AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE CORANTES DURANTE O CLAREAMENTO

EVALUATION OF THE INFLUENCE OF DYES DURING WHITENING

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410261519


Autores:
Matheus Correia Gomes Viana1
José Gabriel Bernardino da Silva Brito2
Maria Iolanda Ferreira Sant’ana Tavares de Lima4
Luan Santos Galvão Rosal3
João Victor Espíndola Silva4
Maria Eduarda Gonzaga de Oliveira Santos4
Alane Beatriz Silva dos Santos3
Renata Pedrosa Guimarães5
Orientadores:
Hilcia Mezzalira Teixeira5
Alexandre Batista Lopes do Nascimento5


RESUMO

Um sorriso harmômico apresenta uma influência significativa na vida das pessoas, principalmente do ponto de vista social, visto que um sorriso agradável, como ter os dentes os dentes em posição correta e com a cor mais branca são associadas a um indivíduo como sendo belo e saudável. A cor dos dentes é uma das maiores preocupações que as pessoas têm e para torná-lo mais branco, recorrem ao clareamento dental. Porém, muitos pacientes se deparam com uma recomendação comumente dita pelos Cirurgiões-Dentistas sobre a restrição de dieta durante o procedimento clareador, o que pode virar um empecilho para muitas pessoas. Esse assunto ainda é alvo de divergência quanto a sua eficácia, se alimentos corantes podem interferir ou não no resultado final.  Sendo assim, o obejtivo do presente trabalho foi verificar, atravé de uma revisão e literatura, se há relação entre o consumo de corantes e a piora na performance do clareamento dental. Para isso, foram analisados 17 artigos científicos, em bases de dados online, durante o período de 2011 a 2021, sendo desde estudos laboratoriais a clínicos. Foi possível concluir que o uso de alimento e bebidas corantes durante o proceimento não influenciou de forma negativa no resultado final do clareamento, no entanto, esse assunto ainda não é uma unânimidade. Como há divergências na literatura, é necessário que hajam mais estudos sobre o assunto.

Palavras-chave: Clareamento dental; corantes de alimentos; café

ABSTRACT

A harmonious smile has a significant influence on people´s lives, especially from a social point of view, as a pleasant smile, like having teeth in the correct positiion and with a whiter color, are associated with an individual as being beautiful and healthy. Teeth color is one of the biggest concerns that people have and to make it whiter, they turno to tooth whitening. However, many patientes are faced with a recommendation commonly given by dentists about diet restriction during the whitening procedure, which can become an obstacle for many people. This issue is still subject to divergence as to its effectiveness, whether coloring foods can interfere or not in the final result. Therefore, the objective of the present work is to verify if there is a relantionship between the consumption of dyes and the deteroriation in the performance of tooth whitening. For this, 17 scientific articles were analyzed, in online databases, during the period from 2011 to 2021, ranging from laboratory to clinical studies. It was possible to conclude that the use of food and coloring beverages during the procedure did not negatively influence the final bleaching result, however, this issue is still not unanimous. As there are divergences in the literature, further studies on the subject are needed.

Keywords:  tooth bleaching; food coloring agents; coffee

1. INTRODUÇÃO

A harmonia do sorriso têm uma grande influência na vida das pessoas, principalmente do ponto de vista do aspecto social. Um sorriso harmônico é geralmente associado a um indivíduo como um ser belo e saudável. ¹ Vários fatores podem alterar a estética de um sorriso, como posição, formato e cor dos dentes. Dentre esses fatores, a cor dos dentes tem uma considerável influência na percepção das pessoas. Então, para conseguir dentes mais brancos, muitas pessoas têm recorrido aos procedimentos estéticos para clarear os dentes, principalmente o clareamento dental, devido ao fato de ser um procedimento conservador, seguro, efetivo e de custo mais acessível. ²,³ 

Sabe-se que a busca por um sorriso mais branco não vem sendo um fenômeno recente no mundo. Já existem relatos na Bíblia mencionando que dentes mais brancos eram considerados atrativos e joviais. Um filósofo grego, chamado Teofrasto, já tinha escrito que era uma virtude ter uma frequência de escovação dental e ter dentes brancos. 4,5,6,7,8,9 

Várias técnicas foram surgindo e evoluindo até se chegar a uma que é considerada um marco divisor na odontologia estética. O tratamento que faz uso do peróxido de carbamida a 10% para clareamento caseiro e supervisionado foi descoberto por causa das observações de um ortodontista, chamado Dr. Bill Klusmier, que prescrevia para seus pacientes que tinham quadro de gengivite, um antiséptico bucal, o gly-oxide, para ser empregado durante a noite dentro de um dispositivo ortodôntico que se assemelhava muito a um protetor esportivo. Como resultado, observou a redução da inflamação gengival como também o clareamento dos dentes. Atualmente, peróxido de carbamida e o peróxido de hidrogênio são amplamente utilizados, em diversas concentrações que variam, para o peróxido de carbamida na modalidade de clareamento supervisionado, de 10% a 22%, e para o clareamento de consultório, de 35%. Quanto ao peróxido de hidrogênio, para clareamento supervisionado, a concentração varia de 1,5% a 9%, e para clareamento de consultório, de 35% a 38%. 4,5,6,7,8,9

Por sua vez, o clareamento dental tem por objetivo ser uma medida corretiva para tratar as pigmentações dentárias, que podem ser classificadas de 2 maneiras: extrínsecas e intrínsecas.10 Os fatores intrínsecos são subdivididos em préeruptivos e pós-eruptivos. Nos pré-eruptivos, as causas de pigmentação podem ser a eritroblastose fetal, icterícia grave, fluorose e amelogênese imperfeita. Ainda nessa categoria, o uso do antibiótico Tetraciclina por parte da mãe durante a gestação, principalmente no segundo trimestre de vida intra-uterino também pode afetar negativamente a cor dos dentes da criança. No pós eruptivo, se enquadra o traumatismo dental, com associação ou não à necrose pulpar, as doenças sistêmicas, alterações da forma do dente e envelhecimento dental. Já as manchas extrínsecas provém de pigmentos advindos da dieta alimentar, que entram em interação com o esmalte dentário. Os principais causadores são tabagismo, medicamentos como clorexidina, acúmulo de placa bacteriana e, principalmente, ingestão de alimentos e bebidas, como café, refrigerantes a base de cola, vinho tinto. 11,12 No tabagismo, focadamente no cigarro, existem várias substâncias (alcatrão, cacau, açúcar, amônia, níquel, arsênio, metais pesados, monóxido e dióxido de carbono) que têm o potencial, em conjunto, de impregnar na estrutura do esmalte e começar a produzir o escurecimento.13,14,15,16 O café é capaz de causar a pigmentação no dente porque, além de ter a coloração escura, possui um pH ácido. E esse pH causa um aumento da permeabilidade e propicia o aumento da penetração dos corantes escuros. ³

Para conseguir chegar no objetivo de clarear os dentes, retirando esses pigmentos aderidos, o Cirurgião-Dentista lança mão do clareamento dental. Que podem ser divididos em clareamento caseiro com moldeira individual, e em consultório e associação de clareamento caseiro/consultório.12  Para esse objetivo de apresentar dentes mais brancos, é preciso compreender o mecanismo de ação dos géis clareadorores. A pigmentação nos dentes ocorre devido a formação de estruturas com ligações quimicamente fracas mas estáveis na superfície externa do esmalte, através de ligações Van der Waals, dipolo-dipolo ou ponte de hidrogênio.17 O clareamento funciona basicamente através da oxidação, onde na quebra dessas ligações há a formação de estruturas intermediárias, com uma cadeia menor de carbono, e havendo liberação de CO2 e H2O, em conjunto com o oxigênio nascente.5

O objetivo do presente trabalho foi verificar na literatura se há relação entre o consumo de corantes e a piora na performance do clareamento dental.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ESTRATÉGIAS DE ESTUDO

Para o presente estudo, foi realizada uma revisão bibliográfica nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed, Science Direct, Periódicos Capes, Medline, Google acadêmico, Lilacs, Bireme, utilizando os seguintes descritores: “corantes”, “clareamento dental” “tooth whitening dyes” “tooth whitening”. A busca de dados foi realizada abrangendo os artigos publicados no período entre 2011 e 2021.

2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DOS ESTUDOS

Os artigos foram lidos e categorizados como relevantes ou não para o tema, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, listados no Quadro 1. 

Quadro 1: Critérios de inclusão e exclusão dos artigos selecionados

Critérios de Inclusão  Critérios de Exclusão  
Artigos científicos de pesquisa publicados em revistas nacionais ou internacionais, que abrangessem os descritores propostos.Revisões de literatura 
Período: entre 2011 e 2021Artigos que não estejam no período compreendido entre 2011 e 2021
Idiomas: Inglês e portuguêsOutros idiomas

3. RESULTADOS

Diante da metodologia aplicada, foram obtidos 17 artigos, nos quais foram buscados nas bases de dados, Pubmed, Google Acadêmico, Lilacs, Scielo, Science Direct. Esses trabalhos foram lidos e utilizados no presente estudo de revisão da literatura (Quadro 2).

Quadro 2: Trabalhos utilizados na revisão da literatura

4. AutorTítuloAno
Shereen S. Azer, Anne L. Hague, William M. JohnstonEffect of bleaching on tooth discoloration from food colorant in vitro2011
Márcia Rezende, Alessandro Dourado Loguercio, Alessandra Reis, Stella KossatzClinical Effects of Exposure to Coffee During At-home Vital Bleaching2013
Gabriel Côrtes, Núbia Pavesi Pini, Débora Alves Nunes Leite Lima , Priscila Christiane Susy Liporoni , Egberto Munin, Gláucia Maria Bovi Ambrosano, Flávio Henrique Baggio Aguiar, José Roberto LovadinoInfluence of coffee and red wine on tooth color during and after bleaching2013
Carolina França de Medeiros Melo, Fernanda Borguetti Manfroi, Ana Maria SpohrMicrohardness and Roughness of Enamel Bleached with 10% Carbamide Peroxide and Brushed with Different Toothpastes: An In Situ Study
2014
Rodrigo Pirolo, Rafael Francisco Lia Mondelli, Gisele Maria Correr, Carla Castiglia Gonzaga, Adilson Yoshio FuruseEffect of coffee and a cola-based soft drink on the color stability of bleached bovine incisors considering the time elapsed after bleaching2014
Márcia Rezende, Rayllan Ribeiro De Cerqueira, Alessandro Dourado Loguercio, Alessandra Reis, Stella KossatzCorantes com e sem açúcar versus efetividade do clareamento dental: estudo ex vivo 2014
Aline Akemi Mori, Fernanda Ferruzzi Lima, Ana Raquel Benetti, Raquel Sano Suga Terada, Mitsue Fujimaki, Renata Correa PascottoSusceptibility to Coffee Staining during Enamel Remineralization Following the In-Office Bleaching Technique: An In Situ Assessment2015
BA Matis, G Wang, JI Matis, NB Cook, GJ Eckert White Diet: Is It Necessary During Tooth Whitening?2015
AL Briso, TC Fagundes, MO Gallinari, J Moreira LCAG de Almeida, V Rahal, RS Gonçalves, PH dos SantosAn In Situ Study of the Influence of Staining Beverages on Color Alteration of Bleached Teeth2016
Débora Monteiro, Allyson Moreira, Tulimar Cornacchia, Cláudia MagalhãesEvaluation of the effect of different enamel surface treatments and waiting times on the staining prevention after bleaching2017
Fadi A. L. Farawati, Shu-Min Hsu, Edgar O’Neill, Dan Neal, Arthur Clark, Josephine Esquivel-UpshawEffect of carbamide peroxide bleaching on enamel characteristics and susceptibility to further discoloration2019
Jhones-Suelone-Pontes Nogueira, Paulo-Cardoso Lins- Filho, Marlon-Ferreira Dias, Marianna-Falcão Silva, Renata- Pedrosa GuimarãesDoes comsumption of staining drinks compromise the result of tooth whitening?2019
Viviane Hass, Stephanye Tavares Carvalhal, Suellen Nogueira Linares Lima, Andrés Alejandro Viteri-Garcia, Etevaldo Matos Maia Filho, Matheus Coelho Bandeca, Alessandra Reis, Alessandro Dourado Loguercio, Rudys Rodolfo De Jesus TavarezEffects of Exposure to Cola-Based Soft Drink on Bleaching Effectiveness and Tooth Sensitivity of In-Office Bleaching: A Blind Clinical Trial2019
Natália Maria Velozo dos Santos,  Fernanda Buccolo Losada, Renata Pedrosa GuimarãesClinical Trial on the Influence of the Consumption of Dyes during Supervised and Domestic Tooth Bleaching2019
Daniela Luzimar Claudino, João Victor Frazão Câmara, Osmar De Agostinho Neto, Ericles Otávio Santos, Gisele Damiana Da Silveira Pereira, Isabel Ferreira BarbosaEffect of pigmenting agents on tooth enamel staining during immediate tooth whitening: an in vitro study2020
Thaís Brenda Barbosa, Regina Fernanda Tavares, Natanny Karla Batista, Caroline Tâmega de Lima, Laís Lemos Cabral, Anna Thereza RezendeÉ necessário a restrição de corantes durante o clareamento?2020
João Victor Frazão Câmara, Luine De Paiva Pereira Santos De Souza, Daniel Otero Amaral Vargas, Isabel Ferreira Barbosa, Gisele Damiana Da Silveira PereiraEffect of tooth enamel staining by coffee consumption during at-home tooth bleaching with carbamide peroxide2020

5. DISCUSSÃO

O claramento dental é um dos procedimentos mais realizados dentro do consultório odontológico. Os pacientes procuram esse procedimento visando a estética dental, um sorriso mais branco e também por ser mais acessível, em comparação com outros procedimentos que tem esse mesmo objetivo. Para não afetar a efetividade do clareamento, os Cirurgiões-Dentistas recomendam a seus pacientes a não ingestão de alimentos e bebidas ricos em corantes, como café, vinho, ketchup, cigarro, entre outros, durante o clareamento. No entanto, essa recomendação é alvo de discussão quanto a sua necessidade.

Dentro do período de investigação do presente estudo, há uma certa variedade de conclusões acerca desse assunto. Segundo Azer et al.18, no estudo que produziram, foi feita uma avaliação do efeito do clareamento na descoloração dos dentes a partir de um alimento com coloração neutra. Foi concluido que o grau de manchas extrinsecas nos dentes pigmentados devido aos alimentos parece ser maior nos dentes clareados comparado aos não clareados. O que levou os autores a concluirem que pode ser benéfico evitar alimentos pigmentados logo após o clareamento e durante o tratamento em si, afim de otimizar o efeito final. 

Rezende et al. ³ explicaram que, devido o pH do café ser mais ácido, em torno de 5.0, podendo causar um aumento na permeabilidade do esmalte, o que pode contribuir para uma pigmentação dentária. Quando o uso do café ocorre durante o tratamento clareador, com peróxido de hidrogênio, que em altas concentrações, pode promover o aumento na rugosidade superficial do esmalte, infere-se, portanto, que o consumo de alimentos pigmentados durante o clareamento dental ou imediatamente após a sessão, pode comprometer a estabilidade e eficácia do resultado.

Ainda, sobre rugosidade e alteração de cor Melo et al.19, realizaram uma pesquisa com abordagem diferente, na qual foi visto que o uso de peróxido de carbamida a 10% em conjunto com o uso de diferentes pastas dentais aumentou a rugosidade superficial e diminuiu a microdureza do esmalte, podendo ser um fator retentivo para pigmentos, caso o paciente esteja consumindo alimentos pigmentados durante o clareamento. No entanto, esse é um assunto controverso, pois há outros estudos na literatura que concluiram que o consumo de alimentos pigmentados não interferiu na efetividade e no resultado final do clareamento. 

A pesquisa realizada por Farawati et al. 20 buscou responder a alguns questionamentos, dentre eles, se há mudanças morfológicas na topografia da superfície do esmalte após a pigmentação e clareamento, com peróxido de carbamida, subsequentemente. Os autores concluíram que o clareamento não alterou a topografia e não aumentou a susceptibilidade do esmalte a reter manchas. Esse dado já entra em conflito com Melo et al.19 

No estudo de Mori et al. 21 os autores concluiram que o clareamento dental provocou uma perda mineral logo após o uso com peróxido de hidrogênio 35%, porém a saliva foi progressivamente realizando a remineralização do esmalte. Já Côrtes et al.22 constataram que a remineralização da saliva, em conjunto com a subsequente sessão de clareamento, foi efetivo na prevenção da pigmentação do esmalte. Em concordância, Monteiro et al.23 observaram esse mesmo tratamento superficial da saliva e sua efetividade. Uma diferença vista entre esses últimos dois artigos é que o segundo constatou que o contato dos dentes com vinho tinto imediatamente ou uma hora após o procedimento clareador não afetou a cor do dente já clareado23. Côrtes et al. 22, supracitado anteriomente, relataram que a exposição dos dentes ao café e ao vinho, logo após o procedimento clareador, causaram uma mudança na cor dos dentes, sendo principalmente o vinho como maior indutor de pigmentação na estrutura dentária, comparado ao café.  

No entanto, com relação a efetividade do clareamento diante da exposição aos corantes, como constatado por Mori et al. 21,Côrtes et al. 22 e Monteiro et al. 23, foi verifcado que não há interferência no resultado final do clareamento.  

Também, com relação a essa interação do vinho e substâncias corantes, estando também em concordância, Santos et al.24 sugeriram que há uma influência do vinho maior do que o do café, já que é uma subtância ácida, possui a coloração mais escurecida e têm álcool  na composição. Assim como visto que o suco de uva, que apresenta um pH 2, não demonstrou uma influência significativa no resultado do clareamento. Porém, é necessário que haja mais estudos que façam uma avaliação comparativa entre os corantes com diferentes pH para que se possa observar se há uma influência negativa ou não, fidedignamente.

Outros estudos observaram nuânces, dentro das suas limitações de pesquisa, que merecem ser relatados no presente estudo. Briso et al.² observaram que o consumo de alimentos corantes não afetou, de forma geral, a mudança na cor dos dentes ao fim do tratamento, porém, esse consumo influenciou na diferença da dimensão da cor (Matiz, croma e valor). Já Nogueira et al.25, também verificou a não influência dos pigmentos na cor final do clareamento, no entanto, foi constatado que houve influência na velocidade do processo clareador entre as sessões do tratamento.

No presente estudo de revisão bibliográfica, a grande maioria dos trabalhos levantados chegaram a conclusão que essa ingestão de alimentos e bebidas com concentração de pigmentos não influenciou na efetividade do clareamento, ou seja, não havendo influência significativa no nível de branco a que o dente chegou como resultado final das sessões de clareamento dental. 1,3,10,11,26,27,28,29  

Diante dos trabalhos levantados para essa pesquisa bibliográfica, é possível observar que não há um consenso na literatura quanto a permissão do consumo de corantes pelo paciente durante o clareamento, no entanto é necessário ressaltar que dentre esses trabalhos levantados, a sua marioria aponta que o consumo não interfere no resultado final. Todavia, é necessário que haja mais estudos para que esse assunto venha a se tornar um consenso com mais solidez. Também é necessário entender que a maioria desses estudos foram realizados em laboratório, como Barbosa et al.11, Matis et al.26 Azer et al.18, Camara et al.28, Claudino et al.¹ , Côrtes et al.22, Farawati et al.20, Monteiro et al. 23, Mori et al. 21, Piloro et al. 27, Rezende et al.10, Nogueira et al.25, Briso et al.² na tentativa de simular as condições intrabucais. Apenas os trabalhos de Hass et al.29, Rezende et al.3, Santos et al.24, Melo et al.19 foram estudos clínicos. Portanto, devido a maioria dos estudos serem de natureza laboratorial, essa se mostra uma limitação da performance desses trabalhos visto que as condições reproduzidas podem não fornecer o máximo de fidedignidade comparado ao meio intraoral, tanto para mais quanto para menos.

6. CONCLUSÃO

A presente revisão de literatura conclui que: 

– O uso de alimentos e bebidas corantes não influenciou negativamente no resultado final do clareamento dental.

– Há divergências na literatura sobre o uso ou não alimentos corantes durante o clareamento, assim como também logo após. 

7. REFERÊNCIAS 

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1Cirurgião Dentista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)– Campus Recife, Pernambuco, Brasil.
2Discente do curso de odontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)– Campus Recife, Pernambuco, Brasil.
3Discente do curso de odontologia do Centro Universitário Maurício de Nassau –
Campus Recife, Pernambuco, Brasil
4Discente do curso de odontologia da Universidade de Pernambuco (UPE) – Campus Recife, Pernambuco, Brasil.
5Professor do departamento de Prótese e Cirurgia Buco Facial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)– Campus Recife, Pernambuco, Brasil