QUALITY OF LIFE AND OVERALL PERCEPTION OF CHANGE EVALUATION IN WOMEN WITH CHRONIC PAIN WHO PRACTICE BALLET PILATES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248261646
Aida Carla Santana de Melo Costa
Camila Vitoria Gois de Andrade
Lycia Isadora Pereira Melo
RESUMO
A dor crônica representa uma condição de caráter multidimensional e com aspectos biopsicossociais, com maior acometimento em mulheres, exercendo impacto direto na qualidade de vida. O Ballet Pilates constitui uma modalidade que une passos e posturas do Ballet com os princípios do Pilates. Em virtude da escassez de estudos nacionais e internacionais relacionados a essa modalidade de exercício físico, recente no Brasil e pioneira no Estado de Sergipe, surge o interesse em verificar os seus benefícios. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade de vida e a percepção global de mudança em mulheres com dor crônica praticantes de Ballet Pilates. Trata-se de um estudo analítico, observacional, de caráter transversal e de campo, com abordagem quantitativa. A avaliação foi realizada no Studio Ballet Pilates Aracaju, durante o período de dois meses, por meio do Inventário Breve de Dor, WHOQOL-Bref e Escala de Mudança Percebida (EMP). A amostra foi por conveniência, sendo avaliadas 33 mulheres praticantes da atividade, embora tenham sido incluídas no estudo 27 participantes, de acordo com os critérios pré-estabelecidos. Com esta pesquisa, evidenciou-se média de idade de 43,33 anos, com relato de dor prevalente em membros inferiores e região cervical, havendo interferência desta no estado de humor. Em se tratando da qualidade de vida, foram obtidos escores mais favoráveis quanto ao domínio físico. Ademais, foi alcançada uma mudança global percebida pelas praticantes da modalidade, principalmente em relação aos domínios Energia e Humor. Assim, infere-se que a prática do Ballet Pilates contribui para a redução dos sintomas de dor, bem como para a melhora da qualidade de vida, uma vez que a dor crônica impacta diretamente nos aspectos físicos e psicológicos.
Descritores: Fisioterapia; avaliação de eficácia-efetividade de intervenções; dor crônica.
ABSTRACT
Chronic pain represents a multidimensional condition with biopsychosocial aspects, with greater incidence in women, having a direct impact on quality of life. Ballet Pilates is a modality that combines Ballet steps and postures with Pilates principles. Due to the scarcity of national and international studies related to this type of physical exercise, recent in Brazil and pioneering in Sergipe State, there is an interest in verifying its benefits. Therefore, the objective of the present study was to evaluate quality of life and global perception of change in women with chronic pain who practice Ballet Pilates. This is an analytical, observational, cross-sectional and field study, with a quantitative approach. The assessment was carried out at Ballet Pilates Aracaju Studio, over a period of two months, using Brief Pain Inventory (BPI), WHOQOL-Bref and Perceived Change Scale. The sample was by convenience, with 33 women practicing the activity being evaluated, although 27 participants were included in the study, according to pre-established criteria. With this research, an average age of 43.33 years old was evidenced, with reports of prevalent pain in the lower limbs and cervical region, which interfered with this mood state. By the quality of life, more favorable scores were obtained regarding the physical domain. Furthermore, a global change perceived by the practitioners of the modality was achieved, mainly in relation to the Energy and Humor domains. Thus, it was find that Ballet Pilates practicing contributes to reducing pain symptoms, as well as improving quality of life, because chronic pain directly impacts physical and psychological aspects.
Descriptors: Physiotherapy; efficacy-effectiveness of interventions evaluation; chronic pain.
1 INTRODUÇÃO
A sensação dolorosa envolve os fatores emocionais, cognitivos e comportamentais, uma vez que promove ativação dos nociceptores, vias espinhais, causando processamento no Sistema Nervoso Central (SNC) que, estimulado repetidamente, pode causar uma sensação dolorosa, mesmo sem a estimulação dos nociceptores. Sabendo que a dor depende de diversos fatores, os sintomas em dor crônica mostram-se com maior intensidade (Melo, 2018).
Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial, sendo a dor crônica aquela que persiste ou se repete por mais de 3 meses. Assim, representa uma condição de caráter multidimensional e que engloba aspectos biopsicossociais. Indivíduos que vivem com dor crônica sofrem com o impacto que a mesma causa, uma vez que contribui para a redução da qualidade de vida e funcionalidade (Kanematsu et al., 2022).
A dor interfere diretamente na funcionalidade dos indivíduos, pois tem impacto em diversas áreas da vida, como aspectos físicos, psicológicos, emocionais, sociais e espirituais. Sendo assim, ocasiona diminuição da capacidade de realizar atividades diárias, podendo afetar a qualidade do sono, gerando ansiedade, depressão e alteração de humor. O enfrentamento da dor deve ser levado em conta quanto ao caráter socioeconômico e psicológico de cada pessoa, visto que há maiores oportunidades de buscar tratamento para o seu controle (Kanematsu et al., 2022).
Em um estudo realizado em 2020, no Brasil, a dor crônica tem sua prevalência entre 29% e 74%. Dentre esses números, há 23 vezes mais chance de acometimento em mulheres. Esse número justifica-se por questões hormonais e genéticas presentes no gênero feminino, por sofrerem alterações constantes, principalmente durante a vida fértil e pós menopausa, reduzindo o limiar de dor, apresentando mais locais de acometimentos e maior intensidade de quadro álgico, sendo predominante no climatério. Nas mulheres, a cronicidade da dor é maior devido ao avanço da idade, automedicação constante, sedentarismo e falta de lazer (Gonçalves, 2021).
No entanto, por não haver prognóstico de cura, o tratamento da dor crônica em mulheres estreita-se apenas à sintomatologia, tendo como objetivo a diminuição do quadro doloroso, o fortalecimento muscular global, o controle do estresse e a melhora da qualidade de vida e funcionalidade. As condutas são voltadas à cinesioterapia e treinamento aeróbico, posto que, durante o exercício, são liberados neurotransmissores que auxiliam no controle das manifestações clínicas (Cardoso et al., 2011).
A dança pode ser incluída como uma ferramenta que, além de otimizar a qualidade de vida, contribui para a socialização quando praticada em grupos, amenizando quadros de depressão e ansiedade em mulheres. É considerada um exercício aeróbico que auxilia na melhora da capacidade funcional e cognitiva, além de promover equilíbrio, flexibilidade, coordenação motora, condicionamento físico e redução da dor (Batista et al., 2020).
Joseph Hubertus Pilates foi o fundador do Método Pilates, em 1883, na Alemanha. Sofria de várias comorbidades na infância, o que o levou a estudar mais sobre exercícios, com o objetivo de adquirir mais conhecimento acerca de suas patologias e buscar um corpo mais saudável e forte. Esse método iniciou-se no Brasil na década de 90, sendo classificado em dois modelos: o Mat Pilates, realizado no solo e sem equipamentos; e o Pilates, com equipamentos, tendo como alicerce molas e polia, realizado nos aparelhos de forma mais fácil e segura por proporcionar maior estabilidade (Baldini; Arruda, 2019).
O Método Pilates proporciona técnicas que têm como intuito o fortalecimento e a potencialização do desempenho físico, podendo efetivamente reduzir a dor e melhorar a fadiga muscular, proporcionando melhora do condicionamento físico, capacidade funcional, flexibilidade e equilíbrio dinâmico, de acordo com os princípios de concentração, centralização, precisão e controle, respiração e fluidez. Essa resposta pode ser obtida através do condicionamento físico geral e redução das demandas energéticas nos movimentos articulares, já que o mesmo reduz a tensão presente nos músculos (Baldini; Arruda, 2019).
A dança, representada pelo Ballet, constitui uma experiência que contribui para a diminuição da ansiedade, melhora do condicionamento físico, equilíbrio e flexibilidade, além de favorecer a socialização entre os indivíduos que realizam essa modalidade. É uma prática que vem crescendo cada vez mais entre as pessoas que convivem com a dor crônica, havendo evidência científica de que eleva o estado de humor, reduz o quadro álgico e promove mudanças na sintomatologia (Batista et al., 2020).
Como forma de unificar passos e posturas do Ballet com os princípios do Pilates, surge o Ballet Pilates em 2009, criado por Audrea Lara, enfatizando o controle da mente sobre o corpo, com suavidade, precisão e harmonia, associados à postura com disciplina, leveza e simetria. Tal modalidade traz benefícios para a saúde emocional e física (Costa et al., 2022).
Assim como qualquer outra atividade, torna-se necessária a realização de uma avaliação individual e minuciosa, a fim de traçar objetivos mais direcionados, tendo em vista a subjetividade de cada aluna, especialmente aquelas que sofrem de dor crônica (Cardoso et al., 2011). Dessa forma, torna-se primordial traçar planos, objetivos e condutas que melhor se adequem à particularidade de cada indivíduo, para que seja restabelecida a sua capacidade funcional. Ademais, há escassez de estudos nacionais e internacionais relacionados ao Ballet Pilates, visto que se trata de uma modalidade de exercício físico recente no Brasil e pioneira no Estado de Sergipe, sendo necessário verificar possíveis benefícios trazidos para os indivíduos que o praticam.
O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar a percepção global de mudança e a qualidade de vida de mulheres com dor crônica praticantes de Ballet Pilates. Os objetivos específicos foram: 1) Analisar o impacto da qualidade de vida na percepção global de mudança; e 2) Mensurar a modulação da dor após o início da prática de Ballet Pilates.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo analítico observacional, de caráter transversal e de campo, com abordagem quantitativa, realizado após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelas alunas do Ballet Pilates.A pesquisa foi realizada no Studio Ballet Pilates Aracaju, uma vez que representa o único local no Estado de Sergipe que conduz essa modalidade, sendo referência no atendimento a esse perfil de alunas.
A amostra foi por conveniência, ou seja, de livre demanda, sendo recrutadas mulheres praticantes de Ballet Pilates durante o período de dois meses. Estabeleceu-se como Critérios de Inclusão mulheres adultas, com faixa etária entre 18 e 59 anos, praticantes de Ballet Pilates há, pelo menos, três meses e que apresentavam diagnóstico clínico (CID-11) de dor crônica. Foram excluídas mulheres que realizassem outra atividade física concomitantemente ao Ballet Pilates ou que fizessem uso de tratamento farmacológico. Os voluntários foram inseridos no estudo por meio da concessão e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A). A pesquisa seguiu normas e resoluções Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Ministério da Saúde.
Para a coleta de dados, foram utilizados três instrumentos para avaliar as seguintes variáveis: dor, qualidade de vida e mudança percebida pelas participantes do estudo. O primeiro foi o Inventário Breve de Dor (ANEXO 1), validado no Brasil por Menezes (2011). Contém nove itens, com a maioria das perguntas em escala de 0 a 10, classificando intensidade, interferência da dor na habilidade para caminhar, atividades diárias do paciente, trabalho, atividades sociais, humor e sono, regiões acometidas e se está recebendo algum tratamento e/ou medicamento para redução da dor, levando em consideração a dor no momento do preenchimento do questionário, em relação à dor mais e menos intensa e à dor nas últimas 24 horas.
O segundo método de avaliação foi feito por meio do WHOQOL-Bref (ANEXO 2), validado no Brasil por Fleck et al. (2000), que avalia a qualidade de vida e dispõe de 26 itens, sendo dois sobre qualidade de vida e percepção geral de saúde, e os demais itens dispõem-se de quatro domínios: físico, psicológico, relações pessoais e meio ambiente.
O terceiro instrumento de avaliação aplicado foi a Escala de Mudança Percebida (EMP) (ANEXO 3), validada no Canadá por Mercier et al. (2004) e adaptada para o Brasil por Bandeira et al. (2009), o qual se propõe a avaliar a percepção de mudança dos pacientes com o tratamento que está sendo oferecido. Apresenta alternativas dispostas em uma escala de 3 pontos, sendo 1 Pior do que antes; 2 Sem mudança; e 3 Melhor do que antes. A EMP foi modificada para a versão no Brasil, contendo 19 itens, contemplando a mudança em três domínios: self e relacionamentos, saúde física e condições de vida.
Vale ressaltar que os instrumentos supracitados foram transcritos na íntegra para um documento impresso e entregues em mãos para as alunas praticantes de Ballet Pilates, a fim de que fossem respondidos antes do início da atividade e devolvidos às pesquisadoras.
Inicialmente, os dados coletados foram transportados para uma planilha de dados no programa Microsoft Excel for Windows 10, em que foi realizada a estatística descritiva e analítica, com as medidas de média e desvio padrão (DP). Posteriormente, foram feitas análises no programa GraphPad Prisma 6. Todas as variáveis foram testadas quanto à normalidade através do teste de Shapiro-Wilk. Para correlação entre as variáveis, foi utilizado o teste de correlação de Pearson ou de Spearman para amostras paramétricas e não-paramétricas, respectivamente. O nível de significância foi fixado em p < 0,05.
3 RESULTADOS
Neste estudo, foram avaliadas 33 alunas, sendo 02 excluídas por idade superior a 60 anos, 01 excluída por tempo de atividade inferior a 3 meses e 03 não foram inseridas no estudo por não referirem dor crônica, perfazendo assim uma amostra de 27 participantes (N=27). Com isso, observou-se média de idade das alunas de 43,33 anos. Em se tratando da qualidade de vida, foram evidenciadas médias mais elevadas quanto à percepção da qualidade de vida, aspectos físicos e relações sociais, seguidas dos outros domínios (TABELA 1).
Tabela 1. Dados gerais das participantes avaliadas. Valores apresentados em média ± desvio padrão.
Dados gerais | Média ± DP |
Idade (anos) | 43,33 ± 11,74 |
Qualidade de vida (Whoqol) | |
Percepção da qualidade de vida | 4,04 ± 0,65 |
Satisfação com a saúde | 3,70 ± 0,91 |
Domínio físico | 3,83 ± 0,51 |
Domínio psicológico | 3,72 ± 0,53 |
Domínio de relações sociais | 3,81 ± 0,70 |
Domínio de meio ambiente | 3,79 ± 0,45 |
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Com relação à intensidade e interferência da dor entre as participantes desta pesquisa, constatou-se que 55,5% apresentaram dor diferente da habitual, e o maior relato foi de dor em membros inferiores (66,67%), seguida de região cervical (40,74%), em detrimento às demais áreas investigadas, conforme expresso na Tabela 2. Além disso, de acordo com a mensuração da intensidade da dor, o pior relato foi referente à média da dor (3,96), seguido da pior dor nas últimas 24 horas (3,44).
Tabela 2. Escore de intensidade e interferência de dor dos participantes avaliados através do Inventário Breve de Dor. Valores apresentados em média ± desvio padrão.
Inventário Breve de Dor | Média ± DP ou N (%) |
Teve dor diferente | |
Sim | 15 (55,55%) |
Não | 12 (44,44%) |
Áreas onde sente dor | |
Cabeça | 6 (22,22%) |
Cervical | 11 (40,74%) |
Torácica | 6 (22,22%) |
Lombar | 9 (33,33%) |
Abdome | 1 (3,70%) |
MMSS | 9 (33,33%) |
MMII | 18 (66,67%) |
Sensorial – Intensidade da dor | 2,55 ± 1,27 |
Pior dor das últimas 24 horas | 3,44 ± 2,76 |
A dor mais fraca das últimas 24 horas | 1,37 ± 1,04 |
Média da dor | 3,96 ± 1,76 |
Dor atual | 1,41 ± 1,45 |
De acordo com a Tabela 3, em se tratando de suas atividades diárias, observou-se relato das alunas de haver maior interferência da dor no estado de humor (14,81%), seguido igualmente pelas questões relacionadas a sono e relacionamento com outras, com 11,11% cada.
Tabela 3. Respostas dos pacientes, em relação às questões sobre a interferência da dor em suas atividades de vida. Valores apresentados em frequência absoluta (N) e relativa (%).
Inventário Breve de Dor | N (%) | ||
Reativa – Interferência da dor | Leve | Moderada | Intensa |
Atividade geral | 22 (81,48%) | 3 (11,11%) | 2 (7,41%) |
Humor | 22 (81,48%) | 1 (3,70%) | 4 (14,81%) |
Habilidade de caminhar | 24 (88,89%) | 1 (3,70%) | 2 (7,41%) |
Trabalho | 22 (81,48%) | 3 (11,11%) | 2 (7,41%) |
Relacionamento com outras pessoas | 23 (85,18%) | 1 (3,70%) | 3 (11,11%) |
Sono | 21 (77,78%) | 3 (11,11%) | 3 (11,11%) |
Habilidade para apreciar a vida | 22 (81,48%) | 3 (11,11%) | 2 (7,41%) |
Tendo em vista os dados apresentados na Tabela 4, todas as participantes do estudo (100%) relataram percepção de mudança global após o início da prática do Ballet Pilates, sendo essa mudança mais expressiva nos domínios Energia e Humor, com 92,59% cada, Saúde Física (88,89%) e Sono e Estabilidade das Emoções, igualmente com 70,37%.
Tabela 4. Médias dos escores de percepção de mudança pelos pacientes para a escala global e subescalas da Escala de Mudança Percebida e porcentagens de pacientes que perceberam melhora ou ausência de mudança, em cada item da escala.
Subescalas – EMP | Itens | Sem mudança | Melhora | Média ± DP |
Ocupação e saúde física | Atividades de lazer | 13 (48,15%) | 14 (51,85%) | 20,74 ± 0,71 |
Energia | 2 (7,41%) | 25 (92,59%) | ||
Tarefas de casa | 12 (44,44%) | 15 (55,55%) | ||
Capacidade de cumprir as obrigações e tomar decisões | 13 (48,15%) | 14 (51,85%) | ||
Interesse em trabalhar ou se ocupar com alguma coisa | 11 (40,74%) | 16 (59,26%) | ||
Sexualidade | 16 (59,26%) | 11 (40,74%) | ||
Apetite | 18 (66,67%) | 9 (33,33%) | ||
Saúde física | 3 (11,11%) | 24 (88,89%) | ||
Aspectos psicológicos e sono | Sentimento de confiança em si próprio | 10 (37,04%) | 17 (62,96%) | 16,00 ± 2,12 |
Humor | 2 (7,41%) | 25 (92,59%) | ||
Problemas pessoais | 14 (51,85%) | 13 (48,15%) | ||
Sentimento de interesse pela vida | 9 (33,33%) | 18 (66,67%) | ||
Capacidade de suportar situações difíceis | 11 (40,74%) | 16 (59,26%) | ||
Sono | 8 (29,63%) | 19 (70,37%) | ||
Relacionamentos e estabilidade emocional | Convivência com amigos e amigas | 15 (55,55%) | 12 (44,44%) | 10,07 ± 1,41 |
Estabilidade das emoções | 8 (29,63%) | 19 (70,37%) | ||
Convivência com outras pessoas | 14 (51,85%) | 13 (48,15%) | ||
Convivência com a família | 15 (55,55%) | 12 (44,44%) | ||
Item global | Avaliação global das mudanças | 0 | 27 (100%) | 3,00 ± 1,00 |
Escala global | 49,81 ± 4,87 |
Ao correlacionar o domínio físico com a percepção da qualidade de vida, foi possível observar uma relação diretamente proporcional entre essas variáveis, de modo que quanto melhor o aspecto físico apresentado pelas participantes do estudo, melhor a qualidade de vida manifestada pelas mesmas, havendo correlação moderada (r=0,625) e significância estatística (p=0,0005), conforme exposto na Figura 1.
Figura 1. Correlação entre a percepção da qualidade de vida e domínio físico mensurado através do questionário Whoqol-bref. Teste de correlação de Spearman, *p<0,05.
Na Figura 2, ao correlacionar o domínio psicológico com a percepção da qualidade de vida, evidenciou-se uma relação de proporcionalidade entre essas variáveis, visto que quanto melhor o aspecto psicológico apresentado pelas alunas, mais positivo é o relato de qualidade de vida, havendo correlação fraca (r=0,411) e significância estatística (p=0,033).
Figura 2. Correlação entre a percepção da qualidade de vida e domínio psicológico mensurados através do questionário Whoqol-bref. Teste de correlação de Spearman, *p<0,05.
Diante da correlação entre meio ambiente e percepção da qualidade de vida, como apresentado na Figura 3, evidenciou-se uma relação diretamente proporcional entre as variáveis, constatando assim que quanto maior o escore do domínio meio ambiente, melhor a percepção da qualidade de vida das alunas avaliadas, havendo correlação moderada ( r=0,636) e significância estatística (p=0,0004).
Figura 3. Correlação entre a percepção da qualidade de vida e meio ambiente mensurados através do questionário Whoqol-bref. Teste de correlação de Spearman, *p<0,05.
Na Figura 4, foi verificada a correlação entre o domínio físico e a satisfação com a saúde, sendo possível evidenciar uma relação diretamente proporcional dos aspectos analisados, dado que quanto maior o domínio físico apresentado pelas pacientes, maior a sua satisfação com a saúde, constatando correlação moderada (r=0,560) e significância estatística (p=0,002).
Figura 4. Correlação entre a satisfação com a saúde, vida e domínio físico mensurados através do questionário Whoqol-bref. Teste de correlação de Spearman, *p<0,05.
Ao correlacionar meio ambiente e satisfação com a saúde, observou-se uma relação diretamente proporcional entre as variáveis em questão, uma vez que quanto melhor o aspecto meio ambiente, maior a satisfação com a saúde relatada pelas praticantes, obtendo-se correlação fraca (r=0,469) e significância estatística (p=0,014), conforme ilustrado na Figura 5.
Figura 5. Correlação entre a satisfação com a saúde e meio ambiente mensurados através do questionário Whoqol-bref. Teste de correlação de Spearman, *p<0,05.
Na Figura 6, ao realizar a correlação entre o domínio físico e o domínio psicológico, atestou-se uma relação diretamente proporcional, evidenciando que quanto melhor o aspecto físico alcançado pelas alunas, maior a satisfação com a sua saúde psicológica, constatando correlação fraca (r=0,407) e significância estatística (p=0,035).
Figura 6. Correlação entre o domínio físico e o domínio psicológico mensurados através do questionário Whoqol-bref. Teste de correlação de Pearson, *p<0,05.
Na Figura 7, ao correlacionar o domínio físico e a dor, observou-se uma relação inversamente proporcional entre essas variáveis, posto que quanto melhor o aspecto físico das alunas, menos ocorrência de dor relatada por elas, com correlação negativa e fraca (r=-0,402) e significância estatística (p=0,038).
Figura 7. Correlação entre o domínio físico mensurado através do questionário Whoqol-bref e a dimensão média de dor avaliado através do Inventário Breve de dor. Teste de correlação de Spearman, *p<0,05.
4 DISCUSSÃO
Levando-se em consideração o aumento de mulheres praticantes de exercício físico em todas as idades, em pesquisa realizada por Tafarello et al. (2015), em que 30 mulheres foram divididas em dois grupos: Grupo A (praticantes de musculação) e Grupo B (praticantes de ginástica), observou-se média de idade de 30 anos em mulheres que compunham o grupo A, enquanto a média de idade de mulheres do Grupo B foi de 40 anos. Similarmente, na pesquisa de Mathucheski et al. (2021), foi encontrada uma média de idade de 40,50 anos em mulheres praticantes de pilates regularmente. Os dados relatados pelos autores supracitados são coincidentes com o da presente pesquisa, em que a média de idade de mulheres praticantes de Ballet Pilates foi de 43,33 anos.
Segundo Villa et al. (2021), foram avaliadas 30 mulheres com dor crônica, com média de idade de 55,3 anos. Para Aguiar et al. (2021), a dor pode apresentar-se prevalente em mulheres com idade entre 45 e 60 anos. Adicionalmente, Nascimento et al. (2020) avaliaram 20 mulheres com dor crônica, obtendo uma média de idade de 50,6 anos. Esses resultados são semelhantes à média de idade encontrada neste estudo, ratificando que a dor crônica manifesta-se mais comumente entre mulheres adultas.
Em estudo realizado por Nakamura et al. (2020), os maiores escores médios de qualidade de vida, obtidos por meio do WHOQOL-Bref, foram referentes ao domínio físico (3,59 ± 0,66) e às relações sociais (3,62 ± 0,59). Tais resultados mostraram-se similares ao presente estudo, em que o escore médio do domínio físico foi de 3,83, enquanto o de relações sociais foi de 3,81.
Em conformidade com Souza; Yamada (2019), o Inventário Breve de Dor pode representar uma ferramenta importante para avaliação da dor crônica, além de ser de fácil acesso e utilização. Envolve questionamentos de como a dor impacta em cada área da vida, sua localização e interferência nas atividades de vida diária. Em seu estudo, observaram que a queixa predominante de dor foi a região lombar, contrariando o resultado do presente estudo, em que o predomínio de dor foi em membros inferiores, seguido de região cervical.
Adicionalmente, Nakamura et al. (2020) confirmaram que ansiedade, depressão e estresse interferem diretamente na qualidade de vida, domínio físico e psicológico, demonstrando uma correlação de leve a moderada. Os resultados obtidos assemelham-se ao desta pesquisa, em que foi possível observar correlações de leve a moderada entre os domínios físico e psicológico com a qualidade de vida, em que quanto melhor o aspecto físico e psicológico das praticantes, melhor a satisfação com a saúde e a qualidade de vida. Além disso, quanto melhor a saúde física apresentada, menores os relatos de dor pelas alunas de Ballet Pilates.
De acordo com Barbosa (2021), a melhora dos sintomas em pacientes com dor crônica pode ser decorrente de tratamento farmacológico. No entanto, é necessário estar associado a outras terapias para maior efetividade, a exemplo da prática de exercícios físicos. É importante ressaltar que a aplicação dessa técnica deve ocorrer aumentando gradativamente a intensidade, para que haja maior aceitação pelo praticante. Uma das alternativas pode ser o exercício aeróbico de baixo impacto, visando melhora no condicionamento cardiopulmonar, de forma associada a exercícios resistidos. A ação analgésica do exercício físico ocorre pela liberação de endorfinas, contribuindo para o bem estar geral. Dessa forma, o Ballet Pilates demonstrou resposta favorável para alívio do quadro álgico, bem como para a melhora da performance física, sono, humor e controle das emoções.
Conforme descrito em um estudo realizado por Araújo (2024), a modalidade Ballet Pilates traz benefícios para corpo e mente. As aulas conduzidas por esse método são elaboradas com o objetivo de definição e força muscular, resistência, equilíbrio, flexibilidade, além de beneficiar aspectos psicossociais, visto que são praticadas em conjunto com ritmos musicais que tornam a aula mais prazerosa. Além disso, o autor cita que essa modalidade promove melhoria na qualidade de vida, força, agilidade e postura corporal. Paralelamente a isso, no presente estudo, sugere-se que a prática de Ballet Pilates trouxe melhora na qualidade de vida das alunas, além dos benefícios físicos.
5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração os resultados obtidos neste estudo, infere-se que a modalidade Ballet Pilates reduz os sintomas de dor e contribui para a melhora da qualidade de vida, uma vez que a dor crônica pode interferir diretamente nos aspectos físicos e psicológicos. Ressalta-se também que a prática regular de exercícios físicos possibilita a liberação de substâncias que promovem ação analgésica, além do bem estar geral, potencializando os resultados alcançados.
Além disso, foi possível observar a existência de outros benefícios com a prática da atividade, tais como: melhora na performance física, humor, sono, controle das emoções e relacionamentos sociais, minimizando significativamente os relatos de dor crônica e contribuindo de forma positiva na vida das praticantes deste método, a partir da mudança percebida pelas mesmas. Dessa forma, sugere-se a realização de mais estudos sobre a prática de Ballet Pilates, uma vez que, por se tratar de uma modalidade recente, apresenta carência de evidências científicas, requerendo novas pesquisas envolvendo outras variáveis de estudo e com amostras mais representativas.
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APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,______________________________________________________________________, RG nº ______________________, CPF nº _____________________ autorizo a Universidade Tiradentes, por intermédio das alunas Camila Vitória Gois de Andrade e Lycia Isadora Pereira Melo, devidamente assistidas pela sua orientadora Prof.ª Dr.ª Aida Carla Santana de Melo Costa, a desenvolver a pesquisa abaixo descrita:
1-Título da pesquisa: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E PERCEPÇÃO GLOBAL DE MUDANÇA EM MULHERES COM DOR CRÔNICA PRATICANTES DE BALLET PILATES.
2- Objetivo Geral: Avaliar a percepção global de mudança e a qualidade de vida de mulheres com dor crônica praticantes de Ballet Pilates.
Objetivos Específicos: Analisar o impacto da qualidade de vida na percepção global de mudança; Verificar a rotina de atividades diárias das participantes do estudo; Mensurar a modulação da dor após o início da prática de Ballet Pilates.
3-Descrição de procedimentos: Serão incluídas no estudo mulheres adultas jovens de 18 a 55 anos, com dor crônica, praticantes de Ballet Pilates, sendo excluídas aquelas que possuírem outra patologia que curse com sintomas semelhantes. Para a coleta de dados, será utilizado o questionário WHOQOL-abreviado, que aborda sobre a qualidade vida, contendo 26 itens, divididos nas seguintes categorias: meio físico; psicológico; relações sociais; e meio ambiente; além do Inventário Breve de Dor, que contém 9 perguntas, abordando, dentre elas, o nível da dor e como isso interfere em sua vida cotidiana; e a EMP (Escala de Mudança Percebida), a qual investiga como a própria aluna se avalia após o tratamento, contendo 19 itens.
4-Justificativa: A dor crônica pode interferir na qualidade de vida e na funcionalidade desses indivíduos, sendo a avaliação de grande relevância para mensurar o quanto a condição pode ser limitante; sendo assim, é primordial para traçar planos, objetivos e condutas que melhor se adequem à particularidade de cada indivíduo, a fim de restabelecer a sua capacidade funcional. Ademais, há escassez de estudos nacionais e internacionais relacionados ao Ballet Pilates, visto que se trata de uma modalidade de exercício físico recente no Brasil e pioneira no Estado de Sergipe, que traz benefícios além dos aspectos físicos, podendo contribuir para o bem estar das alunas que o praticam.
5-Desconfortos e riscos esperados: esta pesquisa apresenta as relações de riscos de forma adequada, de acordo com a Resolução CNS nº466/12.
6-Benefícios esperados: Espera-se que as alunas praticantes de Ballet Pilates relatem uma positiva percepção global de mudança, contribuindo para a redução de dor e uma melhor qualidade de vida.
7-Retirada do consentimento: a avaliada terá plena liberdade para retirar o seu consentimento em qualquer momento da pesquisa, tal medida não implicará em nenhum dano para a voluntária.
8-Aspecto Legal: esta pesquisa segue as diretrizes propostas pela Resolução nº 510/16, de 07 de abril de dois mil e dezesseis (07/04/2016) do Conselho Nacional de Saúde, que trata das diretrizes e normas para a pesquisa na área de ciências humanas e sociais no Brasil e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE: 92516318.1.0000. 5371 / Parecer: 2.961.442).
9-Confiabilidade: será mantido o anonimato e sigilo das informações adquiridas durante a pesquisa, porém os participantes assinarão este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) autorizando a divulgação dos resultados que poderão ser apresentados em congresso, publicações ou qualquer outro meio de divulgação pertinente à promoção da saúde.
10-Quanto à indenização: Não há danos previsíveis decorrentes da pesquisa, mesmo assim fica prevista indenização, caso se faça necessário.
11–Cópia do termo: Os participantes receberão uma cópia deste termo assinada por todos os envolvidos (participantes e pesquisadores).
12-Dados do pesquisador responsável:
Nome: Aida Carla Santana de Melo Costa
Endereço:Av. Murilo Dantas, 300, UNIT– Bairro Farolândia, CEP: 49032-490, Aracaju-SE
Telefone: 3218-2190 Ramal 2536
Aracaju, ___de ___de 202___.
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ASSINATURA DO PARTICIPANTE DA PESQUISA
_____________________________________________________
ASSINATURA DA PESQUISADOR
ANEXO 1
ANEXO 2
ANEXO 3