AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7516594


Gislene Araujo Pereira*1
Cláudia Adam Ramos2
Pablo Javier Grunmann2


Resumo:

O presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de fundos de investimento imobiliário (FIIs) negociados na bolsa de valores brasileira utilizando a metodologia a Análise Envoltória de Dados (DEA). Foi utilizado o modelo VRS (Variable Return of Scale) e orientação para inputs. Os dados sobre os FIIs foram acessados por meio da plataforma Fund Explorer. Para a modelagem, os FIIs foram separados por setores (Shoppings, Logística, Lajes Corporativas e Híbridos) e cada FII foi considerado como uma DMU (decision making unit).  Foram considerados como os fatores de input os indicadores Dividend Yield, P/VPA, Quantidade de imóveis e Vacância Física. Já os indicadores Rentabilidade Acumulada e Liquidez foram considerados como fatores de output. Por meio dos resultados obtidos pode-se verificar que essa metodologia constitui em um instrumento bastante útil, pois agrega informações para investidores no momento de decisão de quais os ativos incluir em suas carteiras de FIIs.

Palavras-chave: Fundo de Investimento Imobiliário. Análise Envoltória de Dados. Eficiência

Abstract:

This study aimed to evaluate the efficiency of real estate investment funds (FIIs) traded on the Brazilian stock exchange using the Data Envelopment Analysis (DEA) methodology. The VRS (Variable Return of Scale) model and guidance for inputs were used. Data on FIIs were accessed through the Fund Explorer platform. For modeling, the FIIs were separated by sectors (Shopping malls, Logistics, Corporate and Hybrid Floors) and each FII was considered as a DMU (decision-making unit). The indicators of Dividend Yield, P/VPA, Number of properties and Physical vacancy were entered as input factors. The Accumulated Profitability and Liquidity indicators were considered as output factors. Through the results obtained, it can be verified that this methodology constitutes a very useful tool, as it aggregates information for investors when deciding which assets to include in their FII portfolios.

Keywords: Real Estate Investment Fund. Data Envelopment Analysis. Efficiency.

1. INTRODUÇÃO

No anseio da construção de um patrimônio, notamos que cada vez mais as pessoas estão em busca de investimentos rentáveis e seguros para aplicarem seus recursos excedentes. Apesar de existir no mercado brasileiro diversas alternativas de investimentos, elas dividem-se em apenas duas categorias: aplicações em renda fixa ou aplicações em renda variável.  

Os investimentos em renda fixa são guiados pela taxa Selic e o investidor, quando realiza a aplicação, já tem informações sobre o rendimento obtido no final do prazo combinado. Tal previsibilidade faz com que essa categoria seja considerada de menor risco. Exemplos de investimentos de renda fixa são os Certificados de Depósito Bancário (CDB’s), Título de Tesouro Direto, Letras de Crédito (LCI e LCA), Fundo de Investimento de Renda Fixa e Carteiras Digitais Atreladas ao CDI (taxa do Certificado de Depósito Interbancário). 

No caso dos investimentos de renda variável, como o próprio nome indica, o rendimento a ser obtido dependerá do comportamento do mercado que evolui de acordo com as leis da oferta e demanda. Trata-se de uma modalidade de investimento com maior risco, pois costuma-se ter pouca previsibilidade sobre o futuro. Exemplos de investimentos de renda variável são Ações de Empresas, Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), Câmbio e Criptomoedas, Contratos Futuros, Contratos de Derivativos e Fundos de Investimentos Multimercados. 

A taxa Selic é o principal mecanismo da autoridade monetária para conter o avanço da inflação ou facilitar o acesso ao crédito na economia, e seu valor é definido pelo Banco Central, a partir da reunião do Comitê de Política Monetária da instituição (Copom). Como mecanismo de controle, a Selic não fica em permanente ascensão ou decrescimento. Seus movimentos vão depender dos diagnósticos do Banco Central sobre o cenário econômico vigente e na necessidade de restringir ou fomenta a circulação de dinheiro na economia.

Esses movimentos na taxa Selic fazem com que os investimentos em renda fixa se tornem atrativos em períodos com taxa alta. Já nos períodos de taxa baixa, os investidores passam a procurar melhores oportunidades de retorno fazendo com que as aplicações em renda variável se tornem mais atrativas. Apesar desse potencial para maiores ganhos, esses investimentos apresentam características de não previsibilidade de retorno, altas volatilidades e, consequentemente, maiores riscos. Diante dessa relação retorno e risco, investidores conservadores têm dificuldades em definir quais ativos incluir em sua carteira de investimento.

Dentre as modalidades dos investimentos de renda variável, os FIIs, principalmente os fundos compostos por imóveis físicos, os chamados fundos de tijolos, se destacam por apresentar menor volatilidade e consequentemente menor risco. Assim sendo, levando em conta a característica de menor risco dos FIIs e com o intuito de auxiliar investidores em sua busca por ativos para comporem suas carteiras, este estudo objetiva empregar a Análise Envoltória de Dados (DEA) para avaliação da eficiência de FIIs negociados na bolsa de valores brasileira.

O artigo está estruturado da seguinte forma: inicialmente é apresentada a Introdução, seguida da Fundamentação Teórica na qual são abordados: (i) Fundos de Investimento Imobiliário- FIIs; e (ii) Análise Envoltória de Dados-DEA.  Na sequência, apresenta-se a Metodologia, os Resultados e encerra-se com as Considerações Finais.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Fundamentação teórica
2.1.1 Fundos de Investimento Imobiliário-FIIs

De acordo com Assaf Neto (2014), FII é um conjunto de recursos monetários, formado com muitos investidores,  que se destinam à aplicação coletiva em carteira de títulos e valores mobiliários. Um FII é dividido em cotas e essas cotas representam a posse e direito de uma pequena porção desse fundo que tem administrador, gestor e possui ativos que podem ser imóveis físicos (fundos de tijolos) ou Certificados de Recebíveis Imobiliários-CRIs (fundos de papel).

Algumas legislações foram necessárias para a dinamização do mercado de FIIs. Podemos citar: a Lei 8668/1993 que instituiu os FIIs e designou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a autorização, regulamentação e fiscalização destes veículos; a Lei 9.779/1999 que regulamentou a tributação bem como regras para a distribuição de rendimentos e ganhos de capital dos fundos; a  Lei nº 11.196/2005  que isentou os rendimentos distribuídos pelos FIIs de imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual para pessoas físicas.

Os FIIs se caracterizam como uma opção para aquele investidor que, além do ganho com a valorização dos imóveis e, consequentemente, valorização das cotas, também deseja receber uma renda regular, pois as receitas periódicas geradas pelos imóveis do fundo costumam ser distribuídas para os cotistas (Geara, 2014).

Para Scolese et.al (2015), o investidor em FIIs objetiva a diversificação de  sua carteira  e  a  obtenção  de  um  fluxo  de  renda constante por meio de recebimento de aluguéis. A escolha dos FIIS que irão compor a carteira de investimento é fundamental para o seu desempenho, principalmente pelo fato do mercado imobiliário não ser homogêneo e apresentar diferentes padrões de comportamento entre os tipos de imóveis. Outro fato relevante se deve aos FIIs serem negociados na Bolsa de Valores, fazendo assim com que como todos os ativos de renda variável suas cotas sofram influência dos fatores do mercado financeiro. 

Na avaliação de um FII é importante analisar o retorno (rentabilidade) e o risco. A rentabilidade dos FIIs é composta pela distribuição dos rendimentos (lucros auferidos) e pela valorização da cota. Assim sendo, três parâmetros podem ser utilizados para avaliar essas rentabilidades: P/VP (preço por cota sobre valor patrimonial por cota), Dividend Yield (divisão entre o provento pago por um FII e o preço da sua cota) e Rentabilidade acumulada (retorno calculado do FII considerando o Dividend Yield e a variação do valor da cota em determinado período) (Baroni e Batos, 2018).

De acordo com Santana (2020), os principais riscos relativos ao investimento em FIIs são baixa liquidez e alta Vacância física.  O risco de liquidez consiste na dificuldade que o investidor enfrentará ao decidir vender suas cotas pelo valor de mercado.  Já o risco de vacância física consiste na dificuldade de se encontrar um locatário para ocupar áreas disponíveis nos imóveis integrantes do patrimônio do FII. Além da liquidez e da taxa de ocupação do fundo, um outro indicador importante é a quantidade de imóveis que o fundo tem, pois quanto maior for essa quantidade, mais diversificado ele será e menores serão os riscos de inadimplência e de possíveis problemas que possam vir a prejudicar a atratividade do fundo.

Segundo Ferreira e Gomes (2009), uma metodologia que vem ganhando destaque na avaliação de eficiência de ativos de investimentos é a Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis-DEA).  Assim, na seção seguinte será descrito esta metodologia.

2.1.2. Análise Envoltória de Dados-DEA

A Análise Envoltória de Dados-DEA é uma abordagem quantitativa e não paramétrica para avaliação de eficiência das unidades tomadoras de decisões (Decision Making Units -DMU) que atuam em um mesmo ramo de atividade (Cook & Seiford, 2009).

Os modelos de DEA estabelecem as melhores relações entre as variáveis de entradas (inputs) e saídas (outputs) de um conjunto de DMUs, traçando a chamada fronteira de eficiência e discriminando DMUs eficientes, isto é, aquelas situadas na fronteira, das demais DMUs, ditas ineficientes (Cooper et.al., 2007).

O primeiro modelo DEA foi proposto por Charnes, Cooper e Rhodes (1978), conhecido como CCR ou CRS (Constant Returns to Scale) esse modelo considera retornos constantes de escala entre inputs e outputs, isto é, alterações nas variáveis de insumo (ou produto) provocam alterações proporcionais nas variáveis de produto (ou insumo). Banker, Charnes e Cooper (1984) adicionaram uma restrição de combinação convexa no modelo CRS, criando um modelo que considera retornos variáveis de escala, conhecido como BCC ou VRS (Variable Return of Scale).

No quadro abaixo, são apresentados os dois  modelos  clássicos de DEA,  onde I e J  são os conjuntos de input e de output, respectivamente,  K o conjunto das DMUs analisadas,

i o peso associado ao input xik i∈I, e uj o peso associado ao output yjk j∈J.

Quadro 1: Modelos clássicos de DEA- CRS (Charnes, Cooper e Rhodes,1978) e VRS ( Banker, Charnes e Cooper, 1984).

Respectivamente para os modelos CRS e VRS, tem -se que as funções objetivas (1) e (6) fornecem a eficiência da DMU sob análise, uma vez que os somatórios ponderados dos inputs são iguais a 1, como expresso nas restrições (2) e (7). As inequações (3) e (8) garantem que as variáveis de decisão são tais que a razão entre a soma ponderada dos outputs e a soma ponderada dos inputs é, no máximo, igual a 1. As restrições (4), (5), (9) e (10) são de não-negatividade.  Na função objetivo (6) a variável u0 é irrestrita em sinal e indica se o rendimento é decrescente (u0 <0), constante (u0 =0) ou crescente (u0 >0) em escala.

2.2. Metodologia 

Este artigo se propõe a avaliar eficiências de FIIs por meio da metodologia DEA. A amostra selecionada é definida por 91 fundos imobiliários compostos por ativos de imóveis físicos, precisamente dos setores: Shoppings, Logística, Lajes Corporativas e Híbridos. Pensando na importância de diversificação de uma carteira de investimento, a amostra inicial será dividida em 4 grupos, onde cada grupo representa um setor, e o modelo VRS será empregado separadamente para cada um desse grupos. Além disso, com foco no pequeno investidor será considerado somente os FIIs com cotações de no máximo R$ 200,00. Os dados utilizados foram obtidos no dia 19 de dezembro de 2022, por meio da plataforma Fund Explorer. Cada FII da amostra será considerado como uma DMU. Como fatores de input serão considerados os indicadores Dividend Yield; P/VP; Quantidade de imóveis; Vacância Física. E como fatores de output serão considerados a Rentabilidade Acumulada e a Liquidez. Também será utilizado o valor normalizado das variáveis, uma vez que essas apresentam ordem de grandeza diferentes entre si.  O estudo foi realizado utilizando o software R (R Core Team, 2022).

3. Resultados e Discussões

Foram analisados 91 Fundos Imobiliários. As análises foram realizadas separadamente por setores.

O primeiro setor analisado foi o de Shoppings, com 18 fundos. Na Tabela 1 temos os FIIs desse setor, juntamente com as variáveis utilizada na modelagem e as eficiências calculadas pelo modelo VRS.

Tabela 1: DMU’s do setor Shopping -VRS


InputOutput
Fundo (DMU)EficiênciaDividend Yield (%)P/VPVacância (%)Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade(%)Liquidez
ABCP110,90690,810,777,518,385170
ATSA110,33350,060,8921,91-2,3630
BPML111,00000,450,515,870,45300
FIGS111,00000,780,4813,72-2,1410000
FVPQ111,00000,520,515,5110,591380
GSFI111,00000,030,3710,3100,0330300
HGBS111,00000,730,836,51723,25116770
HPDP111,00000,630,81211,64160
HSML111,00000,830,84,5616,4270780
JRDM111,00000,860,942,77118,955520
LASC111,00000,880,842,4310,7411150
MALL110,98710,740,934818,52181450
RBGS110,37250,620,99131-28,7113900
SCPF110,84810,30,4629,31-21,743820
VISC110,92550,730,878,31511,16200740
VSHO111,00000,910,7112,9633,112230
WPLZ110,84540,710,8211125,291540
XPML111,00000,750,943,91614,68358050

Fonte: Elaboração pelos autores.

O modelo CRS para o setor de Shopping considerou 11 fundos eficientes e 7 fundos não-eficientes. O fundo ATSA11- FII Hedge Atrium Shopping Santo André foi considerado o menos eficiente do setor. Esse FII possui uma alta vacância física (21,9%), somente 1 ativo na carteira,  rentabilidade acumulada negativa (-2,36%), e  uma  das menores liquidez (30),  confirmando assim como um fundo pouco eficiente.

Para uma melhor análise dos FIIs classificados como eficientes, na Tabela 2 apresentamos um ranking hierarquizado da seguinte forma: 1º. maiores rentabilidades; 2º. maiores Liquidez; 3º. maiores Quantidades de Imóveis; 4º. menores Vacâncias; 5º. maiores Dividend Yield; 6º. menores P/VP.

Tabela 2: Ranking dos FIIs eficientes do setor Shopping

Fundo (DMU)DividendYield
(%)
P/VPVacância
(%)
Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade
(%)
Liquidez
HGBS110,730,836,51723,25116770
JRDM110,860,942,77118,955520
HSML110,830,804,5616,4270780
XPML110,750,943,91614,68358050
LASC110,880,842,4310,7411150
FVPQ110,520,515,5110,591380
VSHO110,910,7112,9633,112230
HPDP110,630,81211,64160
BPML110,450,515,870,45300
GSFI110,030,3710,3100,0330300
FIGS110,780,4813,72-2,1410000

Fonte: Elaboração pelos autores.

Analisando esse ranking podemos dar destaques em 3 fundos, o HGBS11, HSML11 e XPML11. Esses fundos possuem altas rentabilidades (acima de 15%), não são monoativos (apenas um imóvel), apresentam vacâncias física relativamente baixas, e as maiores liquidez.  Embora o fundo JRDM11 ocupe a segunda posição deve ser analisado com cuidado, pois é um fundo que possui apenas um imóvel, fazendo assim que seu risco de inadimplência seja maior. 

O segundo setor analisado foi o de Logística, com 19 fundos. Na Tabela 3 temos os FIIs desse setor, juntamente com as variáveis utilizada na modelagem e as eficiências calculadas pelo modelo VRS.

Tabela 3: DMU’s do setor Logística – VRS


Inputoutput
Fundo (DMU)EficiênciaDividend Yield (%)P/VPVacância
 (%)
Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade
(%)
Liquidez
ALZR110,79570,681,030158,83146240
BLMG111,00001,080,7504-12,3359540
BRCO111,00000,680,7901013,32324080
FIIP11B1,00000,890,79071,5311630
GGRC111,00000,870,9102010,2100000
HGLG111,00000,681,096,9174,19452780
HLOG110,93670,710,775836,763950
HSLG110,94780,790,811,157,3627140
LGCP111,00000,760,760,558,2314170
LVBI111,00000,720,850,51018,67128520
MGLG111,00000,890,6303-18,84210
PLOG111,00000,990,720,4112,8114450
PQAG110,78730,790,92017,36440
RBLG110,87710,900,960116,45510
RBRL110,94750,780,7606-2,0585850
SDIL111,00000,890,92,6516,68162980
VILG111,00000,700,840167,96203580
VTLT110,87040,880,930112,832220
XPLG111,00000,740,848,8139,2668710

Fonte: Elaboração pelos autores.

A partir dos resultados da análise do modelo CRS para o setor de Logística , 12 fundos  foram considerados eficientes e 7 fundos não-eficientes. O fundo PQAG11- FII Parque Anhanguera foi considerado o menos eficiente do setor. Embora a taxa de desocupação seja de 0%, esse FII possui somente 1 ativo na carteira o que indica um alto risco de inadimplência, além disso quando comparados com os outros FIIs desse setor possui uma das menores liquidez (440), esses fatos fazem com que classificação do método DEA como um fundo não-eficiente seja coerente.

Com relação aos FIIs classificados como eficientes, na Tabela 4  apresentamos um ranking hierarquizado da seguinte forma: 1º. maiores rentabilidades; 2º. maiores Liquidez; 3º. maiores Quantidades de Imóveis; 4º. menores Vacâncias; 5º. maiores Dividend Yield; 6º. menores P/VP.

Tabela 4: Ranking dos FIIs eficientes do setor Logística

Fundo (DMU)DividendYield
(%)
P/VPVacância
(%)
Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade
(%)
Liquidez
LVBI110,720,850,51018,67128520
SDIL110,890,92,6516,68162980
BRCO110,680,7901013,32324080
PLOG110,990,720,4112,8114450
GGRC110,870,9102010,2100000
XPLG110,740,848,8139,2668710
LGCP110,760,760,558,2314170
VILG110,70,840167,96203580
HGLG110,681,096,9174,19452780
FIIP11B0,890,79071,5311630
BLMG111,080,7504-12,3359540
MGLG110,890,6303-18,84210

Fonte: Elaboração pelos autores.

Os FIIs que ocupam as três primeiras posições nesse ranking  são: LVBI11, SDIL11 e  BRCO11. Esses fundos possuem altas liquidez, são compostos por no mínimo 5 imóveis, suas rentabilidades são acima de 13%, e apresentam vacâncias física baixa. Além desse três, outro fundo bastante interessante é o GGRC11, ele possui 20 imóveis, tem uma rentabilidade acima de 10% e uma vacância física zero.

O terceiro setor analisado foi o de Lajes Corporativas, com 30 fundos. Na Tabela 5 temos os FIIs desse setor, juntamente com as variáveis utilizadas na modelagem e as eficiências calculadas pelo modelo VRS .

Tabela 5: DMU’s Setor Lajes Corporativas – VRS


Inputoutput
Fundo (DMU)EficiênciaDividend Yield
(%)
P/VPVacância
(%)
Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade
(%)
Liquidez
AIEC111,00001,080,6702-0,7930650
BBPO111,00001,030,850646,28187960
BLCA110,53100,62101-1,9810
BMLC110,77030,850,947224,031040
BTWR110,50070,40,941212,156710
CBOP110,52980,890,7133,591-16,382860
CEOC111,00000,920,6012,581840
CNES110,80700,370,3556,71-1,52940
CTXT110,52440,390,33971-39,315200
DRIT11B0,87680,670,7910,4769,1910
EDFO11B0,53960,751,027,1110,95110
EDGA111,00000,850,2748,811-14,533550
FPAB111,00000,840,2833,791-2,7844950
GTWR110,86490,940,76013,2268010
HAAA110,44570,660,91171-9,0510
HGRE110,93540,60,7627,13214,46117230
ONEF110,93370,540,840141,262940
PATC110,74730,390,8521,9616,8532780
PRSV110,58180,420,5740,92-11,25100
PVBI111,00000,630,860,1411,45266750
RBCO110,85940,450,49464-15,0327170
RCRB111,00000,620,5628,41010,8727270
RMAI111,00000,550,3723,44126,77940
RNGO111,00000,90,5424,132,0417400
SPTW110,88541,050,7601-1,8558400
TEPP110,97130,670,739,0659,9350380
TRNT110,56700,420,6149,9120,2920
VINO111,00000,690,834,292,89247670
VLOL110,66790,60,950116,253440
XPCM111,00001,140,281001-13,733200

Fonte: Elaboração pelos autores.

O modelo CRS para o setor de Lajes Corporativas, considerou  11 fundos  eficientes e 19 fundos não-eficientes. O fundo HAAA11- FII HEDGE AAA foi considerado o menos eficiente do setor. Esse FII possui somente 1 ativo na carteira, uma das menores liquidez (10), e rentabilidade negativa (-9,05%).

Para uma melhor análise dos FIIs classificados como eficientes,  apresentamos  na Tabela 6 um ranking hierarquizado da seguinte forma: 1º. maiores rentabilidades; 2º. maiores Liquidez; 3º. maiores Quantidades de Imóveis; 4º. menores Vacâncias; 5º. maiores Dividend Yield; 6º. menores P/VP.

Tabela 6: Ranking dos FIIs eficientes do setor lajes corporativas.

Fundo (DMU)DividendYield
(%)
P/VPVacância
(%)
Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade
(%)
Liquidez
RMAI110,550,3723,44126,77940
PVBI110,630,860,1411,45266750
RCRB110,620,5628,41010,8727270
BBPO111,030,850646,28187960
VINO110,690,834,292,89247670
CEOC110,920,6012,581840
RNGO110,90,5424,132,0417400
AIEC111,080,6702-0,7930650
FPAB110,840,2833,791-2,7844950
XPCM111,140,281001-13,733200
EDGA110,850,2748,811-14,533550

Fonte: Elaboração pelos autores.

Com base nesses resultados,  podemos verificar que o fundo que  mais se destaca em relação aos demais, com relação a quantidade de imóveis  é o BBPO11, ele possui 64 imóveis, possui alta liquidez e vacância zero. No entanto sua rentabilidade é inferior a 10%, o investido deve analisar  melhor esse fundo, e verificar se a rentabilidade histórica atende ou não a seus objetivos.  O fundo que ocupa a primeira posição também deve ser analisado melhor, uma vez que possui uma das maiores vacâncias física. Já um outro fundo relevante é o PVBI11, ele possuei altas liquidez, não é monoativo, e apresentam baixa vacância física. 

O quarto setor analisado foi o Híbrido ,  com 17 fundos. Na Tabela 7 temos os FIIs desse setor, juntamente com as variáveis utilizada no modelagem e as eficiências calculadas pelo modelo VRS .

Tabela 7: DMU’s Setor Híbrido – VRS


inputoutput
Fundo (DMU)EficiênciaDividend Yield
(%)
P/VPVacância 
(%)
Quantidade
de Imóveis
Rentabilidade
(%)
Liquidez
BRCR111,00000,860,562115-3,08222760
BREV111,00000,790,840126,460
EVBI110,86110,780,960411,222560
FATN110,89190,850,914,371,59640
FLMA110,80220,740,7711214,253270
GALG111,00000,870,9906-98,92538830
HGRU111,00000,660,9801724,39318090
HSRE111,00000,621,070298,2820
JSRE110,98120,670,614,85-1,65179220
KNRI111,00000,640,8522014,86204840
NEWL111,00000,930,77024,388850
PATL111,00000,790,71045,67161510
RBRD111,00000,810,5215,524-4,933910
RECT110,99850,910,5415,18-13,72102350
RELG111,00001,110,6210,43-0,089780
SARE111,00000,920,716,235,55109790
VVPR111,00000,881,040615,95

Fonte: Elaboração pelos autores.

O modelo CRS para o setor Híbrido considerou 12 fundos eficientes e 5 fundos não-eficientes. O fundo FLMA11- FII Continental Square Faria Lima foi considerado o menos eficiente do setor. Esse  FII possui uma alta vacância física (11%),  somente 2 ativos na carteira,  e  uma  baixa liquidez (3270)  confirmando assim como um fundo pouco eficiente.

Apresentamos na Tabela 8  os FIIs classificados como eficientes, em um ranking hierarquizado da seguinte forma: 1º. maiores rentabilidades; 2º. maiores Liquidez; 3º. maiores Quantidades de Imóveis; 4º. menores Vacâncias; 5º. maiores Dividend Yield; 6º. menores P/VP.

Tabela 8: Ranking dos FIIs eficientes do setor Híbrido

Fundo (DMU)DividendYield
(%)
P/VPVacância
(%)
Quantidade de ImóveisRentabilidade
(%)
Liquidez
HGRU110,660,9801724,39318090
VVPR110,881,040615,9522110
KNRI110,640,8522014,86204840
HSRE110,621,070298,2820
BREV110,790,840126,460
PATL110,790,71045,67161510
SARE110,920,716,235,55109790
NEWL110,930,77024,388850
RELG111,110,6210,43-0,089780
BRCR110,860,562115-3,08222760
RBRD110,810,5215,524-4,933910
GALG110,870,9906-98,92538830

Fonte: Elaboração pelos autores.

Dentre os fundos considerados eficientes os 3 fundos que merecem destaques principalmente por apresentarem vacâncias física zero são o HGRU11, VVPR11 e KNRI11. Além de vacância física baixa esses fundos possuem rentabilidades acima de 14%, não são monoativos e possuem altas liquidez. 

Todos os FIIs de todos os setores, considerados eficientes são possíveis candidatos a ativos de uma carteira de investimento eficiente. A decisão da inclusão ou não de ativos na carteira é do investidor, que deve levar em conta suas metas e critérios pessoais de investimento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo se propôs em empregar a metodologia de Análise Envoltória de Dados (DEA) para avaliação da eficiência de FIIs negociados na bolsa de valores brasileira. Por meio dos resultados obtidos podemos verificar que essa metodologia é bastante interessante, uma vez que agrega informações para investidores no momento de decisão de quais os ativos incluir em suas carteiras de FIIs. 

Os resultados do método DEA, para cada setor, juntamente com os indicadores de retorno e risco foram apresentados, possibilitando assim que o investidor escolha dentre os FIIs eficientes aqueles que atender aos seus critérios e metas de investimento.

O estudo em questão não teve como foco a indicação de uma carteira de investimento, pois além dos indicadores utilizados na modelagem, outros fatores tais como a gestão do fundo, e a localização dos imóveis que compõem o fundo são extremamente importantes para composição de uma carteira eficiente.  

REFERÊNCIAS

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Cooper, W. W.; Seiford, L. M.; Tone, K. (2007).  Data envelopment analysis. 2ª. ed.
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Teoria, modelos e aplicações. Viçosa-MG: Editora UFV.

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R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna. Disponível em: https://www.R-project.org. Acesso em: 19 dez. 2022.

Santana, F. I. (2020). Análise da Indústria de Fundos de Investimento. Natal:
Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte.

Scolese, D., Bergmann, D.R., Silva, F.L., Savoia, J.R.F. (2015). Análise de estilo de Fundos Imobiliários no Brasil, Revista de Contabilidade e Organizações,  23,  25-35. http://dx.doi.org/10.11606/rco.v9i23.83452.


1Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL MG, Varginha – Minas Gerais – gislene.pereira@unifal-mg.edu.br 2Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL MG, Varginha – Minas Gerais