ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA AUTOMEDICAÇÃO EM PACIENTES IDOSOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7349122


Igor Turino Do Rego1
Ms. Michel Santos Da Silva2
Ms. Leonardo Guimarães De Andrade3


RESUMO

Os medicamentos são considerados essenciais para a assistência à saúde e, quando utilizados de forma racional, atuam em conjunto para melhorar significativamente a saúde das pessoas. Os idosos são a população que toma mais medicamentos de venda livre. O envelhecimento populacional é um processo natural que leva ao declínio gradual da reserva funcional individual, levando a diferentes síndromes geriátricas, além de alterações no perfil epidemiológico da morbidade. Portanto, a escolha de medicamentos adequados ao idoso é um passo essencial na prevenção de eventos adversos nessa faixa etária. O processo tem que ser meticuloso, pois o uso de certos medicamentos gera mais riscos do que benefícios. A automedicação é o uso de medicamentos por conta própria, sem prescrição ou orientação médica, o que pode representar sérios riscos à sua saúde. Na maioria das vezes, as pessoas acabam optando pelo autotratamento por oferecer uma solução mais simples e rápida para sintomas comuns, independentemente da importância de procurar atendimento médico. Portanto, vale destacar o papel do farmacêutico, que desempenha um papel importante como orientador e agente de saúde, contribuindo para o uso racional de medicamentos, reduzindo os problemas associados ao uso inadequado de medicamentos, em benefício de todas as pessoas e, assim, de modo geral, acesso fácil a estes profissionais. 

Palavras-Chave: Automedicação; Idosos; Atenção multiprofissional; Risco de medicamentos;

ABSTRACT

Medicines are considered essential for health care and, when used rationally, work together to significantly improve people’s health. The elderly are the population that takes more over-the-counter medications. Population aging is a natural process that leads to a gradual decline in individual functional reserve, leading to different geriatric syndromes, in addition to changes in the epidemiological profile of morbidity. Therefore, choosing appropriate medications for the elderly is an essential step in preventing adverse events in this age group. The process has to be meticulous, as the use of certain drugs generates more risks than benefits. Self-medication is the use of medication on your own, without a prescription or medical advice, which can pose serious risks to your health. More often than not, people end up opting for self-treatment because it offers a simpler and faster solution to common symptoms, regardless of how important it is to seek medical attention. Therefore, it is worth highlighting the role of the pharmacist, who plays an important role as a counselor and health agent, contributing to the rational use of medicines, reducing the problems associated with the inappropriate use of medicines, for the benefit of all people and, thus, of general, easy access to these professionals.

Key words: Self-medication; Seniors; Multiprofessional care; Drug risk;

INTRODUÇÃO

A automedicação é a administração de medicamentos sem receita médica e o paciente decide qual medicamento usar, este é um fenômeno potencialmente prejudicial porque nenhuma droga é inofensiva para o corpo. O uso impróprio de medicamentos considerados “inocentes” pode levar à resistência bacteriana, reações de hipersensibilidade, dependência, sangramento digestivo, sintomas de abstinência e, devido à combinação de anticoagulantes simples pode levar a analgésicos que aumentam o risco de tumores, hemorragia cerebral, por exemplo. Além disso, o alívio temporário dos sintomas pode mascarar uma doença subjacente que passa despercebida e se desenvolve como resultado (BARROSO et al.,2017).

No Brasil, a assistência à saúde ainda é ilusória, o sistema público de saúde não é capaz de atender a população com a agilidade e qualidade que merece, somado ao fato de que a maior parte da sociedade está na faixa de pobreza e não tem condições de pagar por despesas médicas serviços. A prática da automedicação tornou-se bastante comum, no entanto, os fatores econômicos por si só não são suficientes para explicar a prática da automedicação, sendo assim, fatores como escolaridade, classe social, acesso a informações sobre drogas e até mesmo fatores culturais também influenciam nisso (BARROSO et al., 2017).

A automedicação responsável, conforme definição da Organização Mundial da Saúde, pode salvar os cidadãos e o sistema e minimizar as emergências e superlotação hospitalar, mas a prática pode mascarar morbidades e graves agravos, pois os cidadãos não têm embasamento científico para fazer valer a prática da semiologia (AZEREDO & ARAÚJO, 2016).

O aumento contínuo do consumo de medicamentos entre os idosos pode ser explicado pelo aumento da prevalência de doenças crônicas nessa faixa etária, bem como pelo padrão de saúde com medicamentos como principal forma de intervenção. No entanto, o impacto desse consumo precisa ser medido e avaliado para entender seus riscos ou benefícios (PEREIRA et al., 2017).

Associado à automedicação está o uso comum das farmácias domiciliares, que é o armazenamento de medicamentos em casa. Existem vários riscos associados a esse estoque doméstico, entre eles o problema inerente do fácil acesso ao medicamento sem orientação médica e condições de armazenamento, o que pode afetar a eficácia do medicamento. Os medicamentos devem ser armazenados em local ventilado e seguro, sem exposição à luz, calor ou umidade, em sua embalagem original, rotulada com nome comercial ou genérico e princípio ativo, e com prazo de validade e lote, mas nem sempre (AZEREDO & ARAÚJO, 2016).

Os idosos são mais propensos a se automedicar porque consomem mais medicamentos do que outras faixas etárias, com média de dois a cinco medicamentos por dia, são mais propensos a doenças iatrogênicas e também apresentam deficiências no metabolismo e na depuração hepática. Além disso, vale destacar que o consumo do medicamento quase triplica com a idade, fato justificado pela menor tolerância a sintomas agudos como a dor, o que determina maior necessidade do uso do medicamento, principalmente nesses pacientes. Como resultado, eles estão mais propensos a abusos e eventos adversos, levando ao aumento de internações e óbitos nesse grupo. Portanto, o hábito da automedicação ocorre com muita frequência em nosso país e é considerado um grave problema de saúde pública (PEREIRA et al., 2017).

OBJETIVO GERAL

O presente estudo teve por objetivo apresentar uma revisão da literatura em torno da automedicação em pessoas da terceira idade, com enfoque nos seus malefícios, principais motivos que levam a automedicação, riscos potências para esse grupo demográfico e o papel multiprofissional neste cenário.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Validar na literatura científica disponível os riscos envolvidos na automedicação em idosos.

– Análise das práticas de automedicação em idosos, por serem indivíduos mais vulneráveis ​​à intoxicação medicamentosa. 

– Identificar os tipos mais comuns de medicamentos que os idosos usam quando se automedicam e o que os leva a fazê-lo.

– Relatar fatores associados às práticas de automedicação de idosos.

– Aborda as estratégias de prevenção e controle de medicamentos e o papel do farmacêutico.

JUSTIFICATIVA

No contexto dos problemas de saúde do idoso, a atenção farmacêutica é fundamental para melhorar a adesão ao tratamento, reduzir custos, promover o uso racional de medicamentos, reduzir os problemas relacionados aos medicamentos e fornecer informações sobre a doença e sua exacerbação. A automedicação é uma ameaça em qualquer idade, mas é ainda mais perigosa em adultos mais velhos. O risco é ainda maior porque os idosos costumam ter comorbidades (mais de uma condição ao mesmo tempo) e, portanto, tomam diferentes tipos de medicamentos. Colocar um medicamento na Lista de Medicamentos que não foi prescrito por um médico pode ser muito perigoso devido ao potencial de interações medicamentosas.

METODOLOGIA

A elaboração deste trabalho é uma análise de revisão bibliográfica para fornecer um método para ajudar a explorar o tema da automedicação em idosos, pesquisado no PubMed, na Base de Pesquisa da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na Science E-Library (Scielo), Lilacs e Google Scholar entre 2016 e 2022. A abordagem bibliográfica permite analisar o tema sob os pressupostos teóricos originalmente propostos. Após o levantamento das informações, foi feita uma seleção bibliográfica com os autores que desenvolveram o conteúdo sobre automedicação de idosos para analisar as informações e desenvolver uma base para o desenvolvimento deste programa acadêmico, utilizando essa filtragem, observou-se que o progresso do trabalho foi mais fácil de desenvolver. Esses artigos foram identificados por meio dos seguintes descritores: automedicação; polifarmácia; idoso e assistência medicamentosa.

REVISÃO DE LITERATURA

PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E AUTOMEDICAÇÃO EM IDOSOS

No Brasil, as pessoas com 60 anos ou mais são classificadas como idosas. As estatísticas mostram que a população idosa representa cerca de 11% da população total. Estima-se que essa população triplique até 2050. O envelhecimento da população é um dos maiores desafios de saúde pública. A alta prevalência de doenças crônicas torna o idoso um dos maiores consumidores de serviços de saúde e uma das populações mais medicalizadas. Nos países desenvolvidos, a população idosa representa cerca de 25% do total das vendas farmacêuticas (PEREIRA et al., 2017).

Além de uma variedade de doenças crônicas, os idosos também vivenciam diversas alterações em sua fisiologia e funções corporais. Essas mudanças acabam levando a diferentes farmacocinéticas e maior sensibilidade aos tratamentos medicamentosos e efeitos colaterais. Todos esses fatores podem afetar a adesão às prescrições médicas em idosos (PEREIRA et al., 2017).

A medicação é uma das intervenções mais utilizadas em idosos para aumentar a sobrevida e melhorar sua qualidade de vida. Estudos mostram que a prevalência de uso de pelo menos um medicamento ultrapassa 90% quando se considera o atendimento médico de curta duração entre 7 e 14 dias. Quando o idoso não toma a medicação correta ou não consegue aderir adequadamente ao tratamento, ele se automedica (SOUSA, 2020).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP) definem a automedicação como a prática de um indivíduo escolher e usar medicamentos para tratar sintomas ou problemas de saúde menores. A automedicação adequada pode trazer benefícios à saúde. Abrange também diversas formas pelas quais um indivíduo ou responsável decide compartilhar um medicamento com outros membros da família ou círculo social sem avaliação médica, entendida como parte do comportamento de autocuidado (XAVIER et al., 2021).

O autocuidado é o conjunto de ações que as pessoas realizam sobre si mesmas para construir e manter a saúde, prevenir e enfrentar a doença. Este é um conceito amplo que inclui: higiene, nutrição, estilo de vida, fatores ambientais, fatores socioeconômicos e automedicação. O curso de ação mais adequado é usar o medicamento apenas quando recomendado por um profissional. No entanto, em casos de sintomas leves, os idosos podem buscar respostas para suas queixas com um farmacêutico, caso o paciente não tenha sido orientado pelo prescritor (BARROSO et al., 2017).

Os idosos são o grupo com o nível médico mais elevado da sociedade. Para se libertar do problema, diante de qualquer sintoma, os idosos muitas vezes buscam soluções para todos os problemas que os afligem por meio da automedicação. Segundo a ANVISA, o medicamento ocupa o primeiro lugar em registro de intoxicação em humanos e o segundo em registro de mortes por envenenamento. A cada 20 segundos, um paciente é admitido no hospital com intoxicação por um medicamento inapropriado (ZHAN, 2016).

REAÇÕES ADVERSAS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Uma reação adversa a um medicamento é uma reação a um medicamento que não se destina a ser prejudicial à saúde em nenhuma circunstância e geralmente ocorre em doses normalmente usadas em humanos. Em idosos, as reações adversas a medicamentos são um problema de saúde pública e os riscos estão bem estabelecidos. O risco de reações adversas em adultos mais velhos é estimado em 4 a 7 vezes maior do que em adultos mais jovens e adultos (PRYBYS et al., 2016).

As interações medicamentosas ocorrem quando há alguma influência entre as ações de outro medicamento. Essa interação ocorre principalmente com o uso inadequado e não intencional devido a problemas de visão, audição e memória, razão pela qual é mais provável que ocorra em adultos mais velhos. Medicamentos comumente usados ​​em idosos, como betabloqueadores, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), antilipidêmicos, depressores do sistema nervoso central e diuréticos podem interagir entre si, como cimetidina e muitas vezes omeprazol (DELAFUENTE, 2018).

Os idosos que bebem álcool podem aumentar os efeitos de certos medicamentos, como sedativos. No caso dos AINEs, estes podem, de alguma forma, aumentar o risco de sangramento e, em alguns pacientes, também foi demonstrada a potencialização de alguns anti-hipertensivos, o contrário ocorre com a varfarina e a fenitoína. A diminuição da absorção de vitaminas pode piorar a depressão, insuficiência cardíaca e diabetes, que são comuns em adultos mais velhos. Os profissionais de saúde devem estar atentos a esses medicamentos potencialmente interagentes, a fim de prevenir eventos adversos das combinações de tratamentos esta faixa etária (ZHAN, 2016).

CONSEQUÊNCIAS DA AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO IDOSA 

A automedicação leva em risco a saúde da população idosa. Essa prática exacerba os riscos associados aos medicamentos prescritos, atrasa o diagnóstico adequado e mascara a doença. O perfil metabólico do idoso muda com a idade e o risco de efeitos adversos aumenta. A função renal e hepática é muitas vezes gravemente prejudicada. Essas alterações são altamente individuais e, dado o risco-benefício do medicamento, dependerão da condição clínica geral do idoso. Efeitos baseados em respostas orgânicas (farmacocinética) e respostas nos principais órgãos (farmacodinâmica) (XAVIER et al., 2021).

É difícil para os idosos remover metabólitos e os medicamentos se acumulam no organismo, resultando em reações adversas. Pacientes idosos precisam tomar medidas importantes como: estimular o uso de medidas não farmacológicas; monitorar regularmente a quantidade total de medicamentos e possíveis efeitos colaterais; dar preferência a medicamentos com evidências científicas que funcionem; suspender o uso se necessário; e acompanhar prescrições médicas (VERNIZI & SILVA, 2016).

Os malefícios e resultados negativos da automedicação em idosos são bem compreendidos e estudados. Uma das principais consequências da automedicação foram os eventos adversos da medicação, que foram os maiores nessa faixa etária e aumentaram significativamente de acordo com o autocuidado. O risco de ocorrência aumentou 13% com dois medicamentos, de 58% com cinco medicamentos e para 82% com sete ou mais medicamentos (COELHO et al., 2016).

Outra consequência da automedicação é a capacidade das enzimas do citocromo P-450 de alterar o metabolismo de outras drogas. Este efeito aumenta com a idade. Doses muito altas podem causar depressão respiratória ou coma. O álcool tem um efeito aditivo. Portanto, é melhor sempre usar medicamentos prescritos (COELHO et al., 2016).

MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA AUTOMEDICAÇÃO NO PÚBLICO IDOSO

A medicação no idoso é uma importante estratégia terapêutica que visa equilibrar as alterações induzidas pelo processo de envelhecimento. Portanto, “o acompanhamento da terapia medicamentosa em idosos é essencial para promover o uso racional de medicamentos e visa facilitar o processo de educação dos usuários sobre seus conhecimentos em terapia medicamentosa” (BESERRA et al., 2019).

Compreender o consumo de medicamentos por idosos e os fatores associados é fundamental para redefinir as políticas públicas que buscam melhorar a vida e a saúde dos idosos. Ao obter acesso a fatores-chave, dados e outras informações sobre abuso de substâncias entre idosos, os gestores proativos podem planejar suas ações com base nas realidades locais. Dessa forma, você pode entender quais medidas de prevenção e controle são as mais adequadas e pode alcançar melhores resultados. O uso racional de medicamentos na população idosa requer a cooperação dos profissionais de saúde para reduzir as complicações relacionadas aos medicamentos. Além disso, os gestores de saúde devem ser lembrados para adaptar o sistema de saúde às necessidades reais dos idosos existentes e prepará-los para os futuros idosos (SANTOS et al., 2018).

Essa situação demonstra a necessidade de campanhas para informar e conscientizar sobre o uso adequado dos medicamentos disponíveis no mercado quando o envolvimento dos profissionais de saúde, principalmente médicos e farmacêuticos, é fundamental (ARAÚJO et al., 2017).

O trabalho coletivo para redução dos índices de automedicação em idosos é relevante. Os profissionais necessitam de conhecimento científico adequado para compreender os riscos e possíveis consequências da automedicação, esclarecer dúvidas e enfatizar a importância de utilizar medicamentos somente quando prescritos por profissional habilitado e respeitando a dosagem. Dessa forma, os farmacêuticos tornaram-se críticos na educação e no incentivo ao uso racional de medicamentos, sugerindo que esse profissional de saúde precisa estar atento aos riscos de alertar os idosos sobre o uso de medicamentos sem a devida orientação (ARAÚJO et al., 2017).

Ressalta-se, ainda, que o farmacêutico tem a responsabilidade de orientar sobre os medicamentos para reduzir o risco e proporcionar o maior efeito possível, promovendo a educação em saúde voltada para as necessidades do idoso, levando em consideração reflexões e discussões sobre o tema, incluindo também outros profissionais de saúde, administradores e políticos (TELLES FILHO et al., 2018).

A imagem do farmacêutico se destaca por sua exposição aos medicamentos e seus principais aspectos durante a formação, importante propriedade da ciência. Vale ressaltar, no entanto, que deve atuar no combate à automedicação, observando a necessidade de prescrições e respeitando a quantidade necessária para o tratamento proposto. O monitoramento da medicação em idosos é um passo importante na promoção do uso adequado de medicamentos, pois por meio de abordagens educativas é possível a colaboração entre os profissionais de saúde, o que ajudará a esclarecer dúvidas, reduzir a ansiedade e melhorar a eficácia do uso de medicamentos (GOULART et al., 2016).

Cabe destacar também a necessidade de sensibilizar significativamente os profissionais de saúde para que sejam multiplicadores de informações sobre o uso racional de medicamentos. Abordagens educacionais de conscientização podem potencializar as discussões laterais à medida que clientes e profissionais compartilham informações e experiências e entendem de forma integrada o melhor caminho a seguir. No contexto da automedicação em pacientes idosos, o uso da prática educativa mostrou-se um importante mecanismo de prevenção e controle dessa prática, pois proporcionou a disseminação de informações de forma mais significativa e acomodou a linguagem necessária para ser compreendida (TELLES FILHO et al., 2018).

A necessidade de medidas que promovam o uso racional de medicamentos nesse segmento da população, a educação permanente dos profissionais prescritores, a elegibilidade dos sistemas de saúde para a educação permanente, a necessidade de acesso adequado e oportuno à informação e a necessidade de checklists e protocolos clínicos para a tomada de medidas na área de enfermagem de farmácia (NEVES et al., 2019).

Os profissionais atuantes, seja na esfera pública ou privada, devem buscar constantemente atualizações. Empresas e instituições também devem oferecer treinamentos e seminários para qualificar seus profissionais. Ao fornecer ao profissional conhecimentos específicos para a questão de pesquisa, ele pode colocar em prática ações de controle e prevenção da automedicação, tornando seu espaço de trabalho um ambiente de promoção e divulgação de informações. É importante ter padrões de prescrição no Brasil, que devem incluir todos os medicamentos disponíveis no país. Além disso, é necessário que a Lista Nacional de Medicamentos Essenciais (renomeada) inclua medicamentos para idosos, bem como ampliar a disponibilidade para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). “Outra sugestão seria dar mais ênfase às especificidades da medicação para idosos nos cursos universitários para informar os futuros profissionais sobre prescrições que podem não ser adequadas para essa faixa etária” (LUTZ et al., 2017).

Os profissionais devem iniciar a exposição ao assunto em nível de graduação, prontos para atuar em situações específicas, obtendo o suporte teórico necessário para a construção de competências em sua área de atuação. Identificar as características e fatores associados ao uso de drogas em idosos pode ajudar a idealizar medidas que visem à promoção do uso racional de medicamentos, melhorando sua qualidade de vida, além de contribuir na redução de gastos desnecessários (ELY et al., 2015).

A automedicação em idosos deve ser identificada e analisada, pois essas informações podem servir de base para estratégias de saúde que “possibilitem o planejamento do uso racional de medicamentos, maximização subsidiada das condições de saúde individuais e coletivas e programas de prevenção ou tratamento” (TELLES FILHO et al., 2018).

O diagnóstico situacional de qualquer problema de saúde pública é fundamental. Os profissionais precisam compreender todos os aspectos do público relevante, sua imagem, os fatores que os levam ao uso indiscriminado de medicamentos e suas percepções sobre os riscos existentes; só assim podem ser planejadas ações direcionadas que levem em conta o risco de automedicação por idosos (LUTZ et al., 2017).

O FARMACÊUTICO NO CUIDADO ÀS PESSOAS IDOSAS

Os profissionais farmacêuticos podem dar uma grande contribuição ao informar os pacientes sobre sua patologia e os medicamentos a serem administrados. Instruções verbais e escritas podem ser dadas sobre a forma correta de usar o medicamento, possíveis efeitos colaterais, o que fazer em caso de esquecimento de uma dose e os riscos de automedicação e interrupção do tratamento sem conhecimento (GUEDES & ANDRADE, 2021).

Os medicamentos são a principal forma de intervenção terapêutica, podendo ser utilizados para diversas patologias, sejam elas simples ou intensivas. No entanto, existem interesses comerciais decorrentes dessa função, portanto, existem medidas que tendem a estimular o consumo de medicamentos, como conveniência em farmácias e farmácias, medicamentos de venda livre e propaganda na TV, com fins lucrativos, alegando que o atendimento médico é necessário apenas se os sintomas persistirem (MARQUES et al., 2017).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o autocuidado como atividades realizadas por indivíduos, famílias e comunidades para melhorar a saúde, prevenir doenças, limitar doenças e restaurar a saúde. O autocuidado e a automedicação são de grande interesse na política internacional de saúde porque não apenas reduzem efetivamente a carga sobre os serviços de saúde, mas também melhoram a adesão e os resultados da doença (ALVEZ et al., 2017).

O público-alvo da mídia muitas vezes é o idoso, momento em que a assistência medicamentosa como forma de intervenção se faz necessária diante da automedicação. Nesse caso, os profissionais assumem uma postura de intervenção, avaliando cada caso e orientando o idoso ou cuidador a fim de informar todas as possíveis ações e interações dos medicamentos necessários e quais os medicamentos mais adequados para a situação em questão. Isso porque alguns medicamentos podem ser vendidos sem receita médica, mas não são isentos de efeitos adversos e efeitos colaterais (MARQUES et al., 2017).

A automedicação inadequada e errática e a falta de adesão só são reduzidas quando os pacientes são informados e entendem claramente por que alguns conselhos são dados. Este é o resultado do modelo médico que as pessoas aprendem. Educação adequada em saúde deve ser dada aos pacientes. Adotando uma atitude educativa de forma regular, podemos impactar grande parte da população e aqueles que, por sua vez, podem impactar diretamente seus amigos e familiares. Este aspecto é particularmente importante para a automedicação de crianças pelos pais ou cuidadores (GUEDES & ANDRADE, 2021).

A principal causa do uso irracional de drogas é a automedicação, que geralmente ocorre devido ao desejo rápido de cura, principalmente pela insatisfação com o sistema de saúde, que é bastante instável no Brasil, onde os pacientes muitas vezes procuram atendimento médico e necessitam desse recurso A maioria da população está na faixa de pobreza em busca de uma instituição no SUS que vem enfrentando problemas financeiros e administrativos, infelizmente sem atendimento e orientação médica, levando os pacientes a tomarem decisões de automedicação buscando alívio de alguns sintomas dolorosos (ALVEZ et al., 2017).

O cuidado farmacêutico é uma prática profissional na qual os farmacêuticos são responsáveis ​​por atender às solicitações de medicamentos dos pacientes. É consistente com as recomendações da atenção primária à saúde e pode ser definida como a entrega responsável de medicamentos com o objetivo de alcançar resultados específicos que melhorem a qualidade de vida do paciente. De fato, o atendimento farmacêutico promove a adesão aos tratamentos medicamentosos prescritos de forma sistemática, contínua e bem documentada, construindo a relação farmacêutico-paciente. O objetivo é identificar, resolver ou prevenir quaisquer problemas relacionados a medicamentos que possam interferir no objetivo final de alcançar um resultado satisfatório por meio do tratamento (GUEDES & ANDRADE, 2021).

CONCLUSÃO

Torna-se evidente, portanto, percebe-se que o farmacêutico é um profissional importante contra a automedicação, pois tem acesso ao conhecimento e aspectos do medicamento e, portanto, é ele quem pode fornecer informações de segurança. Para quem procura, seja em drogaria ou farmácia.

Ao estimular uma relação próxima entre farmacêutico e paciente, a automedicação pode ser prevenida e os riscos inerentes minimizados para garantir os benefícios do uso adequado dos medicamentos. Então, como último profissional da cadeia multidisciplinar a entrar em contato com o paciente, esse profissional deve intervir ativamente nessa prática.

A automedicação é considerada um problema de saúde pública no Brasil, e a situação só aumentará à medida que a população envelhece e o acesso à saúde se torna difícil. O abuso de substâncias só causa danos à saúde das pessoas e aumenta os gastos do governo.

Portanto, as principais medidas identificadas para o controle e prevenção da automedicação em idosos são a atuação da equipe de saúde, com foco no farmacêutico, por meio da adoção de práticas educativas, e do uso de meios de divulgação, protocolos clínicos. e listas de medicamentos e suas especificidades. A utilização de familiares e cuidadores como potencializadores desse controle e prevenção também se mostrou de grande relevância.

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1Acadêmico do Curso de Graduação em Farmácia da Universidade Iguaçu (UNIG) – Nova Iguaçu – RJ, Brasil

2Orientador. UNIG – Universidade Iguaçu, Curso de Graduação em Farmácia, Nova Iguaçu-RJ, Brasil.

3Co-orientador. UNIG – Universidade Iguaçu, Curso de Graduação em Farmácia, Nova Iguaçu-RJ, Brasil.