ATUAÇÃO PROFISSIONAL NA PREVENÇÃO E TRATAMENTOS DE MELASMA: ESTUDO SOBRE INCIDÊNCIA E IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES DAS CIDADES DE PRADO E ITAMARAJU (BAHIA)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8092896


BARREIROS, Evilyn Cristina Vitorino1
DA SILVA, Cecilia Simon2


RESUMO

O melasma é uma hipermelanose crônica caracterizada pelo surgimento de manchas escuras na pele, mais comumente na região do rosto, que se agrava pela exposição solar lenta e gradual, e que atinge em sua maioria o público feminino. Considerando as cidades de estudo com elevada incidência dos raios solares devido a sua localização geográfica, a pesquisa aborda as incidências e implicações do melasma na autoestima feminina, cujo o problema é: Como solucionar a questão envolvendo o melasma e a autoestima das mulheres?  Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo geral: Levantar informações sobre a qualidade de vida de mulheres acometidas por melasma. Os objetivos específicos traçados foram: identificar o perfil clínico das pacientes portadoras de melasma nas cidades de Itamaraju e Prado -BA, bem como, descrever os reflexos da dermatopatologia no âmbito social, emocional e profissional do público alvo; investigar os interferentes e os tratamentos mais eficientes realizados; avaliar como a orientação farmacêutica-profissional tem contribuído com a prevenção e tratamento do melasma. Quanto aos procedimentos metodológicos, a presente pesquisa é um estudo de caso quanti-qualitativo-descritivo, de natureza básica e descritiva quanto aos objetivos, que foi mediada por aplicação de questionário-estruturado online para obtenção de dados. O tratamento para o melasma deve ser individualizado considerando aspectos de saúde, avanço clínico da doença e hábitos de vida de cada paciente, visando diminuição efetiva das manchas, menor reincidência e controle e agravamento de casos. Para atuar com o diagnóstico e procedimentos terapêuticos, os profissionais da saúde especializados são ponto chave para auxiliar essas pacientes acometidas a melhorarem sua qualidade de vida. Os resultados foram obtidos, apresentando 45 mulheres entrevistadas onde apenas 25 possuem diagnóstico profissional para doença, enquanto 20 mulheres não receberam diagnóstico clínico, nem por dermatologista ou outro profissional do ramo da estética. A terapia com clareadores tópicos têm maior frequência, que é referenciada por 24,44%, seguida da terapia com clareadores tópicos e orais, com a quantidade de 8,89%. Os procedimentos clínicos mais realizados pelas entrevistadas foram os peelings químicos, 55,56% das mulheres entrevistadas nunca realizaram nenhum tratamento estético para o clareamento de manchas, o que corresponde a 25 das 45 totais. Apenas 20 mulheres (44,44%) salientaram que já fizeram procedimentos estéticos. Os ativos e procedimentos mais eficientes para essas mulheres foram: Hidroquinona, Ácido Retinóico, Picnogenol, Microagulhamento, Laserterapia, Peeling Químico.

Palavras-chave: Melasma. Autoestima. Mulheres. Tratamentos.

1. INTRODUÇÃO  

O melasma é um transtorno dermatológico sistêmico adquirido caracterizado pelo aparecimento de manchas marrons acastanhadas em regiões bem expostas do corpo, afetando assim muitas pessoas, principalmente mulheres, causando baixa autoestima na maioria delas. Nesta perspectiva, a presente pesquisa abrange um estudo sobre o envolvimento de profissionais na prevenção e tratamentos de melasma, e como este tem afetado a qualidade de vida de mulheres residentes nas cidades de Prado e Itamaraju (Bahia).   

O surgimento de manchas escuras na pele configura preocupação estética para os pacientes acometidos, com comprometimento da autoimagem, autoestima e qualidade de vida, gerando transtornos emocionais, psicológicos e comportamentais significativos. Dentre os acometidos com a dermatose, cerca de um terço sofrem com desordens psicológicas e prejuízos nos relacionamentos pessoais, profissionais e sociais. Nesse cenário, o indivíduo estigmatizado pode interpor-se entre a negação da doença e reclusão social, acompanhados de mudança de humor, ansiedade, depressão, incluindo até relatos de suicídio. Por esse motivo, indaga-se: Como profissionais da saúde podem colaborar com o tratamento de melasma e seus reflexos sobre a autoestima das mulheres?

Partindo dessa pergunta problema, o presente artigo tem por objetivo geral levantar informações sobre a qualidade de vida de mulheres acometidas por melasma.  São objetivos específicos: identificar o perfil clínico das pacientes portadoras de melasma nas cidades de Itamaraju e Prado – BA, bem como, descrever os reflexos da dermatopatologia no âmbito social, emocional e profissional do público alvo; investigar os interferentes e os tratamentos mais eficientes realizados; avaliar como a orientação farmacêutica-profissional tem contribuído com a prevenção e tratamento do melasma.

Embora as reais causas do melasma sejam inconclusivas até o presente momento, a epigenética do paciente, ou seja, os estímulos ambientais frente à seus hábitos de vida vão determinar a ativação ou não da predisposição genética do indivíduo de manifestar a doença. A importância xenoestrogênica relacionada ao melasma configura desregulações endócrinas hormonais significativas, que, quando associadas ao estresse crônico do dia a dia, e outros comportamentos como exposição solar, gravidez, uso de contraceptivos orais, processos inflamatórios sucessivos e uso de medicamentos fotossensibilizantes, levam à produção exacerbada de pigmentos na pele.

Posto isso, o tratamento do melasma causa uma enorme frustração para a maioria dos acometidos, devido à dificuldade de desaparecimento completo das manchas e múltiplas recidivas, dificultando a adesão e continuidade da terapia. É comum também a verificação de uma pequena melhora no quadro clínico, seguida de abandono dos procedimentos, que sucedem ao reaparecimento ou agravamento dos sinais. Portanto, é um tratamento vitalício, cujos cuidados devem ser tomados a todo momento.

O distúrbio pigmentar é frequente em pacientes que vivem em regiões intertropicais onde a exposição à radiação ultravioleta é maior, e é a terceira queixa mais recorrente em consultas dermatológicas em todo o mundo. 

Adicionalmente, é necessário um olhar mais atento dos profissionais de saúde que realizam avaliação e tratamento desses pacientes, trazendo informações e esclarecimentos sobre a cronicidade da doença, que pode acarretar melhoras seguidas de recidivas de pigmentação e adotar estratégias personalizadas para melhorar a eficácia e aderência à terapia dos mesmos. Outro fator importante é a instrução ao paciente quanto à identificação dos gatilhos desencadeadores de crises e sobre a importância de evitar comportamentos de risco.  

O profissional farmacêutico esteta possui propriedade para orientar sobre a continuidade terapêutica, e sua atenção voltada ao atendimento e acompanhamento de pacientes com melasma visa a prevenção, minimização de agravamentos de casos, diminuição de custos, e a promoção da qualidade de vida dos cidadãos envolvidos.

Esse estudo contribuiu com o tema ao trazer um panorama sobre a situação diagnóstica de mulheres portadoras de melasma moradoras das cidades de Prado e Itamaraju, promover entendimento dos reflexos sobre a qualidade de vida das mesmas e como os profissionais farmacêuticos e da saúde tem contribuído para o controle e prevenção do melasma. 

Quanto aos procedimentos para realização do trabalho, tem-se como metodologia um estudo de caso de abordagem quanti-qualitativa, de natureza básica, descritiva em relação aos objetivos, que sucedeu com aplicação de questionário estruturado à mulheres acometidas por melasma e residentes nas cidades de Prado e Itamaraju – BA no ano de 2023. 

Na estrutura do trabalho, a revisão de literatura é apresentada em três sessões. No primeiro capítulo, traz conceitos, características e tipos de melasma, abordando como essa disfunção é agravada, a melanogênese, e a função da melanina na pele. A posteriori, apresenta-se uma breve contextualização histórica sobre o melasma, seguida de abordagem sobre os principais tratamentos e alternativas para o melasma, e as contribuições do farmacêutico esteta para o tratamento da patologia. 

A pesquisa evidenciou que 44,44% das participantes não tinham diagnóstico clínico profissional, mas já estavam buscando alternativas às manchas de maneira independente; 57,78% não estavam em tratamento nos últimos 60 dias; 64,45% relataram sentimento de tristeza, apatia ou descontentamento com a condição da doença, em contraste à 33,33% que relataram não ter influência do melasma sobre o desempenho das atividades cotidianas, lazer e trabalho. Um ponto preocupante foi a tomada de decisão arbitrária para uso de produtos cosméticos de finalidade clareadora sem instrução de profissionais, relatada por 54,11% das entrevistadas. Concluiu-se que o melasma afeta a qualidade de vida das mulheres portadoras e que os cuidados para seu controle são imprescindíveis para evitar insatisfação com a autoimagem e agravar quadros de ansiedade, depressão e prejuízos sociais.  

2. METODOLOGIA 

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-quantitativa, que por sua vez, traz informações da pesquisa com quantidades (números) através de dados. Esse tipo de pesquisa é uma mesclagem das duas abordagens, isso porque primeiro se conduz a fase qualitativa para compressão do fenômeno, e em seguida aplica-se a quantitativa que requer tabulação para que os dados sejam compreendidos. Nesse tipo de pesquisa é definindo que: 

A pesquisa qualitativa interpreta as informações quantitativas por meio de símbolos numéricos e os dados qualitativos mediante a observação, a interação participativa e a interpretação do discurso dos sujeitos (semântica) (KNECHTEL, 2014, p. 106).

Quanto à natureza, o estudo é configurado como pesquisa básica, que busca incremento de conhecimento. Para Appolinário (2011, p. 146), o objetivo principal da pesquisa básica é “o avanço do conhecimento científico, sem nenhuma preocupação com a aplicabilidade imediata dos resultados a serem colhidos”. A mesma tem o objetivo de que o conhecimento gerado seja útil para a ciência sem que haja uma aplicação prática.

Os objetivos da pesquisa foram alcançados através da análise descritiva, que de acordo com Gil (2007), busca compreender a realidade expondo características de um determinado fenômeno ou problema, caracterizando-o, com a finalidade de se obter uma interpretação nova ou complementar que venha a agregar o estudo e atingir os objetivos traçados. Ainda, mostra a parte da população que é tomada como objeto de investigação da pesquisa. É o subconjunto da população (Kauark, et al. 2010, p.61). Nesse sentido, a amostra foi obtida através do estudo de caso com aplicação de questionário estruturado a 45 portadoras de melasma residentes nas cidades de Prado e Itamaraju -BA.

O estudo de caso, de acordo com Severino (2007, p. 121) “caracteriza-se como uma pesquisa que se concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo”. Esse método de estudo é amplo, mas trata de um assunto específico. Isso porque ele permite que o conhecimento seja aprofundado, além disso oferece subsídios para novas investigações.

Para Gil (2011), as entrevistas podem ser estruturadas em: informais, focalizadas, por pautas e formalizadas. As entrevistas estruturadas são desenvolvidas através de uma relação fixa de perguntas, onde a ordem e a redação são invariáveis para todos os entrevistados. Esse método possibilita ainda o tratamento quantitativo dos dados.  

O levantamento de dados se deu em maio de 2023, a partir da disponibilização online de um questionário estruturado vinculado à plataforma Google Forms (conteúdo em anexo). Ao inserirem informações colaborativas para a pesquisa, as entrevistadas assinaram o termo de Consentimento Livre Esclarecido que se compromete a não divulgar informações pessoais das envolvidas. Os critérios para seleção amostral incluíam mulheres portadoras de melasma, residentes das cidades de Prado e Itamaraju-BA, acima de 18 anos de idade. Totalizaram-se 45 participantes.

O questionário foi composto por 18 questões para caracterizar a população do estudo, sendo 7 delas a respeito do perfil situacional clínico das pacientes, 4 sobre a qualidade de vida do público alvo e 4 sobre uso de dermocosméticos e serviços prestados por farmacêuticos e profissionais da saúde, e 3 de cunho identificador e sociodemográfico. 

As perguntas tinham caráter misto, com questões de múltipla escolha e uma questão discursiva. Algumas múltipla-escolha agregam escala de Likert de 5 níveis para frequência (nunca, raramente, algumas vezes, muitas vezes, sempre) e 5 opções para avaliação de incômodo (nenhum incômodo, incômodo leve, incômodo moderado, muito incômodo, incômodo excessivo). 

3. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO MELASMA 

O melasma é uma patologia caracterizada pelo aparecimento de manchas escuras na pele, com tons acastanhados. Quanto à etimologia da palavra, origina-se do radical grego “melas” que significa enegrecido, em referência às cores acastanhadas que aparecem nas áreas do corpo. O surgimento geralmente se dá na face, podendo também ocorrer em outras regiões do corpo como pescoço, braços, mãos, pernas etc.

Acomete principalmente as regiões faciais da testa, bochechas e acima do lábio superior, conforme exposto na imagem 1, e revela manchas amarronzadas mais escurecidas do que o restante da epiderme. O escurecimento na maioria das vezes é no malar (maçã do rosto), e as cores variam conforme o tom da pele do indivíduo. O formato é irregular, normalmente simétrico, ou seja, igual dos dois lados do rosto. 

Imagem 1 – Regiões de incidência clínica de Melasma facial.

RACGP - Melasma

Fonte: GUPTA et al., 2020.

Muitas mulheres sofrem com o melasma. Geralmente no período da gestação elas adquirem essa patologia. Mas existem muitos outros fatores para que essas manchas apareçam. Os raios ultravioletas, por exemplo, favorecem o surgimento das mesmas. Essa doença causa danos tanto físicos quanto emocionais, uma vez que muitas mulheres se sentem afetadas emocionalmente.

Por se tratar de uma doença de pele comum, o melasma pode afetar pessoas de qualquer sexo, idade e raça. Contudo, é pouco comum em homens. Pessoas com pele mais escura possuem maior probabilidade de desenvolver a patologia. Ocorrem com mais frequência nos anos reprodutivos das mulheres, e durante a puberdade são raros os casos em que o melasma se apresenta (OLIVEIRA, et al., 2019).

Os tratamentos utilizados são de suma importância para amenizar os efeitos do melasma na pele. Alguns desses são de custo alto e agressivos, mas configuram as únicas alternativas para suavizar as manchas que tanto incomodam as pessoas, aliadas à prevenção da exposição solar. Com a utilização desses procedimentos estéticos a autoestima das mulheres se eleva, trazendo benefícios físicos e emocionais, como a reintegração social, melhorando a qualidade de vida da população envolvida (GHELLERE; BANDÃO, 2020).

Ademais, atividades como o uso de medicações anticonvulsivantes e fotossensíveis somadas à exposição solar deliberada, aplicação inadequada de dermocosméticos, estresse emocional, desenvolvimento de comorbidades como diabetes e hipertensão, aterosclerose, aumento da circunferência abdominal acima de 105 cm, e sucessivas inflamações na pele são considerados gatilhos para o surgimento das melanosidades, para além das questões genéticas (SOUZA, 2019). Conforme evidenciado a seguir, a exposição ultravioleta ainda é a principal causa:

Um estudo executado com uma revisão de informações clínicas de 100 pacientes brasileiros atingidos por essa patologia, demonstrou que o principal elemento para o progresso do melasma é a exposição à luz solar, em que a radiação ultravioleta pode acarretar peroxidação dos lipídios nas membranas celulares, ocasionando à produção de radicais livres, que podem estimular os melanócitos a sintetizar excesso de melanina da derme e epiderme (SPADAFORA et al., apud, SOUZA, 2019, p.15).

Com o aparecimento das melanoses, o relacionamento interpessoal, emocional e sexual pode ser estigmatizado e afetado. O melasma afeta o emocional e o psicológico das pessoas atingidas pela doença, registrando-se incidência de transtornos psicológicos em pacientes dermatológicos variando de 30 a 60% (JAISWAL, 2016; KRAUS, 2019).

Em gestantes, geralmente o quadro desaparece após um ano do parto, contudo, cerca de 30% destas acabam ficando com alguma sequela da mancha. Essas manifestações podem ainda durar por anos, através de traços acentuados, e isso faz com que a autoestima das mulheres seja afetada, uma vez que o impacto estético que estas manchas provocam são grandes e refletem em alterações tanto psicológicas quanto comportamentais (LIMA; SILVA; SOUZA, 2019).

3.1 TIPOS DE MELASMA 

Existem três tipos de melasma: A profundidade em que se localiza o pigmento na pele determina o tipo de melasma, que pode ser: Epidérmico (mais superficial e que responde melhor ao tratamento), Dérmico (mais profundo e de tratamento mais difícil) ou misto. No momento de sua definição é preciso analisar para saber qual o que acomete o paciente.

O melasma epidérmico é o mais comum e manifesta-se como manchas hipercrômicas simétricas, no exame clínico, são considerados basicamente três padrões, centro facial correspondendo à apresentação mais comum da doença. As lesões se estendem às regiões malar, frontal, mentoniana, supra labial e nasal. O segundo padrão, o malar engloba as áreas malar e nasal. Embora menos comum, outras partes do corpo podem estar envolvidas, como pescoço e braços, constituindo o melasma extra facial o qual pode se associar a qualquer dos demais padrões (MACEDO, et al., 2018).

De acordo com a histopatologia, o tipo epidérmico é aquele que ocorre quando há o depósito do pigmento melânico apenas nas camadas basal e suprabasal, podendo eventualmente se estender na epiderme chegando ao estrato córneo. Já o tipo dérmico é aquele que acontece quando há a pigmentação na epiderme, na derme superior e média, principalmente no interior de melanófagos, podendo ainda envolver a derme profunda, com mínimo infiltrado linfocítico perivascular na derme superficial (PARK, 2017, apud, OLIVEIRA 2019).

O melasma dérmico é caracterizado por macrófagos carregados de melanina na derme superficial papilar que fagocitaram a melanina das camadas epidérmicas adjacentes. Os epidérmicos são mais sensíveis à terapêutica, enquanto os dérmicos requerem abordagem distintas, nem sempre com bons resultados. Por isso a importância de analisar cada caso, e poder através do resultado da análise indicar o tratamento que melhor cabe ao paciente.

4. BREVE HISTÓRICO SOBRE O MELASMA 

Os primeiros casos de melasma foram identificados na Europa e nos Estados Unidos. Mas é importante ressaltar que, a história dessa dermatopatologia ainda é um pouco desconhecida, não existem ainda estudos aprofundados sobre este tema. Para melhores esclarecimentos é necessário que haja mais discussões sobre esse tema, para que se tenha a real dimensão dessa patologia.

Foi nos séculos (470-360 a.C) que essa doença ficou reconhecida, e o termo vinculava as melanização cutâneas, quando a mesma piorava depois da exposição ao sol e outros fatores de risco. E foi entre 1934 e 1961 que apareceram os relatos iniciais do melasma na literatura médica do ocidente (HANDEL, et al., 2014, apud MARANZATTO, 2016).

O primeiro caso registrado foi de uma mulher europeia de 20 anos de idade que apresentava lesão supralabial acastanhada, que piorou depois da exposição ao sol. No segundo caso, os autores relatam minuciosamente, que 15 pacientes dos Estados Unidos (EUA) com faixa etária entre 25 e 43 anos de idade apresentavam hiperpigmentação na face, simétrica, sem etiologia conhecida. Dentre esses pacientes, 10 engravidaram e 4 referiram “melanose da gravidez”. A história natural do melasma ainda não foi adequadamente estudada (ISHIY, et al., 2014, apud MARANZATTO, 2016).

O melasma é uma dermatopatologia de pouco conhecimento sobre suas causas, seus estudos ainda não são suficientes para que se tenha o real entendimento sobre seu conceito. Por isso o estudo e análise ainda necessitam de maior profundidade, principalmente no que se refere às causas e tratamentos. Com os estudos apresentados sabe-se que, as manchas possuem relação com a exposição aos raios solares.

5. TRATAMENTOS E ALTERNATIVAS PARA O MELASMA

Por se ter um custo elevado e duração longa, muitas mulheres não têm condições de tratar, outras até mesmo desistem do tratamento devido sua elevada periodicidade e demandar cuidados paliativos rotineiros ininterruptos. Mas, para que seja solucionado esses problemas, existem também aqueles tratamentos de baixo custo, que permitem que as mulheres tenham acesso e concluam o tratamento para que não ocorra o agravamento das manchas, causando mais frustrações.

5.1 TERAPIA TÓPICA E TERAPIA ORAL 

O melasma pode ser tratado com medicamentos tópicos à base de ácidos, clareadores, corticoides e fotoprotetores, além de mudanças nos hábitos do paciente em relação à exposição solar. A combinação mais estudada e que apresenta os melhores resultados, consiste da associação de ácido retinóico, hidroquinona e corticoides.  Assim, é preciso uma avaliação para que seja indicado qual melhor tratamento em cada caso específico.

Entretanto, nem todos os pacientes respondem satisfatoriamente e mesmo aqueles que melhoram podem ter recidiva do quadro, principalmente nos momentos em que a intensidade da radiação ultravioleta é maior, como no verão. O fragmento a seguir traz informações a respeito do modo de ação da hidroquinona, um agente tópico que apresenta resultados eficientes no tratamento do melasma:

Para o tratamento do melasma, podem ser utilizados agentes tópicos sendo que a hidroquinona é a mais usual e de resultados com maior eficácia por ser um derivado fenólico que inibe a melanogênese atuando sobre o melanócito. O mecanismo de ação é o bloqueio da oxidação da tirosinase em Diidroxifenilalanina (DOPA), por meio de um duplo fenômeno de inibição da síntese melânica e da ação citotóxica, diminuindo a produção de melanina, em creme ou solução álcool-base. Os resultados dependem da concentração variando de 2 a 5% podendo ser maior em fórmulas mescladas (BARBOSA, 2016, p.24).

Existem vários tratamentos que podem ser usados para o melasma. Eles podem ser por terapia oral, tratamento peeling químico, procedimentos combinados, entre outros. Mas é preciso uma análise do caso do paciente para que assim possa buscar o tratamento que melhor se adeque ao caso. A resposta ao tratamento é individual e personalizada, por isso tem que se buscar qual a que melhor atende ao paciente em análise.

Recentemente, alguns estudos têm demonstrado que o uso de antioxidantes orais poderia diminuir os efeitos deletérios da radiação ultravioleta sobre a pele. Diferentes substâncias com ação antioxidante têm proporcionado esse resultado é um nutri-concentrado composto de licopeno, Lactobacillus johnsonii e betacaroteno também tem sido empregado com essa finalidade. Diante da nítida correlação entre a radiação solar e a piora do melasma, acredita-se que o emprego de um nutri-concentrado com essa composição poderia auxiliar na estabilidade da doença durante o período em que quantidade de radiação ultravioleta é maior, principalmente no verão (MASCENA, 2016).

No que se refere ao tratamento oral, cada vez mais se discute a utilização de comprimidos à base de antioxidantes contra os efeitos do sol. A vitamina C, a vitamina E, e o picnogenol têm se mostrado promissores. O efeito de um tratamento por via oral, no entanto, ainda é controverso. Para melhores resultados ainda serão necessários estudos, que visem apontar os tratamentos mais eficientes para o tratamento do melasma.

5.2 TRATAMENTO PEELING QUÍMICO

Os melasmas epidérmicos apresentam melhor resposta no tratamento com peelings químicos. Entre as substâncias utilizadas, pode-se citar: ácido retinoico, ácido glicólico, ácido tricloroacético, ácido salicílico, dentre outras. Os efeitos benéficos com os peelings químicos são obtidos logo nas primeiras semanas de tratamento.

A pele, no geral, torna-se mais luminosa, mais hidratada e mais clara, porém são necessárias sessões seriadas para se atingir o objetivo maior que é o clareamento do melasma. Ressalta-se que os peelings químicos não devem ser utilizados como única alternativa terapêutica, mas sim, em associação com a fotoproteção, que é imprescindível (LIMA, et al.,2019).

O peeling superficial é o ideal para o melasma epidérmico, age na epiderme, que é a camada mais superficial da pele e não apresenta grandes problemas após sua aplicação e utiliza substâncias ativas como os alfahidroxiacidos (AHA), beta-hidroxiacidos, ácido salicílico, (TCA) ácido tricloroacético, resorcinol, ácido azeláico, solução de jessner, dióxido de carbono (CO2) sólido e tretinoína. Os mais utilizados nos tratamentos do melasma epidérmico são os peelings de ácido retinóico que requerem de três a sete sessões, e o peeling de ácido glicólico, este provoca reações mais leves que o ácido retinóico, mas é menos eficiente, e pode ser associado com o ácido retinóico e a vitamina C (SOUZA, et al., 2020).

O filtro solar mineral neste caso é um dos mais indicados, isso porque adere à superfície da pele e impede que os raios solares entrem em contato com a mesma. Os filtros minerais compostos por dióxido de titânio e óxido de zinco são indicados para todos os tipos de pele, principalmente para aquelas que necessitam de cuidados especiais. Por isso o protetor solar mineral tem como principais benefícios ser um aliado nas manchas, como o melasma. (LIMA, et al, 2019).

Os protetores solares físicos são muito importantes também para cuidar da pele durante a exposição excessiva a telas e luz artificial, isso porque eles protegem a pele através da absorção da radiação UVA e UVB, transformando-as em uma radiação de baixa energia, não prejudicial para a pele.

Os princípios ativos contidos nos cosméticos possuem mecanismos de ação diferentes, aqueles despigmentadores fazem com que seja inibida a ação da enzima tirosinase, inibindo assim o processo de melanogênese e assim a produção do pigmento melanina. Dessa forma, os mais utilizados são: Ácido Ascórbico conhecido por Vitamina C, Ácido Fítico, Ácido Kójico, Ácido Mandélico, Alpha White, Extrato De Uva-Ursi, Hidroquinona. Estes são alguns dos cosméticos mais utilizados para tratar o melasma (SIQUEIRA, et al., 2021).

Os cremes e clareadores usados hoje para tratar a histopatologia não conseguem atingir a camada mais profunda da pele, dessa forma, resolvem o problema apenas superficialmente, e os lasers, como luz pulsada e fracionada, se usados isoladamente acabam proporcionando uma maior pigmentação da pele.

5.3 PROCEDIMENTOS COMBINADOS E PROCEDIMENTOS À LASER

Outro procedimento, no tratamento do melasma é a infusão dérmica de substâncias, que consiste na associação de laser e cremes clareadores. Os pesquisadores de Harvard comprovaram que os lasers são capazes de levar às profundezas da pele, medicações que de outra forma não conseguiriam penetrar. Com essa nova técnica, o laser fracionado é aplicado na pele e ela fica repleta de micro pontinhos. No dia seguinte, o ideal é aplicar cremes clareadores, como ácido kójico e hidroquinona, que penetram mais facilmente na pele através dos micros frios causados pelo laser.

Os tratamentos que envolvem laser ainda não são suficientes para a eliminação total do melasma e demais lesões de hiperpigmentação; contudo, essas terapias são reconhecidas como importantes aliadas para o progresso tecnológico visando o desenvolvimento de novos sistemas eficientes, bem como a capacidade de se tornarem otimizados com as modalidades de terapia tópica (BECKER, et al., 2017, apud, BARBOSA; GUEDES, 2018, p. 91).

Importante ressaltar que, os tratamentos à laser não eliminam completamente os melasmas, eles são realizados conforme a profundidade do mesmo. É um tratamento eficaz, ele pode atenuar ou uniformizar o tom da pele até que ela fique semelhante ao natural da pele do paciente. Geralmente se indica o uso do laser quando outras terapias não apresentam resultados positivos, ou para casos em que as manchas são mais profundas. 

Existem também o tratamento realizado com o Spectra Laser Toning, laser que elimina manchas marrons variadas e o melasma em especial. O aparelho emite pulsos de luz ultra rápidos e sua energia é absorvida pelos melanócitos, células que produzem o pigmento escuro, a melanina. Neste procedimento, a energia é mais baixa, porém uniforme, o que evita a formação de novas manchas escuras, e não provoca inchaço nem irritação. O ideal é passar filtro solar e no máximo um hidratante. Ativos clareadores atenuam a quantidade de pigmentos na pele e, com isso, a resposta ao laser diminui (BARBOSA; GUEDES, 2018).

Algumas fontes dizem que o melhor tratamento clareador para o melasma é à base de cremes. As respostas ocorrem após semanas ou meses de uso de cremes, como os à base de tretinoína, hidroquinona e cortisona. Uma boa medida é associar peelings clareadores e renovadores da pele ao tratamento domiciliar. Completado o clareamento das manchas, é fundamental que você siga com um tratamento de manutenção, fazendo uso de protetores solares, conforme indicado a seguir:

O tratamento realizado com ácidos específicos, esfoliações leves e peelings amenizam as manchas, mas o uso de fotoprotetor é o grande responsável pelo sucesso no tratamento e os artigos publicados reforçam o uso de tal proteção para manutenção do sucesso da terapêutica merecendo assim, uma melhor conscientização quanto a sua forma adequada de uso. Nos casos de melasma na gravidez, o mesmo geralmente desaparece por completo após o parto e o tratamento com ácidos neste período é contraindicado (RODRIGUES; SCARANELLO, 2020, p.09). 

Vale ressaltar que, o tratamento para o melasma deve ser individualizado para cada paciente, isso porque, caso ocorra terapias não correspondentes, isso poderá agravar o caso. Dessa forma, cada caso deve ser avaliado e definido o tratamento necessário para tratar o paciente conforme as suas necessidades.

Durante o tratamento se faz necessário ainda a recuperação da barreira da pele. Assim, para que haja a sua restauração é fundamental a hidratação da mesma (de preferência um hidratante que ajuda a recuperar as ceramidas perdidas). Bem como a limpeza e investigação de inflamação e dilatação de vasos que podem contribuir com a produção de melanina. Este procedimento pode ser realizado no escaneamento da face (SIQUEIRA et al., 2021).

5.4 CONTRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ESTETA EM RELAÇÃO AO MELASMA

Os farmacêuticos atuam nas disfunções de cunho metabólico e fisiológico e dermatológico. Neste sentido, dentre as suas disfunções estéticas, encontra-se o melasma, que na verdade é definido como uma hipermelanose crônica que tem origem na exposição solar excessiva, esta pode ser lenta ou gradual, mas, com o passar do tempo afeta a fotoproteção da pele e daí surgem os melasmas. Atua ainda no tratamento e na orientação sobre o uso dos cosméticos e dermocosméticos apropriados.

Além de atuar na assistência estética, o farmacêutico esteta atua ainda na dermatologia e cosmetologia, neste caso, ele pode atuar tanto na prevenção como também no tratamento do melasma, através de orientação sobre as funcionalidades e aplicações dos fármacos e dos dermocosméticos apropriados, e ainda auxiliar e otimizar a farmacoterapia e orientação sobre a melhor abordagem terapêutica (SOUZA, 2019).

O profissional farmacêutico esteta, além de ser reconhecido pelo MEC, precisa ainda ter reconhecimento do Conselho Federal de Farmácia (CFF), deve também atender aos requisitos técnicos específicos da estética, a partir desses registros ele poderá então atuar na realização de procedimentos e terapias estéticas. Sem esquecer que, este profissional deve pautar sua conduta e limitar-se apenas a clinicar (BRASIL, 2018). 

Na terapêutica do melasma, o farmacêutico esteta pode definir procedimentos e estratégias para as abordagens dermocosméticas, através de recursos estéticos manuais que são aplicações de clareadores e potenciadores de clareamento, dos despigmentantes, dos inibidores de radiação UV e dos antioxidantes. Pode ainda fazer uso de aparelhos nos tratamentos estéticos. As orientações sobre os tratamentos oferecidas pelo farmacêutico esteta no pós-tratamento do melasma devem ser a permanência com os cuidados e a fotoproteção, bem como a adoção de hábitos de vidas saudáveis, e ressaltar ainda sobre a importância de evitar a exposição solar excessiva sem uso da proteção adequada.

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 

Fizeram parte do plano amostral dessa pesquisa 45 voluntárias do sexo feminino com melasma, residentes dos municípios de Itamaraju e Prado no ano de 2023. Na tabela 1 estão disponíveis as informações demográficas de faixa etária e residência das pesquisadas. Observou-se que 37 mulheres entrevistadas estão na faixa etária entre 21 a 49 anos, período demarcado por fertilidade e caracterizado por elevada incidência de Melasma em mulheres, de acordo com as bibliografias. 

Tabela 1 – Caracterização demográfica de mulheres portadoras de melasma habitantes dos municípios de Prado e Itamaraju (BA) em 2023
VariávelN%
Cidade  
Prado1468,89%
Itamaraju3131,11%
Idade  
Entre 18 anos e 20 anos24,44%
Entre 21 anos e 29 anos715,56%
Entre 30 anos e 39 anos1431,11%
Entre 40 anos e 49 anos1635,56%
Entre 50 e 59 anos48,89%
Maior que 60 anos24,44%
Total Geral45100%

Fonte: Elaboração própria

Quanto ao diagnóstico clínico, o gráfico 1 evidencia que, das 45 mulheres entrevistadas, apenas 25 possuem diagnóstico profissional para doença, apesar disso, 18 relatam conviver com as características manchas há mais de um ano (Gráfico 2). 20 mulheres não receberam diagnóstico clínico, nem por dermatologista ou outro profissional do ramo da estética. Destaca-se, a partir disso, a necessidade de investimento em diagnóstico profissional, inclusive para evitar prejuízos à saúde da pele.

Fonte: elaboração própria

Observando o gráfico a seguir (gráfico nº 2) percebe-se que apenas 8,89% das mulheres diagnosticadas convivem com a doença recentemente (menos de um ano). Os números mais expressivos para esse fator indicam que as diagnosticadas convivem com a dermopatologia há mais de 5 anos é de 28,89% e uma década, respectivamente. É importante destacar o número de mulheres (7 entrevistadas) que convivem com as manchas características de melasma há mais de uma década e que ainda não procuraram diagnóstico profissional.

Fonte: elaboração própria

27 das envolvidas na pesquisa apresentam manchas características na região centro-facial do rosto, seguidas de 20 para manchas na região malar, 11 para manchas na região mandibular, 4 disseminadas em quase todo o rosto e 2 para incidência extra-facial.

Fonte: elaboração própria

Das 25 pacientes com diagnóstico clínico, 19 relataram que estão em tratamento para manchas, nos últimos 60 dias. A partir disso, ilustrou-se a maior frequência da terapia com clareadores tópicos, que é referenciada por 24,44%, seguida da terapia com clareadores tópicos e orais, com a quantidade de 8,89% (Gráfico 4).

Fonte: elaboração própria

Na tabela 2 estão apresentadas as combinações de respostas referentes aos possíveis gatilhos desencadeadores das manchas de melasma nas mulheres residentes de Prado e Itamaraju – BA. Percebe-se que em alguns casos a provável incidência é multifatorial, ou seja, atribuída pela combinação de mais de 1 ou 2 situações. 

Tabela 2 – Gatilhos desencadeadores das manchasN%
Não tem certeza 1022,22%
Não tem certeza, Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar12,22%
Surgimento após a gravidez1431,11%
Surgimento após a gravidez, Surgimento após vivenciar período de estresse emocional12,22%
Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar817,78%
Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar, Surgimento após a gravidez511,11%
Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar, Surgimento após o uso de contraceptivo (ou troca)12,22%
Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar, Surgimento após o uso de contraceptivo (ou troca), Surgimento após a gravidez12,22%
Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar, Surgimento após o uso de contraceptivo (ou troca), Surgimento após iniciar tratamento hormonal12,22%
Surgimento após exposição prolongada ao sol sem uso de filtro solar, Surgimento após o uso de contraceptivo (ou troca), Surgimento após uso inadequado de cosmético12,22%
Surgimento após sucessivas inflamações da pele12,22%
Surgimento após vivenciar período de muito estresse emocional, Surgimento com a progressão da circunferência abdominal (>105cm), Surgimento após sucessivas inflamações da pele12,22%
Total Geral45100%

Fonte: Elaboração própria

A partir da tabela 2, considerando a frequência com que os gatilhos foram sugeridos pelas entrevistadas, 22,22% relataram não terem certeza em relação à causa das manchas, enquanto que o restante atribui à causas específicas. O estímulo mais recorrente reportado foi de 46,66% com o surgimento de manchas após a gravidez, seguido de exposição ao sol sem protetor solar. Esse dado é corroborado pela pesquisa de Purim e Avelar (2012) que em um estudo feito com 109 gestantes constataram melasmas em 25 gestantes, onde das 25, 20 afirmaram obter o melasma recorrente da gestação atual em que as encontravam. Um outro estudo feito com 51 mulheres por Ikino (2013) relata que 45% das mulheres avaliadas relataram que o melasma surgiu durante a gestação.

A exposição solar desprotegida é um dos fatores mais prejudiciais à pele, e configuram o aparecimento das manchas de melasma. Em um estudo feito realizado, o autor afirma que:

A proporção de melasma entre sujeitos que moraram em zona rural ou no litoral, e que referiram maior exposição solar tanto no trabalho, como no lazer, porém, não em quem referiu queimaduras solares, evidenciando que a exposição crônica seja mais importante no desenvolvimento da doença (HANDEL, 2013, p.68).

Os procedimentos clínicos mais realizados pelas entrevistadas foram os peelings químicos, conforme ilustrado no gráfico nº 5. 55,56% das mulheres entrevistadas nunca realizaram nenhum tratamento estético para o clareamento de manchas, o que corresponde a 25 das 45 totais. Apenas 20 mulheres (44,44%) salientaram que já fizeram procedimentos estéticos. Nesse ponto o quesito “outros” apresentado no formulário teve maior recorrência, seguido de peelings químicos. Dos procedimentos listados disponíveis no formulário, o que não apresentou adesão isolada foi a MMP (microinfusão de medicamentos na pele).       

O melasma é uma condição que afeta o paciente em diversos sentidos principalmente a fatores ligados à aparência, foram feitas aos voluntários perguntas para avaliar a qualidade de vida do mesmo em relação à autoestima. Quando perguntadas como se sentem em relação ao melasma ao se olharem no espelho 51,11% das entrevistadas responderam se sentir muito incômodo (Gráfico 6). Quando perguntado se as manchas as limitaram de ter relações interpessoais, cerca de 37,78% das entrevistadas responderam que em alguns momentos as manchas influenciaram nessas tomadas de decisão, e 35,56% das entrevistadas afirmaram se sentirem tristes, constrangidas ou ingeridos em algum momento da vida devido às manchas. 

Muitos são os estudos que mostram a relação do melasma com a autoestima, segundo Oliveira et al (2019) todos os problemas relacionados à pele virão seguidos de problemas emocionais, como ansiedade, depressão, tristeza, isso consequentemente afetará a qualidade de vida dessas pessoas. Um outro estudo feito por Jiang (2018) fala que a pele quando está saudável, sem imperfeições, faz com que as pessoas tenham uma melhor relação social, entretanto quando possui distúrbios cutâneos faz com que as pessoas tenham problemas sociais. Isso explica a auto porcentagem de pessoas que afirmaram sofrer influência das manchas durante as tentativas de interação com outras pessoas.

Foi perguntado às voluntárias quantas vezes se sentiram incomodadas com o reaparecimento das manchas ou escurecimento, mesmo após terem iniciado o tratamento, e das pessoas que já fizeram tratamento, 13 responderam que algumas vezes foram sensibilizadas com as recidivas das manchas, e 11, relataram que muitas vezes o reaparecimento ocasionou algum tipo de impacto. Esse parâmetro de reincidência é recorrente, visto os vários gatilhos possíveis que podem agravar ou provocar o reaparecimento das marcas. 

As recidivas do melasma tem a ver com a cronicidade da doença e dificultam a adesão ao tratamento e a permanência duradoura, visto que muitas mulheres desanimam com as múltiplas tentativas de melhoria no aspecto da pele e se sentem frustradas. Cabe ao profissional da saúde orientar seus pacientes para que estejam alertas para os gatilhos desencadeadores e principalmente, não se sintam ludibriados ou desestimuladas a procurarem novas alternativas, ou seguirem os protocolos terapêuticos sugeridos. 

Fonte: elaboração própria

Sobre as questões relacionadas à serviços e informações referente ao tratamento do melasma, obteve-se que 53,34% das entrevistadas obtêm informações de fontes extra-oficiais, como internet, vizinhos ou recomendações de outras pessoas que estejam em acompanhamento profissional. Adicionalmente, 64,44% já fizeram uso de substâncias clareadoras por conta própria, sem orientação de profissional competente, onde nem sequer consultam farmacêuticos ou outros profissionais de saúde sobre a melhor maneira de administração dos produtos que compram em farmácias.

Gráfico

 Esses dados revelam a relativa frequência de comportamentos de risco adotados pelas entrevistadas, em relação à adoção de tratamentos alternativos que eventualmente lançam mão. Além de muitas vezes não melhorar o aspecto das manchas, o uso de receitas caseiras, ou medicações sem uso profissional que circulam na internet, podem agravar o aspecto, e provocar sensibilidade, ou ainda o chamado efeito rebote do melasma, que é quando as manchas têm a aparência piorada, e tornam-se mais evidentes ou maiores.

Ademais, os tratamentos de melasma devem ser personalizados, para atender a demanda individual de cada paciente, considerando os gatilhos envolvidos no desencadear das manchas, o tipo de melasma (se dérmico, epidérmico ou misto) e hábitos de vida (SILVA, et al.,2023). 

Assim, é importante a realização de uma avaliação clínica competente, por um médico especialista na área de dermatologia ou outro profissional da saúde habilitado em áreas afins, como cosmética e estética. O acompanhamento por um profissional competente no campo, além de fornecer diagnóstico preciso e segurança para orientações, revelam a consequente melhora no aspecto patológico e qualidade de vida do paciente.

As mulheres que participaram deste questionário relataram alguns ativos e procedimentos utilizados pelas mesmas que foram eficientes para o clareamento das manchas. A tabela a seguir (tabela 3) informa alguns deles. 

Tabela 3 – Ativos e procedimentos usados em tratamentos que foram eficientes no clareamento de manchas
Hidroquinona
Ácido mandélico
Ácido Retinóico
Ácido glicólico, salicílico e ferúlico
Picnogenol
Vitamina C 
Niacinamida
Thiamidol
Dipalmitato kojico
N-acetil-glicosamina (NAG)
Microagulhamento
Laserterapia
Peeling químico

Fonte: Elaboração própria

7. CONCLUSÃO 

O melasma tem grande impacto na autoestima da mulher, e isso contribui para provocar sentimentos que podem se manifestar através da ansiedade, por exemplo. Mesmo sendo considerado uma afecção com conotação apenas estética, ele pode causar um grande impacto na vida social, familiar, profissional das pessoas acometidas, e isso prejudica a qualidade de vida e o bem estar emocional, como verificado nos relatos de algumas mulheres portadoras de melasma que colaboraram com esse estudo.

Essa patologia atinge mais mulheres que homens, isso porque fatores como gestação, uso de anticoncepcionais, reposição hormonal e exposição a luz solar e luz visível, são fatores de risco que podem desenvolver o melasma. Por isso a maioria dos casos de melasma ocorre em pessoas do sexo feminino. Mas, é preciso ressaltar que existem casos masculinos também, em menor proporção.

Os dermatologistas e farmacêuticos estetas são profissionais habilitados e que terão a capacidade de reduzir os impactos negativos na vida do paciente com melasma, uma vez que determinarão a forma em que esse tratamento será realizado, e identificaram as particularidades do melasma de cada pessoa. É importante ressaltar que, ainda não existe uma cura para a patologia, mas os tratamentos disponíveis atualmente já conseguem minimizar significativamente a aparência das manchas.

Neste sentido, diversos tratamentos têm sido utilizados para cuidar dessa patologia, e muitos têm apresentado um bom resultado, principalmente aqueles que são realizados com o uso da terapia combinada, estes apresentam melhores resultados na redução dos pigmentos das lesões. Por isso é fundamental que o paciente faça um tratamento personalizado e que sejam cumpridas todas as ações que o profissional orientar.

Conclui-se, portanto, a necessidade de maior aderência à profissionais para correta diagnose do melasma por parte das mulheres residentes na cidade de Itamaraju e Prado, bem como, a adequação aos tratamentos sugeridos. A exposição solar e a gravidez foram gatilhos importantes para as mulheres entrevistadas, ou ainda, registrou-se que muitas submetem-se à exposição solar com relativa frequência, sendo assim, retoma-se a importância de sempre incluir o uso de bloqueadores solares contra os raios ultravioletas e contra a luz visível na rotina diária.

Em relação ao uso de medicamentos tópicos, os mais indicados como eficientes pelas mulheres em pesquisa corroboram com a bibliografia consultada, elencando o elevado potencial clareador de produtos à base de hidroquinona, ácido glicólico, ácido retinóico e ácido ascórbico (vitamina C). Os peelings também foram citados como eficientes pelas entrevistadas e isso muito provavelmente se deve à sua maior competência em relação ao uso isolado de cremes. Tratamentos à laser cada vez mais apresentam resultados muito satisfatórios em poucas sessões, por agirem nas camadas mais profundas da pele. A aderência a essa terapia entre as entrevistadas foi relativamente baixa, o que se atribui ao elevado custo.

O uso de ativos e clareadores sem recomendação de um profissional podem acarretar vários riscos à pele das pacientes, causando a piora das manchas. O tratamento de melasma é totalmente individual, cada pessoa precisa ter uma avaliação para saber qual tipo de melasma tem e assim realizar os procedimentos.

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1Graduando em Farmácia pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – Email: evilynred4@gmail.com  
2Mestre em Análise Ambiental Integrada. Docente na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – E-mail: cecilia.simon@facisaba.com