AUDITORIA DE CONFORMIDADE LEGAL AMBIENTAL:  PERSPECTIVAS, DESAFIOS E IMPORTÂNCIA  

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409261045


Fábio Navarro Manfredini1;
Larissa Maria Viegas Manfredini2


Resumo  

A auditoria de conformidade legal ambiental tem se consolidado como uma  ferramenta essencial na gestão ambiental moderna, sendo cada vez mais  utilizada por empresas e organizações que buscam garantir a adequação de  suas atividades às normas ambientais. O processo de auditoria envolve a  avaliação sistemática de processos, produtos e atividades de uma organização,  verificando se estes estão de acordo com as exigências legais estabelecidas  pelas leis, regulamentos e normas ambientais vigentes. Existem diversas  modalidades de auditoria de conformidade legal ambiental. O presente artigo  busca explorar em profundidade os principais aspectos relacionados à auditoria  de conformidade legal ambiental, abordando seus conceitos, objetivos, métodos  de aplicação, desafios práticos e importância estratégica no contexto atual em  relação aos processos de auditoria de conformidade legal pertinentes à norma  NBR ABNT ISSO 14.001:2015, a Due Dilligence Ambiental e a Resolução  CONAMA 306/2002. Embora seja uma ferramenta poderosa de controle, a  auditoria de conformidade legal ambiental enfrenta desafios práticos, que podem  comprometer a sua eficácia, se não forem devidamente geridos. Apesar da  avaliação legal da ISO 14.001, a Due Diligence ambiental e a auditoria ambiental  da Resolução CONAMA 306 compartilharem o objetivo comum de promover a  conformidade ambiental, cada uma tem enfoques distintos e é aplicável em  diferentes contextos. A ISO 14.001 foca em uma gestão contínua e interna,  enquanto a Due Diligence ambiental é voltada para transações específicas e  riscos ocultos. Já a auditoria da CONAMA 306 oferece uma visão mais ampla de  conformidade e desempenho ambiental, com foco em grandes  empreendimentos e fiscalização legal. Assim, cada abordagem apresenta  vantagens e desafios específicos, sendo complementares em muitas situações  empresariais, especialmente quando se trata de empresas que lidam com  grandes impactos ambientais.  

Palavras-chave: Compliance, Direito Ambiental, ESG  

Abstract  

Environmental legal compliance audits have established themselves as an  essential tool in modern environmental management, being increasingly used by  companies and organizations that seek to ensure the adequacy of their activities  to environmental standards. The audit process involves a systematic assessment  of an organization’s processes, products and activities, verifying whether they  comply with the legal requirements applicable by current environmental laws,  provisions and standards. There are several types of environmental legal compliance auditing. This article seeks to explore in depth the main aspects  related to environmental legal compliance audits, addressing their concepts,  objectives, application methods, practical challenges and strategic importance in  the current context in relation to legal compliance audit processes relevant to the  NBR ABNT standard ISO 14.001:2015, Environmental Due Diligence and  CONAMA Resolution 306/2002. Despite it is a powerful control tool,  environmental legal compliance auditing faces practical challenges, which can  compromise its effectiveness if not properly managed. Although the legal  assessment of ISO 14001, environmental Due Diligence and the environmental  audit of CONAMA Resolution 306 share the common objective of promoting  environmental compliance, each has different focuses and is applicable in  different contexts. ISO 14001 focuses on continuous and internal management,  while environmental Due Diligence is focused on specific transactions and hidden  risks. The CONAMA 306 audit offers a broader view of compliance and  environmental performance, focusing on large projects and legal inspection.  Thus, each approach presents specific advantages and challenges, being  complementary in many business situations, especially when it comes to  companies that deal with major environmental impacts.  

Keywords: Compliance, Environmental Law, ESG  

1. Introdução  

A auditoria de conformidade legal ambiental tem se consolidado como  uma ferramenta essencial na gestão ambiental moderna, sendo cada vez mais  utilizada por empresas e organizações que buscam garantir a adequação de  suas atividades às normas ambientais. Com o aumento da pressão por  sustentabilidade e responsabilidade socioambiental, tanto por parte do governo  quanto da sociedade civil, o cumprimento da legislação ambiental tornou-se não  apenas uma exigência legal, mas um imperativo ético e estratégico para garantir  a continuidade e a legitimidade das operações corporativas (Segal, 2018).  

Segundo Maltby (2005) o processo de auditoria envolve a avaliação  sistemática de processos, produtos e atividades de uma organização, verificando  se estes estão de acordo com as exigências legais estabelecidas pelas leis,  regulamentos e normas ambientais vigentes. Este tipo de auditoria possibilita a  identificação de não conformidades, a antecipação de riscos e a proposição de  melhorias que podem evitar penalidades, reduzir impactos ambientais e, muitas  vezes, otimizar processos produtivos (Biondi, Frey & Iraldo, 2000). 

A auditoria de conformidade legal ambiental pode ser definida segundo  Dutra (2006) como um processo sistemático, documentado e independente,  projetado para obter e avaliar, de maneira objetiva, evidências que demonstrem  se uma organização ou operação está em conformidade com a legislação  ambiental. Ela envolve para Marwa, Salhi & Jarboui, (2020) a análise de uma  série de documentos, entrevistas e inspeções no local para verificar a aderência  às normas ambientais, incluindo leis federais, estaduais e municipais, assim  como tratados e acordos internacionais, quando aplicáveis.  

Essas auditorias são realizadas por auditores internos ou externos, com  o intuito de garantir que todas as operações da organização estejam dentro dos  parâmetros permitidos pela legislação ambiental (Segal, 2018). A conformidade  pode abranger diferentes áreas, como controle de emissões atmosféricas,  gestão de resíduos, uso racional de recursos hídricos, manejo de substâncias  perigosas e proteção da biodiversidade (Marwa, Salhi & Jarboui, 2020).  

Conforme Power (1997) os principais objetivos da auditoria de  conformidade ambiental são: a) Avaliação do cumprimento legal; b) Identificação  de não conformidades; c) Prevenção de riscos ambientais; d) Redução de custos  operacionais; e) Melhoria da imagem e reputação da empresa; f) Promoção da  sustentabilidade.  

O processo de auditoria de conformidade ambiental segue metodologias  rigorosas, divididas em diversas etapas que visam garantir a eficácia da  avaliação (Maltby, 2005). As principais fases são: planejamento; execução;  análise e avaliação; relatório; acompanhamento Power (1997)  

A auditoria de conformidade legal ambiental tem um papel crucial não só no  cumprimento das obrigações legais, mas também no fortalecimento da gestão  ambiental de uma organização. Além de evitar multas, sanções e embargos por  órgãos fiscalizadores, ela oferece outros benefícios estratégicos para a empresa,  tais como: Melhoria contínua dos processos; Fortalecimento da imagem  institucional; Redução de riscos legais (Dutra, 2006).  

Existem diversas modalidades de auditoria de conformidade legal ambiental.  O presente artigo busca explorar em profundidade os principais aspectos  relacionados à auditoria de conformidade legal ambiental, abordando seus conceitos, objetivos, métodos de aplicação, desafios práticos e importância  estratégica no contexto atual em relação aos processos de auditoria de  conformidade legal pertinentes à norma NBR ABNT ISSO 14.001:2015, a Due  Dilligence Ambiental e a Resolução CONAMA 306/2002.  

O objetivo do trabalho é realizar uma análise comparativa das características  comuns e das diferenças entre a avaliação legal da ISO 14.001, a Due Diligence ambiental e a auditoria ambiental conforme a Resolução CONAMA 306. Através  desta comparação, busca-se entender como cada uma dessas abordagens  contribui para a gestão ambiental e a conformidade legal nas organizações,  destacando suas especificidades em termos de objetivos, escopo, periodicidade  e metodologias empregadas. Além disso, o trabalho pretende identificar as  implicações práticas de cada abordagem no contexto empresarial, bem como os  benefícios e desafios enfrentados na sua implementação, visando proporcionar  uma compreensão abrangente que possa auxiliar na escolha da abordagem  mais adequada para diferentes tipos de organizações e setores.  

1.1. Avaliação do Atendimento aos Requisitos Legais como Item da  Norma ISO 14001  

A sustentabilidade ambiental e a conformidade legal têm se tornado  componentes centrais na gestão empresarial moderna, principalmente em  virtude do crescente rigor nas legislações ambientais e da pressão da sociedade  por práticas mais responsáveis. Nesse contexto, a ISO 14001 – Sistema de  Gestão Ambiental (SGA) – tem se destacado como uma norma internacional de  referência para organizações que buscam implementar, manter e melhorar seus  sistemas de gestão ambiental, a fim de garantir o cumprimento dos requisitos  legais e a redução dos impactos ambientais de suas atividades (Paz, 2023)  

A avaliação do atendimento aos requisitos legais ambientais é uma das  exigências fundamentais da ISO 14001. O processo de avaliação envolve a  identificação, o monitoramento e a verificação contínua do cumprimento de leis,  regulamentações e outras normas aplicáveis à organização. Esse processo visa  garantir que as empresas estejam em conformidade com a legislação vigente e adotem uma abordagem sistemática para gerenciar seus compromissos legais  (Constantino, 2017)  

Edwards (2023) informa que a ISO 14001, publicada pela primeira vez em  1996 e revisada em 2015, estabelece os requisitos para um Sistema de Gestão  Ambiental (SGA), que pode ser utilizado por qualquer organização,  independentemente de seu porte ou setor de atuação. Seu objetivo é fornecer  uma estrutura para que as empresas gerenciem suas responsabilidades  ambientais de maneira sistemática, integrando as exigências ambientais às  operações diárias e ao planejamento estratégico.  

É baseada no ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), o que reflete a sua  natureza cíclica e contínua de melhoria. As empresas que adotam essa norma  assumem o compromisso de identificar e gerenciar os aspectos ambientais de  suas atividades, produtos e serviços, com o objetivo de minimizar os impactos  negativos no meio ambiente (Souza, Silva & Gomes, 2020)  

Um dos aspectos mais críticos da norma é a identificação e cumprimento  dos requisitos legais aplicáveis, que é o foco deste estudo. A ISO 14001 requer  que as organizações monitorem, revisem e mantenham evidências de  conformidade legal em todas as suas operações, promovendo a  responsabilidade e a integridade ambiental (Biondi, Frey & Iraldo, 2000).  

O atendimento aos requisitos legais é um dos requisitos centrais da ISO  14001, sendo abordado especificamente na seção 6.1.3 da versão mais recente  da norma, sob o título “Requisitos legais e outros requisitos”. Este ponto trata da  identificação, acesso e avaliação da conformidade com as obrigações legais e  outros requisitos subscritos pela organização (Edwards, 2023)  

Segundo Edwards (2023) a avaliação dos requisitos legais é referenciada  na seção 9.1.2 “Avaliar o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos;.”  implica em um processo sistemático e contínuo de verificação do cumprimento  da legislação aplicável, que envolve as seguintes etapas:  

  • Identificação dos Requisitos Legais Aplicáveis: A primeira etapa envolve  a identificação de todas as leis, regulamentos e normas ambientais que  se aplicam às atividades, produtos e serviços da organização. Isso inclui a legislação em nível federal, estadual e municipal, bem como normas  internacionais, quando aplicáveis. As obrigações legais podem variar  significativamente conforme a localização geográfica, o setor de atuação  e os produtos manipulados.  
  • Interpretação e Aplicação dos Requisitos: Após a identificação das leis e  normas aplicáveis, é necessário interpretá-las corretamente e garantir sua  aplicação adequada nos processos e operações da empresa. Essa  interpretação deve ser feita de forma técnica e criteriosa, uma vez que a  má interpretação pode gerar não conformidades.  
  • Atribuição de Responsabilidades: É crucial definir quem, dentro da  organização, será responsável pelo monitoramento e pela verificação do  cumprimento legal. Muitas vezes, isso envolve a criação de uma equipe  especializada em conformidade legal ambiental, ou a designação de  gestores e funcionários com conhecimento técnico sobre a legislação  ambiental.  
  • Monitoramento e Avaliação Contínuos: A conformidade legal não é  estática, pois as leis e regulamentos podem mudar, exigindo que as  organizações realizem um monitoramento contínuo. Além disso, é  fundamental realizar auditorias regulares para verificar se as operações  estão em conformidade com a legislação atual e se as medidas corretivas  estão sendo implementadas quando necessário.  
  • Documentação e Manutenção de Registros: A ISO 14001 exige que as  organizações mantenham registros atualizados de todas as suas  obrigações legais e do cumprimento destas. Isso inclui evidências  documentais de que a legislação está sendo cumprida, como laudos,  licenças e autorizações. A documentação é essencial para demonstrar  conformidade em auditorias externas e internas.  
  • Avaliação de Desempenho e Melhorias: A partir da avaliação do  cumprimento legal, a organização pode identificar áreas de melhoria e  implementar ações corretivas e preventivas. O não cumprimento de  obrigações legais pode resultar em sanções financeiras, danos à  reputação e até mesmo em interrupção das atividades. Assim, a avaliação contínua do desempenho em relação às exigências legais é um dos  pilares para a melhoria do SGA.  

A avaliação sistemática do atendimento aos requisitos legais conforme  Nawrocka, Brorson & Lindhqvist, (2009) traz uma série de benefícios para as  organizações, tanto em termos de gestão ambiental quanto de desempenho  empresarial:  

  • Redução de Riscos Legais: Ao garantir que todas as operações estão em  conformidade com a legislação, a organização minimiza o risco de  penalidades, multas e processos judiciais relacionados ao  descumprimento das leis ambientais.  
  • Prevenção de Impactos Ambientais Negativos: O cumprimento das  exigências legais ambientais ajuda a prevenir e mitigar os impactos  ambientais negativos causados pelas atividades empresariais,  contribuindo para a preservação dos recursos naturais e a proteção da  saúde pública.  
  • Melhoria da Imagem Corporativa e Acesso a Novos Mercados:  Organizações que demonstram conformidade legal e compromisso com  a sustentabilidade ambiental tendem a ter uma imagem corporativa  positiva, o que pode abrir portas para novos mercados e parcerias com  clientes e investidores que priorizam práticas ambientalmente  responsáveis.  
  • Eficiência Operacional e Redução de Custos: A avaliação do cumprimento  legal pode revelar oportunidades de otimização de processos, redução de  desperdícios e melhorias na gestão de recursos, o que, em última análise,  pode levar à redução de custos operacionais.  
  • Aumento da Confiança de Partes Interessadas: Cumprir rigorosamente os  requisitos legais ambientais aumenta a confiança de partes interessadas,  como órgãos reguladores, comunidades locais, acionistas e investidores,  fortalecendo a credibilidade da organização.  

Vários setores da economia têm implementado a avaliação de  conformidade legal como parte integrante de seus SGAs, especialmente em indústrias que possuem altos riscos ambientais, como a indústria química, o  setor de mineração e o setor energético. Empresas multinacionais, por exemplo,  enfrentam o desafio adicional de cumprir legislações ambientais em diferentes  países, e utilizam a ISO 14001 como um padrão global para gerenciar e  harmonizar suas práticas ambientais.  

1.2. Auditoria de Due Diligence Ambiental  

A crescente conscientização sobre os impactos ambientais e a  responsabilidade socioambiental têm levado empresas e investidores a adotar  práticas de gestão ambiental cada vez mais rigorosas. Nesse contexto, a  auditoria de Due diligence ambiental desempenha um papel central no processo  de avaliação de riscos ambientais associados a transações comerciais, como  fusões, aquisições e parcerias. A Due diligence ambiental visa fornecer  informações detalhadas sobre a conformidade ambiental de uma organização ou  ativo, ajudando as partes envolvidas a tomar decisões informadas e evitar  potenciais passivos ambientais (Corino, 2000).  

Esse tipo de auditoria refere-se ao processo de investigação e avaliação  de questões ambientais relacionadas a uma empresa, terreno ou atividade antes  de uma transação comercial, com o objetivo de identificar e quantificar riscos e  responsabilidades ambientais. O termo Due Diligence vem do inglês e significa  “diligência devida”, ou seja, a prática de investigar diligentemente todas as  questões pertinentes a uma transação. No contexto ambiental, isso envolve a  análise de conformidade com leis, regulamentos e normas ambientais, bem  como a identificação de possíveis passivos relacionados à poluição, resíduos,  uso de recursos naturais e outros fatores ambientais (Harvey & Lusch, 1995)  

A auditoria de Due diligence ambiental para Lima & Schilling-Vacaflor  (2024) é comumente realizada durante processos de fusões e aquisições, venda  de propriedades, investimentos em grandes projetos e até mesmo na entrada de  empresas em novos mercados. Seu objetivo principal é fornecer uma visão clara  dos riscos ambientais envolvidos, permitindo que as partes interessadas ajustem  seus planos de ação, negociações e expectativas financeiras de acordo com os  resultados da auditoria. 

A realização de uma auditoria de Due Diligence ambiental é uma prática  fundamental para a proteção contra riscos financeiros e legais associados a  passivos ambientais. Empresas que negligenciam esse processo podem herdar  problemas significativos, como contaminação de solo e água, poluição  atmosférica, passivos relacionados à gestão inadequada de resíduos e a  necessidade de implementar medidas corretivas custosas (Lima & Schilling Vacaflor, 2024). A auditoria de Due Diligence ambiental oferece uma série de  benefícios, incluindo:  

  • Identificação de Passivos Ambientais: A auditoria permite identificar  passivos ambientais ocultos, como contaminação do solo, ar ou água,  presença de materiais perigosos, e a necessidade de remediação ou de  adequação a regulamentações futuras. Esses passivos podem impactar  significativamente o valor de uma propriedade ou empresa.  
  • Mitigação de Riscos Financeiros e Legais: Ao revelar potenciais  problemas ambientais, a auditoria auxilia as partes envolvidas na  transação a negociar cláusulas contratuais que protejam contra  responsabilidades futuras. Sem essa avaliação, o comprador pode se  tornar responsável por questões ambientais desconhecidas, resultando  em multas, processos judiciais ou custos elevados de remediação.  
  • Conformidade com a Legislação Ambiental: A auditoria também verifica se  a empresa ou ativo em questão está em conformidade com a legislação  ambiental vigente. Isso é crucial para evitar sanções regulatórias e  garantir que a operação esteja dentro dos parâmetros legais.  
  • Promoção da Responsabilidade Socioambiental: Realizar uma auditoria  de Due Diligence ambiental demonstra o compromisso da empresa com  práticas empresariais responsáveis e a proteção do meio ambiente. Esse  tipo de conduta é valorizado por investidores, consumidores e a  sociedade em geral, contribuindo para a construção de uma imagem  corporativa positiva.  
  • Proteção do Valor do Investimento: Para investidores, a Due Diligence ambiental é uma ferramenta essencial para proteger o valor do  investimento. Passivos ambientais não detectados podem reduzir o valor de mercado de um ativo, impactando negativamente o retorno sobre o  investimento.  

O processo de auditoria de Due Diligence ambiental é dividido em várias  etapas, cada uma das quais desempenha um papel importante na identificação  de riscos e oportunidades ambientais (Corino, 2000).Embora o processo possa  variar dependendo da complexidade da transação e do tipo de ativo ou empresa,  as etapas principais incluem:  

  • Revisão de Documentação: A primeira etapa da auditoria envolve a  revisão de toda a documentação relacionada à conformidade ambiental  da empresa ou propriedade. Isso inclui licenças ambientais, autorizações  de operação, relatórios de inspeções, registros de multas ou sanções,  relatórios de monitoramento de emissões, entre outros documentos  relevantes. A análise documental visa entender o histórico de  conformidade da empresa com a legislação ambiental e identificar  quaisquer áreas de preocupação.  
  • Visitas ao Local e Inspeção Física: A inspeção física do local é uma etapa  crucial para a identificação de problemas que podem não ser evidentes  nos documentos. Os auditores ambientais realizam visitas para examinar  instalações, áreas de armazenamento de resíduos, sistemas de  tratamento de efluentes, equipamentos de controle de emissões e a  própria integridade do solo e da água. As visitas também permitem que  os auditores avaliem o cumprimento dos regulamentos in loco e  identifiquem riscos potenciais, como o uso inadequado de produtos  químicos perigosos ou a presença de materiais contaminantes.  
  • Entrevistas com Funcionários: Para obter uma visão mais clara das  operações e práticas ambientais da empresa, os auditores geralmente  realizam entrevistas com gestores e funcionários-chave. Essas  entrevistas podem fornecer informações valiosas sobre práticas  operacionais, problemas enfrentados no passado, conformidade com a  legislação e o nível de conscientização ambiental dentro da organização.  
  • Análise de Legislação e Normas Aplicáveis: A auditoria de Due Diligence ambiental também envolve a análise da legislação aplicável ao ativo ou à empresa, considerando tanto as leis locais quanto as regulamentações  internacionais, quando aplicáveis. Isso inclui regulamentos sobre  poluição, gestão de resíduos, emissão de gases poluentes, uso de  recursos naturais e proteção de ecossistemas.  
  • Elaboração de Relatório: Após a coleta e análise de todas as informações,  os auditores elaboram um relatório detalhado que descreve as  descobertas da auditoria, os potenciais riscos e passivos ambientais  identificados, bem como recomendações para mitigação. O relatório é  uma ferramenta fundamental para que as partes interessadas possam  tomar decisões informadas sobre a transação.  
  • Negociação e Acordos: Com base nas descobertas da auditoria, as partes  envolvidas na transação podem negociar ajustes nos termos do contrato  de venda ou aquisição. Isso pode incluir a renegociação do preço de  compra, a inclusão de cláusulas de proteção contra passivos ambientais  futuros, ou a exigência de medidas corretivas antes da conclusão da  transação.  

O uso de auditorias de Due Diligence ambiental tem sido amplamente  adotado em transações que envolvem setores de alto impacto ambiental, como  o setor de mineração, o setor químico, o setor de petróleo e gás, e o setor  imobiliário. Por exemplo, em uma fusão entre empresas do setor de petróleo, a  Due Diligence ambiental pode identificar passivos associados a derramamentos  de óleo, contaminação de solo e água, e práticas inadequadas de descarte de  resíduos. A identificação desses problemas permite que as empresas envolvidas  na transação ajustem o preço de venda ou desenvolvam planos de mitigação de  risco (Lima & Schilling-Vacaflor, 2024).  

Outro exemplo é a venda de terrenos industriais contaminados, nos quais  a auditoria de Due Diligence ambiental desempenha um papel crucial na  identificação de contaminação por substâncias perigosas. Essas informações  são usadas para negociar quem será responsável pelos custos de remediação  antes ou após a transação (Lima & Schilling-Vacaflor, 2024). 

1.3. Auditoria Ambiental: Critérios da Resolução CONAMA 306  

Como já foi citado, a auditoria ambiental é uma ferramenta essencial para  a gestão ambiental, permitindo que empresas e organizações avaliem sua  conformidade com leis, regulamentos e padrões ambientais. No Brasil, a  Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 306, de 5 de  julho de 2002, estabelece critérios e diretrizes para a realização de auditorias  ambientais no país. O objetivo dessa norma é garantir que as auditorias  ambientais sejam realizadas de forma sistemática, objetiva e imparcial,  contribuindo para a melhoria contínua da gestão ambiental nas empresas e a  prevenção de danos ao meio ambiente (Vilani, 2010).  

No Brasil, as auditorias ambientais são uma exigência em determinados  setores econômicos, especialmente aqueles que têm um grande impacto  ambiental, como indústrias de grande porte, mineradoras, empresas do setor de  petróleo e gás, entre outros.  

De acordo com a Resolução CONAMA 306, a auditoria ambiental tem  como principais objetivos: Verificar a conformidade das atividades com a  legislação ambiental aplicável; Avaliar o desempenho ambiental de uma  organização ou empreendimento; Identificar não conformidades e áreas de risco  ambiental; Propor ações corretivas e preventivas para mitigar ou eliminar os  impactos ambientais (Oliveira & Bailona, 2023).  

A Resolução CONAMA nº 306 (BRASIL, 2002) estabelece diretrizes gerais  para a realização de auditorias ambientais no Brasil. A resolução aplica-se  principalmente a empreendimentos potencialmente poluidores, especialmente  aqueles com um grande porte de produção ou que atuam em áreas sensíveis do  ponto de vista ambiental. A norma define os requisitos para que as auditorias  ambientais sejam eficazes, abordando aspectos como metodologia,  documentação, etapas e responsabilidades envolvidas no processo de auditoria.  

A resolução foi elaborada para garantir que as auditorias ambientais não  sejam apenas uma formalidade, mas sim uma ferramenta estratégica para a  gestão ambiental, contribuindo para a prevenção de danos ambientais e a  melhoria do desempenho ambiental das Empresas (Oliveira & Bailona, 2020). 

Entre os principais pontos abordados pela Resolução CONAMA 306, destacam se:  

  • Definição de Auditoria Ambiental: A resolução define auditoria ambiental  como uma “avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva das  práticas e procedimentos de uma empresa ou empreendimento,  relacionados à sua conformidade com as normas e regulamentos  ambientais aplicáveis”.  
  • Escopo da Auditoria: A auditoria deve abranger todas as áreas da  empresa que possam gerar impactos ambientais significativos, como o  uso de recursos naturais, a geração de resíduos, emissões atmosféricas,  efluentes líquidos e impactos sobre a fauna e flora.  
  • Periodicidade: A resolução determina que as auditorias ambientais devem  ser realizadas de forma periódica. A periodicidade pode variar de acordo  com o tipo de atividade e o potencial de impacto ambiental da empresa.  
  • Relatórios de Auditoria: Os resultados da auditoria ambiental devem ser  registrados em um relatório detalhado, que deve incluir as não  conformidades encontradas, os riscos ambientais identificados e as  recomendações para melhoria. Esse relatório deve ser disponibilizado  aos órgãos ambientais competentes e, quando aplicável, ao público.  
  • Equipe Auditora: A resolução também estabelece critérios para a  formação da equipe auditora, que deve ser composta por profissionais  qualificados e imparciais, capazes de conduzir a auditoria com  objetividade e precisão. A equipe auditora deve possuir conhecimentos  técnicos adequados sobre a atividade auditada e sobre as legislações  ambientais aplicáveis.  

A Resolução CONAMA 306 estabelece um processo estruturado para a  realização de auditorias ambientais. Esse processo é dividido em várias etapas,  que devem ser seguidas de forma sistemática para garantir a efetividade da  auditoria (Dutra, 2007). As principais etapas são:  

  • Planejamento da Auditoria: A fase de planejamento é essencial para  garantir que a auditoria seja conduzida de forma eficiente e abrangente. 

O planejamento envolve a definição dos objetivos da auditoria, a seleção  da equipe auditora, a delimitação do escopo da auditoria (quais áreas e  atividades serão auditadas) e o cronograma de atividades. Durante essa  fase, a equipe auditora também deve revisar a documentação relacionada  às atividades da empresa, como licenças ambientais, autorizações de  operação, relatórios de monitoramento e registros de inspeções  anteriores.  

  • Coleta de Dados: Após o planejamento, a equipe auditora inicia a fase de  coleta de dados. Essa etapa envolve a realização de visitas ao local,  entrevistas com funcionários, inspeção das instalações e análise de  documentos. O objetivo é identificar potenciais não conformidades e  riscos ambientais associados às atividades da empresa. A coleta de  dados também pode incluir a realização de amostragens de solo, água e  ar, para verificar a presença de poluentes ou substâncias perigosas.  
  • Avaliação e Análise de Dados: Após a coleta de dados, a equipe auditora  realiza uma análise detalhada das informações obtidas, comparando-as  com os requisitos legais e normativos aplicáveis. Durante essa fase, são  identificadas as não conformidades (atividades que não estão em  conformidade com a legislação) e as áreas de risco ambiental. A equipe  auditora também avalia a eficácia das medidas de controle ambiental  adotadas pela empresa e a existência de planos de emergência  ambiental.  
  • Elaboração do Relatório de Auditoria: Uma vez concluída a análise dos  dados, a equipe auditora elabora um relatório detalhado, que deve conter  as seguintes informações: Descrição da atividade ou empreendimento  auditado; Metodologia utilizada na auditoria; Identificação das não  conformidades; Avaliação dos riscos ambientais; Recomendações para a  correção das não conformidades e melhoria do desempenho ambiental.  O relatório deve ser objetivo, claro e baseado em evidências documentais  e nas inspeções realizadas.  
  • Apresentação dos Resultados e Ações Corretivas: Após a elaboração do  relatório, os resultados da auditoria são apresentados à alta administração da empresa e aos órgãos ambientais competentes. A  empresa auditada deve elaborar um plano de ação para corrigir as não  conformidades identificadas e melhorar seu desempenho ambiental. Esse  plano de ação deve ser acompanhado de prazos para a implementação  das ações corretivas e preventivas.  
  • Monitoramento e Acompanhamento: A Resolução CONAMA 306 também  destaca a importância do acompanhamento das ações corretivas. A  equipe auditora ou a própria empresa deve monitorar a implementação  das medidas recomendadas, para garantir que as não conformidades  sejam corrigidas de forma eficaz e que o desempenho ambiental da  organização melhore continuamente.  

A realização de auditorias ambientais conforme a Resolução CONAMA  306 traz uma série de benefícios para as empresas, especialmente aquelas que  operam em setores com elevado potencial de impacto ambiental (Amaral & Lima,  20). Entre os principais benefícios, destacam-se:  

  • Conformidade com a Legislação Ambiental: A auditoria ambiental ajuda as  empresas a identificar áreas onde podem não estar cumprindo a  legislação ambiental, permitindo que corrijam essas falhas antes de  sofrerem sanções ou multas por parte dos órgãos reguladores.  
  • Redução de Riscos e Passivos Ambientais: Ao identificar riscos  ambientais, a auditoria permite que as empresas adotem medidas  preventivas, reduzindo a probabilidade de acidentes ambientais e os  custos associados a sua remediação. Isso também minimiza o risco de  passivos ambientais futuros.  
  • Melhoria da Imagem Corporativa: Empresas que realizam auditorias  ambientais demonstram um compromisso com a sustentabilidade e a  responsabilidade socioambiental. Isso pode melhorar a imagem da  empresa perante investidores, consumidores e a sociedade em geral,  além de fortalecer a relação com órgãos reguladores.  
  • Eficiência Operacional: A auditoria ambiental também pode revelar  oportunidades para melhorar a eficiência operacional da empresa, como a redução do consumo de energia, água e materiais, e a diminuição da  geração de resíduos e emissões. Isso pode resultar em economia de  custos e aumento da competitividade.  
  • Preparação para Certificações Ambientais: A realização de auditorias  ambientais conforme os critérios da Resolução CONAMA 306 podem  preparar as empresas para obter certificações ambientais, como a ISO  14001, que exige a implementação de um sistema de gestão ambiental  robusto.  

2. Materiais e Métodos  

Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão de literatura  integrativa, cujo objetivo é sintetizar e analisar criticamente os principais achados  relacionados ao tema abordado. A revisão integrativa permite reunir estudos com  diferentes abordagens metodológicas, o que amplia a compreensão do  fenômeno estudado e facilita a identificação de lacunas de conhecimento.  

A busca pelos artigos foi realizada na base de dado Google Scholar. A  escolha dessa base se deu devido à sua relevância e abrangência internacional,  garantindo o acesso a estudos atualizados e com impacto significativo na área.  A pesquisa foi efetuada entre agosto e setembro de 2024.  

As palavras-chave utilizadas na busca foram combinadas utilizando  operadores booleanos (“AND” e “OR”) e incluíram os seguintes termos: “termo  1”, “termo 2”, e “termo 3”. Não foi estabelecido um recorte temporal para garantir  que tanto estudos mais antigos quanto recentes fossem incluídos,  proporcionando uma visão ampla do tema.  

Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: artigos  completos disponíveis gratuitamente nas bases consultadas; estudos publicados  em português ou inglês; estudos que abordassem diretamente o tema em  questão, tanto em termos teóricos quanto empíricos; artigos revisados por pares.  Foram excluídos: estudos duplicados entre as bases de dados; artigos de  opinião, editoriais, cartas ao editor e resumos de conferências; estudos que não  apresentavam resultados ou discussões relevantes para o objetivo da revisão. 

Os artigos, requisitos legais e livros selecionados foram lidos na e os  dados extraídos incluíram as informações principais como autores, ano de  publicação, local do estudo, tipo de metodologia utilizada, principais achados e  limitações apontadas pelos autores. A síntese dos dados foi feita de maneira  descritiva, agrupando estudos de acordo com temas emergentes ou  metodologias similares.  

Essas referências abrangem artigos tanto nacionais quanto internacionais  e cobrem uma variedade de contextos relacionados à auditoria de conformidade  legal, desde estudos de caso em setores específicos até revisões teóricas sobre  a importância e os desafios dessa prática.  

3. Resultados e Discussão  

A gestão ambiental corporativa conta com diversas ferramentas que  ajudam as empresas a identificar, mitigar e gerenciar os impactos ambientais de  suas atividades. Entre essas ferramentas, destacam-se a avaliação legal da ISO  14.001, a Due Diligence ambiental e a auditoria ambiental conforme a Resolução  CONAMA 306. Cada uma dessas práticas tem características específicas, mas  todas compartilham o objetivo de promover a conformidade ambiental, a  sustentabilidade e a minimização de riscos.  

A seguir foi realizada uma análise crítica comparativa, abordando tanto as  características comuns quanto as principais diferenças entre essas abordagens,  considerando seu escopo, objetivos, periodicidade, abrangência e impactos para  as organizações. A comparação das abordagens de auditoria de conformidade  legal está disposta no Quadro 1.  

Avaliação Legal da ISO 14.001  

A ISO 14.001 é uma norma internacional de gestão ambiental que  estabelece os requisitos para que uma organização desenvolva um sistema de  gestão ambiental (SGA) eficaz. Um dos principais componentes da ISO 14.001  é a avaliação legal, que envolve a identificação e avaliação dos requisitos legais aplicáveis às atividades, produtos e serviços de uma organização, além da  verificação da conformidade contínua com esses requisitos.  

Características:  

  • Objetivo: A avaliação legal da ISO 14.001 visa garantir que a empresa  esteja em conformidade com todas as exigências ambientais aplicáveis,  sejam elas leis, regulamentos ou outras obrigações impostas por órgãos  reguladores.  
  • Escopo: O escopo é limitado aos requisitos legais e obrigações  voluntárias, como normas ou compromissos ambientais que a empresa  tenha adotado.  
  • Periodicidade: A avaliação é contínua e integrada ao ciclo de melhoria  contínua do sistema de gestão ambiental, sendo revisada conforme  mudanças na legislação e nas atividades da empresa.  
  • Abordagem: A avaliação é feita de forma interna, como parte do  monitoramento do desempenho do SGA.  
  • Resultados esperados: Identificação de lacunas de conformidade legal e  adoção de medidas corretivas para assegurar o cumprimento das  obrigações ambientais.  

Vantagens:  

  • Foco na conformidade contínua: Permite que a empresa ajuste suas  operações rapidamente em resposta a mudanças legais e ambientais.  
  • Integração com o SGA: A avaliação legal é parte do processo geral de  gestão, promovendo a melhoria contínua do desempenho ambiental.  

Limitações:  

  • Escopo restrito: Foca quase exclusivamente na conformidade legal, sem  considerar uma visão mais ampla de riscos ambientais potenciais que  podem não estar cobertos pela legislação.  

Due Diligence Ambiental 

A Due Diligence ambiental é um processo utilizado principalmente em  fusões, aquisições, transações imobiliárias e investimentos, com o objetivo de  identificar passivos e riscos ambientais associados a uma empresa ou ativo  antes da conclusão de uma transação.  

Características:  

  • Objetivo: Avaliar potenciais passivos ambientais, como contaminação de  solo e água, emissões irregulares e falta de conformidade com requisitos  ambientais, além de identificar o impacto financeiro desses riscos sobre a  transação.  
  • Escopo: Abrange uma avaliação detalhada de conformidade legal,  passivos ambientais futuros e históricos, e potenciais riscos financeiros.  
  • Periodicidade: Realizada pontualmente, geralmente antes de uma  transação empresarial ou aquisição de um ativo. Não é uma prática  contínua como a auditoria ou a avaliação legal da ISO 14.001.  
  • Abordagem: Envolve uma análise profunda, externa e independente da  empresa ou ativo alvo da transação. Inclui a revisão de documentos,  inspeções no local, análise de amostras ambientais e entrevistas com  funcionários.  
  • Resultados esperados: Identificação de passivos ambientais ocultos que  podem afetar o valor de uma transação ou exigir ações corretivas, além  de garantir que o comprador esteja ciente dos riscos antes da aquisição.  

Vantagens:  

  • Visão ampla de riscos: A Due Diligence ambiental considera tanto a  conformidade legal quanto os passivos ocultos, oferecendo uma visão  mais abrangente dos riscos ambientais.  
  • Proteção financeira: Ajuda a evitar que o comprador herde passivos  ambientais que possam gerar custos elevados de remediação no futuro. 

Limitações:  

  • Foco em transações específicas: A Due Diligence é conduzida apenas em  momentos de transação e não é um processo contínuo ou focado em  melhoria operacional.  
  • Custo elevado: Pode envolver custos elevados, dependendo da  complexidade da auditoria e da necessidade de amostragens ou análises  técnicas.  

Auditoria Ambiental da Resolução CONAMA 306  

A Resolução CONAMA 306 estabelece critérios para a realização de  auditorias ambientais no Brasil, aplicando-se especialmente a empreendimentos  com potencial de causar impactos ambientais significativos. A auditoria ambiental  segundo essa norma é uma avaliação sistemática e periódica que busca verificar  a conformidade das atividades de uma organização com a legislação ambiental  e identificar áreas de risco.  

Características:  

  • Objetivo: Verificar a conformidade legal, avaliar o desempenho ambiental  e identificar potenciais riscos para prevenir danos ao meio ambiente.  
  • Escopo: A auditoria abrange todas as áreas da empresa com potencial de  impacto ambiental, incluindo a gestão de resíduos, emissões, efluentes e  uso de recursos naturais.  
  • Periodicidade: Deve ser realizada periodicamente, sendo obrigatória para  empreendimentos de grande porte ou com alto potencial poluidor.  
  • Abordagem: A auditoria é conduzida por auditores externos e  independentes, com uma análise detalhada das operações e instalações  da empresa.  
  • Resultados esperados: Relatório detalhado com identificação de não  conformidades, riscos e recomendações para mitigação, além da  necessidade de elaboração de um plano de ação corretivo.  

Vantagens: 

  • Ampla cobertura: A auditoria da CONAMA 306 aborda tanto a  conformidade legal quanto o desempenho ambiental geral, incluindo a  gestão de recursos e a prevenção de poluição.  
  • Obrigatoriedade: É uma exigência legal para diversos setores, o que  aumenta sua relevância e eficácia na promoção da conformidade  ambiental.  

Limitações:  

  • Custo e complexidade: As auditorias exigem uma equipe técnica  qualificada e podem ser dispendiosas, especialmente em  empreendimentos de grande porte.  
  • Foco em grandes empresas: Pequenas e médias empresas, por não  serem obrigadas a realizar auditorias ambientais frequentes, podem não  se beneficiar diretamente dessa abordagem.  

Quadro 1 – Comparação das Abordagens de Auditoria de Conformidade Legal 

Fonte: Manfredini, 2024.

Embora seja uma ferramenta poderosa de controle, a auditoria de  conformidade legal ambiental enfrenta desafios práticos, que podem  comprometer a sua eficácia, se não forem devidamente geridos. Entre os  principais desafios estão:  

  • Complexidade das legislações ambientais: As leis ambientais variam  significativamente entre diferentes jurisdições (federal, estadual e  municipal), o que pode dificultar o acompanhamento e a aplicação das  normas. Além disso, a constante atualização dessas leis exige que as  empresas mantenham-se sempre informadas e ajustem seus processos  rapidamente.  
  • Capacitação da equipe auditora: A eficácia da auditoria depende  diretamente da qualificação e experiência dos auditores. Uma equipe sem  o devido conhecimento técnico ou das leis ambientais vigentes pode  comprometer a precisão das avaliações.  
  • Recursos limitados: Pequenas e médias empresas, em especial, podem  enfrentar dificuldades em destinar recursos humanos e financeiros  adequados para a realização de auditorias, o que pode resultar em  auditorias superficiais ou irregulares.  
  • Cultura organizacional: A implementação de uma cultura de conformidade  ambiental dentro da organização é fundamental. Empresas que não  promovem uma cultura de respeito ao meio ambiente podem enfrentar  resistência interna na implementação de medidas corretivas.  

4. Considerações Finais  

A auditoria de conformidade legal ambiental é uma ferramenta vital para  garantir que as empresas operem de forma responsável e dentro dos limites  impostos pela legislação ambiental. Ao proporcionar uma visão clara dos riscos  e das oportunidades de melhoria, essas auditorias promovem não apenas o  cumprimento legal, mas também a sustentabilidade e a eficiência empresarial.  Com o crescente rigor das exigências ambientais e a intensificação do debate sobre sustentabilidade, as auditorias ambientais tendem a ocupar um papel cada  vez mais central nas estratégias empresariais.  

Para tanto, é essencial que as organizações compreendam sua  importância e invistam na qualificação de suas equipes e na adequação contínua  de seus processos às demandas legais e ambientais.  

Apesar da avaliação legal da ISO 14.001, a Due Diligence ambiental e a  auditoria ambiental da Resolução CONAMA 306 compartilharem o objetivo  comum de promover a conformidade ambiental, cada uma tem enfoques  distintos e é aplicável em diferentes contextos. A ISO 14.001 foca em uma gestão  contínua e interna, enquanto a Due Diligence ambiental é voltada para  transações específicas e riscos ocultos. Já a auditoria da CONAMA 306 oferece  uma visão mais ampla de conformidade e desempenho ambiental, com foco em  grandes empreendimentos e fiscalização legal.  

Assim, cada abordagem apresenta vantagens e desafios específicos,  sendo complementares em muitas situações empresariais, especialmente  quando se trata de empresas que lidam com grandes impactos ambientais.  

Referências  

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VILANI, Rodrigo Machado. Aspectos Legais da auditoria ambiental. Revista  Vianna Sapiens, v. 1, n. 2, p. 17-17, 2010.


1 Doutor (UNESP). Professor Substituto (UNESP), Sorocaba, São Paulo, Brasil, ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1746-2896, fabio.manfredini@unesp.br;
2Graduando  (FADI). Estudante (FADI), Sorocaba, São Paulo, Brasil, ORCID: https://orcid.org/0009-0004-1871-8149