AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE EM ENFERMARIAS DE UNIDADES HOSPITALARES: EVIDÊNCIAS E DESAFIOS

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Dr. Mauricio de Sant Anna Junior (RJ)

Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR/COFFITO, Mestre em Ciências da Atividade Física – Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Doutor em Ciências Médicas – Universidade Federal Fluminense (UFF), Professor do Curso de Bacharelado em Fisioterapia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), membro do Grupo de Estudos em Reabilitação na Alta Complexidade (GERAC – IFRJ) e membro da Câmara Técnica de Fisioterapia Cardiovascular do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional na 2ª Região (CREFITO-2). PALESTRANTE CONFIRMADO

Contextualização: Um dos grandes desafios contemporâneos na unidade hospitalar é a avaliação da funcionalidade, em virtude de ser um ambiente de alta complexidade e com diversos cenários, tais com unidade de terapia intensiva (UTI), unidades de especialidade (neurointensivismo, cardiointensivismo, pós-operatório, dentre outras). Esse desafio se estende as enfermarias das unidades hospitalares, uma vez que muitos dos pacientes da UTI, ao receberem alta, serão direcionados, e passarão por um momento importante de transição hospital-residência, que ocorre justamente nas enfermarias. Historicamente, para as ciências da saúde o termo avaliação surge como uma ferramenta de controle. Etimologicamente, a palavra avaliação advém do latim (a + valere = atribuir mérito ou valor ao objeto em estudo) referindo-se à observação e à mensuração da capacidade de realização das atividades da vida diária (aquelas desenvolvidas cotidianamente). Diante do exposto, os desafios são constantes uma vez que passam por questões que envolvem: quais estruturas, funções, atividades e participação avaliar; quais ferramentas utilizar; quais dados extrair; e, principalmente, e talvez a mais complexa observação, como interpretar os resultados e conseguir utilizá-los para a uma adequada estratificação, prescrição e acompanhamento.

Desenvolvimento: A avaliação da autonomia e de realização atividades de vida diária deve ser sempre contemplada, e diversos instrumentos estão sendo utilizados para essa finalidade nas enfermarias de unidades hospitalares, com destaque para o índice de Barthel, descrito em 1965, e extremamente difundido no ambiente ambulatorial e posteriormente no cenário hospitalar. A medida de independência funcional (MIF), descrita em 1987, seguiu na mesma direção e hoje é utilizada em muitos serviços hospitalares, assim como as ferramentas para mensuração de fragilidade em idosos, incluindo a Escala Clínica de Fragilidade que foi recentemente traduzida para o português, visto que esse é um grande publico admitido nas unidades hospitalares. A averiguação de como se encontra o equilíbrio e do risco de quedas dos pacientes também tem sido bastante difundida, e as ferramentas mais frequentemente utilizadas são as escalas de Berg e Tinetti, além do Timed-up-and-go test (TUG). A investigação da existência de sarcopenia vem ganhando cada vez mais espaço no escopo da avaliação hospitalar, em virtude de estar associada com desfechos relacionados à morbidade e mortalidade. Não é possível a realização de uma adequada avaliação de sarcopenia sem a utilização além do questionário SARC-F, de dados antropométricos, força de preensão palmar, velocidade de marcha, Short physical performance battery (SPPB) que são importantes ferramentas de avaliação já descritos na literatura e do TUG que passa a ganhar uma importância nesse contexto também. O teste de degrau, com os seus mais diversos protocolos (dois degraus de Master, descrito em 1929; Harvard pack test, descrito em 1942; Astrand-Ryhmin, descrito em 1954; Queen’s College, descrito em 1972, dentre outros) aos poucos começa a ser utilizado, porém ainda carece de evidências mais robustas, em especial que possam demonstrar sua associação com o consumo de oxigênio de pico (VO 2pico ). Por essa razão, o teste de caminhada de seis minutos (TC6M) continua sendo amplamente utilizado por diversos centros como ferramenta de avaliação, em especial como pré-alta hospitalar, sendo a distância percorrida utilizada como forma de predição de uma possível reinternação hospitalar. Cabe ressaltar que antes da aplicação de testes para predição da capacidade funcional, é de fundamental importância que o grau de dispneia possa ser avaliado, classicamente para pacientes cardiopatas deve-se utilizar a classificação da New York Haert Association (NYHA) e para pneumopatas a Medical Research Council (MRC modificada). Muitos profissionais também utilizam a sensação subjetiva de esforço descrita por Borg, em 1970. Considerações finais: Apesar de representar um grande desafio, a implementação de rotinas adequadas para avaliação da funcionalidade em enfermarias de unidades hospitalares irão permitir a definição de uma prescrição fisioterapêutica mais adequada, além de servir como ferramenta de gestão e para elucidação do perfil dos pacientes atendidos, distribuição de profissionais e insumos.

Leitura complementar:
Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis [published correction appears in Age Ageing. 2019 Jul 1;48(4):601]. Age Ageing. 2019;48(1):16‐31. doi:10.1093/ageing/afy169.

McCabe N, Butler J, Dunbar SB, Higgins M, Reilly C. Six-minute Walk Distance Predicts 30-day Readmission After Acute Heart Failure Hospitalization. Heart & Lung. 2017;46(4):287-292.

Rodrigues MK, Nunes Rodrigues I, Vasconcelos Gomes da Silva DJ, Pinto JM de S, Oliveira MF. Clinical Frailty Scale: Translation and Cultural Adaptation Into the Brazilian Portuguese Language. J Frailty Aging (2020). doi: 10.14283/jfa.2020.7

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