houve o recrutamento dos participantes entre os cerca de 900 estudantes de medicina do Campus Santo Amaro da Universidade de Pernambuco. Os dados foram coletados através de um questionário eletrônico na plataforma Google Forms, o qual esteve disponível para preenchimento entre 17/10/2022 e 31/03/2023.
3.2 Critérios de inclusão, exclusão e amostra
Foram incluídos os participantes que afirmaram estar regularmente matriculados no curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, frequentando as atividades propostas para o período, com mais de 18 anos.
Houve exclusão dos estudantes que relataram diagnóstico prévio de doenças do sono em acompanhamento médico (como insônia e síndrome da apneia obstrutiva do sono). Diante de duas respostas advindas do mesmo CPF, foi mantida a segunda resposta, considerando-se que teriam informações mais atualizadas dos participantes.
A pesquisa contou com 235 respostas, das quais 17 foram excluídas (15 por diagnóstico de doença do sono e 2 por duplicidade de resposta averiguada pelo CPF). Sendo assim, 218 participantes válidos.
3.3 Coleta, processamento e análise dos dados
A divulgação do questionário da pesquisa foi realizada através de mensagens eletrônicas distribuídas aos estudantes via pelo endereço eletrônico institucional. Associado a isso, foi solicitado que os participantes estimulassem os demais a responder a pesquisa para ampliar a participação.
Os dados foram levantados por meio da aplicação de um questionário on-line semiestruturado (ANEXO 1), dividido em quatro partes: perfil social e demográfico, investigação sobre o conhecimento acerca da SSI, PSQI-PT adaptado, finalizando com uma breve explicação do tema e uma nova pergunta sobre autoavaliação do sono. O PSQI-PT original inclui os hábitos de sono no último mês, contudo, como esse estudo buscou a possibilidade de SSI, o questionário foi adaptado para incluir os últimos três meses, com perguntas que distinguiam os hábitos de sono dos dias úteis dos finais de semana e férias. Pontuações (ANEXO 2) no PSQI acima de 5 pontos indicam qualidade do sono “ruim/ prejudicada” enquanto menor ou igual foi considerado “bom”.
O questionário foi precedido por um texto breve e um vídeo explicativo o qual detalhou o objetivo e metodologia da pesquisa, bem como os riscos e benefícios, a relevância do projeto, informações constantes do TCLE; além disso, o link para o TCLE completo esteve disponível. Todos os participantes indicaram aceite para a participação voluntária, fornecendo no processo o número de CPF. Nenhum participante recusou a participação no TCLE.
Os dados foram diariamente colocados em um dispositivo eletrônico físico sem ligação com redes de computadores, tendo apagando todo e qualquer registro da plataforma virtual.
Realizou-se, então, a transposição dos dados tabelados em planilhas pelo próprio Google Forms, posteriormente armazenados em planilha do Excel 2010 (Microsoft, Co). Uma pré-análise dos dados foi realizada para identificar possíveis erros de digitação. A análise foi feita pelo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 15.0, utilizando os testes Qui-Quadrado de Pearson. Foi definido que a significância dos testes de hipótese foi de 5% (p<0,05). Para análise descritiva, os dados foram apresentados em formato de números absolutos e percentuais, bem como medidas de tendência central mais apropriadas para a normalidade estimada dos conjuntos.
No cálculo do 4º componente do PSQI-PT, foi necessário verificar não apenas a resposta que constava a quantidade de horas de sono no total (calculada pelo participante), tendo sido realizado o cálculo a partir do horário em que o participante deitou até levantar-se. Quando incompatíveis, adotou-se o dado retirado a partir do cálculo.
3.4 Aspectos éticos
Os procedimentos para a realização do projeto respeitaram as diretrizes e normas que regulamentam as pesquisas envolvendo seres humanos, com o TCLE de acordo com a Resolução de número 466/2012. Todos os participantes foram informados do objetivo e metodologia da pesquisa, bem como dos riscos e benefícios envolvidos. As etapas virtuais foram elaboradas seguindo as instruções do Ofício Circular N° 2/2021/CONEP/SECNS/MS.
Em nenhum momento do levantamento de dados foram pedidas maiores informações que especifiquem o participante, como e-mail, nome ou matrícula. Foi solicitado apenas o CPF, com finalidade unicamente para validação da participação única, tendo sido posteriormente descartado das planilhas de armazenamento. Assim, garantiu-se o sigilo e a confidencialidade de todas as informações dadas aos participantes, garantindo também que a divulgação dos resultados não iria gerar a identificação de estudantes individualmente.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo transversal contou com um total de 235 respostas, das quais 17 foram excluídas (15 por relato de doença do sono e duas por duplicidade de resposta averiguada pelo CPF). Portanto, foram 218 formulários válidos. Dentre os quais, 115 (52,7%) do sexo feminino e 103 do sexo masculino. As idades variaram entre 18 e 33 anos, com uma mediana de 22 anos. Houve 165 estudantes autodeclarados brancos, 47 pardos e 6 pretos. Quanto à distribuição de respondedores ao longo dos períodos, foram 28 participantes do 1º período, 13 do 2º, 14 do 3º, 10 do 4º, 11 do 5º, 21 do 6º, 21 do 7º, 15 do 8º, 47 do 9º, 15 do 10º, 17 do 11º e 6 do 12º, com a mediana de 7 participantes por período.
Quanto ao coeficiente de rendimento, variaram entre 7,32 e 9,7, com média de 9,11 e desvio padrão de 0,37. No que diz respeito aos hábitos de vida, 43 (8,3%) estudantes não realizam nenhum exercício físico, 18 (8,2%) estudantes realizam menos de uma vez na semana, 37 (17%) estudantes de uma a duas vezes na semana e 119 (54,6%) estudantes praticam três ou mais vezes.
Ao avaliar o consumo de bebidas alcoólicas, 60 (27,5%) estudantes não fazem uso, 146 (67%) consome em uma frequência de uma a quatro vezes no mês, 11 (5%) de duas a três vezes na semana, apenas um estudante consome mais de quatro vezes na semana. No hábito de fumar, temos 198 (90,8%) estudantes que não fumam, 18 (8,3%) estudantes relatam fumar raramente, 4 (1,8%) estudantes fumam algumas vezes por semana e um estudante tem a frequência de algumas vezes ao dia. Sobre o uso de drogas ilícitas, 21 (9,6%) estudantes declararam fazer uso, não tendo havido questionamento sobre frequência ou tipo. Houve um total de 50 (22,9%) estudantes com doenças crônicas, dos quais 24 (11%) participantes com transtornos do humor.
Ao observar a amostra como um todo, em dias úteis há uma mediana de 6 horas de sono (3-9 horas), enquanto no fim de semana é de 8 horas (6-1 horas). Vale constar que durante a avaliação da quantidade de horas que o participante afirmou passar na cama, se fosse menor que a quantidade de horas que o mesmo alegou dormir, foi levado em consideração apenas o primeiro valor, tendo sido realizada a correção nesses casos. Entre os estudantes, apenas 14 (6,4%) dormem mais de 7 horas, 72 (33%) entre 6 e 7 horas, 132 (60,6%) dormem menos de 6 horas, dos quais 19 (8,7%) dormem menos de 5 horas. No estudo de Maheswari et al foi encontrado 29,4% da amostragem dormindo < 5-7 horas (MAHESHWARI et al, 2019). Já em estudantes de medicina em Hong Kong havia uma média de horas de sono noturnas de 6,6 ± 1,2h (HUEN et al, 2007).
Período | Mediana de horas em dias úteis | Mínimo de horas emdias úteis | Máximo de horas emdias úteis | Mediana de horas em fins de semana | Mínimo de horas em fins de semana | Máximo de horas em fins de semana |
1º(n = 28) | 6 | 4 | 8 | 8 | 6 | 11 |
2º(n = 13) | 6 | 5 | 8 | 8 | 5 | 9 |
3º(n = 14) | 6,5 | 4,5 | 7 | 8,25 | 7 | 10 |
4º(n=10) | 5,5 | 5 | 7,5 | 9,25 | 4 | 10 |
5º(n = 11) | 6 | 4 | 7 | 8 | 6 | 8 |
6º(n = 21) | 6 | 4 | 8 | 8 | 6,5 | 10,5 |
7º(n = 21) | 6 | 4 | 7,5 | 8 | 6 | 10 |
8º(n = 15) | 6 | 5 | 7 | 9 | 7 | 10 |
9º(n = 46) | 6,5 | 4 | 8 | 8 | 5 | 11 |
10º(n = 15) | 6 | 3 | 9 | 9 | 7 | 12 |
11º(n = 17) | 5,5 | 3,5 | 8 | 8 | 6 | 10 |
12º(n = 6) | 6,5 | 5,5 | 8 | 8 | 7,5 | 10 |
Tabela 1: Horas de sono em dias úteis e fins de semana dos estudantes de medicina distribuídos por período. Fonte: Elaborado pela autora (2023).
De outro modo, ao avaliar as horas de sono agrupando as turmas de acordo com os ciclos da faculdade de medicina (ciclo básico indo do 1º ao 4º período, ciclo clínico do 5º ao 8º e internato do 9º ao 12º), temos a seguinte conjuntura:
Ciclo | Mediana de horas em dias úteis | Mínimo de horas em dias úteis | Máximo de horas em dias úteis | Mediana de horas em fins de semana | Mínimo de horas em fins de semana | Máximo de horas em fins de semana |
Ciclo básico(n=65 | 6 | 4 | 8 | 8 | 4 | 11 |
Ciclo clínico(n=68) | 6 | 4 | 8 | 8 | 6 | 10,5 |
Internato(n= 85) | 6 | 3 | 7 | 8 | 5 | 12 |
Tabela 2: Horas de sono em dias úteis e fins de semana dos estudantes de medicina distribuídos por ciclos do curso (ciclo básico do 1º ao 4º período, ciclo clínico do 5º ao 8º. Internato do 9º ao 12º).
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Apesar de seus impactos, trata-se de uma síndrome nova e pouco divulgada, o que levou a hipótese de que haveria um baixo número de estudantes que a conhecem, corroborado pelos seguintes resultados. À pergunta “sabe o que é a Síndrome do Sono Insuficiente?” 174 (79,8%) responderam que “não”. Dos participantes, 141 (64,5%) nunca tiveram aula ou evento sobre os distúrbios do sono. Mesmo antes de haver uma explicação sobre o tema, ao responderem se achavam que tinham SSI apenas pelo que o nome sugere, 64 (29,4%) afirmaram acreditar que sim. Após texto informativo esclarecendo sobre a síndrome, o número subiu para 114 (52,3%) da amostra. Diante da pergunta “você tem uma rotina de sono regular?”, 124 (56,9%) responderam que sim. Ainda, 201 (92,2%) afirmaram dormir mais nos finais de semana do que nos dias úteis.
Ao utilizar o PSQI-PT modificado para avaliar a qualidade do sono dos estudantes de medicina da faculdade, objetivou-se verificar a presença de possível mudança desse padrão ao longo dos períodos do curso médico. A média geral dos estudantes foi de 7 (1-17) em dias de semana, com mediana de 6 (1-15) nos fins de semana. Ao analisar por turma, foram obtidos, então, os resultados da tabela 3.
Período | Mediana da pontuação do PSQI-PTem dias úteis | Mínimo de pontuação do PSQI-PT em dias úteis | Máximo de pontuação do PSQI-PT em dias úteis | Mediana da pontuação do PSQI-PTem fins de semana | Mínimo da pontuação do PSQI-PTem fins de semana | Máximo da pontuação do PSQI-PTem fins de semana |
1º(n = 28) | 8 | 4 | 13 | 6 | 2 | 12 |
2º(n = 13) | 9 | 4 | 14 | 7 | 4 | 14 |
3º(n = 14) | 7,5 | 2 | 11 | 6 | 1 | 9 |
4º(n=10) | 9 | 4 | 12 | 7 | 5 | 10 |
5º(n = 11) | 8 | 4 | 13 | 6 | 3 | 11 |
6º(n = 21) | 9 | 3 | 13 | 7 | 2 | 11 |
7º(n = 21) | 7 | 3 | 12 | 6 | 2 | 11 |
8º(n = 15) | 7 | 4 | 11 | 6 | 3 | 9 |
9º(n = 46) | 7 | 1 | 16 | 6 | 1 | 13 |
10º(n = 15) | 7 | 2 | 13 | 6 | 2 | 11 |
11º(n = 17) | 7 | 3 | 17 | 5 | 3 | 15 |
12º(n = 6) | 7 | 5 | 12 | 5,5 | 5 | 10 |
Tabela 3: Pontuação do PSQI dos estudantes de medicina em dias úteis e fins de semana dos distribuídos por período.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Ao perscrutar as pontuações do PSQI-PT agrupando as turmas de acordo com os ciclos da faculdade de medicina, como previamente elucidado, temos o quadro a seguir:
Ciclo | Mediana da pontuação do PSQI-PTem dias úteis | Mínimo | Máximo | Mediana da pontuação do PSQI-PTem fins de semana | Mínimo | Máximo |
Ciclo básico(n=65 | 8 | 2 | 14 | 7 | 1 | 14 |
Ciclo clínico(n=68) | 8 | 3 | 13 | 6,5 | 2 | 11 |
Internato(n= 85) | 7 | 1 | 17 | 6 | 1 | 152 |
Tabela 4: Pontuação do PSQI dos estudantes de medicina em dias úteis e fins de semana dos distribuídos por período. Fonte: Elaborado pela autora (2023).
No total, 172 (78,9%) alunos apresentam uma qualidade de sono ruim de acordo com o PSQI-PT em dias úteis, distribuindo-se em 86% do total de alunos do ciclo básico, 85% do ciclo clínico e 68% do internato (vide tabela 5). Logo, uma redução significativa da qualidade do sono ruim em dias úteis do primeiro ao terceiro ciclo (teste do Qui-quadrado p=0,009), mas não havendo diferença entre os ciclos nos fins de semana (64,6% vs. 66,2% vs. 52,9%, teste do Qui-quadrado p=0,18). Essa melhora nos últimos anos também foi observada no estudo de Brick et al (BRICK et al, 2010).
Por outro lado, durante o questionário, ao responder a pergunta “Como você classificaria sua qualidade do sono?”, 16 (7,3%) classificam como “muito boa”, 103 (47,2%) como “boa” 86 (39,4%) como “ruim” e 13 (6%) como “muito ruim”. Cabe analisar que uma autoavaliação perpassa também por uma comparação com os demais colegas, havendo a possibilidade de que um estudante que considera estar com uma boa qualidade do sono esteja apenas constando que, em face das pessoas ao redor, ele está melhor.
No estudo realizado por Brick et al, a média de PSQI foi de 6,37, com 50,9% (n = 148) com qualidade do sono ruim (BRICK et al, 2010). Já no estudo de Rohan Shad, o número sobe para 72,9% de estudantes de medicina com qualidade do sono prejudicada (SHAD et al, 2015). Ademais, a meta-análise de estudos observacionais sobre qualidade do sono de estudantes de medicina de 4 continentes realizada por Rao et al, encontrou uma prevalência de qualidade do sono ruim em 52,7% dos participantes, com PSQI médio de 6 (RAO et al, 2020). Embora caiba salientar que se trata de populações com contextos culturais e sociais diferentes, dificultando comparações, foram encontrados no atual estudo resultados ainda mais alarmantes.
PSQI-PT ruim | PSQI-PT bom | |
Nº de estudantes do ciclo básico (total = 65) | 56 | 9 |
Nº de estudantes do ciclo clínico (total = 68) | 58 | 10 |
Nº de estudantes do internato (total = 85) | 58 | 27 |
Nº de estudantes no total (n=218) | 172 | 46 |
Tabela 5: Classificação da pontuação do PSQI dos estudantes de medicina em dias úteis e fins de semana dos distribuídos por ciclos do curso. Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Um dos componentes do Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-PT), mais especificamente o componente 5, diz respeito às principais dificuldades encontradas em relação ao sono. Foram, então, encontrados os resultados da tabela de número 3. Outras dificuldades apontadas foram ansiedade com provas e atividades.
Dificuldade encontrada | Nº de estudantes que afirmaram Nunca apresentar durante esse período | Nº de estudantes que afirmaram apresentar Menos de uma vez por semana durante esse período | Nº de estudantes que afirmaram apresentar de 1 a 2 vezes por semana durante esse período | Nº de estudantes que afirmaram apresentar 3 ou mais vezes por semana durante esse período |
Não conseguir dormir dentro de 30 minutos | 50 | 84 | 47 | 37 |
Acordar no meio da noite ou madrugada | 71 | 62 | 46 | 39 |
Ter de se levantar para ir no banheiro | 93 | 66 | 36 | 23 |
Não conseguir respirar confortavelmente | 173 | 26 | 13 | 13 |
Tossir ou roncar alto | 163 | 29 | 13 | 13 |
Sentir muito frio | 118 | 58 | 34 | 8 |
Sentir muito calor | 97 | 59 | 51 | 11 |
Ter pesadelos | 95 | 79 | 33 | 11 |
Ter dor | 176 | 28 | 9 | 5 |
Tabela 6: Dificuldades encontradas em relação ao sono pelos estudantes e sua frequência, como visto no Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh. Fonte: Elaborado pela autora (2023).
O Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-PT) em seu componente 6 permitiu que fosse estudada a frequência de uso de medicamentos de uso controlado para dormir, com os seguintes resultados: 30 (13,7%) participantes fazem uso menos de uma vez por semana, 2 (0,9%) fazem de uma a duas vezes por semana e 7 (3,2%) utilizam três ou mais vezes por semana. Já no estudo realizado por Lohsoonthorn et al entre universitários de um curso não médico na Tailândia, apenas 2% fazia uso de medicação uma ou mais vezes por semana (LOHSOONTHORN et al, 2013).
No componente 7 do PSQI-PT, ao serem questionados “Com que frequência você teve dificuldade em se manter acordado enquanto dirigia, comia ou se encontrava em situações sociais”, 63 (28,9%) responderam que “nunca”, 70 (32,1%) que “menos de uma vez na semana”, 58 (26,6%) que “entre uma e duas vezes na semana” e 27 (12,4%) “mais de uma vez na semana”. No estudo realizado por Lohsoonthorn et al., 25,3% dos estudantes afirmaram ter prejuízos durante o dia devido à sonolência pelo menos uma vez por semana, enquanto no presente estudo é de 39,8% (LOHSOONTORHN et al, 2013).
Ainda, sobre “Com que frequência foi um problema se manter entusiasmado para realizar suas atividades cotidianas?”, 21 (9,6%) responderam que “nunca”, 45 (20,6%) que “menos de uma vez na semana”, 65 (29,8%) que “entre uma e duas vezes na semana” e 87 (39,9%) “mais de uma vez na semana”. Ambas as perguntas não seriam patognomônicas de privação crônica do sono, podendo também ser um indicativo de outras doenças do sono ou ainda transtornos psiquiátricos, no que diz respeito à segunda.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o estudo, descobriu-se que a maioria dos estudantes de medicina da universidade avaliada tem uma qualidade de sono ruim, com uma média de horas de sono geral abaixo do preconizado pelos órgãos de saúde. Embora, como visto, nem todos do corpo discente tenham tido acesso ao longo do curso a aulas específicas sobre sono ou Síndrome do Sono Insuficiente, é notável que o acesso à informação sobre os prejuízos decorrentes desse hábito são vistos em outras doenças estudadas ao longo do curso médico. Isto é, uma camada intelectualmente privilegiada sobre saúde não adota esse hábito de suma importância para a boa disposição física e mental. Urge, portanto, uma conscientização acerca dos efeitos negativos desse padrão de sono, visando a construção de um ambiente acadêmico mais saudável.
Para que resultados mais fidedignos sejam alcançados em estudos posteriores, a utilização de exames complementares, como a actigrafia e polissonografia, possibilitaram medidas mais precisas de tempo de sono e latência de sono do que estimativas baseadas na autoavaliação do participante. Ainda, cabe salientar que durante o estudo deve ser considerada a probabilidade do viés de seleção dos participantes, pois pessoas mais interessadas em responder a pesquisa indicam um interesse prévio sobre o próprio sono, demonstrando talvez uma preocupação já existente. No entanto, também é possível que os estudantes disponíveis para responder a pesquisa tenham sido aqueles com mais tempo livre e carga horária de estudos mais leve no momento da coleta de dados. Ademais, estudos longitudinais seriam benéficos para a construção do conhecimento, pois poderiam possibilitar a avaliação a longo prazo dos mesmos estudantes no decorrer do tempo do curso.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE. International classification of sleep disorders, 3ª edição. Darien, IL: American Academy of Sleep Medicine, 2014.
BACKHAUS, J, Junghanns et al. Test–retest reliability and validity of the Pittsburgh Sleep Quality Index in primary insomnia. Journal of Psychosomatic Research.; v 53: p. 737–740, Fevereiro 2002.
BUYSSE, D. J., Reynolds et al. The Pittsburgh Sleep Quality Index: A new instrument for psychiatric practice and research. Journal of Psychiatric Research, v. 28(2), p. 193–213, Maio 1989.
BRICK, Cameron al. Association Between Sleep Hygiene and Sleep Quality in Medical Students. Behavioral Sleep Medicine. Vol 8, p. 113-121, 2010
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7. ANEXOS
ANEXO 1
Questionário online semi-estruturado
As perguntas serão organizadas em modo “múltipla escolha”, contudo algumas questões permitirão resposta aberta. Assim, a seguir são apresentadas as questões que estarão presentes no questionário, bem como as suas possíveis respostas.
Parte 1 – Perfil Social-demográfico
- Sexo: feminino, masculino, prefiro não dizer
- Idade: Resposta aberta
- Raça/cor: Branca, parda, preta, indígena
- É estudante de medicina na Universidade de Pernambuco, campus Santo Amaro? sim, não (resposta confirmatória, poderá encerrar o questionário)
- Encontra-se cursando durante esse semestre? sim, não (resposta confirmatória, poderá encerrar o questionário)
- Semestre letivo atual: escala numérica 1-12
- Qual o seu coeficiente de rendimento? (referente à média geral presente no siga)
- Faz exercícios físicos? 3 vezes ou mais na semana, 1-2 vezes na semana, < 1 vez na semana
- Com que frequência você consome bebidas alcoólicas? Nunca, 1-4 vezes por mês, 2 – 3 vezes por semana, mais de 4 vezes por semana
- Você fuma? Sim, não
- Se sim, o que normalmente fuma? Cigarro, cigarro eletrônico, outros
- Ainda sobre a pergunta anterior, com que freqüência? Raramente, algumas vezes na semana, uma vez por dia, algumas vezes por dia
- Faz uso de drogas ilícitas? Sim, não
- Tem diagnóstico e faz acompanhamento médico de alguma doença do sono?: sim, não
- Se sim, qual? Resposta aberta
- Você tem alguma doença crônica e/ou precisa usar algum medicamento regularmente? Sim, não
- Se sim, qual? Resposta aberta
Parte 2 – Investigação sobre o conhecimento acerca da Síndrome do Sono Insuficiente (SSI)
- Você já participou de algum evento ou aula sobre Sono? sim, não
- Você sabe o que é a Síndrome do Sono Insuficiente? sim, não
- Você acha que tem essa síndrome? sim, não
- Você tem uma rotina de sono regular? (dorme e acorda em horários padronizados na maioria dos dias) sim, não
- Você costuma dormir mais nos fins de semana ou férias? Sim, não
Parte 3 – Utilização do Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-PT) (adaptado)
Responda às perguntas abaixo de acordo com os últimos 3 meses:
1) 1.1 De que horas você normalmente deitou-se à noite em dias de semana? resposta aberta
1.2 De que horas você normalmente deita-se à noite em fins de semana? resposta aberta
2) Quanto tempo (em minutos) você demorou para pegar no sono todas as noites? <15min , 16-30min , 31-60 min , >60min
3) 3.1 De que horas você normalmente levantou-se pela manhã durante a semana? resposta aberta
3.2 De que horas você normalmente levantou-se pela manhã nos finais de semana/feriados? resposta aberta
4) 4.1 Quantas horas de sono (não apenas deitado na cama) você conseguiu por dia em dias de semana? resposta aberta
4.2 Quantas horas de sono (não apenas deitado na cama) você conseguiu por dia nos finais de semana/feriados? resposta aberta
4.3 Mas quanto tempo você passa deitado no total? resposta aberta
5) Com que frequência você teve dificuldade para dormir porque…
5.1 Não conseguiu dormir dentro de 30 minutos: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.2 Acordou no meio da noite ou madrugada: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.3 Teve de se levantar para ir ao banheiro: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.4 Não conseguiu respirar confortavelmente: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.5 Tossiu ou roncou alto: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.6 Sentiu muito frio: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.7 Sentiu muito calor: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.8 Teve pesadelos: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.9 Teve dor: Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
5.10 Outra razão, cite: resposta aberta
6) Com que frequência você tomou medicamentos para ajudar a dormir (prescritos ou por conta própria)? Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
7) Com que frequência você teve dificuldade em se manter acordado enquanto dirigia, comia ou se encontrava em situações sociais? Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
8) Com que frequência foi um problema se manter entusiasmado para realizar suas atividades cotidianas? Nunca durante esse período; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
9) Como você classificaria sua qualidade de sono de modo geral durante esse período? Muito boa x boa x ruim x Muito ruim
10) 10.1 Cochilou durante o dia?
Nunca durante o último mês; Menos de uma vez por semana; 1-2 x por semana; 3 ou mais vezes por semana
10.2 Se sim, por quantos minutos?
Parte 4 – Breve explicação sobre a síndrome seguida de novo questionamento relacionado à auto-avaliação subjetiva:
O sono tem um importante papel nas funções cognitivas, manutenção da concentração e processamento da memória. A American Academy of Sleep Medicine (AASM) e a National Foundation of Sleep (NFS) recomendam um mínimo de 7-8 horas de sono para adultos, sendo o sono de 7-9 horas associado com menores riscos de mortalidade por todas as causas.
A Síndrome do Sono Insuficiente (SSI), de acordo com a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD-3) é caracterizada pela dificuldade em atingir uma quantidade apropriada de horas de sono para a manutenção de níveis normais de alerta e vigília, com os portadores tornando-se cronicamente privados de sono. Contudo, isso não se deve a uma inabilidade de iniciar ou manter o sono, mas devido ao encurtamento da duração por fatores comportamentais. Tais como demandas de trabalho e da vida social, tão comuns na vida do estudante de medicina.
Uma duração de sono insuficiente é associada a cinco das quinze maiores causas de morte, sendo também relacionada à depressão e a piores resultados acadêmicos. No âmbito médico, erros de conduta estão relacionados a distúrbios do sono, fadiga e hipersonolência.
Os critérios diagnósticos para essa síndrome incluem intensa necessidade ou lapsos de sono diurnos; tempo de sono reduzido em relação ao esperado para a idade; padrão presente há pelo menos 3 meses; necessidade de despertadores ou uma outra pessoa para acordar o paciente, além de dormir por um maior período de tempo durante férias ou feriados; estender a duração do sono soluciona os sintomas de sonolência. Contudo, é necessária a exclusão de efeitos de outras drogas e medicamentos além da possibilidade de outros distúrbios do sono e demais doenças.
Portanto, devido aos impactos na saúde e qualidade de vida que a SSI acarreta, caso você tenha se identificado ao longo do questionário pela sua autoavaliação de qualidade do sono ou com a descrição acima, orientamos que um médico do sono ou neurologista seja consultado.
1) Você acredita ter essa síndrome? Sim, não
ANEXO 2
Pontuação do Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-PT)
#Componente 1 : = Pontuação da pergunta 9: Muito boa (0) x boa (1) x ruim (2) x Muito ruim (3)
#Componente 2 = Pontuação da pergunta 2 + 5a: 0 = 0, 1-2 = 1, 3-4=2, 5-6=3
Pergunta 2: <15min (0), 16-30min (1), 31-60 min (2), >60min (3)
Pergunta 5.1: Nunca durante esse período (0); Menos de uma vez por semana (1); 1-2 x por semana (2); 3 ou mais vezes por semana (3)
#Componente 3 = Pontuação da pergunta 4: (>7(0), 6-7 (1), 5-6 (2), <5 (3)
#Componente 4 = (Nº de horas dormindo) / (Nº de horas deitado na cama) x 100
>85%=0, 75%-84%=!, 65%-74%=2, <65%=3
#Componente 5 = 5.1-5.9 somadas: 0=0, 1-9=1, 10-18 =2, 19-27=3
5.1-5.9: Nunca durante esse período (0); Menos de uma vez por semana (1); 1-2 x por semana (2); 3 ou mais vezes por semana (3)
#Componente 6 : Pontuação da pergunta 6
Nunca durante esse período (0); Menos de uma vez por semana (1); 1-2 x por semana (2); 3 ou mais vezes por semana (3)
#Componente 7 = Soma das pontuações das perguntas 7 e 8, então: (0=0; 1-2=1; 3-4=2; 5-6=3)
Pergunta 6: Nunca durante esse período (0); Menos de uma vez por semana (1); 1-2 x por semana (2); 3 ou mais vezes por semana (3)
Pergunta 7: Nunca durante esse período (0); Menos de uma vez por semana (1); 1-2 x por semana (2); 3 ou mais vezes por semana (3)
Pontuação total = soma dos 6 componentes → > ou = 5 = indicativo de qualidade do sono prejudicada
1Médico (a) pela Universidade de Pernambuco (UPE)
2Médico pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)