Evaluation of the Influence of Top Turbo-V10 Plus Supplement on Weight Gain in Beef
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th1024112213571
Maria Vitoria Aparecida Sala
Bruno de Lima Nazari Pio
Isaac Romani
RESUMO
A utilização de núcleos na engorda de gado de corte tem se mostrado eficiente para otimizar o desempenho e a rentabilidade da produção. Esses núcleos são formulações concentradas de nutrientes essenciais, como proteínas, minerais e vitaminas, projetadas para suplementar o gado durante a fase de engorda. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de um núcleo com virginiamicina no ganho de peso de bovinos de corte. O experimento foi realizado na Fazenda São João, em Tapejara-PR, com 138 machos das raças Angus, Tabapuã e F1 (Nelore x Tabapuã), divididos em dois grupos: controle (proteinado) e tratamento (proteinado com virginiamicina). Os animais foram manejados em pastejo contínuo com Brachiaria brizantha e suplementação diária por 45 dias. Foram registrados os pesos iniciais e finais e realizadas análises estatísticas. Os resultados não indicaram diferença significativa no ganho de peso entre os grupos com e sem virginiamicina. No entanto, houve diferenças no ganho de peso entre as raças e ao longo do tempo (comparação do peso inicial com o final). A raça Angus apresentou o maior ganho de peso, seguida de F1 (Nelore x Tabapuã) e Tabapuã. O ganho da raça Angus foi inferior ao esperado, possivelmente devido ao estresse térmico, já que o experimento ocorreu durante um período quente e seco. As condições climáticas adversas, como falta de chuva e déficit hídrico, prejudicaram a qualidade do pasto e o desempenho dos animais. Não foram observadas interações significativas entre os tratamentos, raças e tempo. A inclusão do DDM Top Turbo V-10 Plus® não teve impacto significativo, possivelmente devido ao curto período experimental. Novos estudos com maior duração e número de animais são recomendados para obter resultados mais precisos.
Palavras-chaves: Gado de corte. Engorda. Núcleo. Pecuária. Proteinado.
ABSTRACT
The use of supplements in beef cattle finishing has proven to be an effective practice for optimizing performance and profitability in livestock production. These supplements are concentrated formulations of essential nutrients, such as proteins, minerals, and vitamins, designed to supplement cattle during the finishing phase. The aim of this study was to evaluate the effectiveness of a supplement containing virginiamycin on the weight gain of beef cattle. The experiment was conducted at Fazenda São João in Tapejara, Paraná, with 138 male animals from the Angus, Tabapuã, and F1 (Nelore x Tabapuã) breeds, divided into two groups: control (protein supplement) and treatment (protein supplement with virginiamycin). The animals were managed in continuous grazing with Brachiaria brizantha and received daily supplementation for 45 days. Initial and final weights were recorded, and statistical analyses were performed. The results showed no significant difference in weight gain between the groups with and without virginiamycin. However, significant differences were observed in weight gain between the breeds and over time (comparing initial and final weights). The Angus breed showed the highest weight gain, followed by F1 (Nelore x Tabapuã) and Tabapuã. The weight gain of the Angus breed was lower than expected, possibly due to thermal stress, as the experiment was conducted during a hot, dry period. Adverse climatic conditions, such as lack of rainfall and water deficit, affected pasture quality and animal performance. No significant interactions were observed between treatments, breeds, and time. The inclusion of DDM Top Turbo V-10 Plus® did not have a significant impact, possibly due to the short experimental period. Further studies with longer durations and a higher number of animals are recommended for more precise results. Keywords: Beef Cattle. Core. Get fat. Livestock. Protein.
INTRODUÇÃO
O Brasil ocupa hoje uma posição de destaque na produção e comercialização de carne bovina em nível global, resultado de um processo de desenvolvimento bem estruturado que impulsionou tanto a produtividade quanto a qualidade do produto nacional, fortalecendo sua competitividade e ampliando sua presença no mercado internacional (Gomes, Feijó & Chiari, 2017).
Visto assim, é constante a busca por novas técnicas aplicadas à pecuária, neste contexto representada pelo uso dos aditivos que aumentam o ganho de peso dos bovinos e sua eficiência alimentar, visando mais desenvolvimento e rentabilidade para a pecuária nacional (Gomes, Feijó & Chiari, 2017).
Os suplementos que recebem o nome de núcleos nutricionais contém ingredientes importantes para o auxílio do desenvolvimento bovino, possuindo, algumas vezes, aditivos como antibioticos e probióticos, além de minerais, vitaminas e aminoácidos. Esses complementos garantem um melhor desempenho no crescimento e no peso do animal e são positivos para o seu desenvolvimento (Li et al., 2016).
Dentre os diversos aditivos disponíveis, a virginiamicina, é um antibiótico ionóforo, tem se destacado devido à sua eficácia na melhoria da digestibilidade e no aumento do ganho de peso dos animais (Oliveira, Santos & Valença, 2019). Costa, Ramos e Medeiros (2003) comentam que a virginiamicina desempenha o papel de melhorar a eficiência alimentar dos bovinos e dar a eles o ganho de peso. O mecanismo de ação, segundo Li et al., (2016), se dispõe a previnir, de maneira seletiva, das bactérias gram-positivas no rúmen, pois tendem a exigir grandes quantidades de ácido láctico. Essas bactérias colonizam o sistema digestivo dos ruminantes jovens quando em contato do animal com a saliva e a vagina da mãe, pela cama microbiota, pelo bolo alimentar ou por contato com outros animais meio ao leite, urina, saliva, fezes ou outras fontes de alimento (Baldwin et al., 2004).
A virginiamicina tem o papel de inibir essas bactérias e por isso colabora com a estabilidade ruminal, melhora a digestão dos carboidratos e produz no organismo animal ácidos graxos voláteis, além de promover a acidose e por isso garantir que o sistema digestivo dos animais continuem saudáveis. Previne, assim, as disfunções digestivas e garante a saúde do bovino e o seu ganho de peso (Li et al., 2016).
O uso de núcleos nutricionais enriquecidos com virginiamicina tem demonstrado benefícios adicionais. Esses núcleos não apenas fornecem o antibiótico, mas também contêm uma combinação balanceada de vitaminas, minerais e outros aditivos que juntos potencializam o desempenho dos animais (Ferreira et al., 2015).
Segundo Costa, Ramos e Medeiros (2003), a virginiamicina podem melhorar a
eficiência alimentar e, indiretamente, reduzir a emissão de metano em bovinos. Isso ocorre porque esses compostos modulam a fermentação ruminal, favorecendo a produção de ácidos graxos voláteis e reduzindo a população de microrganismos metanogênicos. Isso contribui para uma alimentação mais eficiente e menos poluente, com impacto positivo na sustentabilidade da pecuária (Costa et al., 2003; Embrapa, 2019).
Os aditivos nutricionais são utilizados na alimentação de gado com o objetivo de promover o ganho de peso. Isto porque há o aumento do desempenho metabólico dos animais o que resulta numa melhor digestão e absorção de nutrientes. A composição dos suplementos é feita de aminoácidos, vitaminas e minerais que colaboram com a nutrilção do animal e aceleram o seu crescimento (Tedeschi et al., 2003).
Mendes e Campos (2016) explicam que a eficiência energética dos animais é um critério de suma importância, visto que os animais que aproveitam os alimentos de forma mais eficiente requerem uma menor ingestão para alcançar o mesmo nível de produtividade e, consequentemente liberam menos energia em forma de gases como o metano. Por isso, economicamente, se tornam mais vantajosos e maximizam a produção de alimentos por unidade de área.
Os resultados positivos obtidos através da utilização da virginiamicina demonstram que seus benefícios são significativos e incluem o aumento do ganho de peso, melhorias no ambiente ruminal, redução na excreção de nitrogênio pelas fezes e na produção de metano. O aditivo contribui para a modulação dos processos fermentativos, diminuindo a deaminação de proteínas no rúmen e promovendo um maior aumento na proporção de propionato (Tedeschi et al., 2003).
Além disso, estudos demonstraram que a inclusão de virginiamicina na dieta pode resultar em um aumento significativo no ganho de peso diário (GPD) e na eficiência de conversão alimentar (Duarte, 2023).
Ferreira et al. (2015) observaram que a suplementação com virginiamicina em bovinos de corte em pastagem tropical durante o período seco resultou em melhor desempenho e metabolismo ruminal. Os resultados indicaram que a virginiamicina não apenas melhorou a digestibilidade dos nutrientes, mas também reduziu a deaminação de proteínas no rúmen, permitindo uma maior passagem de proteína para o duodeno, o que está associado a taxas de crescimento mais elevadas (Gomes et al., 2023; Ítavo et al., 2020).
Além disso, Gomes et al. (2023) relataram que a virginiamicina pode alterar os padrões de fermentação ruminal, promovendo uma maior produção de ácido propiônico e, consequentemente, reduzindo as perdas energéticas.
O núcleo DDM Top Turbo V-10 Plus® contendo virginiamicina, já disponível no mercado, é amplamente reconhecido pelos produtores, que relatam empiricamente ganhos significativos no desempenho ponderal dos bovinos. Contudo, essas evidências carecem de validação científica que comprove a efetividade do produto, o que gera lacunas importantes tanto para a academia quanto para os pecuaristas.
Além disso, estudos envolvendo bovinos das raças Tabapuã e cruzamentos Tabapuã x Nelore são ainda escassos, apesar da crescente relevância dessas genéticas em sistemas de produção, devido à sua rusticidade, eficiência alimentar e adaptabilidade ao clima tropical. Avaliar o impacto do uso da virginiamicina nesses grupos genéticos pode fornecer informações inéditas e robustas, auxiliando na tomada de decisão dos pecuaristas e fortalecendo a cadeia produtiva.
Dessa forma, torna-se essencial validar cientificamente a eficácia deste núcleo com virginiamicina no ganho de peso em bovinos de corte, gerando dados confiáveis que subsidiem recomendações técnicas e reforcem a credibilidade do produto no mercado. Com base no exposto, este trabalho tem como objetivo avaliar a inclusão de um núcleo comercial contendo virginiamicina no ganho de peso em bovinos de corte de diferentes raças.
MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Uso de Animais – CEUA/ Uningá, sob o protocolo n.º PM 9/2024. O experimento foi conduzido na Fazenda São João, localizada no município de Tapejara, estado do Paraná, Latitude -23.6519697 e Longitude -52,8542184, tendo início no dia 28 de fevereiro de 2024 e término em 12 de abril de 2024.
A determinação do tamanho amostral foi obtida pelo cálculo estatístico para diferença entre duas médias com grupo dependentes (Teste t pareado). Optou-se pelos seguintes critérios: Estimativa do desvio padrão da diferença – 15kg; Mínima diferença a ser detectada – 5kg; Alfa (%) significância – 1%; Beta (%) poder do teste – 90% e Perda de elementos – 1,5%. O cálculo foi realizado utilizando-se a calculadora amostral disponibilizada no site da USP [http://estatistica.bauru.usp.br/calculoamostral/calculos.php]. Desta forma, determinou-se o número amostral de 138 animais para que o estudo tenha validade científica.
Baseado no cálculo amostral foram utilizados um total de 138 bovinos machos inteiros sendo 39 touros Angus com peso vivo inicial médio de 578,5 kg, idade média de 30 meses. Já 31 touros da raça Tabapuã com peso vivo inicial médio de 536 kg, idade média de 30 meses e 68 touros F1 provenientes do cruzamento entre as raças Nelore e Tabapuã, com peso vivo inicial médio de 556 kg, idade média de 30 meses.
Inicialmente, todos os animais selecionados foram pesados individualmente e para isso foram conduzidos do pasto e colocados na mangueira, posteriormente enfileirados no corredor para entrarem no tronco da Beckhauser. Os animais entravam um por vez, eram contidos e pesados. Os dados de identificação dos animais foram obtidos e juntamente anotados com o peso inicial.
Posteriormente, os animais foram divididos em dois lotes de 69 cabeças identificados como lote A e lote B. O lote A foi composto por 16 touros Tabapuã, 19 touros Angus e 34 touros F1 (Nelore x Tabapuã), enquanto, o lote B foi composto por 15 touros Tabapuã, 20 touros Angus e 34 touros F1 (Nelore x Tabapuã). Estes animais foram manejados em um sistema de pastejo contínuo com dois piquetes com a pastagem MG-5 (Brachiaria brizantha), em que cada piquete possuía uma área de 23,5. Em cada piquete foram disponibilizados dois bebedouros de água com livre consumo associados a dois cochos coletivos com uma área linear de 0,3 metros/cabeça.
Os animais do lote A foram suplementados apenas com o proteinado (Tratamento 0 – controle), disponível no cocho uma vez ao dia e possuíam acesso livre aos bebedouros, para os animais do lote B (Tratamento 1) foi adicionado o DDM Top Turbo V-10 Plus® ao proteinado em uma proporção de 3 kg de núcleo para 30 kg de proteinado para que em relação ao peso vivo, fosse consumido 100gr de núcleo por animal por dia, disponível uma vez ao dia e com acesso livre aos bebedouros.
O núcleo DDM Top Turbo V-10 Plus® apresenta em sua composição 1000 mg de virginiamicina para cada 1 kg, sais minerais, vitaminas e microorganismos, conforme se observa no Quadro 1.
Quadro 1
Composição do núcleo DDM Top Turbo V-10 Plus®*
Cálcio (max.) | 180g |
Cálcio (min.) | 140g |
Fósforo (min.) | 16g |
Enxofre (min.) | 36g |
Magnésio (min.) | 20g |
Sódio (min.) | 55g |
Virginiamicina (min.) | 1000mg |
Zinco (min.) | 2000mg |
Selênio (min.) | 6,7mg |
Cobalto (min.) | 8,0mg |
Cobre (min.) | 540mg |
Manganês (min.) | 1070mg |
Iodo (min.) | 27,5g |
Cromo (min.) | 6,7mg |
Vitamina A (min.) | 168000UI |
Vitamina D3 (min.) | 17000UI |
Vitamina E (min.) | 1740UI |
Ruminobacter | 1,5×1011 |
Ruminobacter succionogenes | 1,5×1011 |
Succinovibrio dextrinosolvens | 2,2×1011 |
Bacillus cereus | 1,75×1011 |
Lactobacilus acidophilus | 1,75×1011 |
Streptococus fassium | 1,75×1011 |
Nota: * níveis de garantia por Kg do produto. Fonte: os autores.
O proteinado apresentou 46,2% de PB e 61,92% de NDT, composto por milho como fonte de energia, a soja como fonte de proteína verdadeira, ureia como fonte de nitrogênio não proteico (NNP), sal branco e enxofre, com estimativa de consumo de 0,2% do peso vivo dos animais.
Ao final dos 45 dias os animais do lote A e B foram manejados e contidos na mangueira no começo da manhã, para avaliação do peso individual, conforme a metodologia de pesagem descrita acima. Para os animais do lote A não houve tempo de jejum e para os animais do lote B houve o tempo de jejum por consequência da espera da pesagem do lote A que aproximadamente 90 minutos.
Os dados de peso inicial e peso final, foram tabulados em planilhas de Excel e posteriormente organizados para subsequente realização da análise estatística. Com os dados obtidos foi calculado o ganho de peso – GP (após 45 dias de experimento) e o ganho de peso diário (GPD). Inicialmente, os dados foram avaliados quanto aos pressupostos básicos de normalidade dos resíduos (teste de Shapiro-Wilk; p≤0,05) e homocedasticidade das variâncias (teste de Levene; p≤0,05). Adotou-se o delinemante inteiramente casualisado , no esquema fatorial 2 (Trat.0 x Trat.1) x 2 (início x término do experimento) x 3 (Angus, Tabapuã e F1 NT). Atendido os pressupostos, os dados foram submetidos a análise de variância pelo Teste F (p≤0,05). Havendo diferenças estatísticas significativas, teste de média foi realizado pelo Teste T ao nível de 5% de significância. Estas análises foram realizadas utilizando-se o software Sisvar versão 5,3 (Ferreira, 2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a análise dos dados, por meio da análise de variância (Tabela 1) evidenciou-se que não houve diferenças estatisticamente significativas no ganho de peso dos animais (p =
0,4560) independentemente da adição de DDM Top Turbo V-10 Plus®. Esse achado corrobora com estudos prévios que apontam que os benefícios dos suplementos podem sofrer interferências de fatores relacionados ao manejo nutricional, as características genéticas de algumas raças bovinas, assim como fatores climáticos, como afirmam Costa et al., (2003).
Houve diferenças estatísticas significativas no tempo, que corresponde a pesagem realizada no primeiro dia do experimento comparado com o peso após 45 dias, em todas as raças. Assim como, entre o peso dos animais entre as diferentes raças / cruzamentos avaliadas (p =0,0005).
Todas as diferenças observadas ao longo do tempo devem, de acordo com Fernandes et al., (2004), levar em consideração alguns fatores que irão intervir no desempenho dos animais alimentados com a mesma dieta, como a maior ou menor capacidade de consumir alimentos, a sua habilidade em selecionar partes específicas da dieta, otimizando a ingestão, a eficiência com que certos animais utilizam os nutrientes ingeridos e o potencial genético para ganho de peso de cada raça.
Tabela 1
Análise de variância entre os tratamentos avaliados, tempo e raças / cruzamentos, interação e desdobramento entre as variáveis.
Fator de Variação Tratamentos (T0 e T1) | GL 1 | SQ | QM | Fc | p |
2321,74 | 2321,74 | 0,557 | 0,4560ns | ||
Tempo (inicial e final) | 1 | 97275,15 | 97275,15 | 23,351 | 0,0000** |
Raças / cruzamento | 2 | 64929,17 | 32464,58 | 7,793 | 0,0005** |
Tratamento x Tempo | 1 | 3554,67 | 3554,67 | 0,853 | 0,3565ns |
Trat. x Inicial | 1 | 65,39 | 65,39 | 0,016 | 0,9004ns |
Trat. x Final | 1 | 5811,01 | 5811,01 | 1,395 | 0,2386ns |
Tempo x Trat. 0 | 1 | 31819,71 | 31819,71 | 7,638 | 0,0061** |
Tempo x Trat. 1 | 1 | 69010,11 | 69010,11 | 16,566 | 0,0001** |
Tratamento x Raça | 2 | 2703,60 | 1351,80 | 0,325 | 0,7232ns |
Trat. x Tabapuã | 1 | 4612,10 | 4612,1 | 1,107 | 0,2937ns |
Trat. x F1-NT | 1 | 12,97 | 12,97 | 0,003 | 0,9555ns |
Trat. x Angus | 1 | 400,27 | 40027 | 0,096 | 0,7568ns |
Raça x Trat. 0 | 2 | 24213,16 | 12106,58 | 2,906 | 0,0564ns |
Raça x Trat. 1 | 2 | 43419,61 | 21709,80 | 5,212 | 0,0060** |
Tempo x Raça | 2 | 138,37 | 69,18 | 0,017 | 0,9835ns |
Tempo x Tabapuã | 1 | 30011,53 | 30011,23 | 7,204 | 0,0077** |
Tempo x F1-NT | 1 | 44388,59 | 44388,59 | 10,656 | 0,0012** |
Tempo x Angus | 1 | 23013,39 | 23013,39 | 5,524 | 0,0196* |
Erro | 266 | 1108084,32 | 4165,73 | ||
Total CV (%) – 11,19 | 275 | 1279007,04 | |||
Notas: GL – Graus de liberdade; SQ – Soma de Quadrados; QM – quadrado médio; Fc – valor de F calculado; p – valor de p; ns – não significativo; * p<0,05; ** p< 0,01; DDM Top Turbo V-10 Plus®.
Fonte: os autores.
Quando se avalia a interação entre Tratamentos x Tempo (0,3565), Tratamento x raças/cruzamento (0,7232) e tempo x raças/cruzamento (0,9835), não foram observadas interações significativas. Contudo, conforme é recomendado, as interações não significativas carecem de desdobramento das interações. Como esperado, houve diferença no peso dos animais, antes e após o término do experimento para os animais do tratamento controle, que não receberam o núcleo e para os animais do Tratamento 1, que receberam o núcleo DDM Top Turbo V-10 Plus®.
Os tratamentos dentro das raças/cruzamento, mesmo após desdobramento não apresentou diferenças estatísticas significativas, mas se observou diferenças estatísticas significativas das raças frente ao uso do DDM Top Turbo V-10 Plus® (p = 0,0060). Costa et al., (2003) apontam que determinados estudos mostram que a eficácia de aditivos nutricionais pode variar conforme o perfil metabólico das raças, refletindo diferentes níveis de eficiência na utilização dos nutrientes.
Como era esperado, todas as raças aumentaram o peso após 45 dias do término do experimento (Tabapuã, p = 0,0077; F1-NT, p = 0,0012; Angus, p = 0,0196).
O peso médio apresentado pelos animais avaliados antes e após 45 dias do experimento estão evidenciados na Tabela 2. As raças Tabapuã e Angus e os animais F1 (Nelore x Tabapuã) apresentaram aumento no peso, como esperado e de acordo com o que explanam Rodrigues et al., (2017) sobre a adaptação fisiológica dos animais de acordo com o tempo e a sua forma de manejo.
Animais da raça Angus apresentaram maiores pesos antes (578,58kg) e após (617,82kg) o experimento, diferindo estatisticamente do peso médio dos animais da raça Tabapuã (antes 536,2kg e após 574,74). Estes resultados são consistentes com estudos que destacam o potencial produtivo superior de raças taurinas quando comparadas a raças zebuínas em condições similares (Gomes et al., 2019).
Tabela 2
Média de peso antes e após 45 dias nas diferentes raças / cruzamento avaliado.
Raça | Antes | Após | GP | GPD |
Tabapuã | 536,20 aA | 574,74 aB | 38,54 | 0,8564 |
F1(Tabapuã x Nelore) | 556,02 abA | 592,15 abB | 36,13 | 0,8208 |
Angus | 578,58 bA | 617,82 bB | 39,24 | 0,872 |
Notas: GP – Ganho de peso; GPD – ganho de peso diário; Letras minúsculas diferentes na coluna pelo teste de Tukey a 5%; Letras maiúsculas diferentes na linha pelo teste T a 5%. Fonte: os autores.
Os resultados de ganho de peso dos animais demonstraram que a raça Angus foi a que apresentou maior ganho de peso, mesmo diante do cenário de seca em que o experimento ocorreu, isto porque e de acordo com Rodrigues et al., (2017), a raça bovina Angus é conhecida por seu bom desempenho em ganho de peso, especialmente quando comparada a outras raças.
De acordo com Rodrigues et al., (2017), a raça bovina Angus, quando manejada em sistemas de confinamento que não permitem ao gado a alimentação por pastagens e apenas por rações controladas à base de suplementos ou milho e soja, tendem a demonstrar um alto nível energético e o alcance de peso vivo estimado de 1,20 quilogramas (kg) por dia.
No entanto, essa mesma raça Angus, pode apresentar algumas dificuldades quanto ao
alcance do ganho de peso estimado se for exposta a climas secos e com baixa precipitação, condições estas que não configuram os sistemas de confinamento, e que por isso, além de permitirem que os animais fiquem expostos às adversidades climáticas, possibilitam a eles a alimentação por pastagens que dependem do clima (Costa et al., 2003).
Visto assim e diante das condições climáticas ausência de chuva em que o experimento ocorreu e que permitiu que os animais se alimentassem das pastagens pouco irrigadas e de baixa qualidade em decorrencia da estiagem, é que a raça Angus demonstrou bons resultados, mas não alcançou a estimativa de ganho de peso esperada.
Façanha et al., (2014) reforçam que o ganho de peso da raça Angus não seguiu o parâmetro esperado devido a que essa categoria bovina tende a ser mais propensa ao estresse térmico em ambientes quentes e secos devido à sua pelagem densa e à menor capacidade de dissipar calor em comparação com raças zebuínas, como o Nelore. O estresse térmico afeta diretamente o desempenho dos animais, comprometendo a ingestão de alimentos e a taxa de crescimento.
Adicionalmente, os fenômenos climáticos extremos, como variações de temperatura e escassez de chuvas, impactam os sistemas produtivos e comprometem a qualidade das pastagens. A redução das precipitações diminui a disponibilidade de água para o consumo dos animais e para a irrigação das pastagens, prejudicando a saúde e a produtividade dos rebanhos (Conab, 2024).
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cenaden), 58% do território nacional, experimentaram condicções de seca no início de março até agosto de 2024. Vários municípios brasileiros tiveram mais de 80% de suas áreas impactadas pela seca, principalmente as pastagens, que afetam diretametne a pecuária nessas regiões (Exame 2024).
Um estudo comparativo feito por Oliveira et al. (2019) indicou que mesmo os bovinos da raça Nelore apresentando algumas vantagens em relação ao Angus e Tabapuã como maior resistência ao calor e doenças, a média de ganho de peso diário do Nelore foi inferior comparada às outras raças, em que animais da raça Angus apresentaram uma média de 1,4 kg por dia, animais da raça Tabapuã aprensentaram 1,1 kg e bovinos Nelore apresentaram ganho diário de 0,9 kg por dia, evidenciando a superioridade genética que existe entre as raças para ganho de massa muscular e conversão alimentar.
Sobre as limitações observadas, acredita-se que a ausência de diferenças estatísticas significativas observadas no peso dos animais das diferentes raças / cruzamentos frente a inclusão do DDM Top Turbo V-10 Plus® deve-se ao pequeno espaço de tempo experimental. De acordo com Oliveira et al. (2019) o período ideal para engorda de bovinos em semiconfinamento varia de 90 a 120 dias, dependendo das condições de alimentação e do manejo.
Os resultados observados neste experimento evidenciam a necessidade de novos estudos que ampliem o período experimental, considerem diferentes condições ambientais e aumentem o número de animais avaliados. Estudos com maior duração são essenciais para captar respostas fisiológicas e metabólicas mais amplas, que podem ser influenciadas por variações sazonais e adaptativas. Além disso, o aumento no tamanho amostral contribuirá para melhorar a precisão estatística e a generalização dos resultados, especialmente em experimentos que avaliam a interação de fatores genéticos e nutricionais.
CONCLUSÃO
Baseado nos resultados concluímos que não houve ganho de peso diferencial nos animais que receberam o núcleo DDM Top Turbo V-10 Plus®. Sugere-se novos estudos que ampliem o período experimental, condições sazonais e outros fatores que possam influenciar no ganho de peso de bovinos de corte.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à empresa Biofoz que nos forneceu o núcleo para a pesquisa. Ao dono da propriedade que possibilitou a implantação do experimento. Ao nosso orientador que nos deu a oportunidade e o saber que adquirimos para o desenvolvimento desse trabalho, e ao longo do curso, e a todos os amigos graduandos da nossa turma de 2024.
REFERÊNCIAS
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UNINGÁ – Centro Universitário Ingá, Departamento Medicina Veterinária *mariavitoriaaparecidasala2@gmail.com *brunodelimanazaripio@gmail.com