SELF-REPORT OF GUARDIANS OF NEONATES AND CHILDREN DIAGNOSED WITH ACUTE VIRAL BRONCHIOLITIS AFTER PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505271737
Ana Livia Correa Frison1
Mariana Fernanda Ficagna Morbach2
Andyara Sepulveda Lobato da Silva3
Resumo
A Bronquiolite Viral Aguda é uma das doenças mais frequentes do sistema respiratório, afetando principalmente neonatos e crianças até três anos de idade. Este estudo teve como objetivo analisar o efeito das técnicas de fisioterapia respiratória em neonatos, lactantes e crianças com diagnóstico de bronquiolite viral aguda de acordo com o relato dos responsáveis. Trata-se de um estudo transversal quantitativo, realizado por meio da aplicação de um formulário online contendo questões objetivas direcionadas aos responsáveis. A divulgação do formulário ocorreu por meio de redes sociais como Facebook, Instagram e WhatsApp, visando alcançar um público amplo para a participação na pesquisa. Apesar das divergências encontradas na literatura, esse estudo identificou que a técnicas de fisioterapia respiratória trazem benefícios aos pacientes com bronquiolite, segundo o relato dos pais, evoluindo para uma melhora da respiração e redução da dificuldade respiratória. Conclui-se que, na percepção dos responsáveis, a fisioterapia respiratória oferece benefícios clínicos relevantes em quadros de bronquiolite.
Palavras-chave: Bronquiolite. Pediatria. Sistema respiratório.
1. INTRODUÇÃO
A morfologia respiratória infantil apresenta características específicas, sendo mais estreitas e menores em comparação ao sistema respiratório adulto, em que apresentam uma maior fragilidade e resistência, tornando-as mais suscetíveis a disfunções e interrupções do aparelho respiratório (Trachsel et al., 2021).
Uma das doenças mais frequentes do sistema respiratório é a Bronquiolite Viral Aguda (BVA), que acomete neonatos, lactantes e crianças até os três anos de idade, com prevalência nos seis primeiros meses de vida, podendo manifestar com comportamento sazonal, que pode ocorrer entre os meses de março a julho, ou seja, predominância nas estações frias (Oliveira et al., 2018). Sua incidência corresponde a 150 milhões de novos casos em todo mundo em cada ano (Tian et al., 2023).
Segundo Andrade et al., (2024) é caracterizada por um processo inflamatório na região dos bronquíolos, ocasionando edema, necrose e aumento da produção de muco nas vias aéreas, podendo variar seus sintomas iniciais em dispneia, febre, congestionamento nasal, taquicardia, taquipneia, tosse e sibilância, e em casos mais graves, levando a hipoxemia.
Os fatores de risco associados a BVA são prematuridade, ausência ou a escassez do aleitamento materno, desnutrição, tabagismo passivo, deformidades nas vias aéreas, e algumas outras patologias, como cardiopatia congênita e doenças pulmonares crônicas (Andrade et al., 2024).
A fisioterapia respiratória desempenha uma função importante no tratamento e prevenção de complicações respiratórias, seus ramos vêm crescendo cada vez mais, principalmente nos últimos anos, possibilitando redução de oxigenioterapia, diminuindo, consequentemente, o tempo de internação e custos hospitalares, e também, reduzindo a morbidade e mortalidade infantil (Gardenghi et al., 2015). Os objetivos da fisioterapia no tratamento da BVA podem estar relacionados a fim de reduzir o desconforto respiratório, promover higiene brônquica, diminuição do trabalho ventilatório, desobstrução e manutenção da permeabilidade das vias aéreas (Tazoniero, 2019).
A BVA é uma das principais causas de hospitalizações, no Brasil, aproximadamente 10,2% evoluem para óbito (Evelyn et al., 2024). Diante de sua complexidade e do aumento da incidência nos últimos anos, surge-se a necessidade de investigar detalhadamente o curso da doença e os seus principais desfechos. (Evelyn et al., 2024). Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar de acordo com o relato dos responsáveis o efeito das técnicas de fisioterapia respiratória em neonatos e crianças com o diagnóstico de BVA.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Anatomia e fisiologia respiratória
O sistema respiratório é dividido em estruturas como nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, pulmões, brônquios, bronquíolos e os sacos alveolares. A única parte que fica localizado externamente, é o nariz, que umidifica, aquece e filtra o ar inspirado, estando dividido em parte externa e cavidade nasal (interna), a qual é circundada por cavidades, que são denominadas de seios paranasais, responsáveis pelo processamento do ar e acúmulo de secreções (Marieb et al., 2014). Correspondendo, como uma passagem de forma de funil, localizamos a faringe, via de passagem para o ar e o alimento, estendendo-se até o nível da quarta até a sexta vértebra cervical, a laringe, onde se abriga as pregas vocais, consequentemente, onde há a produção de sons, e também evita que alimentos entrem na nas vias aéreas inferiores (Marieb et al., 2014).
A traqueia, um tubo flexível, que se ramifica em dois brônquios principais, o brônquio principal direito, e o brônquio principal esquerdo, que se dividem em brônquios lobares, e cada um deles ventilam um lobo pulmonar, se ramificando também, em brônquios segmentares (Marieb et al., 2014). Após essa separação, aparecem os bronquíolos, tubos de 1mm de diâmetro, e ainda menores os bronquíolos terminais, se ramificando e formando os bronquíolos respiratórios, onde há os alvéolos, câmeras que realizam a troca gasosa dentro dos pulmões (Marieb et al., 2014).
Os pulmões, estrutura rígida e complacente, local onde se realiza a respiração, responsável pela metabolização de compostos, filtrando e agindo como um reservatório para o sangue (West, 2013).
O aparelho respiratório tem a função de realizar as trocas gasosas, entre o ar e o sangue (Becker et al., 2018). Pode ser dividido em uma parte condutora e uma parte respiratória: A condutora é caracterizada pela entrada do ar até as menores ramificações dos pulmões, já a parte respiratória constitui a difusão gasosa (Martini et al., 2009).
Outras funções do sistema são de proteção das superfícies respiratórias, regular o volume sanguíneo e pressão arterial, sendo associados a outros sistemas do corpo para seu funcionamento ideal (Martini et al., 2009).
2.2 Diferenças anatômicas entre o sistema respiratório adulto e infantil
Existem algumas características da anatomia respiratória infantil que aumentam o risco de insuficiências respiratórias e obstruções das vias aéreas do que a população adulta, além de serem estreitas e menores, a fisiologia pediátrica, é distinguida por maior fragilidade e resistência das vias aéreas, porém, acredita-se, que a partir dos três primeiros anos acontece um surto de crescimento, ocasionando uma redução da vulnerabilidade (Trachsel et al., 2021).
Segundo Oliveira et al., (2018), os neonatos possuem em média 25 milhões de alvéolos, enquanto, a população adulta chega em 300 milhões, correspondendo, apenas 30% de ar nos alvéolos, expondo a menor complacência, ocasionando uma insuficiência de expansão.
Além disso, outro ponto de variação, refere-se na ativação da musculatura durante a respiração, na qual, a população adulta acontece uma respiração torácica, elevando as costelas, já nos lactantes são sujeitos a uma respiração diafragmática (Trachsel et al., 2021). A relação ventilação/perfusão (V/Q), também se diferencia, em que a (V/Q) é destinada para as áreas pulmonares nos adultos, e nos neonatos a (V/Q) regularmente vai para uma área não dependente dos pulmões, se tornando menos vigorosa nas crianças (Trachsel et al., 2021).
2.3 Caracterização da bronquiolite viral aguda (BVA)
A BVA é uma infecção respiratória que causa uma obstrução das vias aéreas inferiores, ocorrendo então uma inflamação na região dos bronquíolos (Andrade et al., 2024). Considerada uma das mais frequentes patologias do sistema respiratório, acometidas em neonatos, lactentes e crianças até os três anos com a predominância nos seis primeiros meses de vida, apresenta uma característica sazonal, ou seja, ocorre entre os meses de outono e inverno, podendo variar conforme o clima, altitude e a latitude da região (Dantas, 2019).
Comumente neonatos e lactantes estão mais suscetíveis a infecções, devido a suas características anatômicas e imunológicas. Pois o seu sistema de proteção contra esses agentes ainda está em desenvolvimento, reduzindo a sua capacidade de combater estes corpos estranhos (Wainwright, 2010).
Andrade et al., 2024 relata que os fatores de risco para o surgimento dessa patologia são: bebês pré-termo, idade cronológica menor que 10 semanas, baixo peso do feto, imunodeficiência, cardiopatia congênita, doença pulmonar crônica, doença neuromuscular, fibrose cística, malformações das vias aéreas, idade materna, tabagismo passivo, desnutrição e a falta de aleitamento materno. Porém outros fatores que podem estar associados com a gravidade, é o fator desencadeante da própria fisiologia anatômica do neonato e criança, presença de comorbidades e aspectos ambientais (Paulis et al., 2021).
O vírus sincicial respiratório (VSR) normalmente está relacionado com os primeiros sintomas da BVA, como a sibilância, esse patógeno possui um intervalo de maturação de 5 dias, até o surgimento dos primeiros sintomas (Evelyn et al., 2024).
A academia americana de pediatria (AAP) define os sintomas iniciais virais de infecção, como dispneia, tosse, sibilância e em casos mais graves a hipoxemia (Andrade et al., 2024). Podendo possuir um curso autolimitado, que apresenta nos cinco primeiros dias piora dos sintomas e após esse período uma melhora gradativamente (Heikkila et al., 2016).
A BVA também apresenta outros sintomas: retenção de ar, congestionamento nasal, febre, taquicardia, taquipneia, insuficiências respiratórias, saturação baixa, retrações torácicas e timpanismo à percussão torácica (Peixoto, 2023).
Pode haver apresentação atípica da doença, ou seja, a ausência de sintomas nas vias respiratórias superiores, sendo essencial descartar a possibilidade de outras patologias, como, asma, pneumonia bacteriana, fibrose cística e até refluxo gastroesofágico (Andrade et al., 2024).
As complicações relacionadas com a BVA apresentam-se quando o curso da doença se manifesta de modo mais grave, sendo necessário, em alguns casos, o uso de ventilação mecânica, e também em certas circunstâncias levar o paciente ao óbito (Biagi et al., 2020). Porém, em grande maioria, tem bom prognostico, onde são tratados em nível ambulatorial, recuperando-se sem sequelas, variando seu curso natural entre sete a dez dias, entretanto, algumas crianças têm sintomas que persistem por semanas (Andrade et al., 2024).
2.3.1 Diagnóstico e tratamento da bronquiolite viral aguda
Inicialmente o diagnóstico da bronquiolite é praticamente clínico (Andrade et al., 2024; Evelyn et al., 2024; Raiman; Meneguzzi, 2018), os exames físicos também contribuem para o diagnóstico, que irá permitir identificar o grau do agravamento da condição, podendo variar de leve a grave quando a frequência cardíaca aumenta e durante uma insuficiência respiratória (Silver; Nazif, 2019).
Quanto ao tratamento da bronquiolite viral aguda existem algumas controvérsias, o protocolo de tratamento aceito é fundamentado na hidratação e na terapia com oxigênio, não existe embasamento científico sobre a eficácia quanto ao uso de broncodilatadores, antibioticoterapia e corticoides (Gardengui et al., 2015).
No manejo da bronquiolite viral aguda, segundo a Academia Americana de Pediatria, não podem ser administrados frequentemente os broncodilatadores e os corticosteroides (Raiman; Meneguzzi, 2018). E não existe um tratamento específico com medicamentos, geralmente um tratamento pode ser realizado em casa, um tratamento de suporte (Andrade et al., 2024), envolvendo técnicas de oxigênio suplementar, aspiração de secreções e hidratação por via endovenosa (Evelyn et al., 2024).
O tratamento domiciliar deve englobar higienização das mãos, manter alimentação adequada para criança permanecendo com a amamentação, lavagem nasal e deve-se evitar o tabagismo passivo (Andrade et al., 2024).
2.4 Fisioterapia Respiratória
As técnicas de fisioterapia respiratória objetivam promover a limpeza dos brônquios, garantir a reexpansão dos pulmões, realizar a desinsuflação, desobstruir as vias aéreas e manter por meio da remoção das secreções a permeabilidade, a fim de promover melhor a relação ventilação-perfusão adequando a mecânica ventilatória (Bezerra, 2018).
A ASSOBRAFIR (Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva) declara que a técnica de tapotagem não é recomendada para o tratamento fisioterápico na bronquiolite, visto que, não trazem benefícios evidenciados, a abordagem mais recomendada seria a técnica de modulação de fluxo, a qual fisioterapeutas respiratórios têm domínio específico (Assobrafir, 2017).
3. METODOLOGIA
Refere-se a um estudo transversal quantitativo, por meio da realização de um formulário de questões objetivas direcionadas aos responsáveis por neonatos, lactantes ou crianças até os três anos de idade com o diagnóstico de BVA, às quais, pertencem a região oeste do Paraná. A pesquisa aconteceu por uma amostra intencional aleatória, composta pelos responsáveis das crianças, sendo o formulário das questões desenvolvido no Google Forms, divulgado e enviado pelas redes sociais.
Participaram os responsáveis das crianças que tiveram BVA até os três anos de idade e realizaram tratamento fisioterapêutico, e aqueles que fossem alfabetizados com acesso aos meios de comunicação, sendo de ambos os sexos. Foram excluídos aqueles que não concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os responsáveis de crianças que tiveram apenas tratamento medicamentoso, e os quais não estavam aptos emocionalmente para responder o formulário, excluídos formulários incompletos e não residentes da região oeste do Paraná.
O questionário construído pelos próprios autores com adaptações de Remondini et al., (2014), teve o propósito de descrever de acordo com o relato dos responsáveis o efeito das técnicas de fisioterapia em neonatos, lactantes e crianças com diagnóstico de BVA, reunindo dados como: idade gestacional, idade que a criança estava quando recebeu o diagnóstico, quais foram os principais sintomas, qual manobra utilizada, estado de calmaria da criança durante as manobras, efeito das manobras na respiração, se houve melhora do sono, entre outras perguntas. A plataforma utilizada para obtenção das respostas, Google Forms, possibilitou o acesso dos autores em qualquer lugar e horário, agilidade na análise dos resultados e facilidade de uso (Mota, 2019).
Os dados gerados em planilha de excel, a partir do Google Forms, foram analisados por meio de estatística descritiva em frequências absolutas e relativas dispostos em tabelas e gráficos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A Tabela 1 apresenta os dados referentes ao perfil dos responsáveis e às características dos recém-nascidos (RN) e crianças participantes do estudo (n=20). Verificou-se que todos os responsáveis entrevistados eram mães (100%), com ensino superior completo (75%) e a maioria, residente na cidade de Cascavel, correspondendo a 70% dos respondentes. Referente à idade gestacional, 75% dos RN e as crianças nasceram a termo e à idade em que receberam o diagnóstico, observou-se uma prevalência de 70% entre 0 a 6 meses de idade.
Tabela 1 – Perfil dos responsáveis e características dos RN.


A tabela 2 apresenta o perfil dos pacientes e as intervenções realizadas após o diagnóstico de bronquiolite. Observa-se que 55% dos responsáveis não tinham conhecimento prévio sobre a doença antes do diagnóstico. A internação hospitalar foi necessária para 70% dos pacientes, sendo que 65 % fizeram uso de oxigenoterapia. Em relação à ventilação mecânica invasiva, 15% dos pacientes necessitam desse recurso, enquanto 70% não precisaram, quanto à ventilação mecânica não invasiva, 20% dos pacientes a utilizaram, e 45% não necessitam. Referente, a fisioterapia respiratória, 40% realizaram o tratamento por um período de 1 a 2 semanas, sendo que a maioria realizou intervenções fisioterapêuticas mais de uma vez (80%). Além disso, todos os responsáveis (100%) afirmaram que recomendariam a fisioterapia a um parente ou amigo.
Tabela 2 – Perfil dos pacientes e intervenções após diagnóstico de bronquiolite.




A tabela 3 apresenta a percepção dos responsáveis sobre as manobras utilizadas durante a fisioterapia respiratória. A maioria (70%) relatou a utilização de manobras manuais durante as sessões, além disso, 80% dos responsáveis afirmaram que a criança permaneceu tranquila durante as manobras. É importante ressaltar que todos os respondentes (100%) perceberam melhora na respiração da criança após a realização das manobras fisioterapêuticas.
Tabela 3 – Percepção dos responsáveis sobre as manobras utilizadas.
A tabela 4 evidencia os efeitos identificados pelos responsáveis após as intervenções fisioterapêuticas. Em relação ao sono, 80% dos responsáveis observaram melhora, quanto à dificuldade respiratória, todos os participantes (100%) relataram melhoria. No entanto, 60% dos responsáveis destacaram que houve recorrência de novos episódios de crises respiratórias.
Tabela 4 – Percepção dos efeitos após a fisioterapia

O gráfico apresenta os principais sinais e sintomas observados nas crianças diagnosticadas com BVA, conforme a percepção dos responsáveis. Os sintomas mais citados foram cansaço e congestão nasal, ambos com 85%, seguidos de tosse com 80%. Já os sintomas como febre, falta de ar, diminuição de apetite e irritabilidade foram igualmente relatados por 60%.
Gráfico 1 – Principais sinais e sintomas relatados pelos responsáveis

A amostra deste estudo foi composta por responsáveis de neonatos, lactantes e crianças diagnosticadas com BVA. Os achados evidenciaram que as intervenções de fisioterapia respiratória tiveram impacto positivo na melhora da respiração, bem como, na dificuldade respiratória, segundo a percepção de 20 (100%) dos responsáveis, os quais recomendam a fisioterapia respiratória como parte do tratamento.
Trata-se de uma das patologias mais recorrentes do sistema respiratório, a BVA é uma infecção que causa obstrução das vias aéreas inferiores, ocorrendo uma inflamação na região dos bronquíolos, sendo que até 30% desses pacientes necessitam de internação, as quais acarretam custos elevados aos sistemas de saúde (Andrade et al., 2024). Segundo Angurana et al., (2020) de 18 a 32% ocorre no primeiro ano de vida e 9 a 17% no segundo ano de vida, provocando um aumento da morbidade e mortalidade dessa faixa etária.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal agente responsável da BVA, em torno de 80% dos casos (Bellido et al., 2021; González-Bellido et al., 2020). O VSR normalmente está relacionado com os primeiros sintomas da BVA, como a sibilância, este patógeno possui um intervalo de maturação de 5 dias, até o surgimento dos primeiros sintomas (Evelyn et al., 2024). Manifesta-se com edema nas vias áreas, necrose das células epiteliais ciliadas, aumento na produção de muco e hiperinsuflação pulmonar, ocasionado pela inflamação, gerando assim um quadro de obstrução (Andrade et al., 2024; González-Bellido et al., 2020).
A fisioterapia respiratória pode prevenir a evolução da doença, reduzir a mortalidade e o tempo das hospitalizações, facilitando a readaptação do paciente a uma vida mais ativa e a sua integridade social (Fontes et al.,2018). Sendo que o tratamento domiciliar deve englobar higienização das mãos, manter alimentação adequada para criança permanecendo com a amamentação, lavagem nasal e deve-se evitar o tabagismo passivo (Andrade et al., 2024).
Segundo Silva et al., (2014) em um estudo realizado com 20 pacientes (10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino) realizado no hospital da cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul, não foi possível analisar se houve melhora nos sintomas com o tratamento fisioterapêutico, apenas parâmetros dos sibilos, fato que pode ser constatado, pois os pacientes estavam em uso de oxigenioterapia, broncodiladores e corticoides, porém um elemento a ser levado em consideração é que a coleta que foi realizada após uma sessão de fisioterapia, esse aspecto pode ser considerado relevante pela ausência de diferenças significativas.
Em uma revisão desenvolvida por Roqué et al., (2016), incluindo 12 ensaios clínicos com 1.249 pacientes, tendo como objetivo verificar a eficácia de três modalidades de fisioterapia (vibração e percussão, técnicas expiratórias passivas lentas e técnicas expiratórias passivas forçadas), em que foi evidenciado que as técnicas não trouxeram benefícios significativos aos pacientes, entretanto, alguns resultados sobre o método de fluxo lento, mostraram evidências positivas, porém com baixos níveis de confidencialidade.
Remondini et al., (2014) observou em seu estudo de método prospectivo e randomizado, dividiu os pacientes em dois grupos, e entregou aos responsáveis, antes da última intervenção fisioterapêutica, um questionário para mensurar a satisfação em relação às técnicas fisioterapêuticas realizadas (Grupo 1: drenagem postural associada à tapotagem e a aspiração nasotraqueal; Grupo 2: drenagem postural associado ao aumento de fluxo expiratório e a aspiração nasotraqueal), foram observadas desfechos favoráveis sobre os efeitos da fisioterapia, os quais obtiveram melhora do desconforto respiratório e manutenção da oxigenação adequada em ambos os grupos, e também respostas satisfatórias dos responsáveis na maioria dos itens avaliados do questionário.
Uma pesquisa conduzida pelas bases de dados ScienceDirect, PubMed, e SciELO, evidenciou bons resultados da fisioterapia respiratória na permeabilização das vias aéreas, promoção da higiene brônquica e no conforto, na recuperação das funções do sistema, sem considerar a gravidade da patologia e o local do atendimento, houve melhoras clínicas sobre os dias de hospitalização, saturação de oxigênio (SpO2), Frequência Cardíaca (FC), Frequência Respiratória(FR) e a necessidade de oxigenioterapia (Abreu et al., 2021).
Percebe-se claramente que existem divergências na literatura a respeito da eficácia da fisioterapia respiratória em neonatos, lactantes e crianças com BVA, nesse sentido, torna-se exposto a importância da realização de mais pesquisas dessa natureza. Além disso, novos estudos contribuem para atualizações das práticas profissionais e para as políticas públicas, promovendo inovações e melhorias nas diretrizes de tratamento.
As limitações deste estudo envolveram a forma de divulgação, a qual ocorreu em rede aberta, não sendo direcionada exclusivamente em grupos de responsáveis. Uma das principais lacunas, refere-se à ausência de uma análise profunda e especifica de sexo e idade, as quais, poderiam verificar possíveis variáveis e caracterizar um perfil epidemiológico da doença.
5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, segundo os responsáveis, a fisioterapia respiratória apresentou benefícios relevantes para os neonatos, lactantes e crianças, com melhorias na dificuldade respiratória, no padrão respiratório, no sono e no humor. Contudo, destaca-se a necessidade da realização de mais estudos com evidências clínicas sobre essa abordagem, especialmente por se tratar de uma das principais causas de hospitalizações e do aumento da morbidade e mortalidade nessa faixa etária. Além disso, observa-se uma considerável divergência nos resultados encontrados na literatura quanto à efetividade das técnicas empregadas, o que reforça a importância de novas investigações na área.
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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel Campus Cascavel/PR e-mail: analiviacfrison@hotmail.com
2Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel Campus Cascavel/PR email: mficagnamorbach03@gmail.com
3Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel Campus Cascavel/PR. Especialista em Terapia intensiva adulto, pediátrico, neonatal e urgência (Unioeste). e-mail: andyara.silva@univel.br