REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202505251430
Ruan Corsi do Nascimento1
Orientador: João de Lucca Filho
RESUMO
A automação de serviços através da Inteligência Artificial (IA) tem se tornado cada vez mais proeminente, porém sua implementação no Brasil enfrenta desafios como diversidade linguística e compliance com a LGPD. Este estudo analisa a integração técnica do ChatGPT via API com token, avaliando sua viabilidade e impactos em eficiência operacional e experiência do cliente. Por meio de metodologia aplicada, desenvolveu-se um protótipo em Python utilizando Fast API e tokens JWT, testado em três empresas de e-commerce brasileiras (moda, eletrônicos e alimentação) com 1.200 interações simuladas e reais. Os resultados demonstraram redução de 40% no tempo médio de resposta (de 12 para 7 segundos), aumento de 25% na satisfação do cliente (NPS de 6.2 para 8.1) e taxa de resolução automática de 85%, ante 60% em sistemas tradicionais. Identificaram-se desafios críticos, como a necessidade de adaptação do modelo a dialetos regionais (ex.: variações lexicais entre “bolacha” e “biscoito”) e custos adicionais de 15% com infraestrutura de segurança para gestão de tokens. Conclui-se que a integração é viável e escalável, mas exige investimentos em treinamento de dados locais e protocolos de criptografia. O estudo oferece um roteiro prático para PMEs, equilibrando inovação e conformidade regulatória, e reforça o papel da IA como complemento à inteligência humana, não como substituto.
Palavras-chave: Inteligência Artificial, ChatGPT, LGPD, Integração via API, Tokens.
ABSTRACT
Customer service automation through Artificial Intelligence (AI) has gained global prominence, but its implementation in Brazil faces challenges such as linguistic diversity and compliance with the LGPD (General Data Protection Law). This study examines the technical integration of ChatGPT via API with tokens, evaluating its feasibility and impacts on operational efficiency and customer experience. Using an applied methodology, a prototype was developed in Python with FastAPI and JWT tokens, tested in three Brazilian e-commerce companies (fashion, electronics, and food) with 1,200 simulated and real interactions. Results showed a 40% reduction in average response time (from 12 to 7 seconds), a 25% increase in customer satisfaction (NPS from 6.2 to 8.1), and an 85% automated resolution rate, compared to 60% in traditional systems. Critical challenges were identified, such as the need to adapt the model to regional dialects (e.g., lexical variations between “bolacha” and “biscoito”) and additional costs of 15% for security infrastructure to manage tokens. It is concluded that the integration is viable and scalable but requires investments in local data training and encryption protocols. The study provides a practical roadmap for SMEs, balancing innovation and regulatory compliance, and reinforces the role of IA serves to complement human capabilities, not to substitute them.
Keywords: Artificial Intelligence, ChatGPT, API Integration, Tokens, LGPD.
1. INTRODUÇÃO
A automação de atendimento por meio de Inteligência Artificial (IA) representa uma revolução na eficiência operacional de empresas, porém sua implementação no Brasil enfrenta desafios técnicos, regulatórios e culturais únicos. Este artigo delimita-se ao estudo da integração do ChatGPT via API com token, focando em empresas de médio porte do setor de e-commerce, onde a demanda por atendimento ágil e personalizado é crítica. O problema central reside na escassez de pesquisas práticas que abordem a adaptação dessa tecnologia a contextos locais, como variações linguísticas regionais (ex.: diferenças entre “tu” e “você”) e a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Além disso, a infraestrutura desigual de internet em regiões periféricas impõe barreiras adicionais à adoção em escala.
Os objetivos deste estudo são: avaliar a viabilidade técnica da integração do ChatGPT via API com tokens de autenticação; mensurar ganhos em eficiência operacional (tempo de resposta, custos) e satisfação do cliente; e propor diretrizes para adaptação a peculiaridades linguísticas e regulatórias brasileiras. A justificativa apoia-se na urgência de reduzir custos operacionais (estimados em R$ 2,10 por interação humana) e na lacuna de estudos nacionais – apenas 18% das pesquisas sobre IA no Brasil abordam casos práticos (ABDI, 2023).
Metodologicamente, desenvolveu-se um protótipo em Python com Fast API e tokens JWT, testado em três empresas de e-commerce (moda, eletrônicos e alimentação), totalizando 1.200 interações. As hipóteses incluem: (a) a integração via API reduz o tempo de resposta em pelo menos 30%; (b) a personalização regional do modelo é essencial para alta aceitação do usuário; e (c) a gestão de tokens exige investimentos em segurança, mas mitiga riscos de violação da LGPD. Este trabalho visa, assim, oferecer um modelo replicável para PMEs, alinhando inovação tecnológica e compliance.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A integração de sistemas de IA generativa, como o ChatGPT, em processos de atendimento ao cliente demanda uma base teórica multidisciplinar, abrangendo desde tecnologias de processamento de linguagem natural (NLP) até compliance regulatório. Esta seção estrutura-se em quatro eixos principais, sustentados por pesquisas recentes e normas técnicas.
2.1 Automação de Atendimento e IA Generativa
A automação via chat bots é amplamente discutida na literatura como ferramenta para redução de custos e escalabilidade. Segundo Gartner (2022), empresas que adotam chat bots em atendimento registram economia média de 30% em operações de call center. No Brasil, porém, estudos como o de Silva e Costa (2021) destacam que apenas 34% das PMEs utilizam essa tecnologia, muitas vezes limitadas por soluções rule-based de baixa adaptabilidade.
O ChatGPT, baseado no modelo GPT-4, representa um avanço por permitir respostas contextualizadas. Conforme OpenAI (2023), seu treinamento em datasets multilíngues e capacidade de fine-tuning o tornam adequado para cenários complexos, como interpretação de intenções implícitas (ex.: “Quero devolver uma compra” vs. “Produto com defeito”).
2.2 Arquitetura Técnica: Integração via API e Tokens
A integração de APIs de IA requer protocolos robustos de segurança. Fielding (2000), em sua tese seminal sobre arquitetura REST, defende que APIs REST FUL são ideais para escalabilidade, mas exigem mecanismos como tokens JWT (JSON Web Tokens) para autenticação. Na prática, tokens atuam como “credenciais digitais”, limitando acesso a endpoints específicos e registrando transações para auditoria (IETF, 2023).
A Tabela 1 sintetiza desafios técnicos comuns em integrações de IA:

2.3 Diversidade Linguística no Atendimento Automatizado
A variação lexical e sintática do português brasileiro é um entrave crítico. Cunha (2017) identifica mais de 10 variações regionais para o termo “sandália” (ex.: “chinelo” no Nordeste). Sistemas de IA treinados em datasets globais, como o GPT4, frequentemente falham em reconhecer essas nuances, exigindo ajustes locais. Almeida (2020) propõe a criação de corpus regionais para fine-tuning, estratégia adotada por empresas como Magazine Luiza em chat bots de suporte.
2.4 Conformidade Regulatória: LGPD e Ética em IA
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) impõe requisitos rigorosos para o uso de IA em atendimento. Conforme Brasil (2018), o Artigo 20 garante ao cliente o direito à explicação de decisões automatizadas. Isso implica que sistemas como o ChatGPT devem gerar logs interpretáveis, vinculando respostas a bases de dados específicas (ABNT NBR 16156, 2023).
Além disso, Floridi et al. (2021) alertam para riscos éticos, como viés algorítmico em respostas. Por exemplo, um chat bot treinado predominantemente em dados de São Paulo pode negligenciar termos usados no Norte, reforçando desigualdades regionais.
2.5 Lacunas na Literatura
Apesar dos avanços significativos na área, ainda persistem lacunas relevantes que demandam atenção:
1. Falta de estudos sobre o custo-benefício de integrações de IA em PMEs brasileiras: A adoção de tecnologias de inteligência artificial por pequenas e médias empresas no Brasil carece de análises robustas que avaliem a relação custo-benefício, conforme apontado pela ABDI (2023).
2. Escassez de frameworks que associem tokens à conformidade com a LGPD: A integração de tokens em sistemas digitais ainda não possui diretrizes claras que garantam a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), como destacado por Oliveira et al. (2022).
Esta pesquisa tem como objetivo preencher essas lacunas, propondo um modelo tecnicamente viável, economicamente sustentável e adaptado ao contexto específico do Brasil.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta seção descreve os métodos e técnicas empregados para atingir os objetivos propostos, abrangendo desde a concepção do protótipo até a coleta e análise de dados. A metodologia adotada é de natureza aplicada e experimental, combinando:
– Uma abordagem quantitativa para a mensuração precisa de resultados e indicadores de desempenho.
– Uma abordagem qualitativa para a análise aprofundada dos desafios técnicos, regulatórios e operacionais envolvidos.
3.1 Desenho da Pesquisa
O estudo foi estruturado em três fases principais:
1. Desenvolvimento do Protótipo: Criação de uma API REST FUL para integração do ChatGPT.
2. Testes Controlados: Simulação de interações em ambientes controlados.
3. Aplicação em Cenários Reais: Implementação em três empresas de ecommerce brasileiras.
A Tabela 1 resume as etapas e ferramentas utilizadas:

3.2 Desenvolvimento do Protótipo
O protótipo foi desenvolvido em Python, utilizando o framework Fast API para criação da interface REST FUL. A autenticação foi garantida por tokens JWT (JSON Web Tokens), seguindo as melhores práticas de segurança recomendadas pelo NIST (2021). O fluxo de integração incluiu:
1. Recepção da Mensagem: O cliente envia uma solicitação via front-end.
2. Validação do Token: O sistema verifica a autenticidade do token JWT.
3. Chamada à API do ChatGPT: A mensagem é enviada ao ChatGPT, que gera uma resposta contextualizada.
4. Retorno da Resposta: A resposta é devolvida ao cliente em formato JSON.
3.3 Testes Controlados
Foram realizados testes em ambiente controlado para validar a eficiência e segurança do sistema. Utilizou-se o Postman para simular 500 interações, variando entre consultas simples (ex.: “Qual o status do meu pedido?”) e complexas (ex.: “Como devolver um produto com defeito?”). Métricas como tempo de resposta, taxa de erro e consumo de recursos foram monitoradas.
3.4 Aplicação em Cenários Reais
O protótipo foi implementado em três empresas de e-commerce, abrangendo os setores de moda, eletrônicos e alimentação. Foram coletados dados de 1.200 interações reais, com foco nas seguintes métricas:

3.5 Análise de Dados
Os dados coletados foram processados utilizando a biblioteca Pandas e visualizados com Matplotlib. A análise quantitativa focou em métricas operacionais, enquanto a qualitativa identificou desafios como:
– Adaptação a dialetos regionais (ex.: “bolacha” vs. “biscoito”).
– Custos adicionais com infraestrutura de segurança (15% do orçamento).
3.6 Considerações Éticas e Regulatórias
Todos os testes foram conduzidos em conformidade com a LGPD, garantindo anonimização dos dados dos clientes e transparência no uso de IA. Logs detalhados foram mantidos para auditoria e ajustes futuros.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção, apresentamos os principais resultados obtidos com a pesquisa e analisamos criticamente seus impactos e implicações. Os dados são apresentados de forma clara e estruturada, facilitando a compreensão dos leitores. Além disso, comparamos os achados com a literatura existente para entender se eles confirmam, complementam ou desafiam teorias previamente estabelecidas.
4.1 Redução do Tempo de Resposta
A implementação do ChatGPT via API resultou em uma redução significativa no tempo médio de resposta, passando de 12 para 7 segundos. Essa melhoria de 40% demonstra como a automação pode tornar o atendimento mais ágil, melhorando a experiência do usuário. Comparando com sistemas tradicionais, que apresentam uma média de 12 segundos, o modelo implementado mostra-se mais eficiente.
4.2 Aumento da Satisfação do Cliente
Os testes indicaram um aumento de 25% na satisfação dos clientes, refletido na melhoria do NPS (Net Promoter Score), que passou de 6.2 para 8.1. Isso sugere que respostas mais rápidas e contextualizadas impactam positivamente a percepção dos consumidores sobre a marca. Esse resultado está alinhado com estudos que indicam que interações mais naturais com IA geram maior aceitação por parte dos usuários.
4.3 Taxa de Resolução Automática
Outro ponto relevante foi o aumento da taxa de resolução automática de 60% para 85%. Isso significa que a maioria dos atendimentos pôde ser resolvida sem a necessidade de intervenção humana, reduzindo custos operacionais e aumentando a eficiência. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a adaptação do modelo para cenários mais complexos e perguntas subjetivas.
4.4 Desafios na Implementação
Apesar dos benefícios, a pesquisa identificou desafios importantes, como a necessidade de adaptação do modelo à diversidade linguística do Brasil. Diferenças regionais, como o uso de “bolacha” versus “biscoito”, exigem ajustes no treinamento do ChatGPT para garantir um atendimento mais natural e personalizado. Além disso, a implementação trouxe custos adicionais de 15% com infraestrutura de segurança para gestão de tokens, o que pode ser um fator limitante para pequenas empresas.
4.5 Considerações Finais
Os resultados apontam que a integração do ChatGPT via API é viável e traz benefícios significativos para o atendimento ao cliente, desde que sejam feitas adaptações para garantir maior precisão e conformidade com a LGPD. O estudo reforça que a IA deve ser vista como um complemento à inteligência humana, e não como um substituto, proporcionando um equilíbrio entre automação e atendimento humanizado.
5. CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade técnica da integração do ChatGPT via API com tokens de autenticação, além de mensurar seus impactos na eficiência operacional e satisfação do cliente em empresas de e-commerce. A pesquisa foi conduzida por meio do desenvolvimento e teste de um protótipo, permitindo uma análise quantitativa dos resultados.
Os principais achados indicam que a automação baseada em IA pode reduzir significativamente o tempo médio de resposta, melhorar a satisfação dos clientes e aumentar a taxa de resolução automática de demandas. Contudo, desafios como a adaptação do modelo a variações linguísticas regionais e os custos adicionais com segurança precisam ser considerados para garantir uma implementação eficaz e escalável.
Dentre as limitações deste estudo, destaca-se o fato de que os testes foram realizados em apenas três empresas do setor de e-commerce, o que pode restringir a generalização dos resultados para outros segmentos de mercado. Além disso, a análise qualitativa foi limitada a interações registradas, sem aprofundamento em aspectos subjetivos da experiência do usuário.
Para pesquisas futuras, sugere-se a ampliação da amostra para incluir empresas de diferentes setores e portes, bem como a investigação de metodologias mais avançadas para adaptação do ChatGPT a variações linguísticas regionais. Além disso, um estudo mais detalhado sobre a relação entre automação e percepção de humanização no atendimento pode fornecer insights valiosos para aprimorar ainda mais essa tecnologia.
Conclui-se, portanto, que a integração do ChatGPT via API representa uma solução promissora para o atendimento automatizado, trazendo ganhos expressivos de eficiência e satisfação do cliente. No entanto, sua implementação bem-sucedida depende de um planejamento cuidadoso, levando em conta fatores técnicos, culturais e regulatórios para garantir um equilíbrio entre inovação e qualidade no atendimento.
REFERÊNCIAS
Livros e Trabalhos Acadêmicos
SILVA, M. A.; COSTA, R. B. Automação de atendimento em PMEs: desafios e oportunidades. São Paulo: Editora Atlas, 2021.
FIELDING, R. T. Architectural Styles and the Design of Network-based Software Architectures. Tese (Doutorado em Ciência da Computação) – Universidade da Califórnia, Irvine, 2000.
Artigos e Periódicos
GURGEL, C. Reforma do estado e segurança pública. Política e Administração. Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.15-21, set. 1997.
CUNHA, A. L. Diversidade linguística no atendimento automatizado. Revista Brasileira de Linguística Computacional. São Paulo, v.12, n.4, p.45-60, 2017.
ALMEIDA, P. R. Adaptação de chatbots a dialetos regionais: um estudo de caso. Revista de Tecnologia da Informação. Belo Horizonte, v.8, n.3, p.22-35, 2020.
Meios Eletrônicos
OPENAI. Documentação da API ChatGPT. 2023. Disponível em: https://platform.openai.com/docs. Acesso em: 15 out. 2023.
GARTNER. Market Guide for Conversational AI Platforms. 2022. Disponível em: https://www.gartner.com. Acesso em: 10 out. 2023.
NIST. Guidelines for Managing JWT Tokens. 2021. Disponível em: https://www.nist.gov. Acesso em: 12 out. 2023.
ABDI. Relatório de Inteligência Artificial no Brasil. 2023. Disponível em: https://www.abdi.com.br. Acesso em: 14 out. 2023.
Legislação e Normas Técnicas
BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 out. 2023.
ABNT. NBR 6023:2002 – Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002
1ruancorsi159@gmail.com
Fatec Taquaritinga – Taquaritinga – SP – Brasil