AUMENTO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM ADOLESCENTES: REVISÃO DA LITERATURA

THE INCREASE IN SEXUALLY TRANSMITTED INFECTIONS IN ADOLESCENTS

EL AUMENTO DE INFECCIONES DE TRANSMISIÓN SEXUAL EN ADOLESCENTES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10957321


Rayanne Maira Oliveira de Jesus2
Isadora Cardoso Sampaio2
Marla Thais Fernandes Teodoro2
Mateus Lessa Santana2
Livia Gonçalves Brandão1
Juliana Barros Ferreira3


RESUMO

Objetivo: Descrever a produção da literatura sobre o aumento das IST’s em adolescentes. Métodos: Como metodologia foi feito um estudo bibliográfico narrativo, com pesquisas em bases de dados científicas, Retrievel System Online, Scientific Electronic Library Online e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, por meio do portal de dados, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando os seguintes descritores: IST, DST, Adolescência, Incidência, de estudos publicados no período de 2018 a 2023, nos idiomas inglês e português. Resultados: dos 15 estudos analisados, 12 (doze)  focam na questão da incidência de IST na adolescência e priman pela melhora do conhecimento e informação desses jovens sobre o problema. Conclusão: são necessárias mais ações educativas que patrocinem melhores intervenções na população com ações que visem educar e instruir a mesma sobre o uso correto dos métodos contraceptivos, destacando o papel do profissional de saúde que no exercício da sua profissão deve ser capaz de orientar e subsidiar na forma da transmissão do conhecimento para a sociedade, evitando assim a infecção por essas ISTs e fornecendo melhora da qualidade de vida da população.

Palavras-chave: Adolescência, ISTs, Incidência, Transmissão.

ABSTRACT

Objective: To describe the production of literature on the increase in STIs in adolescents. Methods: As a methodology, a narrative bibliographic study was carried out, with research in scientific databases, Retrievel System Online, Scientific Electronic Library Online and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences, through the data portal, Virtual Library of Health (VHL), using the following descriptors: STI, STD, Adolescence, Incidence, from studies published between 2018 and 2023, in English and Portuguese. Results: As a result, it was seen that of the 15 studies analyzed, 12 (twelve) of them focused on the issue of the incidence of STIs in adolescence and focused on improving the knowledge and information of these young people about the problem. Conclusion: Concluding that more educational actions are needed to sponsor better interventions in the population with actions that aim to educate and instruct them on the correct use of contraceptive methods, highlighting the role of the health professional who, in the exercise of their profession, must be able to guide and support the transmission of knowledge to society, thus preventing infection by these STIs and providing an improvement in the population’s quality of life.

Key Words: Adolescence, STIs, Incidence, Transmission.

RESUMEN

Objetivo: Describir la producción de literatura sobre el aumento de las ITS en adolescentes. Métodos: Como metodología se realizó un estudio bibliográfico narrativo, con investigación en bases de datos científicas, Retrievel System Online, Scientific Electronic Library Online y Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud, a través del portal de datos, Biblioteca Virtual de la Salud (BVS), utilizando los siguientes descriptores: ITS, ETS, Adolescencia, Incidencia, a partir de estudios publicados entre 2018 y 2023, en inglés y portugués. Resultados: Como resultado se observó que de los 15 estudios analizados, 10 (doce) de ellos se enfocaron en el tema de la incidencia de las ITS en la adolescencia y se enfocaron en mejorar el conocimiento y la información de estos jóvenes sobre el problema. Conclusión: Concluyendo que se necesitan más acciones educativas para propiciar mejores intervenciones en la población con acciones que tengan como objetivo educarlas e instruirlas sobre el uso correcto de los métodos anticonceptivos, destacando el papel del profesional de la salud que, en el ejercicio de su profesión, debe poder orientar y apoyar la transmisión de conocimientos a la sociedad, previniendo así el contagio por estas ITS y proporcionando una mejora en la calidad de vida de la población.

Palabras clave: Adolescencia, ITS, Incidencia, Transmisión.

INTRODUÇÃO

As  Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são infecções causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual quando não há uso de preservativo com pessoa que já esteja infectada, ou pode ser passada da mãe para o feto já na gestação, no parto ou na amamentação. E também através do meio não sexual: pelo contato de mucosas ou pele e não íntegra com secreções corporais contaminadas (Brasil, 2020). 

A terminologia IST passou a ser adotada no lugar da expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), pois traz a possibilidade de uma pessoa  ter e transmitir uma infecção mesmo sem sinais e sintomas (Bezerra et al., 2018).A incidência de IST está crescente e este aumento é especialmente pronunciado em jovens entre 15 a 24 anos de idade, e por serem frequentes e recorrentes elas são consideradas um problema de saúde pública em todo o mundo (Who, 2015).  No Brasil, apesar de representarem apenas um quarto da população,dados mostram que a infecção aumentou entre 2010 e 2020 entre jovens de 13 a 19 anos (Brasil, 2020). 

As ISTs são uma preocupação crescente para os adolescentes, e o gerenciamento adequado são de importância crítica, bem como os esforços de prevenção, como a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) devem ser priorizados (Shannon; Klausner, 2018). Conforme Spindola et al. (2021) e Fonte et al. (2018) os adolescentes correm o risco de contrair ISTs e comportamentalmente os adolescentes são mais propensos a se envolver em comportamento sexual de alto risco, com parceiros simultâneos ou sexo sem preservativo. E para Angelim et al. (2017),  por não ter maturidade vinculada ao fato de que o córtex pré- frontal, responsável pela função executiva, ainda está em desenvolvimento durante a adolescência, isso é ainda mais agravado.

Além  disso, os adolescentes tem menor propensão que os adultos de utilizarem serviços de       saúde sexual (Spindola et al., 2019). E este fato leva a uma maior chance de exposição e uma menor chance de diagnóstico e tratamento (Pinto et al., 2018). Neste sentido, é importante acrescer que as ISTs podem causar problemas de saúde a longo prazo se não forem tratadas, por exemplo, a sífilis em estágio terciário pode levar a danos no sistema nervoso e no sistema cardiovascular, a Neisseria gonorrhoeae (NG) e Trichomonas vaginalis (TV) podem causar resultados adversos no parto e infertilidade, e certas cepas de HPV podem levar ao câncer cervical, orofaríngeo ou retal  (Shannon; Klausner, 2018).

Apesar da alta prevalência e alta morbidade, há dados relativamente limitados sobre ISTs em adolescentes e a maioria dos estudos e diretrizes concentra-se em infecções e tratamento em adultos e tal número crescente de estudos se refere ao bem-estar sexual e/ou procura medi-lo (Folasayo et al., 2017, Oliveira et al., 2017). E o termo aparece em vários documentos de políticas, incluindo estruturas de saúde sexual e ressalta-se que a informação por si só não é suficiente para promover a reflexão e a conscientização dos adolescentes sobre essa demanda, para estimular mudanças de comportamento dando a capacidade de receber e processar as informações para utilizá-las de forma adequada (Folasayo et al., 2017, Oliveira et al., 2017, Almeida et al., 2017, Lorimer et al., 2019).

Nesse contexto, torna-se relevante identificar a ocorrência e aumento de ISTs nos jovens, analisando a realidade integradas ao contexto social, verificando assim a influência na saúde sexual, minimizando ou ampliando a vulnerabilidade do grupo frente às IST. Assim, este tem o objetivo  em descrever ,através de uma revisão da literatura, acerca do aumento, das ISTs em adolescentes,  e como objetivos específicos verificar os dados atuais acerca do índice de adolescentes infectados por doenças sexualmente transmissíveis; bem como avaliar os impactos  do aumento de ISTs em adolescentes e trazer medidas educativas e informativas sobre a temática.

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, e as etapas foram seguidas no rigor científico, a saber: seleção dos estudos, fichamento, análise e síntese.

 A coleta de dados foi realizada no período de setembro a outubro de 2023, e o recorte temporal dos artigos foi feito entre estudos publicados de 2018 a 2023. O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados, Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), por meio do portal de dados, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

A busca nas bases de dados e os estudos selecionados foram analisados quanto à pertinência ao tema de pesquisa. Foram incluídos artigos originais, ensaios clínicos randomizados e estudos experimentais; estudos de revisão sistemática e integrativa, todos disponíveis online, na íntegra, nos idiomas, português ou inglês. Foram excluídos artigos que se repetiram nas bases de dados. Os descritores utilizados foram: Infecções Sexualmente transmissíveis, IST, DST, Adolescência, Incidência, sendo usado o operador boleano AND nas pesquisas.

Foram pré-selecionados 40 artigos científicos, por meio da leitura do título e do resumo, identificou- se 31 artigos, sendo 15 incluídos no estudo, que atendiam os critérios de inclusão previamente estabelecidos e que contemplavam o objeto do estudo. O  fluxograma,  (Figura 1),  descreve  o  percurso  de identificação,  seleção  e  inclusão  dos  estudos  primários  selecionados,  segundo  as  bases  de dados, critérios de inclusão e exclusão e leitura de título e resumo totalizando os 15 (quinze) artigos selecionados para a redação desta revisão.

Para tabulação dos dados, os pesquisadores realizaram a leitura de cada artigo e para discussão dos resultados utilizou-se um roteiro de análise, contendo os seguintes itens: título, objetivo, resultado e conclusão que foram agrupados em forma de quadro (QUADRO 1).

Figura1: Fluxograma

Fonte: Própria pesquisa (2023).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a análise dos 15 artigos, percebeu-se que os autores dos estudos eram, em sua totalidade da área da saúde, e a maioria dos autores são profissionais enfermeiros e médicos. Todos os estudos foram publicados em periódicos de circulação internacional, na língua portuguesa e inglesa, publicados entre o período de 2018 e 2023.

Quanto ao delineamento metodológico dos estudos, 08 (oito) artigos foram ensaios clínicos randomizados, 06 (seis) estudos de revisão da literatura narrativa, 01 (um) de revisão integrativa e 05 (cinco) estudos experimentais, sendo todos de abordagem quanti-qualitativos, conforme demonstrados no quadro abaixo (Quadro 01).

Quadro 01 – Apresentação dos estudos elegíveis referentes aos artigos analisados

Nº.Tema / Autoria / AnoObjetivoResultadoConclusão
1.Fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis: inquérito populacional no município de São Paulo.   Pinto et al. (2018).Descrever a frequência de infecções sexualmente transmissíveis (IST), os fatores associados e as orientações recebidas dos profissionais de saúde entre homens e mulheres no município de São Paulo.A elevada proporção de antecedentes de IST entre a população do município e os resultados deste estudo possibilitaram a construção, implementação e avaliação de políticas públicas de saúde para o enfrentamento das IST incluindo o HIV, com diminuição de barreiras de acesso aos preservativos e criação de um app para prevenção.É essencial que haja políticas públicas de saúde para o enfrentamento das IST incluindo o HIV, com diminuição de barreiras de acesso aos preservativos e criação de um app para prevenção.
2.The Growing Epidemic of Sexually Transmitted Infections in Adolescents: A Neglected Population   Shannon e Klauster (2018)Revisar os desenvolvimentos recentes no campo das IST, excluindo o VIH, em adolescentes.Verifica-se que as IST são uma preocupação crescente para os adolescentes. A triagem e o manejo de rotina são de importância crítica.Além disso, os esforços de prevenção, como a vacinação contra o papilomavírus humano, devem ser priorizados.
3.A. Saúde reprodutiva para adolescentes: os pais também querem participar. Coren (2019)Explorar a fonte preferida de informação dos adolescentes sobre sexo e saúde reprodutiva. e os fatores de apoio no relacionamento entre pais e filhos.As preocupações dos pais e as barreiras percebidas no fornecimento de informações sobre saúde reprodutiva aos seus adolescentes também foram exploradas. A maioria dos adolescentes expressou o desejo de que os pais fossem uma das suas principais fontes de informação (85%).Há necessidade de intervenções culturalmente sensíveis e inovadoras destinadas a criar um lugar seguro para os pais adquirirem conhecimentos, recursos e estratégias para falarem com os seus filhos adolescentes sobre sexo e saúde reprodutiva.
4.O estado da saúde sexual e reprodutiva do adolescente.   Liang et al. (2019).Verificar      o estado da saúde   sexual e reprodutiva do adolescente.O crescimento populacional em países com algumas das piores deficiências em termos de SSRA significa que as taxas decrescentes, de casamento infantil, por exemplo, coexistem com números absolutos mais elevados de pessoas afetadas.As tendências emergentes que merecem mais atenção incluem entre as adolescentes e aumentos acentuados na proporção de adolescentes com excesso de peso ou obesidade, o que tem implicações para a saúde a longo prazo.
5.Knowledge, attitudes and practices of university adolescents about syphilis: a cross-sectional study in the Northeast.   Carvalho et al. (2020).Analisar conhecimentos, atitudes e práticas de adolescentes universitários sobre a sífilis.O conhecimento e a atitude da maioria dos participantes do estudo em relação à sífilis não foram suficientes para adoção de uma prática sexual adequada para a prevenção da doença.Revelou a necessidade de se investigar outras variáveis que possam estar implicadas nesta incoerência cognitiva que gera aumento no número de infectados.
6.Práticas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis entre estudantes universitários.   Ramos et al. (2020)Analisar as práticas sexuais adotadas por estudantes universitários para prevenção de Infecções Sexualmente TransmissíveisOs achados evidenciam que os universitários investigados apresentam um comportamento de risco para Infecções Sexualmente Transmissíveis decorrente de práticas sexuais inadequadas/insatisfatórias.Ações de educação em saúde devem considerar aspectos culturais e individuais do grupo para favorecer a reflexão sobre as práticas de prevenção de doenças transmitidas pelo sexo.
7.Adolescents in situations of poverty: resilience and vulnerabilities to sexually transmitted infections   Costa et al. (2020)Analisar a relação entre as vulnerabilidades às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/HIV/aids) de adolescentes em situação de pobreza e seu nível de resiliência.Houve associação significativa relacionada a moradia (p=0,022), renda familiar (p=0,037) e vulnerabilidade às IST/HIV/aids.Adolescentes com baixos níveis socioeconômicos, que vivem com menos de um salário mínimo, tendem a ser mais suscetíveis às vulnerabilidades às IST/HIV/aids e a ter baixa resiliência.
8.Compreendendo a Agência Sexual.   Vanwesenbeeck et al. (2021).Revisão dos debates recentes sobre agências, ilustrando como as críticas às concepções tradicionais da agência (sexual) levaram a uma notável diversificação do conceito.A Educação é essencial na construção da agência sexual dos jovens e no seu papel como agentes de interesses mais amplos. Mostramos também que estas condições essenciais, onde quer que tenham sido estudadas, são longe de ser concretizados.Com esta revisão e recomendações relacionadas, esperamos preparar o terreno para pesquisa e desenvolvimento contínuos e bem focados na área.
9.A prevenção das infecções sexualmente transmissíveis nos roteiros sexuais de jovens: diferenças segundo o gênero   Spindola et al. (2021)Verificar a vulnerabilidade dos jovens universitários às ISTs e como objetivos identificar e analisar o comportamento sexual de estudantes universitários e as práticas de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis.Os resultados mostram que o grupo apresenta insuficiência de conhecimentos sobre as infecções e não usa preservativos de modo contínuo e denotam que os universitários se reconhecem como uma população vulnerável às infecções transmitidas pelo sexo desprotegido.Percebeu-se, nos discursos dos universitários, que o tipo de relacionamento afetivo é determinante para uso (ou não) do preservativo. Os jovens acreditam na invulnerabilidade do grupo e, por conseguinte, assumem um comportamento sexual de risco.
10.Jovens adolescentes: Os fatores de Risco das infecções sexualmente transmissíveis e fatores protetivos.   Magalhães et al. (2021)manuscritos nos bancos de dados PUBMED, LILACS, BIREME, NCBI, ELSEVIER, SCIELO, American Journal of Therapeutics entre os anos de 2001 a 2021.As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são uma causa comum de morbidade em adolescentes sexualmente ativos e podem ser causadas por bactérias, vírus, protozoários, parasitas ou fungos. A IST viral mais comum é o papilomavírus humano (HPV) e a IST bacteriana mais comum é a clamídia.Faz- se necessário a realização de novos estudos, com todas as etapas integradas num só foco de elucidar, com melhor certeza, os fatores que contribuem para o aumento de casos de ISTs entre adolescentes e melhores abordagens e campanhas de orientação sexual para os mesmos.
11.Desenvolvimento saudável da sexualidade na adolescência: propondo uma estrutura baseada em competências para informar programas e pesquisas.   Kagesten e Reeuwuk (2021)Investigar o desenvolvimento saudável da sexualidade na adolescência: propondo uma estrutura baseada em competências para informar programas e pesquisas.Os aspectos positivos da sexualidade continuam a ser pouco estudados entre os jovens em todo o mundo e falta consenso sobre os diferentes aspectos do desenvolvimento saudável da sexualidade dos adolescentes.Devem ser feitas mais pesquisas a fim de orientar programas, investigação e políticas. adequada, acompanhamento especializado ao paciente e familiar
12.Desenvolvimento e validação da escala de empoderamento sexual e reprodutivo para adolescentes e jovens adultos.   Upadhyay et al. (2021)Avaliar o empoderamento sexual e reprodutivo entre adolescentes e adultos jovens.A validação por meio de regressão logística demonstrou que as subescalas estavam consistentemente associadas à informação sobre saúde sexual e reprodutiva e ao acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva medidos no início do estudo e moderadamente associadas ao uso de métodos contraceptivos desejados no acompanhamento.Pode ser utilizado por investigadores, profissionais de saúde pública e médicos para medir o empoderamento sexual e reprodutivo entre os jovens.
13.Manejo de IST em adolescentes na atenção primária à saúde / Manejo das IST em adolescentes na atenção primária à saúde.   Santos et al. (2022).O estudo em questão teve como objetivo descrever, a partir de uma revisão narrativa de literatura, como é realizado o manejo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) em adolescentes na Atenção Primária à Saúde (APS).Fundamentada no princípio da integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS), a APS detém a função assistencial desde a educação e prevenção, até o tratamento e cuidado longitudinal desses indivíduos.A vulnerabilidade social, a desinformação e a insegurança dos jovens, a relação profissional-pessoa enfraquecida e as deficiências de projetos educativos para promoção de práticas sexuais seguras foram algumas das dificuldades enfrentadas nesse cenário.
14.Supervisão dos pais e comportamento sexual entre adolescentes brasileiros.   Reis et al. (2023)Avaliar a associação entre a supervisão dos pais e comportamentos sexuais entre os adolescentes brasileiros.Quanto maior a supervisão dos pais, melhores os comportamentos sexuais, para ambos os sexos, apesar de a supervisão ocorrer de forma diferenciada entre os sexos.Esses achados apontam o papel da família em proporcionar aos adolescentes monitoramento simultâneo ao diálogo e ao afeto, condição estimuladora do comportamento sexual saudável e livre de riscos.
15.Educação sexual com adolescentes no contexto familiar à luz da (anti) dialogicidade freireana.   Lima et al. (2023)Este estudo buscou compreender, sob a perspectiva de adolescentes, os diálogos sobre sexualidade no contexto familiar., com 13 adolescentes de 14 a 19 anos de um município sul-brasileiro.No contexto familiar, tem sido evidenciada dificuldade na discussão da sexualidade entre pais e filhos. Essa realidade torna-se ainda mais crítica ao considerar que a adolescência é uma fase determinante para a adoção de atitudes e práticas que podem perdurar para toda a vida. Dentre as formas de aprender e ensinar, destaca-se o diálogo, que pode criar e estreitar laços entre os assuntos para oportunizar esses processos. Apreendeu-se que o contexto dos diálogos sobre sexualidade no ambiente familiar é influenciado por aspectos afetivos, culturais, sociais e religiosos.

Fonte: Própria pesquisa (2023).

Conforme Kagesten e Reeuwijk (2021) sabe-se que a adolescência é definida como uma fase mediadora do desenvolvimento humano, entre a infância e a vida adulta. Este momento é caracterizado por transformações físicas, hormonais e comportamentais e tais mudanças modificam o relacionamento entre a família, amigos e até com o próprio indivíduo, proporcionando a busca da identidade e sua autonomia.

Os problemas gerados na fase da dolescencia exarcebam a questão de  ser um período de transição, que gera instabilidade e desequilíbrio e a sexualidade é um dos temas que são vistos como problema pois a falta de informação e conhecimento junto a imaturidade gera problemas de saúde pública como o aumento das Ist, sobretudo em jovens (Liang et al., 2019).

Pinto (2018) aponta que mais de 75% da população com vida sexual ativa contraiam pelo menos um tipo de contaminação por IST durante sua vida. É notório, portanto, que estes jovens se deparam com muitas decisões e precisam de informações exatas sobre a vida sexual, e, conforme trata Spindola et al. (2021) é cada vez mais frequente o início precoce da vida sexual, em muitos casos por pressão do grupo social no qual estão inseridos, o que os distanciam de um sexo praticado com conhecimento e segurança, implicando desfechos nem sempre satisfatórios, fomentando cada vez mais cedo as infecções por ISTs.

Frente ao exposto, observa-se uma grande ocorrência de gestações indesejadas entre esses jovens, além de estarem expostos também aos elevados índices de IST nesse período. No Brasil, a média do início das atividades sexuais é de 14 a 15 anos, sendo que 27,5% dos adolescentes que já tiveram relação sexual são do sexo masculino, e apenas 61,2% usaram preservativo na primeira relação sexual, logo nota-se que há um índice relevante de ISTs por conta das relações sexuais, parceiros variados e o não uso de preservativos (Shannon; Klausner, 2018).

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), devido ao aumento de jovens com ISTs é necessário o fomento de várias estratégias, entre as quais se destaca o fortalecimento das atividades de vigilância para que seja possível o monitoramento e planejamento das ações a serem organizadas em prol desse problema de saúde pública (Coren, 2019).

Assim, existem recomendações atuais para esse público que primam fazer uma interação com o adolescente com o meio pode influenciar tanto nos eventos de risco como na forma de lidar com as situações de estresse, tornando o indivíduo menos vulnerável, de modo a desenvolver mecanismos que auxiliem os adolescentes na superação de dificuldades e adversidades e conscientizem acerca da prevenção contra as ISTs (Upadhyay et al., 2021)

Como as ISTs são uma preocupação crescente para os adolescentes é elevada a importância da triagem e o gerenciamento adequados primando por esforços de prevenção, vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), e conscientização desse público que se encontra em estado de vulnerabilidade devido a descoberta do novo, influência de mudanças biopsicossociais e ao contexto em que estão inseridos (PINTO, 2018).

Fatores que ampliam a vulnerabilidade dos adolescentes frente as ISTs são o não saber lidar com as modificações biopsicossociais, a necessidade de novas experiências que podem torná-los vulneráveis às infecções, o errado exercício da sexualidade, a proteção inadequada, falta de informação, falta de conscientização e falta de comunicação com pessoas próximas sobre as experiências sexuais gerando com isso uma preocupação na saúde pública mundial (COSTA et al., 2020).

O exercício inadvertido ou impensado da sexualidade conduz a diversas consequências, cujas implicações são bastante conhecidas e vão desde uma gravidez precoce e (ou) não programada a uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Assim, vale acrescer que essas doenças são originadas por vários agentes e transmitidas de várias formas, inclusive através do contato sexual sem o uso da camisinha por pessoas contaminadas (VANWESENBEECK et al., 2021).

É de fundamental importância ter conhecimento sobre todos os métodos contraceptivos existentes e os riscos acarretados pela relação sexual desprotegida, a fim de que os usuários possam vivenciar o sexo saudável, livre de uma gravidez indesejada ou de infecções sexualmente transmissíveis sendo preciso, cada vez mais, que as pessoas sejam orientadas acerca das ISTs e da necessidade e quanto ao uso dos métodos contraceptivos em geral, sendo alertados não somente quanto à prevenção de gravidez indesejada, mas também esclarecendo que alguns desses métodos podem auxiliar na prevenção de doenças (PINTO, 2018).

Ressalta-se que quando os adolescentes iniciam as atividades sexuais precocemente, podem estar vulneráveis à infecção por DST e tal iniciação sexual precoce pode levar a um aumento de 1,7 vezes na infecção por uma DST, pois quanto mais precoce menor é o conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis e suas formas de contágio/transmissão melhor serão as informações e a oportunidade de troca de experiências sobre a atividade sexual saudável (COSTA et al., 2020).

Conforme Shannon e Klausner (2018) para evitar a transmissão de DSTs é necessário que a pessoa tenha conhecimento dos riscos destas, e informação é salutar e salva vidas, sendo de grande relevância que a população conheça o modo de transmissão das DSTs com o objetivo de impedir a disseminação de forma geral destas. Para isso, é preciso destacar os métodos de prevenção e as condutas de risco e os adolescentes nesse contexto em geral não tem cautela ou agem conforme informações inadequadas.

Assim, a saúde sexual é muito importante e deve ser buscada e uma forma é evitando as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e muitas vezes mesmo tendo conhecimento sobre o tema, alguns adolescentes acabam apresentaram comportamentos de risco evidenciados pelo início precoce das atividades sexuais, multiplicidade de parceiros e uso de bebidas alcoólicas, havendo uma latente necessidade de investimentos na área educacional para que os adolescentes adquiram conhecimentos, habilidades e práticas saudáveis a respeito de sua saúde sexual (LANDERS; KAPADIA, 2020).

Para Santos et al. (2022) por conta disso que é elevada a importância de se trabalhar este tema, especialmente com relação a informar e prevenir e a inclusão de educação sexual é essencial na promoção de relações sexuais protegidas e evitar a contaminação, pois conforme estudos o uso do preservativo é o método mais eficaz para a prevenção de DST.

Carvalho e Araújo (2020) destacaram ao avaliar as práticas sexuais e de prevenção de IST demonstrou que existe relação entre o uso do preservativo e o tipo de parceria, ou seja, pessoas com relacionamentos fixos costumam substituir o preservativo por outros métodos contraceptivos o que gera mais preocupação e aumento no número de ISTs.

Reis et al. (2023) destaca em seu estudo que a supervisão dos pais é crucial e determinante e gera melhores os comportamentos sexuais, mostrando assim a importância do papel da família em proporcionar aos adolescentes monitoramento simultâneo, com mais informação e diálogo com afeto, o que gera nos jovens um comportamento sexual saudável e livre de riscos. De igual forma Lima et al. (2023) aduz a extrema fragilidade da discussão sobre esse tema com os adolescentes e mostra que especialmente a influência de aspectos afetivos, culturais, sociais e religiosos, primando por políticas públicas de saúde e educação, incluindo a família nas estratégias de educação desenvolvidas em escolas e serviços de saúde, no contexto da sexualidade e prevenção de ISTs.

CONCLUSÃO

Os artigos analisados nesse estudo sobre as ISTs na adolescência demonstraram que a falta de maturidade leva a uma vida sexual de maior risco e com tendências a gravidez indesejada e sexo sem proteção. Os resultados mestacar o apoio familiar, nesse contexto, e a importância de conscientizar o público mais jovem a respeito de uma educação sexual e cuidados para evitar contrair infecções de cunho sexual. Por fim, enfatiza-se a importância da abordagemdas políticas públicas em  saúde com o fim de  buscar atitudes e ações de prevenção para evitar a incidência de ISTs em públicos mais jovens. Faz-se  necessário fomentar mais estudos para  que os profissionais de saúde se encontrem atualizados quanto ao assunto, trazendo mais conhecimento com o objetivo de conscientizar e informar melhor o público alvo pesquisado.

REFERÊNCIAS

ANGELIM RCM, PEREIRA VMAO, FREIRE DDA, BRANDÃO BMGDM, ABRÃO FMDS. Representações sociais de estudantes de escolas públicas sobre as pessoas que vivem com HIV/aids. Saude Debate 2017; 41(112):221-229.

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Infecções Sexualmente transmissíveis, 2020, Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/i/ist#:~:text=A%20ts%20Se Acesso em 12 ago 2023.

BEZERRA EO, PEREIRA MLD, MARANHÃO TA, MONTEIRO PV, BRITO GCB, CHAVES ACP, SOUSA AIB.Análise estrutural das representações sociais sobre a aids entre pessoas que vivem com vírus da imunodeficiência humana. Texto Contexto Enferm 2018; 27(2):e6200015.

CARVALHO, R. C., ARAÚJO, T. M. E. de .Knowledge, attitudes and practices of university adolescents about syphilis: a cross-sectional study in the Northeast. Revista De Saúde Pública, 2020, 54 (1): 120.

COREN. A. Saúde reprodutiva para adolescentes: os pais também querem participar. J Sex Marital Ther [online]. 2019, 45(5): 406-13

COSTA, M. I. F.., RODRIGUES, R. R., TEIXEIRA, R. M., PAULA, P. H. A. DE ., LUNA, I. T., PINHEIRO, P.N. DA C. Adolescents in situations of poverty: resilience and vulnerabilities to sexually transmitted infections. Revista Brasileira De Enfermagem, 2020, 73(3): 11-19.

FOLASAYO AT, OLUWASEGUN AJ, SAMSUDIN S, SAUDI SNS, OSMAN M, HAMAT RA. Assessing the knowledge level, attitudes, risky behaviors and preventive practices on sexually transmitted diseases among university students as future healthcare providers in the central zone of Malaysia: a cross-sectional study. Int J Environ Res Public Health 2017; 14(2):E159.

KAGESTEN, Anna; REEUWIJK, Miranda. Desenvolvimento saudável da sexualidade na adolescência: propondo uma estrutura baseada em competências para informar programas e pesquisas. Assuntos de saúde de reprodução sexual, 2021, 29(1): 116-129.

LANDERS, S; KAPADIA, F. A saúde pública do prazer: indo além da prevenção de doenças . Am J Saúde Pública, 2020, 110 (2): 140–141.

LIANG, M; SIMELANE, S; FORTUNY FILLO G, et al.. O estado da saúde sexual e reprodutiva do adolescente . J Saúde do Adolescente . v. 65, n. 6, p. S3–S15, 2019.

LIMA, LV, et. al . Educação sexual com adolescentes no contexto familiar à luz da (anti)dialogicidade freireana. Interface – Comunicação, Saúde, Educação [online]. 2023, 27(1),  e220651.

LORIMER, K; DEAMICIS, L; DALRYMPLE, J, et al.. Uma rápida revisão das definições e medidas de bem- estar sexual: devemos agora incluir a liberdade de bem-estar sexual? J Sexo Res, v. 56, n. 7, p. 843–853, 2019.

MAGALHAES, E; SANTOS, F; BARROS, N; SOUZA, A. Jovens adolescentes: Os fatores de Risco das infecções sexualmente transmissíveis e fatores protetivos, Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.12, p. 114491-114491 dec. 2021.

OLIVEIRA ACGDP, CARAMELO F, PATRÍCIO M, CAMARNEIRO AP, CARDOSO SM, PITA JR. Impacto de um programa de intervenção educativa nos comportamentos sexuais de jovens universitários. Rev Enferm Ref 2017; (13):71-82.

PINTO, V. M; BASSO, C. R; BARROS, C. R; DOS S.; GUTIERREZ, E. B. Fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis: inquérito populacional no município de São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 2018, v. 23, n. p. 2423–2432.

SANTOS, CR DOS, MIDÃO, GV DOS S., SILVA, JIM, MAIA, JG, PASSAMANI, LDB, GONÇALVES, MML, BÔA, MC, CARMO, TL DO, & CARRARO, LM. Manejo de IST em adolescentes na atenção primária à saúde/ Manejo das IST em adolescentes na atenção primária à saúde. Revista Brasileira de Revisão de Saúde , v. 5, n. 2, 8012–8021, 2022.

REIS, Gleice Barbosa et al. Parental supervision and sexual behavior among Brazilian adolescents. Revista Brasileira de Epidemiologia [online]. v. 26, n. Suppl 1, 2023.

SHANNON, C; KLAUSNER, J. The Growing Epidemic of Sexually Transmitted Infections in Adolescents: A Neglected Population. Curr Opin Pediatr. 2018, v. 30, n.1, p. 137-143.

SPINDOLA, T; SANTANA, R; ANTUNES, R; MACHADO, Y; MORAES, P. A prevenção das infecções sexualmente transmissíveis nos roteiros sexuais de jovens: diferenças segundo o gênero. Ciênc saúde coletiva [Internet]. 2021, v. 26, n. 7, p. 2683-2692.

SPINDOLA, T; OLIVEIRA, CSR, SANTANA, RSC, SODRÉ, CP, ANDRÉ, NLNO, BROCHADO, EJ. Práticas sexuais, conhecimento e comportamento dos universitários em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis. Rev Fund Care Online 2019; 11(5):1135-1141.

VANWESENBEECK, I; CENSE, M; VAN REEUWIJK, M, et al.. Compreendendo a Agência Sexual . Implicações para Programação de Saúde Sexual. 2021; 2 (2): 378–396.

UPADHYAY, U; DANZA, P; NEILANDS, T et al.. Desenvolvimento e validação da escala de empoderamento sexual e reprodutivo para adolescentes e jovens adultos . J Saúde do Adolescente, 2021, 68 (1): 86–94.


1 Universidade de Vassouras (UNIVASSOURAS), Rio de Janeiro- RJ.
*E-mail: Liviabrandao@gmail.com

2 Faculdade Santo Agostinho (FASA), Vitoria da Conquista – BA.

3Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA.E mail:juliana.ferreira@vic.fasa.edu.br