AUMENTO DE COROA E SEUS BENEFÍCIOS PARA RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410302235


Mariana Duarte da silva
Vanute Virgínio da Silva
Docente Orientador: Jeynife Rafaella


RESUMO

Introdução: A busca de um sorriso harmonioso é o sonho de todo paciente. O sorriso gengival é caracterizado pelo excesso de tecido de gengiva ao sorrir. A exposição excessiva do tecido gengival é uma das queixas mais relatadas pelos pacientes que buscam um padrão estético adequado. Para que o tratamento do sorriso gengival seja realizado, é fundamental que o Cirurgião-Dentista conheça todas as etiologias inerentes e entenda que múltiplos fatores podem estar presentes simultaneamente, e assim, selecionar a técnica que mais se adequa ao caso. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura sobre o aumento de coroa e seus benefícios para restaurações estéticas. Materiais e métodos: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, através de uma revisão da literatura. Resultados: Os resultados permitiram uma reflexão acerca da temática em questão, no qual foi possível vislumbrar que um diagnóstico correto é indispensável para delinear um planejamento no tratamento e ofertar ao paciente um tratamento individualizado, com resultados eficazes em longo prazo. Conclusão: Portanto, conclui-se que por mais que haja os desafios técnicos e os cuidados pós operatórios, o aumento de coroa tem resultados significativos no sorriso do paciente. Sua aplicação permite superar limitações anatômicas e alcançar resultados estéticos excelentes, além de beneficiar a saúde periodontal e a longevidade das restaurações.

Palavras – chave: Aumento de Coroa. Estética. Sorriso gengival.

ABSTRACT

Introduction: The search for a harmonious smile is every patient’s dream. A gummy smile is characterized by excess gum tissue when smiling. Excessive exposure of gingival tissue is one of the most reported complaints by patients seeking an adequate aesthetic standard. For gummy smile treatment to be carried out, it is essential that the Dental Surgeon knows all the inherent etiologies and understands that multiple factors can be present simultaneously, and thus select the technique that best suits the case. Objective: To carry out a literature review on crown lengthening and its benefits for aesthetic restorations. Materials and methods: This is a bibliographical research of a qualitative nature, through a literature review. Results: The results allowed a reflection on the topic in question, in which it was possible to see that a correct diagnosis is essential to outline treatment planning and offer the patient individualized treatment, with effective long-term results. Conclusion: Therefore, it is concluded that despite the technical challenges and post-operative care, crown lengthening has significant results on the patient’s smile. Its application allows overcoming anatomical limitations and achieving excellent aesthetic results, in addition to benefiting periodontal health and the longevity of restorations.

Keywords: Crown Augmentation. Aesthetics. Gummy smile.

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa apresenta um estudo sobre o aumento de coroa e seus benefícios para restaurações estéticas. O tema apresenta uma grande relevância, tendo em vista que se trata de um procedimento odontológico que consiste em remover parte do tecido gengival e ósseo ao redor de um dente para expor mais a coroa dentária. A procura por esse procedimento é algo que tem se destacado bastante nos últimos anos, pois ele é feito com o objetivo de melhorar a estética do sorriso e proporcionar uma base mais sólida para a fixação de restaurações dentárias (Barros, et,. al. 2023).

Na busca pela harmonia estética e funcional do sorriso, o aumento de coroa emerge como uma técnica fundamental na odontologia restauradora contemporânea. Compreendido como um procedimento que visa restaurar e reconstruir a porção visível do dente, o aumento de coroa oferece uma série de benefícios não apenas estéticos, mas também funcionais e psicossociais para os pacientes (Porto, 2019).

Dessa forma, é importante deixar em destaque que o aumento de coroa melhora significativamente a estética do sorriso. Isso é de suma importância em casos de dentes desgastados, fraturados, com manchas ou com outras imperfeições estéticas, pois ao expor a coroa dentária através do referido procedimento, ele consegue corrigir problemas de sorriso gengival, dentes curtos ou desproporcionais proporcionando um sorriso mais harmonioso e esteticamente agradável (Porto, 2019).

Tal procedimento odontológico consiste na remoção de uma pequena quantidade de tecido gengival e ósseo ao redor do dente, permitindo assim a exposição de mais da estrutura dental natural. Esse procedimento é frequentemente realizado em conjunto com restaurações estéticas, como facetas de porcelana ou coroas, e traz uma série de benefícios para a estética do sorriso e a saúde bucal como um todo (Barros, et,. al. 2023).

Assim, com a exposição adequada da coroa dentária, as restaurações dentárias, como facetas, coroas ou pontes, têm uma base mais sólida para serem fixadas, garantindo maior durabilidade e estabilidade. Ressalta-se ainda, que além dos benefícios estéticos, o aumento de coroa também contribui para a saúde bucal, facilitando a higienização dos dentes e prevenindo problemas como cáries e doenças periodontais (Barros, et,. al. 2023).

Deste modo, explorar os detalhes do aumento de coroa e seus benefícios torna-se fundamental para que se possa compreender não apenas as possibilidades terapêuticas disponíveis, mas também o impacto positivo que esses procedimentos podem ter na qualidade de vida dos indivíduos. Esta revisão de literatura aborda os fundamentos do aumento de coroa, destacando sua importância no contexto das restaurações estéticas, e examina os benefícios que essa técnica oferece, tanto do ponto de vista clínico quanto do paciente (Oliveira, 2019).

Partindo dessa premissa, o tema traz a seguinte problemática: Como o aumento de coroa pode ser otimizado para proporcionar restaurações estéticas de alta qualidade e quais são os principais benefícios clínicos e psicossociais que essas técnicas oferecem aos pacientes?. 

Assim, parte-se da hipótese de que o aumento de coroa, quando realizado com precisão e utilizando materiais de alta qualidade, não apenas restaura a estética dentária, como também melhora a função mastigatória e a autoestima dos pacientes. No mais, supõe-se que o aumento de coroa, ao preservar a estrutura dental e proporcionar uma estética natural, traz benefícios duradouros possibilitando uma melhor qualidade de vida e satisfação com o tratamento odontológico.

A justificativa desse estudo reside no argumento de que a estética dental desempenha um papel crucial na autoestima e confiança de todos os indivíduos. Isso porque um sorriso harmônico e bonito consegue impactar positivamente a vida social e profissional de qualquer cidadão.

O objetivo geral deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre o aumento de coroa e seus benefícios para restaurações estéticas. Para isso, busca-se ampliar uma visão melhor acerca da temática que será discutida ao longo desta revisão de literatura.

2 OBJETIVOS 

2.1 Objetivo geral 

Realizar uma revisão de literatura sobre o aumento de coroa e seus benefícios para restaurações estéticas.

2.2 Objetivos específicos

a) Analisar as melhorias estéticas obtidas com o aumento de coroa;

b) Avaliar como o procedimento de aumento de coroa influencia a durabilidade e a funcionalidade das restaurações dentárias;

c) Compreender as diferentes técnicas e materiais utilizados no procedimento de aumento de coroa.

3 MATERIAIS E MÉTODOS 

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, através de uma revisão da literatura. Este método científico fornece uma compreensão mais abrangente de um determinado tema ou fenômeno (Pereira, et al., 2018). Para a construção da questão norteadora será utilizada a estratégia PICO (População, Intervenção, Controle e Resultados), conduzida de acordo com as seguintes etapas de elaboração: escolha do tema, formulação da questão norteadora, busca na literatura, coleta de dados, seleção e análise crítica dos estudos, discussão dos resultados e apresentação da revisão.

Como guia desta revisão integrativa, formulou-se a seguinte pergunta norteadora: Como o procedimento de aumento de coroa pode melhorar a eficácia e a estética das restaurações dentárias em pacientes adultos? 

No processo de seleção dos artigos serão utilizadas as bases de dados relacionadas à área da saúde: Eletronic Library Online (SCIELO), Public Medline (PUBMED), Literatura Latino Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Google Acadêmico.

Os critérios de inclusão serão: artigos pertinentes ao tema específico, publicados entre 2014 a 2024, escritos em inglês e português, com os resumos disponíveis nas bases de dados. Já com relação os critérios de exclusão: Publicações no formato de carta editorial, tese e dissertação, artigos de revisão de literatura, relatos de caso ou série de casos e os que não contemplassem sobre o tema especificamente.

Os descritores incluídos para pesquisa em todas as bases de dados serão:

“aumento de coroa dentária”, “estética dentária”, “restaurações estéticas”, “odontologia restauradora”, “saúde bucal” e “alongamento de coroa clínica” previstos nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). O cruzamento destes termos ocorrerá a partir do operador booleano AND e OR. 

Posteriormente, será organizado uma lista com os títulos dos artigos encontrados através de uma planilha do software Microsoft Excel® 2019, sendo realizada manualmente a identificação e exclusão dos arquivos em duplicatas. A seleção mediante critérios de inclusão e exclusão será feita por dois revisores, de forma independente. O parecer de um terceiro autor será solicitado nos estudos que gerarem alguma discordância.

 Após análise do título, resumo e leitura na íntegra, serão retiradas as seguintes informações: autores, ano de publicação, título, tipo de estudo e as principais conclusões apresentadas nas pesquisas em formato de Fluxograma.

Analisam-se:

Figura 1 – Fluxograma com critério de exclusão e inclusão de artigos

Fonte: Autores (2024).

4 REVISÃO DE LITERATURA 

A harmonia do sorriso está ligada por uma posição dinâmica dos lábios e seu perfil em associação às estruturas dentárias, fatores como linha mediana, linha inter incisiva, características gengivais do paciente e posicionamento dos dentes. O sorriso representa um fator essencial na composição da beleza de um indivíduo. Por essa razão, vislumbra-se o crescente apelo da sociedade moderna na busca por sorrisos bonitos e saudáveis. Nesse contexto, a Ortodontia desempenha função de fundamental importância (Silveira; Silva; Madureira, 2023). 

Importante trazer à baila que a avaliação estética do sorriso envolve diversos parâmetros, tais como a quantidade de gengiva visível, a linha média, o corredor bucal, a proporção entre largura e altura dos incisivos, a inclinação das coroas dos incisivos, o contorno gengival e o formato do arco do sorriso, entre outros. Dentre esses aspectos, a análise da quantidade de gengiva exposta ao sorrir se destaca, pois está ligada a fatores como o excesso vertical da maxila, a hiperatividade e o comprimento do lábio superior, além da altura da coroa clínica dos incisivos superiores (Machado; Bittencourt, 2011). 

Na literatura, existem várias classificações para os diferentes tipos de sorriso. Com base na relação entre o lábio superior e os dentes anterossuperiores, os sorrisos são categorizados em cinco tipos, tais quais: Sorriso alto; sorriso baixo, sorriso médio; sorriso curvo e sorriso reto. 

Nesse contexto, o sorriso alto também chamado de sorriso gengival é caracterizado pela exposição da gengiva com mais de 3 mm ao sorrir. É frequentemente associado à hiperatividade dos músculos elevadores do lábio superior ou ao excesso de crescimento vertical da maxila. Esteticamente, é considerado menos desejável, e o tratamento pode envolver procedimentos como a gengivoplastia ou o aumento de coroa (Espíndola, et al., 2022).

Já o sorriso baixo, segundo Espíndola et al., (2022) é caracterizado pela exposição mínima ou inexistente da gengiva ao sorrir, ele mostra somente os dentes anterossuperiores. Este tipo de sorriso é visto na maioria dos casos como esteticamente agradável, mas em algumas situações é indicativo de envelhecimento ou de retração gengival.

Outro tipo de sorriso mencionado acima é o sorriso médio, em que a margem gengival dos dentes anterossuperiores é facilmente perceptível, mas em uma quantidade moderada (de 1 a 3 mm), o que geralmente é considerado esteticamente agradável. O sorriso médio é um dos mais comuns e apresenta uma harmonia entre os dentes, gengivas e lábios.

O sorriso curvo, por sua vez, a curva dos dentes anterossuperiores segue a linha do lábio inferior, criando uma harmonia entre os dentes e os lábios. É considerado um sorriso esteticamente atraente e juvenil, pois sugere uma boa saúde dentária e uma relação equilibrada entre os componentes faciais (Oliveira, 2019).

E, por fim, o sorriso reto. Neste sorriso, a linha dos dentes anterossuperiores é reta e paralela ao lábio inferior, sem seguir a curvatura natural do lábio. Pode ser menos esteticamente agradável em comparação com o sorriso curvo, mas ainda assim é comum e geralmente não requer intervenção, a menos que o paciente deseje modificações estéticas (Espíndola, et al, (2022).

Seguindo esta linha de raciocínio, de acordo com a literatura, a posição ideal envolve os lábios superiores tocando a borda gengival dos incisivos centrais superiores. Da mesma forma, em um sorriso considerado ideal, o lábio superior deve se dispor de maneira a revelar completamente a coroa dos incisivos centrais superiores e até 1mm de gengiva. Além disso, a exposição gengival de até 3mm pode ser vista como esteticamente aceitável (Machado; Bittencourt, 2011). 

Além disso, a literatura também observa que há diferenças na exposição gengival do sorriso entre os gêneros. Vários autores concordam que as mulheres têm uma linha do sorriso mais elevada, apresentando maior exposição gengival, enquanto os homens tendem a ter uma linha do sorriso mais baixa, com uma menor faixa de exposição.

Deste modo, para os sorrisos que não estão em harmonia, gerando desconfortos, ou seja, em casos onde há um sorriso gengival ou onde a relação entre o lábio superior e os dentes anterossuperiores é desequilibrada, o mais indicado é a realização do procedimento do aumento de coroa.

Assim, segundo Ferreira e Favero (2018) a cirurgia de aumento de coroa clínica foi descrita pela primeira vez por Robiscek no ano de 1884 e indicada para remover bolsas periodontais como tratamento de unidades dentárias com perda óssea. 

Contudo, alguns critérios devem ser avaliados no momento de determinar a indicação cirúrgica, como por exemplo: quantidade de tecido queratinizado com presença de bolsa periodontal e remoção do tecido ósseo adjacente por suspeita de necrose. Com o passar dos anos, e principalmente nos últimos, a técnica se desenvolveu e adquiriu abordagens mais conservadoras, visando correção e alinhamento do tecido gengival com regularização óssea na ausência de doenças periodontais (Ferreira; Favero, 2018).

Salienta-se que o sorriso gengival é identificado quando se observa uma quantidade excessiva de gengiva na área anterossuperior em conexão com a coroa clínica curta dos dentes. Essa condição pode causar problemas estéticos. Assim, ao planejar a cirurgia para reposicionar a margem gengival mais para baixo, é essencial considerar a área de gengiva queratinizada e a relação da junção cemento-esmalte (JCE) com a margem gengival (MG) e a crista óssea alveolar, para evitar a exposição da parte radicular dos dentes (Andrade; Vieira, 2004).

Frente a isso, Ravon et al., (2008) preceitua:

A arquitetura gengival (forma, posição e contorno da gengiva ao redor dos dentes) acaba afetando na estética do paciente quando não respeita os padrões fisiológicos, como arquitetura gengival associada a defeitos ósseos, assimetria gengival, recessões ou excessos de tecido gengival sobre a coroa clínica e invasão do espaço biológico (Ravon, et al., 2008, p. 3).  

Dessa forma, o autor discute a importância da arquitetura gengival na estética dental e os problemas que podem surgir quando essa arquitetura não está em conformidade com os padrões fisiológicos adequados. Logo, compreende-se, que uma arquitetura gengival saudável e bem definida é crucial para uma aparência estética harmoniosa, e também é uma característica importante para a saúde periodontal.

Em suma, a saúde e a estética gengival são interdependentes. Ou seja, qualquer alteração na arquitetura gengival que não respeite os padrões fisiológicos compromete tanto a aparência quanto a funcionalidade do sorriso, resultando em problemas estéticos, como assimetria e recessão, e possíveis complicações de saúde periodontal (Silveira; Silva; Madureira, 2023).

De acordo com Oliveira (2019) o desconforto gerado por um sorriso que não é esteticamente harmonioso impacta, em especial, as mulheres. As cirurgias estéticas, como a osteoplastia e as osteotomias, que são procedimentos para remodelar os ossos da mandíbula ou do maxilar com o intuito de alinhar os dentes, corrigir problemas de mordida ou deformidades faciais tem como objetivo tratar essas situações, permitindo a obtenção de um sorriso harmonioso e uma boa visibilidade dental. 

Frente a isso, existem procedimentos cirúrgico-periodontais que trazem melhorias no tratamento restaurador, entre eles a cirurgia de aumento de coroa clínica. Assim, ressalta-se que o aumento de coroa dentária é um procedimento cirúrgico bastante usado para expor uma maior porção do dente, frequentemente necessário quando existe destruição relevante da coroa clínica por causa de cáries, fraturas ou até mesmo desgaste. 

Assim, este procedimento é fundamental para permitir uma restauração apropriada, principalmente em situações em que o espaço subgengival é restrito, prejudicando a adaptação da restauração e comprometendo também a saúde periodontal (Oliveira, 2019).

Enfatiza-se que para entender sua utilização, é importante perceber que o espaço biológico desempenha um papel de proteção nos tecidos de suporte dental contra a agressão de bactérias e suas toxinas. Quando ocorre a invasão desse espaço, as estruturas se migram e se reorganizam em direção mais apical. 

Em várias situações clínicas, as condições ideais para a realização do procedimento de restauração não estão disponíveis, fazendo com que o profissional precise buscar alternativas para criar acesso à parede cervical da cavidade, permitindo um campo operatório livre de contaminação e umidade. Quando isso acontece, apenas os procedimentos cirúrgico-periodontais conseguem estabelecer condições favoráveis (Ferreira; Favero, 2018). 

Assim, é possível destacar que o tratamento dentário para ser considerado satisfatório deverá ser respeitado os fatores mecânicos, biológicos e estéticos, objetivando manter a integridade do tecido dental e a saúde dos tecidos de suporte. Igualmente, procura-se sempre respeitar o espaço biológico, que consiste na dimensão do periodonto compreendida da crista óssea alveolar à margem gengival livre, caracterizando-se pelas estruturas bioanatômicas do epitélio sulcular, epitélio juncional e inserção conjuntiva (Rissato; Trentin, 2012).

As técnicas de aumento de coroa incluem a remoção de tecido gengival e, em alguns casos, a remoção de osso alveolar (ostectomia) para atingir uma quantidade adequada de estrutura dentária exposta. As principais abordagens cirúrgicas incluem a técnica de bisel interno, a técnica de retalho deslocado apicalmente, e a ostectomia associada à osteoplastia. Cada uma dessas técnicas tem indicações específicas e variações dependendo da situação clínica do paciente (Espíndola; et al., 2022).

Diante disso, autores como Bragger et al.,  (1992) discutem as diferentes abordagens e suas respectivas indicações, destacando que a escolha da técnica deve considerar fatores como a necessidade estética, a preservação da saúde periodontal, e a obtenção de um perfil de emergência harmonioso.

Em síntese, o aumento de coroa é indicado para casos onde existe comprometimento da estrutura dentária subgengival, dificultando a realização de restaurações duradouras e estéticas. De acordo com Hempton e Dominici (2010), as indicações para o aumento de coroa incluem a preservação da relação biológica, o estabelecimento de um espaço adequado para a margem da restauração e a correção de desajustes marginais.

No mais, o aumento de coroa pode ser indicado também para pacientes que necessitam de melhora na estética gengival, principalmente em casos de sorriso gengival excessivo conforme supramencionado. Estudos de Parodontologia, como o de Lanning et al., (2007), mostram que o aumento de coroa, quando bem indicado e executado, aperfeiçoa a harmonia do sorriso.

 Deste modo, quando o paciente deseja realizar tal procedimento, o ideal é fazer uma avaliação clínica e radiográfica de forma detalhada para estabelecer a quantidade de tecido gengival e osso a ser removido. Então, o profissional deve analisar o sorriso do paciente em repouso e em movimento, avaliando a quantidade de gengiva exposta, a altura das coroas dos dentes e a relação entre os lábios e os dentes (Silveira; Silva, Madureira, 2023).

Logo, de acordo com a avaliação realizada, o cirurgião dentista faz todo o planejamento do procedimento, considerando diversos aspectos como a linha do sorriso, a simetria gengival, e a estética final desejada. Se o paciente possui um sorriso alto, o aumento de coroa pode ser combinado com outras intervenções, como a gengivoplastia ou até mesmo a aplicação de toxina botulínica para reduzir a elevação do lábio superior (Silveira; Silva, Madureira, 2023).

 Para a realização do aumento de coroa existem duas técnicas cirúrgicas, tais quais: Técnica de remoção do tecido gengival e técnica de remoção do tecido ósseo. Assim, no que diz respeito à primeira técnica que é a de remoção do tecido gengival, ela é mais indicada quando a altura da gengiva é suficiente, mas a exposição do dente é limitada. Ao passo que a segunda técnica que é a técnica de remoção do tecido ósseo é mais indicada quando a margem óssea está muito próxima da borda do dente, sendo necessário realizar uma osteotomia que nada mais é do que a remoção de osso para criar espaço suficiente para a colocação de uma restauração e para manter a saúde periodontal (Rissato; Trentin, 2012).  

Verifica-se que ambas as técnicas possuem objetivos semelhantes que são expor uma maior porção do dente para facilitar restaurações e melhorar a estética do sorriso, mas elas não trazem exatamente os mesmos resultados e são indicadas para diferentes situações clínicas conforme já explanado acima.

De acordo com Oliveira (2019) após a realização do procedimento, é essencial um período de cicatrização, que pode levar de algumas semanas a alguns meses. Durante esse tempo, o paciente deverá seguir todos os cuidados específicos, como, por exemplo, evitar escovar vigorosamente a área tratada e usar enxaguantes bucais recomendados para prevenir quaisquer tipos de infecções.

Após a cicatrização estar completamente concluída, o profissional procede à reavaliação do sorriso do paciente. Caso seja necessário, poderão ser realizados ajustes adicionais para garantir que o sorriso cumpra as expectativas estéticas desejadas. O resultado pretendido é um sorriso harmonioso, com uma exposição gengival mínima ou controlada, e coroas dentárias visíveis de forma equilibrada (Araújo, et al., 2016).

Ressalta-se ainda que para manter os resultados do aumento de coroa, é crucial que o paciente siga uma rotina de higiene oral rigorosa e compareça regularmente a consultas de acompanhamento para monitorar a saúde periodontal e a integridade das restaurações. Esses passos asseguram que o aumento de coroa seja realizado de maneira eficaz, resultando em um sorriso esteticamente agradável e funcionalmente estável (Oliveira, 2019).

5 DISCUSSÃO

De acordo com as pesquisas realizadas para a elaboração desse estudo, a estética periodontal está cada vez mais valorizada em busca da harmonia do sorriso. Isso porque a exposição excessiva da gengiva durante o sorriso é conhecida como sorriso gengival (Pires, 2017).

De acordo com Barros et al., (2023) o aumento de coroa é uma técnica cirúrgica que envolve a remoção de tecido gengival e, em algumas situações, de tecido ósseo para expor uma porção maior do dente. Geralmente, ela é indicada em casos de fratura subgengival, cáries profundas ou para trazer um sorriso mais harmonioso. Essa abordagem não só preserva a saúde periodontal como também contribui para a longevidade das restaurações, evitando infiltrações e problemas gengivais futuros.

Assim sendo, o sorriso gengival é diagnosticado quando, ao sorrir naturalmente, a exposição gengival ultrapassa 3 mm da margem gengival em relação à borda inferior do lábio superior. Essa condição ocorre devido a uma desarmonia entre um ou mais dos seguintes fatores: altura da borda inferior do lábio superior, posição do osso maxilar, alinhamento dos dentes e a localização da margem gengival em relação à coroa anatômica (Guimarães, 2021).

Embora 3 mm seja uma medida de referência, o sorriso gengival não é considerado uma doença, exceto em casos de crescimento gengival; assim, o tratamento estará mais ligado à busca pela estética por parte do paciente do que à quantidade específica de gengiva exposta em milímetros (Guimarães, 2021).

O aumento da coroa dentária, do ponto de vista estético, pode otimizar a harmonia do sorriso, especialmente em situações onde os dentes parecem curtos ou quando se observa um “sorriso gengival”. Ao remodelar o contorno da gengiva e ampliar a visibilidade da coroa, esse procedimento resulta em um sorriso com proporções e simetrias mais agradáveis, que é um critério essencial para uma estética dental satisfatória (Bahiana, 2019).

Dessa forma, além de sua função estética, o aumento de coroa oferece uma base mais robusta e apropriada para restaurações, facilitando a aplicação de materiais restauradores e minimizando o risco de falhas. Quando realizado corretamente, ajuda a prevenir o acúmulo de placas bacterianas na linha gengival e torna a higiene bucal mais eficaz, contribuindo para a saúde oral de forma geral.

A literatura também defende que a exposição gengival de até 2 mm é esteticamente aceitável. Segundo estudos realizados por Barros et al., (2023) para os sorrisos com exposição gengival de 3 mm, 5 mm e 7 mm, as pontuações médias globais atribuídas foram 5,0, 3,5 e 2,9, respectivamente.

A escolha da intervenção cirúrgica de aumento de coroa clínica para correção de sorriso gengival pode ser realizada tanto pela gengivectomia ou cirurgia a retalho. A escolha da técnica depende, principalmente, da faixa de gengiva inserida e da necessidade ou não de osteotomia e osteoplastia (Silveira; Silva, Madureira, 2023).

De acordo com Silveira; Silva, Madureira, (2023), embora seja um procedimento com amplos benefícios, o aumento de coroa também traz desafios, como o risco de sensibilidade pós-operatória e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar envolvendo periodontistas e dentistas restauradores. A avaliação criteriosa do caso é crucial para maximizar os resultados e minimizar os riscos.

6 CONCLUSÃO 

Portanto, é possível concluir que as cirurgias plásticas periodontais são de extrema relevância, principalmente aquelas que se referem ao aumento da coroa clínica e o aperfeiçoamento da estética e funcional do sorriso. Neste viés, por meio das pesquisas, é possível vislumbrar que a abordagem cirúrgica é uma alternativa eficaz para corrigir casos de pacientes que reclamam do sorriso gengival causado pela erupção passiva alterada. Essa técnica mostrou-se necessário ao oferecer um sorriso harmonizado com a exposição dos dentes e gengivas mais aproximados do ideal.

Por fim, por mais que haja os desafios técnicos e os cuidados pós-operatórios, o aumento de coroa tem resultados significativos no sorriso do paciente. Sua aplicação permite superar limitações anatômicas e alcançar resultados estéticos excelentes, além de beneficiar a saúde periodontal e a longevidade das restaurações. Diante disso, o procedimento se consolida como uma abordagem indispensável na odontologia moderna, oferecendo aos pacientes, mais conforto, segurança e satisfação com os resultados finais.

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