AVALIAÇÃO DA DOR EM IDOSOS SAUDÁVEIS E COM DEMÊNCIA

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Dra. Fernanda Vargas Ferreira (RS) Doutora e Pós-Doutora em Ciências da Saúde: Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Professora Adjunta do Curso de Fisioterapia e Docente da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).

Contextualização: A prevalência de dor varia entre 25–50% e de 45–80%, respectivamente, em idosos advindos da comunidade e institucionalizados (1). Associadamente, 35,3–63,5% de idosos com demência experimentam dor crônica (2) cuja perpetuação dolorosa parece envolver uma disfunção no processamento central que envolve aspectos afetivo-motivacionais, cognitivo-interpretativo e sensório-discriminativo (3). Frente a essa realidade, a avaliação da dor é essencial para se compreender a complexidade do fenômeno doloroso, a escolha de uma terapêutica e sua eficácia (4).

Desenvolvimento: A avaliação da dor no idoso deve englobar itens tais como localização, início, duração de tempo, intensidade, presença de fatores desencadeantes, atenuantes ou agravantes; identificação do tipo de dor (eg., nociceptiva); histórico clínico (doenças, traumas, medicamentos); sentimentos eliciados pelo quadro doloroso como raiva e tristeza; impacto sobre a funcionalidade (atividades cotidianas, laborais e de lazer); interpretação da dor pelo idoso e cuidadores/familiares. Outrossim, recomendam-se exame físico (eg., inspeção, palpação) e escalas de caráter unidimensional (eg., numérica da dor, faces) e multidimensional (eg., Medida de Dor Geriátrica). Entretanto, idosos com demência ou dificuldade de comunicação podem expressar a dor por meio de linguagem não verbal, podendo-se empregar escalas como Avaliação de Dor em Idosos com Habilidade Limitada para a Comunicação- Português (PACSLAC-P) que identifica, por exemplo, expressões faciais, movimento corporal e comportamento vocal (4); e Escala de Avaliação de Dor em Demência Avançada (PAINAD-BR) que averigua estado fisiológico (eg., respiração) e comportamentos (eg., tranquilidade) (5).

Considerações Finais: A avaliação da dor em idosos saudáveis ou com demência deve ser multidimensional e específica para essas populações no que tange à identificação e entendimento do quadro doloroso, bem como se deve considerar aspectos relacionados à qualidade do sono e à presença de sintomas ansiodepressivos que podem cursar e/ou agravar a dor.

Referências:

  1. AGS Panel on Persistent Pain in Older Persons. The management of persistent pain in older persons. J Am Geriatr Soc. 2002;50(6 Suppl):S205-S224. doi:10.1046/j.1532- 5415.50.6s.1.x
  2. Barry HE, Parsons C, Passmore AP, Hughes CM. Pain in care home residents with dementia: an exploration of frequency, prescribing and relatives\’ perspectives. Int J Geriatr Psychiatry. 2015;30(1):55-63. doi:10.1002/gps.4111
  3. Yang S, Chang MC. Chronic Pain: Structural and Functional Changes in Brain Structures and Associated Negative Affective States. Int J Mol Sci. 2019;20(13):3130. Published 2019 Jun 26. doi:10.3390/ijms20133130
  4. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Dor: o quinto sinal vital – abordagem prática no idoso. 2018. Disponível em: http:// https://sbgg.org.br/wp- content/uploads/2018/08/SBGG_-Guia_de_Dor-_final_site.pdf
  5. Pinto MC, Minson FP, Lopes ACL, Laselva CR. Adaptação cultural e validação da reprodutibilidade da versão em português (Brasil) da escala de dor Pain Assessment in Advanced Dementia (PAINAD-Brasil) em pacientes adultos não comunicantes. Einstein. 2015;13(1):14-9. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 45082015000100004&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1679-45082015AO3036.

Leitura complementar:

  1. Silva MR, Ferretti F, Pinto SS, Tombini Filho OF. Sintomas depressivos em idosos e sua relação com dor crônica, doenças crônicas, qualidade do sono e nível de atividade física. BrJP. 2018; 1(4): 293-298. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2595- 31922018000400293&lng=en. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180056.
  2. Alves ÉS, Oliveira NA, Terassi M, Luchesi BM, Pavarini SCI, Inouye K. Dor e dificuldade para dormir em idosos. BrJP. 2019; 2(3), 217-224. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2595- 31922019000300217&lng=en. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20190039.
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