AVALIAÇÃO DA POLIFARMÁCIA EM IDOSA: PROJETO DE CASO CLÍNICO

EVALUATION OF POLYPHARMACY IN ELDERLY WOMEN: CASE CLINICAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10251870


Alessandra Matos Santana Guerra1,
Gleicimar Texeira Silva Oliveira2,
Orientador: Prof. Matheus Marques3.


RESUMO

O envelhecimento, processo intrínseco à evolução da humanidade, pode ser caracterizado como a sequência de alterações fisiológicas em cascata, dentre elas alterações funcionais, cognitivas, motoras e nas capacidades autonômicas. O presente trabalho trata-se de um relato de caso que tem por objetivo analisar a polifarmácia e as potenciais interações medicamentosas que acometem uma idosa residente no município de Vitória da Conquista – Bahia. Paciente de 73 anos, sexo feminino, parda, 64kg, viúva, aposentada e sedentária, tendo acompanhamento com cuidadora integral, até o presente momento, se utiliza de cinco medicamentos regularmente. Faz uso do antidepressivo inibidor seletivo de recaptação de serotonina – Escitalopram, anticolinesterásico – Donepezila, inibidor do glutamato – Memantina, antilipênico – Rosuvastatina e repositor do hormônio tireoidiano – levotiroxina. Em 2007, recebeu o diagnóstico de Câncer na tireóide, realizando a Tireoidectomia em 2009, sendo prescrita a levotiroxina para uso diário logo após a cirurgia. A memantina, donepezila e escitalopram após diagnóstico de Doença de Alzheimer em 2015 e a rosuvastatina em 2021, após uma ateromatose em artéria carótida. A partir da observação clínica durante todo o mês de outubro/2023 realizada na residência do paciente e a aplicação de questionários, foi possível afirmar que uma polifarmácia presente na rotina dessa idosa é qualitativa, possuindo medicamentos especificamente direcionados à sua patologia, sem provocar efeitos colaterais relevantes . Para avaliação de possíveis interações medicamentosas foi utilizado o aplicativo Drogs.com, tendo como resultado nenhuma interação medicamentosa relevante. Desta forma, a gestão da polifarmacia em idosos com Alzheimer requer uma abordagem multidisciplinar e holística, que priorize a segurança do paciente, a qualidade de vida e o intervalo do fardo para cuidadores. Essa abordagem cuidadosa é fundamental para garantir o melhor atendimento possível a essa população tão vulnerável.

Palavra-chave: Idoso, Expectativa de vida, Polimedicação, Interações Medicamentosas, Farmacoterapêutico.

ABSTRACT

Aging, a process intrinsic to the evolution of humanity, can be characterized as a sequence of cascading physiological changes, including functional, cognitive, motor and autonomic capacity changes. The present work is a case report that aims to analyze polypharmacy and potential drug interactions that affect an elderly woman living in the city of Vitória da Conquista – Bahia. Patient aged 73 years, female, mixed race, 64kg, widow, retired and sedentary, monitored by a full-time caregiver, until now, uses five medications regularly. He uses the selective serotonin reuptake inhibitor antidepressant – escitalopram, anticholinesterase – donepezil, glutamate inhibitor – memantine, antilipene – rosuvastatin and thyroid hormone replacement – levothyroxine. In 2007, he was diagnosed with thyroid cancer, underwent a thyroidectomy in 2009, and was prescribed levothyroxine for daily use immediately after surgery. memantine, donepezil and escitalopram after a diagnosis of Alzheimer’s disease in 2015 and rosuvastatin in 2021, after atheromatosis in the carotid arteries. Based on clinical observation throughout the month of October/2023 carried out at the patient’s home and the application of questionnaires, it was possible to affirm that the polypharmacy present in this elderly woman’s routine is qualitative, with medications specifically aimed at her pathology, without causing side effects. relevant. To evaluate possible drug interactions, the Drogs.com application was used, resulting in no relevant drug interactions. Therefore, the management of polypharmacy in elderly people with Alzheimer’s requires a multidisciplinary and holistic approach, which prioritizes patient safety, quality of life and relief from the burden on caregivers. This careful approach is essential to ensure the best possible care for this vulnerable population.

Keyword: Aged, Life expectancy, Polypharmacy, Drug Interactions, pharmacotherapeutic.

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento, processo intrínseco à evolução da humanidade, pode ser caracterizado como a sequência de alterações fisiológicas em cascata, dentre elas alterações funcionais, cognitivas, motoras e nas capacidades autonômicas. Podendo ainda ser dividido em 3 classificações, envelhecimento primário, secundário e terciário (TAVARES et al., 2017).

Tavares et al. (2017) descreve que o primário se refere ao envelhecimento fisiológico normal ou senescência, processo que ocorre com todos os seres humanos de forma gradativa. O processo secundário, por sua vez, se caracteriza como a senilidade, alterações patológicas que ocorrem em alguns casos e o terceiro pode ser definido como o acúmulo de vários déficits funcionais e cognitivos a pessoa idosa, bem como a soma de diversas patologias que atingem a idade.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), estimam que entre 2019 e 2030, o número de pessoas com 60 anos ou mais passará de 1 bilhão para 1,4 bilhões mundialmente, sendo equivalente a um aumento de 38%, demonstrando a importância de uma maior atenção aos desafios e necessidade que afetem a população idosa (ONU, 2020). De acordo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) embora a longevidade seja algo crescente, não significa que os idosos estejam vivendo com saúde e tendo suas necessidades atendidas. Entender as implicações das mudanças demográficas atuais e a transição epidemiológica é imprescindível para que as sociedades estejam preparadas para atender uma população idosa (OPAS, 2021).

A idade avançada está associada à maior incidência de doenças crônicas não transmissíveis, levando a diminuição progressiva da funcionalidade e o aumento da dependência do idoso, que apresenta limitações físicas e a perda da autonomia na realização das atividades diárias. (DA FONSECA; FONTES, 2019; FABER; SCHEICHER; SOARES, 2017).

Os idosos, em grande parte, fazem o uso de múltiplos medicamentos o que se torna um risco, pois, elevam-se as chances de interações medicamentosas tendo seus efeitos mais exacerbados nos idosos devido às alterações nos processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos decorrentes do envelhecimento (CECCHIN et al., 2014). Segundo Gatto et al. (2019), a polifarmácia possui maior prevalência em idosos institucionalizados sendo isso relacionado a presença de doenças crônicas não transmissíveis como: hipertensão arterial sistêmica, demência, depressão e doenças cardiovasculares.

Resultados de um estudo realizado por Mascarelo et al. (2021) mostraram que a polifarmácia excessiva é comum entre os idosos que residem em instituições, onde uma a cada quatro pessoas idosas recebem 10 ou mais medicamentos. O impacto dessa polimedicação contribui para internações hospitalares e o uso medicamentos potencialmente inapropriados para idosos.

Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e descritivo. Estudos quantitativos referem-se a análises através da coleta de dados numéricos e técnicas estatísticas tanto para classificar como para analisar os resultados (PRAÇA, 2015) . O presente estudo é um relato de caso, um tipo de estudo de pesquisa médica que descreve detalhadamente a história clínica de um paciente ou de um pequeno grupo de pacientes. É usado para relatar observações clínicas significativas, desafios diagnósticos, estratégias de tratamento eficazes, eventos adversos ou descobertas que apontam para o conhecimento médico (SAUAIA; SAUAIA, 1983). Foi realizado um questionário aberto para obtenção dos dados, e as características do perfil farmacoterapêutico. As perguntas e a análise do receituário foram feitas pelas próprias pesquisadoras/autoras no mês de outubro do ano de 2023. A aplicação das perguntas e a coleta dos dados foram feitas após a leitura, compreensão e assinatura do TCLE pela entrevistada. Os dados coletados foram tabulados no programa Excel ® (Microsoft Corporation, Estados Unidos) para realização dos cálculos das médias e desvio padrão e a relação das informações relacionadas a polimedicação e as interações medicamentosas. Para a constatação das interações medicamentosas, foi utilizado o aplicativo americano DROGS.COM, disponível nas plataformas digitais, que fornece informações baseadas em evidências científicas de possíveis interações.

2 DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO

Paciente de 73 anos, sexo feminino, moradora de Vitória da Conquista, parda, 64kg, viúva, aposentada e sedentária, tendo acompanhamento com cuidadora integral, não sendo ainda considerada dependente, pois realiza atividades diárias sozinha como higiene, alimentação e responsabilidades legais, necessitando de ajuda nos momentos em que precisa tomar suas medicações. Possui histórico de Câncer em tireóide, diagnosticado em 2007, realizando em 2009  a Tireoidectomia, iniciando logo após a cirurgia, utilização de levotiroxina 100mg/1 com em jejum. Possui histórico de etilismo e tabagismo por volta de 35 anos. Iniciou manifestação de sintomas da Doença de Alzheimer no primeiro semestre do ano de 2015, com dificuldades de executar atividade de vidas diárias simples, como se alimentar e manter hábitos de higiene pessoal, não saber se orientar em tempo e espaço, se perder durante breves caminhadas, não recordar onde guardava objetos pessoais e eventos recentes, dificuldades em se expressar e/ou organizar falas, além de alterações bruscas de humor. Após queixas, equipe médica solicitou exames de imagem e laboratoriais, onde foi possível diagnosticar a DA por volta de maio de 2015, sendo receitadas as seguintes medicações: donepezila 10mg/1com ao dia, inibidor de glutamato e escitalopram 20 mg/1com ao dia, para controle de picos frequentes de ansiedade. Ainda sobre a DA, no primeiro semestre de 2023, foi introduzida a memantina 10 mg/1com ao dia, pelo médico que acompanha o quadro da paciente. Além desses achados, também em 2021 foi realizada uma ultrassonografia cervical com doppler, detectando uma ateromatose na artéria carótida, iniciando o uso da rosuvastatina 10mg/1 com após jantar. Durante as visitas e observação por todo mês de Outubro/23 não houveram registros de efeitos colaterais apresentados pela paciente através da utilização dos medicamentos descritos.

3 DISCUSSÃO

A polifarmácia pode ser definida como a utilização de diversos medicamentos simultâneos por apenas um indivíduo, em sua grande maioria idosos. É descrita como quantitativa, quando existe a utilização de dois ou mais medicamentos que podem ou não gerar efeitos adversos a saúde, ou qualitativa, quando existe a utilização de dois ou mais medicamentos que o individou realmente precisa para conseguir um tratamento efetivo a sua patologia (RAMOS, 2016).

Sabe-se que a polifarmácia exerce uma função muitas vezes negativa na vida do idoso, quando realizada de maneira inadequada, através das interações medicamentosas, quando a ingestão se torna recorrente. A depender da classe dos medicamentos utilizados, as interações podem ser descritas como leves, quando não existe alteração significativa no tratamento, moderadas, podendo gerar danos ao quadro clinico do indivíduo e graves, podendo os danos ao quadro clinico induzir o mesmo a morte (RAMOS et al., 2016).

De forma natural, o envelhecimento acarreta mudanças fisiológicas aos indivíduos, debilitando-os, gradualmente ou de forma acelerada, a depender do histórico de vida. Pessoas que possuíram estilos de vida saudáveis, práticas de exercícios físicos e cuidados com a saúde mental dispõem de melhores expectativas durante o envelhecimento (SILVA et al., 2019). Neste caso, a paciente estudada passou muitos anos da vida sendo etilista e tabagista, corroborando pra um envelhecimento mais dificultoso, tendo inevitavelmente a polifarmácia presente na sua rotina.

A paciente possui a Doença de Alzheimer, que, segundo Anstey et al. (2007) em sua meta-análise, o tabagismo possui grande influencia no risco de desenvolvimento da DA, além de ser fator de risco para outras demências. Schwarzinger et al. (2018) constataram que o abuso de álcool é um grande fator de risco para demências de inicio precoce, sendo considerado um importante ponto a ser rastreado durante a busca pelo diagnostico. Para além dos abusos, também existe a questão do sedentarismo, que segundo Kamada (2018) o exercício físico dispõe efeitos neuroprotetores relacionada a função cognitiva, redistribuindo o fluxo sanguíneo cerebral, antioxidação das enzimas de reparação e das citocinas pró-inflamatórias, decomposição das placas amiloides, aumento do metabolismo e biogênese de neurotransmissores, acarretando alterações cognitivas e fisiológicas benéficas.

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro, causando alterações nas habilidades de memória, pensamento e raciocínio. É a forma mais comum de demência, termo que abrange diversas condições específicas de comprometimento cognitivo significativo que interferem nas atividades diárias. A doença de Alzheimer representa um desafio significativo para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde. A sensibilização, a investigação contínua e o desenvolvimento de estratégias de apoio são essenciais para resolver este crescente problema de saúde pública (CAETANO; SILVA; SILVEIRA, 2017).

A paciente desse estudo, até o presente momento, se utilizava de 5 fármacos com funções distintas, desde os diagnósticos médicos descritos anteriormente. escitalopram, donepezila, memantina, rosuvastatina e levotiroxina são os medicamentos utilizados.

O escitalopram é um medicamento antidepressivo que pertence à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS). Seu mecanismo de ação está relacionado ao aumento dos níveis de serotonina, um neurotransmissor no cérebro. O escitalopram inibe seletivamente a recaptação da serotonina pelos neurônios, o que leva a um aumento da concentração desse neurotransmissor na fenda sináptica. Acredita-se que esse aumento da serotonina contribui para o intervalo dos sintomas associados à depressão e a outros transtornos psiquiátricos. O uso concomitante de escitalopram com outros antidepressivos, como inibidores da recaptação de norepinefrina e serotonina (IRNS), pode aumentar o risco de efeitos colaterais. O uso concomitante de medicamentos que afetam a serotonina, como outros antidepressivos, pode aumentar o risco de síndrome da serotonina. Também podem haver interações entre o escitalopram e certos anticonvulsivantes, ou que podem variar os níveis sanguíneos de ambos os medicamentos. O uso concomitante com AINEs ou anticoagulantes pode aumentar o risco de sangramento. (AN et al., 2016).

A rosuvastatina é um medicamento da classe das estatinas, que é usado para reduzir os níveis de colesterol no sangue. Seu mecanismo de ação principal é afetado pela enzima HMG-CoA redutase, que desempenha um papel crucial na síntese do colesterol no fígado. Ao inibir essa enzima, a rosuvastatina reduz a produção de colesterol, levando a uma diminuição nos níveis de colesterol total, colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e triglicerídeos, enquanto aumenta os níveis de colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade). A combinação de rosuvastatina com outras estatinas ou fibratos pode aumentar o risco de miopatia (doença muscular) e rabdomiólise (uma condição grave de destruição muscular). O uso concomitante de rosuvastatina com varfarina (um anticoagulante) pode aumentar o risco de sangramento. A função hepática deve ser monitorada cuidadosamente ao usar esses medicamentos juntos. O uso concomitante de rosuvastatina e ciclosporina (um imunossupressor) pode aumentar os níveis sanguíneos de rosuvastatina, aumentando o risco de efeitos colaterais. (MAGALHÃES, 2005)

A levotiroxina é um medicamento utilizado para tratar distúrbios da tireoide, como o hipotireoidismo. O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide não produz hormônios tireoidianos em quantidade suficiente. A levotiroxina é uma forma sintética do hormônio tireoidiano T4 (tiroxina), e seu mecanismo de ação está relacionado à substituição ou suplementação desses hormônios no organismo. A levotiroxina pode aumentar a resposta a medicamentos que afetam a função cardíaca, como digitálicos. Alguns medicamentos que induzem ou inibem as enzimas hepáticas, como carbamazepina, fenitoína, rifampicina e ritonavir, podem afetar o metabolismo da levotiroxina. A levotiroxina pode aumentar a necessidade de insulina ou agentes hipoglicemiantes orais em pacientes com diabetes. Monitorar os níveis de glicose no sangue é crucial. (PEREIRA et al., 2017; (VINAGRE; SOUZA, 2011).

A donepezila é um medicamento utilizado no tratamento da doença de Alzheimer, um distúrbio neurodegenerativo que afeta a memória, o pensamento e o comportamento. A donepezila pertence a uma classe de medicamentos conhecidos como inibidores da acetilcolinesterase. Seu mecanismo de ação está relacionado ao aumento da concentração de acetilcolina, um neurotransmissor envolvido na comunicação entre as células nervosas no cérebro. Na doença de Alzheimer, há um aumento nos níveis de acetilcolina devido à perda progressiva de células nervosas. A donepezila inibe a acetilcolinesterase, uma enzima que quebra a acetilcolina, prolongando assim a ação desse neurotransmissor. Isso é feito para melhorar a transmissão de sinais nervosos no cérebro e ajudar a compensar a deficiência de acetilcolina associada à doença de Alzheimer. A donepezila pode interagir com medicamentos anticolinérgicos, como alguns medicamentos para alergias, distúrbios gastrointestinais e doenças respiratórias. Essa interação pode aumentar os efeitos colaterais anticolinérgicos. Medicamentos que induzem o sistema enzimático hepático CYP3A4, como rifampicina e carbamazepina, podem diminuir os níveis de donepezila. (OLIVEIRA et al., 2019).

A memantina é um medicamento utilizado no tratamento da doença de Alzheimer, sendo considerada um antagonista dos receptores NMDA (N-metil-D-aspartato). Seu mecanismo de ação está relacionado à modulação da atividade do glutamato, um neurotransmissor no cérebro. Na doença de Alzheimer, há um desequilíbrio no sistema de neurotransmissores, especialmente no que diz respeito ao glutamato. O glutamato é um neurotransmissor excitatório que desempenha um papel importante na aprendizagem e na memória, mas em excesso pode levar à excitotoxicidade, causando danos às células nervosas (OLIVEIRA et al., 2019

A memantina bloqueia os receptores NMDA, que são ativados pelo glutamato. Essa ação moduladora ajuda a regular a atividade do glutamato, protegendo as células nervosas contra os efeitos específicos da excitotoxicidade. Ao fazer isso, a memantina procura melhorar a função cognitiva em pacientes com doença de Alzheimer (OLIVEIRA et al., 2019).

É crucial que os profissionais de saúde adotem uma abordagem personalizada ao gerenciamento da saúde dos idosos. Isso inclui uma revisão periódica da lista de medicamentos, uma avaliação da necessidade de cada medicamento e uma consideração de opções menos complexas sempre que possível. A comunicação eficaz entre pacientes, cuidadores e profissionais de saúde também desempenha um papel fundamental na promoção de uma gestão adequada da polifarmácia (RAMOS, 2016).

Além disso, estratégias não medicamentosas, como mudanças no estilo de vida, terapias alternativas e reabilitação, podem ser incorporadas para complementar ou reduzir a dependência de medicamentos em determinadas situações. O objetivo é melhorar a qualidade de vida e minimizar os riscos associados à polifarmácia, garantindo ao mesmo tempo que as condições médicas sejam controladas (SILVA et al., 2019).

Através do uso do aplicativo Drogs.com foi possível buscar dentro da base de dados qualquer possível interação entre as medicações que a paciente desse caso utilizava. Para a pesquisa no aplicativo, é preciso utilizar o nome das medicações em inlgês, podendo combinar 2 ou mais medicamentos, sem limitação. Primeiro foram combinados os medicamentos em dupla, para que a busca inicial fosse mais detalhada e precisa. Nessa busca em dupla, não foi encontrada nenhuma possível interação, nem riscos a saúde da paciente durante a utilização das medicações.

É possível então dizer que, através das informações atuais disponíveis na literatura e do que foi colhido para produção desse artigo, o abuso do tabagismo e do álcool na vida da paciente aqui descrita, por longos anos, corroboraram para o quadro clínico da mesma. Porém, a partir dos dados obtidos, é possível afirmar que a polifarmácia presente na rotina dessa idosa é qualitativa, possuindo medicamentos especificamente direcionados a sua patologia, por não possuir doenças pregressas, não fazia uso de nenhum medicamento anteriormente, além de não apresentar efeitos colaterais à interação dos mesmos, ou seja, nesse caso, não se encontram danos a saúde da paciente.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A polifarmácia é um problema comum, em sua maioria, relacionado as diversas patologias desenvolvidas no processo de envelhecimento. Porém, é preciso se atentar aos riscos e benefícios atrelados a essa prática. É imperativo que os profissionais de saúde adotem abordagens individualizadas, realizem uma avaliação abrangente do perfil de saúde de cada paciente e, sempre que possível, busquem reduzir o número de medicamentos prescritos.

A polifarmacia em idosos com Alzheimer representa um desafio complexo na gestão de cuidados de saúde. Este artigo explorou as implicações dessa interseção entre polifarmacia e demência, destacando a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa e individualizada para a prescrição de medicamentos nesse grupo vulnerável.

Além disso, uma comunicação eficaz entre pacientes, cuidadores e profissionais de saúde desempenha um papel fundamental na prevenção de problemas relacionados à polifarmacia. A educação dos pacientes sobre seus medicamentos, seus efeitos colaterais e a importância do cumprimento das prescrições é essencial. As políticas de saúde também desempenham um papel vital no manejo da polifarmacia em idosos, promovendo práticas fundamentadas em evidências, fornecendo incentivos para revisões periódicas da medicação e facilitando o acesso a equipes interprofissionais de saúde.

A pesquisa contínua é necessária para aprimorar os conhecimentos sobre as implicações da polifarmacia em pacientes com Alzheimer e para desenvolver diretrizes clínicas mais específicas. Além disso, é essencial uma promoção de políticas de saúde que incentive uma abordagem mais criteriosa na prescrição de medicamentos para essa população.

Em resumo, a gestão da polifarmacia em idosos com Alzheimer requer uma abordagem multidisciplinar e holística, que priorize a segurança do paciente, a qualidade de vida e o intervalo do fardo para cuidadores. Essa abordagem cuidadosa é fundamental para garantir o melhor atendimento possível a essa população tão vulnerável.

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ANEXOS

Figura 1 – Receituário da paciente.

Figura 2 – Exames de imagem da paciente.

Figura 4 – Parecer consubstanciado do CEP

Figura 5 – Questionário aplicado durante visitas a residência da paciente


1Discente do curso de Farmácia da Uninassau de Vitória da Conquista – Bahia, e-mail: alessandra.200166@gmail.com

2Discente do curso de Farmácia da Uninassau de Vitória da Conquista – Bahia, e-mail: gleicimarts@gmail.com

3Professor Orientador da Uninassau de Vitória da Conquista – Bahia, e-mail: matheusfarnassau@gmail.com